30.1.06

NEVE CARAMELA

Ontem, Domingo, caiu neve em todo o nosso reino. Todos os activistas da FLC que estavam de piquete saíram de motarizada amais um oleado pa cabeça para fazerem o seguinte relatório de ocorrências:

Estava a gente nos nossos pontos de vigia clandestinos, concintrados no Domingo a óbir a bola, quando olserbámos um acontecimento atmosférico que parecia um filme Alemão! Não era nim chuva, nim granizo, nim corrimento molha-parbos, eram padaços de neve a cair do céu. Dissemos “Oh! Oh! O céu caramelo debe estar parbo!”.
Assim que ela começou a cair era só ber a caramelaige toda cuntente a bir prá rua às cabeçadas, à punhada e ós pontapés com os padaços a caírem. Nessa altura já a Ti Jacinta da Argália, estaba à porta da estação a binder cenouras prós narizes dos bonecos de neve. O pobo pinhalnobence até garreava a ver quem é que apanhaba a maior cenoura da caixa da Toiota Dina a cagular de cenouras acabadas de desinterrar.

O Costa Bar meteu logo as grades de mines na rua pra refrescarem mais depressa e logo todas as coletbidades e cerbejarias lhe copiaram a ideia.

Em Baldera, como ninguém tinha paciência nim geito prós bonecos, armou-se logo uma guerra de bolas (Zundapes contra Faméis) caté a bxeza andaba parba. Até o Pálinho dos Pardais, com a sua caçadeira de cinco tiros, andaba brabio com a nebe disparando pra todo o lado.
Nos Círios dos Olhos de Água, assim que o Ti Bombista óbiu os rebentamentos da caçadeira do Pálinho, respondeu logo com foguetaige rija, estraçalhando as nubens por dentro.
A GNR estaba desejosa e rezando para que a nebe engrossasse num nevão caté tapasse o posto e ninguém desse por eles. No entanto os Bombeiros estabam desejosos do contrário: que tudo acabasse num dia de corrimento superficial. Nestas preces ganharam os Bombeiros pois a nebe que caiu não deu pra fazer bonecaige e quando os caramelos se biram enganados e aborrecidos pela escassez, desataram à punhada uns com os outros, obrigando a GNR sair à rua e apanhar uma constipação.
No final de tudo as coletbidades incheram-se de gentio pra fazerem uma festa rija com um triplo-meio-bidom, em labaredas de apanhar medo, pra aquecer a rijeza do dia e assar uma coiratada.

28.1.06

A NHA MALHADA É UM PALÁCIO

A lembrar os velhos concursos de jardins das estações da CP que os caramelos ganhavam tudo, a FLC vai organizar, amanhã, o concurso com o nome “A nha malhada é um valente palácio”.

Este grandioso concurso está empoleirado em três objectivos:
1- Mostrar os aspectos significativos das casas com mais impacto na sociedade caramela do século XX.
2- Promover uma melhor compreensão a todos os que tentam decifrar o enigma do ser caramelo.
3-Fazer uma festa rija (subsidiada) com todos os participantes, organizadores e curiosos.


Para júri deste concurso contamos com o Xquim Tijolo-D’Burro, professor catedrático da Escola Superior da Casita Instantânea, doutorado em telheiros de osalide contemporâneos de estilo caramelo; a Zulmira das Unhadas, professora de Políticas de Desenvolvimento Caramelo (cunhada do Toin Desenxaguado) e o Janeca Empanturrado ajudante da cantina do Instituto Superior das Histórias Contadas de Boca em Boca.


