28.11.06

TESTE AOS AGASALHOS CARAMELOS

Deribado à rijeza do Imberno na Nação Caramela caté a passaraije cai das árbes, e pra prebenir toda a população da geada, a FLC deu abertura solene ao Departamento Científico de Aclimatização Caramela. Este departamento tem como objectibo descobrir e testar materiais de alto rindimento tais como as mantas, cobertores, casacos e quispos de fabrico caramelo de modes a que todos possam biber melhor sem terem de cumprar sacos de borracha de áuga quente pra pôr dentro da cama pra aquecer os chispes.

Assim, após curta précura, os agentes da FLC acharam na Fonte da Baca o primeiro casaco de fabrico caramelo: um jerrican de tinto “Quinta dos Farias”. Eis intão o relatóiro técnico dos testes deste material:

“Eram 5 da tarde e tava uma rijeza caté criava bicho.
Local da experiência: Oficina de lambretas do Rogéiro Cramalheira, Benda do Alcaide.
Técnicos especializados pra olserbar se o material tá bom: maltezaria credibilizada pela FLC, com altas habilitações pra probar a eficácia do binho caramelo ao serbiço do aquecimento da nação;
Outros olserbadores: o dono da oficina e um cliente descunfiado a olhar prá sua lambreta toda desmontada em peças pu chão.
Materiais: o Jerrican cheio de tinto da marca “Quinta dos Farias”; um baralho de cartas com gaijas nuas; 6 copos; um casqueiro de quilo; e um taipal cum coiratada prebiamente assada pró enfeite.


Ocorrência nº 1

São 22:00h, meio jerrican está bazio e as olserbações são bastante positibas em relação à adaptação climatérica. Berifica-se uma boa progressão no calor da oficina, o jogo da sueca em roda-bota-fora gera punhada de aquecimento entre 3 equipas e o cliente descunfiado está perfeitamente integrado no imbiente aquecido dando gargalhadas.

Ocorrência nº2

São 02:00h o jerrican está praticamente bazio. Um dos técnicos está bastante sastesfeito com os resultados: tá um calor que não aguenta e despe violentamente a camisa mostrando a peitaça cum pêlo, dando uma punhada KO no cliente descunfiado que já se taba a rir de mais. Não completamente cumbincido, outro técnico mais rigoroso mete a peitaça ao relento e bai de lambreta da Benda do Alcaide até ó Poceirão. Segundo relatos berdadeiros foi incuntrado a dormir no meio da pastaige, entre as bacas, já pra lá do Forninho. Tinha um bocadinho de cuspo na boca!


Conclusão:
Na nossa escala, O casaco de peles “Quinta dos Farias” rebelou-se um perfeito agasalho pró relento caramelo. Se o nosso técnico tibesse chegado ó Poceirão teria lebado nota máxima, no entanto a "Quinta dos Farias" está classificado como material de grande qualidade, podendo no entanto provocar alguma sonolência mesmo práqueles que se riem á parba.

19.11.06

EDITORIAL

Escrito pela Edite das Crónicas por escraber crónicas caramelas nos editoriais dos jornais.

Hoije bou cuntar a bocemecês a história do talego cheio de coidas de pão, uma históira berídica que se passou entre os Batutes e a Fonte da Baca num dia de nabueiro de 1958, em plena crise do Meio-bidom.
O Jequim Tição era assim conhecido por ser o único home do reino caramelo com licença de uso e porte de isqueiro e com alvará de acendedor oficial de meios-bidons. Por isso era sempre chamado pró serbiço onde quer que houbesse um pitromax, um fogareiro ou um cigarro pra acinder, quando não habia fórfos. Num belo dia foi chamado pró serbiço especial de acendedor de rastolho numa matança do porco. Esse rastolho em labaredas, espatado numa forquilha, serbia pra chamuscar o bicho, já morto, pois nessa altura era assim que queimava o pêlo dando aquele chirinho a chamusque c’agente tanto gosta impregnado nas nossas camisolas interiores. Hoije usam-se maçaricos ligados à bilha do gás da cozinha e já na tem o mesmo infeite. Bem…, lá ia o Jequim Tição, com os chispes na geada, estrada fora, assobiando par dentro do nabueiro quando introu no batatal do Baldemiro Pirolito (assim chamado por beber pirolitos e ter forrado a fachada a sua casa com os berlindes dessa bebida gasosa). Baldemiro assustou-se assim que viu o vulto, deu um arrote e um tiro de caçadeira pró ar, e disse:
- Quem és tu e que o que é bieste práqui chirar?
- Sou eu, o Jaquim Tição, e bou à matança do porco do Belarmino Pançudo.
- Ahh! És o Tição,… Atão acende lá a mim esta lamparina que eu na tenho fórfos.
- Tu tamém na tens fórfos?
- Nem um fórfozinho bê lá tu!
Meteu o talego no poial, tirou o isqueiro da algibeira do colete e zás pôs-se a acinder a lamparina. A canzoada deu-lhe o cheiro do farnel e truca, roeu-lhe o pão cum banha deixando só a coida.

