29.12.05

Caramelos no lisboa-Dakar

Depois da já habitual participação de Bernardo Vilar, eis que surge mais um representante da nação caramela no famoso rali.
O seu nome é Sebastião Valdina. A sua paixão, carrinhas de caixa aberta, de preferência toyatas Dina.
A FLC, foi entrevistá-lo a casa, um descampado perto de Valdera, que serve de porto de abrigo a dezenas de fragonetes, que por ali passam os seus dias, com mais ou menos ferruige.
Sebastião Valdina, é conhecido entre a sua repaziada, pelo Tião da Dina, e as suas qualidades de condutor são tão famosas, que ultrapassam de forma brabia, as fronteiras de Valdera, ecoando ruidosamente nos “óbidos e orelhas de aquaise todo o pobo caramelo”.
Sebastião passa os seus dias, a limpar, olear, artilhar, desmontar, rectificar “e muitas más cosas que acabam im ar”, pois “nã sou home patar parado armado im parbo, sim fazer nada, nã sou, nã sou, o quei que bócê quer?”.
Convida-nos para nos sentarmos perto do poço, à sombra de uma centenária árvore, segundo ele plantada pelo seu tetravô. Aquilo que ao longe pareciam morcegos, não passam de centenas de carapaus e polvos secos, pendurados, atados com cordel aos troncos, a secar ao sol caramelo. A segunda paixão deste home “ei a bicheza seca com sal. O quê gosto ei dir aí pelo mato, com a nha Dina, a assapar e a roer umas cabeças de carapau ou choco seco”.
Perguntamos-lhe porque decidiu participar no rali, numa prova tão dura. Para Sebastião, o objectivo principal não é ganhar, mas sim representar a nossa cultura, “da forma o mais brabia possibél. Nã bou lá pa ganhar, nim mintressa lá os preimes cus homes têm, bou lá pa distribuir cultura caramela e ber aquelas terras, aqueles homes de todas as raças e fitios”. Diz que não vai a Lisboa, que se “por aí tanto se fala que a proba começa na capital, pois par mim, a nha capital éi o Pinhal Nobo, atão ei de lá quê bou sair e ódepois logo os apanho pú caminho”.
Conta-nos que têm já apoio de várias intituições, entre as quais refere as Juntas de Freguesias da caramelândia, as quais “nã ma apoiaram financeramente, mas lebo aqui um saco cheio de galhardetes, calendários, medalhas e posters, com retractos dos respectibos presidentes, pa distribuir po pobo por onde for passando”. Conta também com o apoio de lojas conhecidas da capital, como os Retornados, Cooperatiba, Loja António Brinca, Gil das Farinhas, etc.
A Toyota Dina, com a qual vai competir, foi rebaixada pelo Rui Ferrador, e foi o próprio Valdina, quem lhe colocou uns “balentes paneus de tractor”. Deste modo, pode-se inscrever na categoria de camiões, e promete competir até à ultima etapa. Deixa no entanto um aviso: “quando me fartar daquilo, benho-me imbora, a mim ninguém móbriga a andar lá”.
Sebastião Valdina, espera contar com o apoio de toda a caramelândia e necessita por agora de todos os apoios que lhe possamos dar.
Quem o quiser encontrar, basta dirigir-se a Valdera, ao Café Mata e Esfola e lá deixar o seu donativo, “em bíberes, galhardetes, limbranças da nossa terra ó denhero!”.

28.12.05

PASSAIGE D'ANO NA GARAIGE


Sabemos que as coletbidades estão em alta, mas a pedido de alguns caramelos aqui nas nossas cumbersas, a FLC apresenta uma proposta que não é mais nem menos que a berdadeira passaige de ano à moda caramela. Falamos pois da passaige na garaige. Não há pasaige dano que se preze que não seja numa garaige ou num armazém de zinco. Ora sigam lá os nossos conselhos.

Primeiro avisa-se toda a bzinhança e arrabaldes para o seguinte:

a) Convite-ameaça;
b) Contar cabeças;
c) Dizer a garaige ou armazém de zinco onde vai acontecer o evento;
d) Estimar a alarvidade de comes e bebes necessários. Não pode faltar nada.
e) Sessão de punhada conclusiva.
Preparação do espaço:

1 - Três dias antes, armar ratoeras pró espaço ficar desimpedido da rataige. O isco pode ser a tampa duma garrafa d’água do Caramulo. Entretanto, disfarçadamente, debe-se olserbar um taipal (numa obra das redondezas).