Condições obrigatórias para concorrer na modalidade
“Monte Brabio”

- O monte tem que estar oblíquo em relação à rua (ou caminho) e não ter mais do que duas janelas;
- Ter um moitão de sucata ao ar livre cujo material esteja pronto a ser reutilizado em qualquer situação de emergência (como prova de inovação e criatividade tecnológica).
- Ter um carro velho no quintal que serve para atar a corrente ao cão mais ladrador e mais parbo do resto da canzoada.
- Ter pelo menos uma galinha poedeira a esgrabatar livremente pelos quintais;
- Ter dois pneus usados para embelezamento do jardim;
- Ter uma retrete independente do monte principal, caiada com cal oferecida pela Junta de Freguesia da capital.
- Ter uma horta com os regos à mostra;
- Ter uma vedação emaranhada (feita de todos os materiais e objectos arrepanhados nas redondezas).
- A entrada principal do monte está nas traseiras onde está também o carro velho e o cão à nossa espera.
- O interior do monte tem de estar com elevado nível de asseio (tolera-se uma teia de aranha, no máximo).
- É importante ter um alguidar ou uma panela de grandes dimensões e um meio-bidom com entarmiadas em labaredas (como prova de que está tudo a trabalhar e o monte está habitado);



Condições obrigatórias para concorrer na modalidade
“Prédio Brusco”.


- O prédio tem que estar a 50 cm do lancil, numa rua estreita de um só sentido.
- As garagens do prédio são a rua propriamente dita (em todo o comprimento e largura);
- A porta do prédio deve estar sempre aberta às visitas e ter pelo menos oito autocolantes (alusivos à própria porta);
- A entrada deverá ter um vaso-jardim de embelezamento (com ou sem ervas);
- O vão da escada deverá ter uma pasteleira cheia de frerruige; um carrinho de bebé anterior a 1986 e três guarda-chuvas (dois dos quais só com as varetas);
- Em cada patamar deverá estar pelo menos um par de ténis e outro de chineis; uma bilha de gás vazia e um escadote. Na parede deve constar uma decoração floral de plástico.
- A habitação deverá estar completa de móveis (entre os quais um meio-bidom) e não ter mais do que 3 metros quadrados para circulação;
- Ter uma marquise-estufa para pavilhão multiusos;
- O interior da casa deve apresentar asseio ainda que sejam toleradas a presença de cotão debaixo da cama.
- Ter no sótão um pombal ou outra exploração rural à escolha do concorrente;
****

Caramelo, se a tua casa não cumpre estas condições faz para que se cumpra e concorre.

Para participar, procura a tua ficha de inscrição nos pacotes de batatas fritas “Patardo no bucho” de fabrico caseiro pela Dona Ercília dos Arraiados”

Este concurso tem o apoio das
Construções Ninho de Rola.


Como pequena amostra da elevada qualidade do nosso concurso, apresentamos um exemplar de paragem de autocarros da Palhota. Espécime único de equipamento urbano-rural caramelo.

23.1.06

Homes de cultura

A FLC, para dar vazão à enxurrada de cartas recebidas diariamente para a secção "Consultório do Dia a Dia", cria aqui uma nova rubrica, dedicada especialmente a desabafos caramelos de índole cultural. Se achar que algo vai mal, ou pelo contrário quiser elogiar o que está bem na cultura do país caramelo, não hesite. Assente-se e escreba-nos. A gente ó depois dibulga