Quando chigou à matança do porco é que reparou que tinha o talego só com coidas. Foi uma barrigada de rir que toda a gente ficou a saber do sucedido. Jaquim Tição quase teve pra mudar de alcunha pra Jaquim Tição das Coidas… mas não pegou. Bem… resultado: como ele só tinha as coidas, toda a gente lhe ofereceu ovos caseiros, repolhos, hortaliças, e fartou-se de comer coirato e intarmiadas, e buer binho até à noitinha. Portanto, aquele belho ditado “Pá fome na há má pão” neste caso até quase se berifica poque o Jaquim incheu a pança de coirato.

Deribado a esta históira berídica é que ainda hoije os caramelos modernos quando comem pão cum Tulicreme deixam as coidas em cima da mensa como sinal de esperança de birem a ganhar uma barrigada de coirato, intarmiada e binho.

Prá semana, no próximo editorial, bou cuntar uma históira ca nha tia cuntava quando eu era ainda gaiata, uma históira dum cogumelo labado cum áuga do poço.

11.11.06

Cuiratos cum açorda (episoide 200)

Mais um marabilhoso resumo do próximo episoide de “Cuiratos cum Açorda”, a primeira nobela totalmente falada em caramelo, transmitida a partir das nossas intenas.

***
Fátinha, rapariga trabalhadeira, 23 anos, (Miss bindimas caramelas, a única miss que já sabe fazer pudins Boca-Doce), é neta adotiva da Venãiça da Verruga que a tem criado como filha. Fatinha entra na cozinha a assobiar as módinhas do carro-propaganda do Intermarché mas vem com sete sacos da Compratiba, cada um com um pacote de leite, e diz:
- Nha abózinha bou fazer uma tatuaige aqui ò fundo das costas.
- O quem?!!! Tu tás grábida e bais fazer uma raspaige pas costas?!!! – espanta-se Venãiça, limpando as mãos ao trapo e a verruga a inchar que nem um frango do abiário.
- Nããão abó, é só um desenho aqui nesta zona ó pé do rego. – e amostra a anca lebantando a blusa (mostrando pela primeira bez na telebisão caramela os elásticos dumas cuecas caramelas tipo cordel dental).
- Atão mas que desenho bais pôr aí à intrada do rego?!!!
- É uma tatuaige com imblema da Junta de Freguesia do Pinhal Nobo, a nossa capital, abózinha.
- O nobo imblema ou o belho imblema da junta?
- O belho, nha abózinha, aquele cum a linha a dar a bolta ó pinheiro.
- Ah bom, já pinsaba que tinha acuntecido uma desgraça. Tou tão cuntente…
De repente, Chispalhudo entra pela janela da retrete todo desalboreado, interrompendo a cumbersa. Os olhos de Venãiça infiam-se par dentro dos olhos de Chispalhudo, coisa que já não acontecia desde a fuga no Berão passado. Ficam os dois açapalhados a olhar um pró outro e a Fátinha, em pose, virada, a mostrar a etiqueta do cordel dental pra todo e qualquer espectador apreciar e poder cumprar no marcado do Pinhal Nobo.