2 – Com uma forquilha, enrolar os vários quilos de teias pinduradas. Cuidado ao arrancar os teaços para não vir a cal agarrada (as aranhas caramelas fazem balentes teias). O resto da bixeza residente pode ajuntar-se à festa, falamos das osgas e moscas.

3 – Nas vésperas, logo de manhãzinha, retirar as ratoeras e oferecer as tampas prá canzoada roer, como prenda de Natal.

4 – Empurrar todo o ferro-velho a um canto de forma a deixar livre um quadrado no chão para a rapaziada poder balhar, cair e rebolar à buntade sem espatar os costados num varão retorcido; O ferro-velho fica perto da entrada porque dá um belo cabide.

5 – Não é preciso desarradar mais nada. As latas de tinta, pitroiles e betumes, ficam nas prateleiras a combiber em harmonia com os pudins, bolos e gelatinas. Os parafusos, pregos e rebites convivem bem com os aperitibos.

6- Ir buscar o taipal à obra (por volta das 18:30h).

7 – Na garaige, com o taipal pousado no chão, as caramelas cobrem-no com toalhas de linho bordadas, compondo a menza com requinte à medida que a bzinhança vai chegando com o avio. A moçada vai pindurando e rebentando balões.

8 - Enquanto isso, os homes vão-se ajuntando ao portão, acendendo o meio-bidom com pinhas, assando coirato e bebendo as primeiras oito grades de mines.

9- Por volta das 20:00h põe-se o taipal em cima das grades de mines vazias (quatro grades de cada lado) e a menza fica pronta prá festa.

10 –No sentido dos ponteiros do relóijo, roda-se totalmente o botão do som da aparelhaige e a festa da passaige de ano já pode começar.

11- À meia-noite, é hora do patardo e da foguetaige. Quem tiver caçadeira pode dar borralhada pró ar até a bixeza ficar parba. Quem não tiver caçadeira vai distribuindo barulho com as tampas dos tachos por essas ruas e aceiros afora.


Esperamos ter contribuído para a vossa decisão.
A FLC deseja um bom ano a toda a nação.


Atenção: Depois não se esqueçam de levar o taipal à obra.

24.12.05

UM BALENTE NATAL É O DESEJO DA FLC.

Pra toda a irmandade caramela;
páqueles do lado de cá e do lado de lá das valas, dos regos e das linhas;
e pra todos os que tão lá fora a espalhar a cultura caramela
que passem um balente Natal.
Que nada falte nesta que é a maior menza do mundo:
a menza de Natal da irmandade caramela.

Que imborquem gerricans do nosso tinto, amais a aguardente.
Que se impaturrem todos com a criação (perus, porcos, galos, coelhos, patos, borregos e vacas leiteiras, couves, rabanetes, batatas, maçãs riscadas, e mais...), com as filhozes e a bonecaige de chocolate pindurada nas árves.

A NAÇÃO CARAMELA É O MAIOR PRESÉPIO DO MUNDO

23.12.05

ASCENÇÃO E QUEDA DO PINHEIRO CARAMELO

CAPÍTULO II

Neto do velho Alcatroado, o fundador do arrancamento do pinheiro de Natal, o senhor Aristides, mais conhecido por Tide dos Telhados, fala-nos sobre este ofício que foi o arrancamento do pinheiro por esticão e o corte à machadada. Este homem, nascido e criado na Lagoa da Palha, explorou todos os matagais e charnecas da nação caramela à procura do pinheiro manso para vender no marcado e reforma agrária. No entanto não foi o arranque e venda do pinheiro que lhe deu fama e fortuna mas sim o musgo presépiano. Por isso a FLC preparou uma entrevista com este caramelo.

Quando a equipa da FLC chegou à sua enorme vivenda, (a vivenda “O meu sonho”), Tide dos Telhados e a sua canzoada mostraram-se desconfiados com a nossa presença. No entanto não foi preciso muito para o homem se mostrar hospitaleiro e os cães deitarem-se de barriga pra cima e perna aberta, para a FLC lhes coçar a barriga. Após uma curta espera para o homem se calçar e vestir a preceito, concedeu-nos esta entrevista no meio de comes e bebes à volta dum meio-bidom em labaredas. O vinho era um Caçoete.