Ora atão muito boas tardes. Escrebo esta carta a bócêzes, homes da FLC, com o propoisito de bos alertar pa uma situação e pa que as boas gentes que leiam aqui o que ê bou escraber se ajuntim, e assim mais eu, garreiem p’la nha (nossa) ideia.
No ôtro dia, taba eu assintado no banquito que tenho à porta de casa, intartido a descascar um ramito de eucalitre com a minha nabalhita de corte, e dei por mim, armado im parbo a pinsar nos dias de marcado da capital, e quando íamos todos ó cenema à SFUA, bulgo Sociedade. Aquilo ei quera balente, íamos todos de excursão, eu, a Ti Toina Imbalsemada, o Ti Galganas, o Atoino do Jerrican e amais a canzoada toda do café do Maxmino "chera a tinto", tudo pó marcado de caminete alugada. De manhã, Marcado, cumprar alguidares, comida pá becheza, carpetes, tapetes pá retrete, ê sei lá o que mais aquela boa gente, a canalha cigana, nos bindia. Ó depois, im chegando a galga, íamos todos ó almoço debaixo dos eucalitres, aquilo era tanto fumo que parecia aquelas notes de naboero, im que um home na bê nada e tem de desparar tiros pó ar, só pós otros saberim que ainda tamos ali. Mas dezia eu, a gente comia e bubia que nim uns alarbes e ó depois, íamos dormir a sesta pás matinés da SFUA, ber os cóbois contra ós índios, tudo à garreia uns com os otros, e agente podia fazer o barulho que quisesse, e comintar o filme im boz alta e assobiar quando aparecia uma repariga balente, infim os homes do cinema dixabam a gente ber os filmes im paz, e ai daquele que tibesse a maniazinha de nos mandar calar. Já sabia que o filme dos cóbois passaba a ser na sala da SFUA, e ó depois ainda pracisabam de caderas nobas…
Mas a cunbersa já bai longa, e a nha caneta já quase nã pinga, bou direto ó assunto que me leba a escreber, ê que eu, aquaise analfabeto, sei escreber, mas aquaise que nã sei ler, pois aprindi só aquilo que minsinaram. No outro dia, bim à capital, ó marcado, e tibe na ideiazita parba de ir ó cenema, agora sei que há lá aquele moderno, perto da casa com libros. Ós anos que este bosso home na punha os chispes im tal sítio. Atão nã ei, que aquaise tibe de afiar a nabalhita, porcausa dos homes-donos dos filmes, que me mandabam cunstantemente calar. Que nã se pode falar alto, nã se pode assobiar, nã se pode comer (tinha mandado imbrulhar uma intarmiada no marcado de propóisito), na se pode nada. Mas afinal quei isto?!! Ca raio de cenema ei aquele? Já lá nã bou mais, só pa nã me chatiar e birar aquilo do abesso, só gente parba, com a mania que sabim tudo. Exijo aqui e agora, e espero que mais homes se ajuntim a mim na garreia-luta, que a nossa belha SFUA, passe a dar cenema, pelo menos ós domingos de marcado!


Ti Toine Desinxaugado (Bale da Bila)

18.1.06

CONSULTÓRIO DO DIA-A-DIA

Aqui podes fazer as tuas précuras e dizer dos teus aleijões e aborrecimentos. A FLC tem um rancho de caramelos especializados que te darão as respostas certas.


Pergunta da Dona Perpétua (a Ti Péta dos baldes).
Ora muto boa tarde, sou caramela e vivo no Bairro do Pinheiro Grande, aqui em frente à linha, onde tou agora a escreber esta carta. Gostaba que olsebacim bem esta ftigrafia que tirei e vai em conjunto ca carta.

A précura que eu faço é a seguinte. É que eu e os meus bizinhos já tentámos passar bárias bezes esta passaige mas damos boltas e mais boltas que dá pra ir daqui ó Poceirão e ódespois ficamos tal e qual do mesmo lado da linha, feitos parbos a olhar. Ainda na conseguimos passar pró outro lado! Óbi dzer que bocemecês é que tratam bem dagente, atão digam-me lá como é cagente passa lá pró outro lado?

Ó bzinha, atão bocemecê na vê? Na vê o que tem aí diante de si? Bocemecê está é com muita sorte. Fique sabendo que tem aí uma passaige de grande beleza arquitectónica. Oiça lá então.
Os engenheiros da REFER quiseram enquadrar a construção na nossa paisagem e foram imbestigar as nossas construções, chegando à conclusão que a obra teria a aparência duma complexa capoeira-de-poleiro-oblíquo, seguindo a estrutura sinuosa de como um caramelo enrola uma mangueira.
Mas bocemecê está mesmo com muita sorte por ter saido de lá de dentro. É que agente sabe que quatro casais de caramelos já foram dados como desaparecidos nessa passaige. Uma comissão de inquérito, criada para averiguar os desaparecimentos, está à procura de alguém que já tivesse passado de um lado para o outro. Até à data ainda não se conhece ninguém, pelo que os desaparecimentos ainda se mantêm um autêntico mistério.