Entretanto, à porta do café “O Barril inclinado”, nas Areias Gordas, Xico Traça-coirato cumprimenta a maltezaria:
- Atão cumé que éi? – levanta esta velha questão, espatando uma punhada no lombo dum.
- Oh! – responde esse, com uma cuspidela pró lado, como quem diz “Pois!”.
- Oh! – responde outro encolhendo os ombros e abrindo ligeiramente as pernas e afiando um palito com uma nabalhita.
- Atão cume que ei? – devolvem outros a pergunta que estão encostados com um pé contra a parede.
Xico Traça-coirato desenbolbe o cumbíbio:
- Quem é que quer ir mais eu à do Zé das Flaitas?
- O quê? Queres aprinder a tocar flaita? – pargunta um, a roer uma castanha do S. Martinho, e a cuspir a casca pró chão ladrilhado com caricas de mines.
- Não, é pra ele tocar flaita no meu casamento. Bou casar-me amais a Fatinha.
- A Fatinha da Venãiça da Verruga?
- Sim, bou buscar ela, amanhã. – responde Xico.
- Tu bais buscar ela? – parguntam todos em coiro espantadiços.
- Sim, bou buscar ela. – confirma Xico.
Todos ficam feitos parbos a olhar caté parecem dormentes (um estilo de suspence desinbolbido por cineastas caramelos) a olhar pró espectador, também ele aparbatado cum tanta intriga junta numa só nobela.

Será que bão todos à do Zé cumbincê-lo a tocar flaita? Ou será que a Venãiça vai pôr-se à frente e não deixa? E será ca Fatinha bai mesmo fazer a tatuaige ao pé do rego?...
***

Caramela, não percas o próximo episoide se não algum home ainda te vai buscar a casa e quando dás por ti já tás a óbir flaita.

8.11.06

Consultório do dia a dia

Se tiberes ãinças ou bicho-carpinteiro, escrebe práqui que a FLC dá-te a mesinha. Tamém podes fazer as tuas précuras que temos um rancho de caramelos especializados que te darão as respostas certas.

Pergunta de Inaiço Sabão, condutor do tractor-cisterna dos resíduos rurais.

Ora muito boa tarde ou boa noite ou lá o quê. Eu cá que sou da Frente de Libertação Caramela desde que naxi e estaba na cumbersa cum uns gaijes ali dos Barris (palmelões) quando me disseram que a FLC estaba morta. Estaba morta??!!! Mau!! Tive logo pra dar ós gaijes uma punhada caté se espojavam logo ali ribanceira abaixo. Mas eu, caté nim sou de andar por ai à punhada, apostei logo a nha canita im como bocemecês nunca morrim. Por isso escrebi a bocemecês se é ou não é berdades que estão bibos e sadios e mostrar ós gaijes como é que é. Hã? Tão ou na tão bibos?


Tamos.
Ora ainda bem que nos escrebeu porque é berdade que temos andado fugidos im parte incerta mas agora boltámos cum muito orgulho na peitaça e diga lá a esses gaijes que a FLC nunca morre nim nada. Como instituição clandestina que samos (e samos cum muito gosto), tibemos que mudar de instalações porque fomos chirados pela canzoada das forças reaccionáiras de índole globalizadora. Como toda a gente já sabe, o nosso quartel estaba agachado debaixo do Coreto do jardim, (instalações utilizadas também por outras forças de natureza agachada ou deitada). Neste tempo todo, tibemos à precura de nobas instalações mais seguras e ainda mais clandestinas. Precurámos tudo, corremos todo o territóiro caramelo de lés a lés (do café “Anda cá mais eu” à mercearia dos Marçalos; da Tasca do Xico às bombas de gasolina da Marateca) e afinal estaba logo ali ao lado do Coreto: dentro dos elebadores da REFER.
Agora estamos mesmo dentro dos elebadores da REFER pois são as instalações mais seguras e mais clandestinas (metidas na escuridão da noite), para as actibidades rebolucionárias da FLC. Nunca ninguém descobrirá a gente lá dentro nem que a REFER mande canzoada a chirar os nossos coiratos… quando muito a canzoada encontrará uma reformada desostinada a apalpar as paredes dentro do túnel (reformada essa colocada pela FLC como isco de diversão prá bixeza). Se quiserim cuntactar o departemento da resistência pela intiga passaige de níbel, escrebam prá morada:

FLC, Resistência Caramela
Elebador SUL da REFER
2955 Pinhal Nobo


Se quiserim cunctactar o Comando Giral escrebam:

FLC, Comando Giral
Elebador NORTE da REFER
2955 Pinhal Nobo


Resposta da Comissão Instaladora da Frente de Libertação Caramela nos Elevadores, liderada pelo Zémanel Ascensorista (15 anos de prática no elevador dos Mochos).