FLC – Então diga lá prá gente como é que era esse negócio de vender pinheiros?
Tide – Oh! Era arrancar a pinheirage pra binder à porta do marcado. Ia com a nha mini-ima a cagular de árves.
FLC – Isso era no Natal. E no resto do ano, não fazia mais nada?
Tide – Noutras alturas ia ós ninhos. Apanhava toda a bxeza que incuntrasse pra binder. O óriço e o pintassilgo bindiam-se bem, ainda ma mi lembro…
FLC – De volta aos pinheiros. Quais eram os que mais se vendiam?
Tide - Ê chegaba a arrincar pinheiros de três metros de altura… Esses mais ramalhudos é cus fregueses gostabam mais, e pra tapar aquilo tudo cum algodão tinha uma comissão nos lucros das farmácias: quanto maior era a árve mais algodão se bindia, mai ganhaba.
FLC - Mas um dia o negócio deixou de dar?
Tide - Sim… Tá quéto olha que tu pápazias!... (disse ele pró cão que estava a lamber o toicinho e estava quase a papar uma lambada no focinho) – Quando a pinheirage começou a desaparecer, bindia só as pernadas, ópois tinha c’arrancar árves de fruto das redondezas, e por fim bindia tojos do Rio Frio.
FLC - Humm Rio Frio!!! Rio Frio!!! Você chegou a arrancar sobreiros no Rio Frio?
Tide – Nã snhor! Isso fazim eles agora durante a noite com escavedeiras, só para os enterrar e ninguém saber. Deve ser pró zaburro.
FLC – Ahh sim!! E depois dos tojos, o qué que começou a vender?
Tide - Comecei a binder musgo.
FLC – Musgo? Muito bem!!!
Tide - Pois, musgo prós presépios… Tázaqui táza a mamárlias! (disse ele prá cadela quase a mamá-las pelas trombas).
FLC - E aonde é que apanhava o musgo?
Tide - Apanhaba-o por aí, por esses telhados, pocilgas, muros, beirais… Ópois bindia-o de portim porta prós presépios, dentro duma canastra.
FLC - E ódespois?
Tide – Ópois passei a binder dentro de taparueres já com a bonecaige com a palha e um librinho de instruções pra muntar o presépio a preceito.
FLC – E ódespois?
Tide – Ópois deixei de andar pelos telhados, isto foi sempre aumentanto e muntei uma empresa de musgos, palhas e presépios.
FLC – Consta-se que você tem um processo em tribunal por monopolizar o mercado caramelo dos musgos, eliminando todas as empresas que queiram desenvolver tipos de presépios diferentes, com musgos diferentes, o que é que tem a dizer sobre isto?
Tide – Comam lá mazé este queijo de cabra amais o tinto e acabou a cumbersa… (manda um naco de linguiça prá canzoada abocanhar e pergunta) - Atão bocemecês libertam os caramelos, heim?? Que raio de coisa é essa???...
FLC – Ahh Isso é uma longa história!!... A libertação caramela é ….

E assim continuámos a conversa durante mais duas horas.

Uma códaque cedida pelo Tide dos Telhados. Eis a sua mini-ima carregada de pinheiros arrancados das redondezas pós efeitos do natal. Conta-se que só aquele pinheiro grande levou 12 quilos de algodão pra ser enfeitado. Granda máquina aquela mini!

20.12.05

ASCENÇÃO E QUEDA DO PINHEIRO CARAMELO


CAPÍTULO I

Por ser época de Natal vamos falar do mítico António Valverde Alcatroado (da família dos Asfaltos), fundador da tradição caramela de arrancar pinheiros mansos para os enfeitar com bocados de algodão.