A boa notícia é que FLC está em negociações com a REFER para plantar oficialmente duas balentes parreiras (uma de cada lado da linha) pra treparem por ali acima e darem todos os anos uma tina de binho tinto págente buer e ofrecer às coletbidades mais carenciadas.
Portanto essa passaige é só prágente olserbar parbamente e dizer “Porra, comé qué possíbel?! Hem?!”. Se bocemecê quiser passar pró outro lado da linha o melhor é fazer um buraco caramelo na rede e passar a direito.


Resposta de Manuel Narciso, o Mãozinhas (o endireita que amanha qualquer caramelo desmanchado ou aborrecido dos ossos).

13.1.06

ONDE ESTÁ O NOSSO TÚNEL?

(aperta em cima da códaque pra veres até os póros)

Apesar da oferta do Cimento-cola (olserba a códaque) para colar as pedras umas às outras e reconstruir o nosso túnel, não tivemos o efeito esperado. As escavadêras trataram de levar os escombros do monumento para parte incerta. O facto mais estranho é que não se viu um único reformado paradinho a olserbar estas obras, o que leva a crer que foi montada uma manobra de diversão para que estes olserbadores desviassem a sua atenção. Fontes próximas da FLC informaram-nos que houve uma afluência anormal de autocarros na paragem dos pinheirinhos, e há quem jure que viu várias excursões carregadas raparigas generosas a oferecerem aparelhos auditivos e bilhetes para uma noite na Sela. Até à data ainda não foi confirmado mas nós acreditamos ser manobra para distrair estes cidadões caramelos sempre atentos ao desimbolbimento das obras públicas.
A FLC procurou seguir o rasto das preciosas pedras usando um falso calhau atado a um cordel de 500 metros. Neste momento temos vários batedores à procura da ponta do cordel e aguardamos por notícias a qualquer momento. Entretanto (e como não sairam os 16 milhões de contos a nenhum dos nossos irmãos) fazem-se apostas nas coletbidades sobre o paradeiro do túnel.


Atão aonde é que tá o túnel?

- No quintal dum empreiteiro (para fazer uma garagem);
- Na pedreira pra fazer bacias;
- No castelo palmelão (na pousada) pra fazer um anexo clandestino pra quartos;
- Enterrado logo alem;
- Na compratiba das farinhas para os Amigos de Baco fazerem um carro pró Carnaval;


A parada já vai alta e a adesão é total. Aposta tu tamém.

12.1.06

Pinhalnovense, equipa brabia!

A FLC dá os parabéns ao CDP, Clube Desportivo Pinhalnovense, pela forma como jogaram ontem frente ao Vitória de Setúbal.
A equipa da capital da caramelândia, bateu-se de forma brabia e balente, e não teve medo de garrear de igual para igual com os homes de Setúbal, detentores e guardiães do troféu em causa, a Taça de Portugal.
A equipa caramela, só perdeu a garreia nos penáltis, e apenas pela diferença de uma bola que não quis entrar na baliza adversária, a qual os adeptos caramelos trataram de anavalhar, “para não se armar mais im parba”.
O estádio Santos Jorge (em forma de meio bidon quadrado) esteve quase atulhado e foram muitos os que se deslocaram da terra do peixe assado. Os adeptos visitantes, foram bem recebidos, e desta vez “só lebaram nos quechos com as nossas intarmiadas e coiratada, quei pa desinjoarem do pexe!”, como referiu um adepto com a camisola 10 do Pinhalnovense. A FLC esteve infiltrada entre a amálgama de povo caramelo-penínsular, e verificou o que existe de mais comum entre estas duas culturas: o sagrado fumo meio-bidonístico (de um lado coiratada, intarmiada e afins e do outro, sardinha, carapaus e outros elementores nadadores), os seus clubes de futebol e o elemento líquido, em forma de mine, tinto ou verde.
Saudações caramelas a ambos e em especial ao Clube Desportivo Pinhalnovense, digno representante da capital caramela.