Reza a história que nos finais do Sec. XIX, havia festa rija quando o velho Alcatroado chegava à grandiosa estação de Valdera no dia 1 de Dezembro de cada ano. Era portanto um caramelo de ir e vir, mas não vinha cá para as vindimas não senhor, vinha cá para lembrar que “não é Natal nim é nada se não arrincares um pinheiro manso do chão e o infeitares cum algudão pás feridas”. Conta-se que multidões de caramelos o esperavam na estação de Valdera (antigamente o centro económico da Caramelândia) aclamando “bibó Tóine Alcatrão, bibó pinheiro com algodão”. Até o Zémaria (da família dos Santos) vinha do Rio Frio a cavalo para, discretamente, observar a populaça e aquele homenzarrão a descer da carruagem, com a um machado numa mão e um saco de algodão na outra (o machado faz hoje parte do museu dos bombeiros e pode ser visto a qualquer hora).
Derivado ao velho Toine Alcatroado arrancar e derrubar pinheiros a torto e a direito, começou a notar-se grandes clareiras obrigando à plantação dum grande pinhal a Norte da Lagoa da Palha e à construção da primeira farmácia para a venda de algodão. Resultaria um valente pinhal sim senhor, se fosse só o Toine a arrancar. Mas não! Devido ao crescente número de famílias a arrancarem pinheiros para o culto do pinheiro iluminado com rebuçados pra chupar, nunca deixaram as árvores crescer. Não davam vazão, deixando apenas uma mata de arbustos, (pinheiros novos) na zona da Salgueirinha. Mas os caramelos não ficaram descorçoados, de braços pendidos, a olhar para o pinhal que nunca mais crescia. As novas gerações pensaram, pensaram, pensaram e descobriram que a mata dava belas malhadas e esconderijos extraordinários pra se e iniciarem no acasalamento dando origem à civilização contemporânea e os primórdios do caramelo urbano, que é hoje o Pinhal Novo.
Hoje, está patente ao público, na orla do Bairro da Salgueirinha, um museu vivo de pinheiros mansos (verdadeiros) como prova real da origem Pinhal Novo capital da Nação caramela. Todos deverão visitar e desfrutar do espaço.

Pinhal Novo é portanto uma metrópole que nasce do pinheiro de Natal.

O exemplo dum pinheiro previamente arrancado do mato para pendurarem bolachas, rebuçados prá tosse e seres alados pra morder.

15.12.05

GRANDE SONDAGEM AOS ANÓNIMOS

A FLC foi convidada pela Universidade Católica para desenvolver um estudo pioneiro no mundo das estatísticas. Este convite é fruto do nosso palmarés nesta área como o famoso contributo para a descoberta do segredo da abelha, usando flores de plástico.
Desta vez, e seguindo os mesmos padrões de qualidade, a FLC vai usar bonecos de tecido sintético tipo “Pai Natal” para descobrir os hábitos domésticos da população não-caramela que vive escondida dentro dos prédios do nosso reino. Decidimos usar este tipo instrumento por dar menos nas vistas quando misturado com as luzes de cabaret muito usadas nesta altura do ano. Assim, com a ajuda das escadas dos Bombeiros e do Governador Civil, a bonecaige está a ser pindurada nas janelas dos prédios, nas chaminés, nos respiradores das casas de banho, clarabóias e gretas diversas.
Cada boneco, no teatro de operações, recolhe amostras dos hábitos destes seres misteriosos, cujo o disfarce é o anonimato e que, sem razão conhecida, escolheram a Caramelândia para viver.

O estudo pretende saber o grau de influência do mundo caramelo no imaginário destes seres humanos. Pretende, portantos, responder a uma data de questões tais como:

- será que têm uma flober em casa? E para quê?
- e aonde é que compram os chumbinhos?
- conseguem cumbersar cara a cara ou mandam recados?
- será que garreiam? Ou preferem dar alimento a um advogado?
- preferem mais mexer num comando ou numa mine?
- e porque escolheram a Caramelândia para se esconderem?
- o que temem do mundo exterior?
- eles bibem do quê, afinal?
- terão eles na maniazinha, ou é de nascença?


No final da recolha será feito um episódio para o National Geografic da série documental “A nha porta tem um buraco que dá pra ver a escada” onde retrata a atroz semelhança destes seres nas mais díspares cidades do globo e a influência caramela neste tipo de lares.


Um Pai Natal da FLC na arriscada tarefa de imbestigar a secaige da roupa, olserbando se ainda há surro nos punhos e golas, e o sabão utilizado.

Um elemento estrategicamente colocado a fazer escutas telefónicas.

Dois agentes sitéticos da FLC, um no 1º andar a imbestigar o combibio no quarto. O outro, no 3º andar, a olserbar a actibidade na marquize.