9.1.06

Círios deslocam-se ao rali Lisboa-Dakar

Celestino Bombista, na qualidade de presidente da C.C.C.L.F.R.(Confederação dos Círios Caramelos e Lançadores de Fogo Rijo), declarou em conferência de imprensa que os círios caramelos irão apoiar Sabastião Valdina.
A conferência de imprensa teve lugar nas instalações culturais e recreativas do café “A Mine Embalsemada”, na Atalaia. A sala, que serve ao mesmo tempo de depósito de grades de mines vazias, esteve quase cheia, e os presentes foram unânimes no seu apoio a Sabastião Valdina.
Para Celestino, “ei nosso deber de apoiar o Sabastião, e os círios bão lá ter com ele ó deserto”. Questionado sobre a legalidade deste acto, o de ir para um rali, onde não estão inscritos e ainda por cima, em plena fase de rodaige (já vai na 9ª etapa), Celestino respondeu: “ quê saiba, o daserto na ei de ninguém, ó algum home ei o dono do deserto?!. A nós nã nos impeidem de lá tar, isso ei quera bom. Era logo caderada e bofatada pas trombas, catéi andabam todos parbos”.
O objectivo de Celestino, é o de levar apoio logístico a Sabastião. A F.L.C. sabe que as mensagens que têm chegado via pombo correio caramelo (nesta fase, pombo correio de longo curso), referem o crescente cansaço do concorrente e a falta de produtos genuinamente caramelos. “o home já nim meio bidon leba, acho que caiu, ó intão arróbaram”, referiu Bombista, visivelmente preocupado. “Bamos lebar umas grades de mines, coirataige e bom tinto”, disse com um sorriso na cara e olhar vago, talvez já concentrado no deserto. Os Círios levarão entre 10 a 20 carrinhas, “um bardadero cortejo de apoio, uma carabana como os homes nunca biram (…), inda hoije, fomos pôr as fragnetes no Atoino Galgativo em Baldera, pó home lhes pôr uns balentes paneus de tractor, e ódepois, temos de nos pôr ó caminho e ir no desparo porque temos muitos quilometros pa galgar. Po caminho bamos lançando fogo rijo, só para nos intratermos!”.
Apesar de Celestino Bombista não o ter referido directamente, o secretariado caramelo, sabe que o objectivo máximo da C.C.C.L.F.R., é o de conseguir levar o cortejo dos Círios até Dakar, fazendo uma triunfal entrada na cidade, lançando fogo rijo e distribuindo pedaços de coiratada e porco assado ao povo local, que “maravilhado com a nossa cultura, nos receberá de braços abertos”.

7.1.06

A BÍBLIA CARAMELA JÁ ESTÁ NAS BANCAS

O Centro de Estudos Religiosos Caramelos (CERC) com a assinatura do grande Zimbão Cornadura, (autoridade máxima nestes assuntos), vai publicar em fascículos a “Bíblia Caramela Ilustrada”.
Esta obra vai ser distribuída dentro do Jornal do Pinhal Novo com uma qualidade superior à dos panfletos do Mini-Preço.
Trata-se duma obra luxuosa, com mais de 8000 ilustrações, das quais 7500 são fotografias da Nossa Senhora dos Paços do Conselho, (santa padroeira do jornalismo regional). Entre as outras figuras, destaca-se a famosa pintura que representa Deus a fabricar um caramelo à sua imagem. Pode-se ver Deus de mangas arregaçadas, boina de flanela e pele bronzeada, a fazer um caramelo com uma navalhinha.
Os dois testamentos relatam a criação e a evolução do nosso universo, desde o primeiro charco até ao vinho embalado em caixa de cartão, passando pela maravilhosa criação do pão com manteiga untado dos dois lados.
O testamento antigo vem na versão original em caramelo arcaico. Esta versão revela as más traduções que foram feitas ao longo dos tempos. Toda a gente sabe que ainda é ensinado nas nossas escolas que a primeira caramela veio de uma entremeada, quando está provado que é totalmente falso. Nesta bíblia a caramela é dada como uma febra.
Ainda neste testamento são referidos com pormenor, o dilúvio e o Meio-bidom de Noé, transformado numa enorme embarcação para salvar todos os porcos, bois do Rio Frio, pardais, canzoada, galinhas poedeiras de gargalo pelado, pombos da columbófila, patos mudos e muitos outros seres de grande importância para a nossa cultura.
No novo testamento destaca-se a grande importância do cão Pantufa na paróquia do Pinhal Novo e o período do Grande Conflito Caramelo, com a garreia dos padres. Este fascículo virá com uma ilustração do arrombamento brabio da porta da paróquia.