13.12.05

CARTAZ GASTRO-MUSICAL

Para aqueles que pensam que a cultura dançante e cantante na nossa querida Caramelândia está reprimida pelas forças americanas da MTV, pelas pastilhas Rénie e pelo cheiro dos ventiladores da Mc Donalds estão muito enganados. A FLC mostra aqui um berdadeiro cartaz de actibidades, como uma pequena amostra do que se faz no nosso territóiro.
Está provado que o resto do mundo não consegue dominar os caramelos. São os caramelos que dominam a música internacional, acaramelizando-a.
As grandes multinacionais que se ponham a pau, se não, qualquer dia ainda a Madonna canta em caramelo puro, a roer um coirato com pêlo e azeitonas.


A Caramelândia será sempre uma potência gastro-musical.

O Vitor Santos com muitas surpresas no REVEILON (só com um lê). Está nas Areias Gordas, com fogo de artifício e Caldo Verde.

Eis o duo Ricardo e Jorge que prometem grande animação em Águas de Moura, na noite de 2006, com pão, azeitonas e muito mais.

O Nuno Lopes, Acordeonista e Vocalista, com o seu charme e requinte pronto pra abrilhantar a União Desportiva da Palhota. Conta-se sempre com uma enchente de caramelas prontas pra balhar e um meio-bidom em labaredas.

A Cátia e Rui, um conceituado casal que desbrava o Karaoke dançante pela Caramelândia em geral e dentro do Grupo Desportivo da Lagoa da Palha, em particular.

Os Fox-Trott na capital Caramela a abrilhantar o belho espaço do Santa Rosa, agora Rancho Folclórico "ao lado dos Correios" para quem não sabe. O momento e o lugar ideal em que os galhardetes, as fotos e os troféus, convivem normalmente com as garrafas de mines lado a lado.

11.12.05


Para os caramelos que gostam de futebol aqui vai uma proposta de grande qualidade desportiba.

10.12.05


Um tipo de equipamento feito pela indústria caramela: um computador de espetada rotativa, com softwere específico para os ministérios (não precisa de password nim nada).

CENTRO DOVARI EM ASSEMBLEIA

Após a passada reunião da nossa independência ficou assente que a Assembleia da República Caramela vai ser no Centro Comercial Dovari. O Dovari foi o escolhido para a Assembleia por ser um templo magnífico plantado no meio do passeio, inspirado no Pentágono e nas cúpulas da Biblioteca da Alexandria, com vistas paisagísticas para as paredes dos prédios da vizinhança.
É claro que o edifício vai sofrer algumas alterações recorrendo, para isso, ao projecto original feito pelo Ti Gentil Agressivo, (especialista em desenhar centros comerciais com um palito na terra). Eis então as cinco principais alterações:

1- Cada loja passará a ser a sede oficial de cada ministério, devidamente equipada com uma secretária com tampo tipo matraquilhos; um arquivador de dossiers tipo saleiro pró presunto; um armário tipo vasilhame; um cadeirão tipo taipal para 10 cumbidados; um computador com espeto rotativo, copos e canecas prás caricas, e consumíveis diversos tais como tinteiros (com tinto).
A fazenda das lojas propriamente ditas cabe toda num tractor com reboque de rodado duplo e cobertura de lona. O tractor fará serviço de venda ambulante aos lugares mais inacessíveis do nosso territóiro, fazendo propaganda à Independência e bindendo a mais variada mercearia caramela, chumbinhos prás floberes, acolchoados, vestidos de noiva, enxovais, cassetes dos ranchos, charcutaria e rifas.
2- Cada ministério terá um cão de sê fitio, mas todos de boa raça, guardando o dono.
3- A Abelha Maia, que põe a gaiatage parba, será oferecida à coletbidade “PIA” para animar os fundadores e fazê-los parecer que estão em actibidade. Na assembleia ficará um burro berdadeiro (encomendado das manif’s do Poceirão) para os caramelinhos se habituarem a amuntar neste tipo de beículos rebolucionários sem recurso ao pitróil nem à corrente, ensinando-lhes assim o caminho prá total independência. As vaseiras à volta do edifício servirão pró animal comer e buer.

4- A partir da cave será escavada uma complexa rede de túneis de emergência que vão desembocar nos melhores pontos de estratégia militar, tais como:
- no marcado, debaixo da rulote das farturas;
- no Rio frio, na cozinha do “Rédea Solta”;
- em Baldera, dentro da baliza do adbersário;
- na Carregueira atrás duma moita específica.

5- O letreiro “Dovari Centro” será substituído por “Todos no debate-garreia, pá punhada e moches”. Ainda que seja um letreiro polémico, é aquele que melhor exprime o lema da nossa Assembleia.

As obras serão feitas da noite pró dia. A 16 de Dezembro terá lugar a sessão solene em que os presidentes das Juntas de Freguesia trazem para o hemiciclo em força de braços a Grade-da-Aliança (que estava escondida na Compratiba das Farinhas atrás dum rolo de mangueira).
A Grade-da-Aliança contem os 10 mantimentos que são os princípios da constituição da Caramelândia pelos quais os caremelos seguirão escrupulosamente, preserbando a sua cultura e costumes.
A constituição do hemiciclo terá várias bancadas com o corrimão decorado com um cordão de flores, sendo a bancada da frente destinada aos forcados caramelos por mostrarem fitiu brabo, capazes de lidar com as mais valentes punhadas e cornadas.

O primeiro debate-garreia será logo no dia 18 de Dezembro, data em que se decide quando será o segundo debate-garreia.

O Centro Dovari, monumento caramelo para a nossa Assembleia.

8.12.05

Cabeça de porco e orelheira com feijão branco e hortaliça

Receita típica de Valdera enviada por Aníbal Texugo

Para 10 a 12 pessoas:

Ingredientes:

2 quilos de feijão branco-1 cabeça de porco caramelo mirândes salgada por 3 ou 4 dias- 3 litros de água do poço- 3 couves lombardas ou coração de boi – 18 nabos pequenos e as folhas do centro da rama dos mesmos – 6 cenouras médias – 4 quilos de chuoriço de sangue – 6 cebolas grandes – 1 ramo de salsa – 1 embalagem de pimenta – 1 quilo de toicinho intarmiado.

Utensílios:

Alguidar velho
Bancada de pedra ou madeira
1 faca ou navalha grande
1 bidon de 25 litros com tampa (verificar se está limpo sem restos de pitróile)
1 carro de mão
1 frigideira grande
1 panela grande
1 escopo das obras
10 litros de vinho
1 tanque de labar roupa

Tempo de preparação:
2 semanas

Grau de dificuldade: elevado

Preparação:

Para preparar esta receita de forma cumbeniente debe começar 2 semanas antes do dia da almoçarada.
Uma boa forma de não se cunfundir com o calendáire, ei marcar 2 semanas a partir de um domingo de marcado. Assim, quando for marcado, começa os preparatibos para o festim, e sabe que daí a duas semanas terá a gamela em cima da mesa, dando-se início à alarbidade comensal.
A cabeça de porco éi uma das pérolas da gastronomia caramela. Como tal debe ser praparada com cuidado e deboção.

A cabeça de porco, antes de se salgar não debe ter os oilhes, nim os miolos, nim a língua, mas conserbando-se inteira. Se for muito pesada, utilize o carro de mão para a transportar.
Para se preparar tira-se o sal que tiber a cabeça, escalda-se, raspa-se e e laba-se no tanque de labar roupa, de modo a ficar a pele cumpletamente branca, sim qualquer cerda.
É conbeniente, que ódepois de bem limpa, fique de molho im auga simples, por 6 a 7 horas, mudando-se a áuga 8 ou 9 vezes, de meia em meia hora, no mínimo.
A seguir põe-se uma panela grande ó lume e atira-se lá par dentro a çaboila e o fijão, que debe ter estado de molho 2 dias num alguidar grande de plástico.
Quando a cabeça tiber bim cozida (50 a 60 minutos de fervura brabia debe ser o suficiente), tira-se, desossa-se e guarda-se toda a carne e gordura em lugar fresco e limpo, loge do alcance das arganaças e bicheza dibersa.
Depois éi só cozer os begetais num recepiente adequado e esperar pela ferbura. O fijão depois de cozido, debe ser despelado um a um. Para esta tarefa, conte com 6 a 7 horas de trabalho descasquícola. Em estando o fijão descascado, junta-se tudo à cabeça do suíno e bai ó lume brando na panela cerca de 5 minutos, sá pa tirar as manias ó guizado.
Quando tudo tiber mais ó menos pronto, atira-se a panela (tenha o cuidado de tirar a tampa) pa dentro do bidon, onde já tão os ramos de louro à espera mais o binho. O bidon, debe ser bem fechado (pa não berter produto) e é então que o home o debe tombar e lebá-lo a passear por uns montes abaixo, pá coisa lá dentro se misturar bem e ganhar timpêro.
Depois disto, abre-se o bidon e tá pronto. Já pode cunbidar quim quiser e aprasentar um dos principais pratos da cozinha caramela.
Este prato ei de traçar o coirato.