A iniciativa de publicar a Bíblia Ilustrada prende-se com o facto do nosso povo ser muito supersticioso e voltado para o misticismo. Prova disso está nos resultados dos inquéritos feitos no início do milénio. Os resultados mostraram que 93% dos caramelos acreditam que Deus não usa truces, 91% acredita na TVI, 64% em mesinhas com azeite e alfinetes, 43% no Euromilhões, 17% na alma dos caracois, e 73% já tiveram alguma experiência com um destes seres.


Cada fascículo é acompanhado por uma cassete com música de acordeão e voz de Zimbão Cornadura, e um texto da FLC para meditação.


CARAMELO, SE ÉS CRENTE NÃO PERCAS ESTA GRANDE OBRA.

2.1.06

Sabastião Valdina em protesto directo

O espaço a seguir é da exclusiva responsabilidade do autor.
A F.L.C. em apoio a mais uma garreia de um cidadão caramelo, limitou-se a dixar o home falar à buntade.

Carta de Sabastião Valdina, participante caramelo do Rali Lisboa-Dakar, algures entre Málaga e o norte de Africa:

Escrebo-bos de cima do taipal da nha Dina, que atei agora tim dado conta do recaide.
Como todos bócêzes debem de saber, tou no rali dos homes Dakar e nã tenho medo de ninguém, ó na me chamasse Tião da Dina, que quando a coisa dá pó torto, ei logo o primero a dar cabeçada pos quechos e caderadas a boar, c’atei a malta anda parba, a ber onde ei que tá o home garriador.
Ora atão, tenho óbisto dizer que eu nã benho na lista dos participantes oficiais, nim que na chegam notícias minhas do rali, à nha terra, a bela caramelândia, mais cuncretamente Baldera.
Quero-bos dizer, queu ando aqui e que nã ei mintira nenhuma que tou aqui ó despique com quim bier, quê na tenho medo de ninguém.
Sei que os homes que organizam o estáminé rálistico, nã me quiseram inscreber por acharam ca nha Dina nã tinha nã sei quê dos paneus, ó nã sei quê que nã se pode ir com caixa aberta e sofás no banco de trás. Sei tamém, que esses homes já lebaram umas punhadas po lombo, mais umas cabeçadas pos quechos, ó nã me chamasse eu Tião da Dina.
Assim ,nã bão óbir falar de mim, nim na raide, nim nos telejornais, mas ê bô cá tár, e só me bô imbora quando quiser.
Lanço um apelo brabio, a quim se quiser juntar mais eu, pa que benha ter comigo e iniciar-mos um rali-protesto-garreia, em defesa da nossa cultura. Quem quiser bir, pode ir ó mê tarreno im Baldera, e apanhar uma fragnete que ande e ódepois acrabar-lhe uns paneus de tractor. Tragam meios bidons, grades de mines, coiratada e intarmiada, quei pós homes parbos da organização berem comé ca gente samos.
Ê bô dando noticias. Bou arrincar agora, o circo bai começar a andar ótra bez. Hoje bamos nã sei prá onde.

A carta de Sabastião Valdina, chegou às nossas instalações por pombo correio caramelo.