6.12.05

Receitas de natal

Cada receita, uma região caramela

Arroz de toicinho e murcela com grão
(receita de Anacleto Violência, Arraiados)

Para 6 pessoas:

3 kilos de toicinho (que pingue gordura)- 3 cebolas grandes inteiras- 2 colheres de pedreiro bem cheias de banha de porco (de preferência caramelo-mirândez)- 100 g de sal- 2 kilos de chóriços de sangue ou murcela de Arraiados- 3 kilos de salsichas- 2 kilos de lombo de porco- 3 kilos de coiratos- 500 g de torresmos- 2 kilos de arroz-3 kilos de grão.

Tempo de preparação:
3 horas

Derretem-se numa chapa velha os 3 kilos de toicinho e em estando bem derretidos, tiram-se os torresmos e juntam-se duas vezes de água o volume do arroz, com a cebola, a banha, o sal, deixando ferver tudo num recipiente que possa ir ó lume sim agarrar produto ó fundo.
Ó depois espera-se que tudo coza. Quando a auga intornar pa fora da basilha, quer dizer que tá tudo aquase bom de cuzedura e procura-se uma gamela que esteja mais à mão, em condições de receber comida e bota-se tudo lá par dentro rapidamente pa não arrefecer. Se nesta transferência cair alguma coisa pó chão, nã faz mal porque a canzoada tá lá mesmo pa isso.
Intratanto, coloca-se os chóriços de sangue, as salsichas, o lombo de porco e a coirataige, num bidon, que teja habituado a ir ó lume, e deixa-se tudo assar, só com uma pinga de azeite casero.
Pode cozer os 3 kilos de grão à parte, com a panela directamente no lume da chaminé e esperar que este esteja mole de traçar.
Só falta atão, ajuntar tudo num baselhame minimamente aprasentáble (pelo menos por fora, por dentro ainda ei comó outro, com a comida nim se nota) e ó depois ei só estraçanhar.
Este prato debe ser serbido de modo a que todos comam de dentro da mesma gamela.

Receita tradicional caramela enviada por Anacleto Violência, de Arraiados

1.12.05

Os contadores de histórias caramelos

A arte de contar histórias faz parte da herança cultural do povo caramelo. Actualmente, devido à globalização e à introdução da cassete e principalmente do DVD pirata, no marcado da capital, é uma tradição que se começa a perder. O Ministério da Língua Caramela (em remodelação, devido a eleições clandestinas), consciente da riqueza oral da nossa língua, vai lançar um programa comparticipado pela FLC, de formação em contador caramelo de histórias. Para além das técnicas do bom contador, serão também referidos aspectos estruturais das histórias a contar, como “a sua brabeza, rejeza, a quantidade adequada de mintiras e os locais e homes que refere”.
Ao longo da nossa história (contada ou não), sempre tivemos contadores de nomeada, que fazem parte do imaginário colectivo da nação caramela. Entre eles, destacam-se o Albino Júlio Chispalhudo, o Celestino Azougado ou a Ti Jquina Seborreia, entre outros.
Para Albino Chispalhudo, que apesar dos seus 101 anos se mantém um rijo contador de histórias, “o prazer do cunbíbio tá inraizado na nossa manera de estar. O home caramelo éi um bicho do cunbíbio por natureza. A tradição oral caramela sempre foi muita balente e na nha altura, os homes garriabam uns cus otros pa berem quim contaba a histoira má rija (melhor). Ajuntábamo-nos todos à bolta do home que cuntaba, e a nossa telebisão era o meio-bidon”.
De facto, antes da televisão, as noites na nossa nação eram passadas em redor de um contador, que andava de terra em terra, deixando palavras e lendas, nas cabeças e ouvidos, parando aqui e ali, contando histórias a quem o quisesse receber e oferecer os bons produtos tracícolas caramelos.
De referir, que esta formação contém também noções breves de acendimento do meio bidon. Este é um adereço fundamental, à volta do qual se sentam os contadores e os ouvidores (normalmente de mine na mão), sendo tradição nalguns locais (Valdera, Palhota, Vale da Vila), que a responsabilidade do acendimento do bidanito fique a cargo do home-contador.