16.10.07

TRATADO RADIOFÓNICO segunda parte

Bamos óbir o segundo episóido do documentáiro radiofónico sobre o porquê e o nã sei quê/nã sei que mais, das nossas alcunhas.
Agora bamos infiar a bobine no grabador e…


Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
FSSHHhhhhh PUMMmmm
O Marabilhoso Mundo
das Alcunhas Caramelas
segundo episoido

(música de fundo com chocalhos a vir pra cá)


Narrador – No episoido anterior tínhamos dito que é preciso tar sempre munto atento aos progressos da penetração da alcunha e tal e tal, por isso, se a alcunha ficar intranhada por mais de seis meses, é porque o dono pode contar com ela para o resto da bida, ou então tem que fugir prá Sibéria e começar uma bida noba adonde ninguém o conheça... (som dum comboio nos carris). Se ao fim de seis meses a alcunha sumir-se por cumpleto, intão é preciso arranjar outra, ainda mais forte e eficaz que, em certos casos, é tão forte, tão forte e contagiosa que passa de pai pra filhos e de filhos pra netos tal como as bacas malhadas passam as malhas prós bezerros.
(som duma bateneira a mexer o cimento)
Voz de pedreiro
– Ohh Maneeeeeeeeeel!... Manel da Mosca nas Bentas, anda cá mais eu, cá pra cima do taipal, ajudar o teu neto, o André da Mosca nas Bentas, e traz o martelo.
- Péra ai qeu já boooou! Tou só aqui com o mê sobrinho, o Bruno Varejeira nas Bentas, a desinrolar a mangueira.


Narrador – Mesmo assim reserva-se muito respeitinho e cumprimento das normas por quem inventa, chama, ou brada uma alcunha. Uma das regras mais conhecidas é que a alcunha nunca é escolhida pelo próprio. Há quem se faça à pista para lhe espatarem uma alcunha de sua conveniência, como se fosse um nome artístico (especial) metido à parba mas isso não pega. A alcunha tem que ser espatada por alguém de cunfiança que, por surto eruditó-caramelo, inbentou, num momento especial, a alcunha mágica para animar o dia-a-dia das nossas bidas monótonas e aborrecidas…
(som de ventania à porta do centro de saúde)
Voz

- A Zulmira da Rata Seca, ontim teve aqui à chuva desde as cinco da manhã. Quando o médico a apalpou já tava toda molhada! Eu hoije já me aprocatei e bim cu meu Tózé Escorregadio pra me agarrar a ele.

Narrador –É a falar assim que a gente fica todos cuntentes! Mas há que ter im atenção que as alcunhas não são espatadas assim à parba. Elas têm regras de aplicação,... mas isso é o que bamos ber no próximo episoido desta série radiofónica.


Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
FSSHHhhhhh PUMMmmm
Tiberam a Óbir….
O Marabilhoso Mundo
das Alcunhas Caramelas

(música de fundo com chocalhos a desaparecer)

11.10.07

TRATADO RADIOFÓNICO DA ALCUNHA CARAMELA I

Bamos óbir um documentáiro radiofónico produzido pela Rádio Antena Caramela, sobre o porquê, e o nã sei quê, das alcunhas na nossa cultura.
Agora agora bamos infiar a bobine no grabador e…


Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
FSSHHhhh PUMMMmmmm.....

O Marabilhoso Mundo
das Alcunhas Caramelas
primeiro episoido

(música de fundo duma flaita de beiços)


Narrador – Não se sabe ao certo quem inbentou a primeira alcunha, mas sabe-se que as alcunhas são tão intigas quanto a própria punhada. As alcunhas são códigos de sociabilização de grande importãiça na cultura caramela. São de tal importãiça que até há quem diga que só é berdadeiramente caramelo quem for dono duma alcunha a preceito.
(som de alguém a bater à porta … toc toc toc…)
Voz
- Quem éi?
- É o Arsénio Manuel Vasconcelos da Silva, benho cá fazer uma bzita.
- Tu és mazé é um merdas e tens na maniazinha. Chispa-te mazé já daqui pra fora.


Narrador –É assim que pode acontecer! Se o bizitante dissesse que era o Séninho dos Porcos, tinha entrado logo e já tavam os dois a buer umas mines. (som de concertina) As alcunhas sempre foram tidas como com uma força benigna, entusiástica, extraordinária, selbaige, alienígena, que se aplica a um ente querido, fortalecendo-lhe o ego e dando-lhe um ar mais sadio e balente, capaz de bencer os impossíveis do dia-a-dia…
(som duma mine a abrir-se)
Voz
- Atão ó Toin dos Cotos?!! Agarra ali naquela dúiza de mines a granel, e bora mais eu à do Giraldes da Cirrose, buer elas.
(barulho das mines a granel pu chão)

Narrador- É espantosamente motivador. As alcunhas são sempre aceites de comum acordo entre os seus portadores e aqueles que chamam, mesmo sabendo que quem chama está sempre mais de acordo do que o dono da alcunha…
(som de vozes na coletbidade)
Voz mais alta
- Ó Zé Castiçal na Testa, sabes quim éi qeu bi ontim cu Toin Pázudo na retrete da estação?
- Hã?Não!!!
- Ó Castiçal, pá, bi tua Zulmira!
-!!!

(rizada giral e som de concertina)

Narrador – Por isso, quem está sob o risco de apanhar com uma alcunha, acautela-se. Há como que uma caça de gato e rato. Uns andam a olserbar os outros pu canto do olho. As pessoas que preservam ainda o nome de batizo mantêm um ar reserbado, quase sempre calado, evitam grandes grupos, lebam uma bida restrita e tentam mostrar uma bidinha exemplar… mas isso é impossível de aguentar no habitat natural caramelo…
(som duma mosca a aboar dentro da coletbidade… zzzzzzzzzz…)
Voz baixinha de pensamento:
-…Puta da mosca nã me larga as bentas!!!.
Voz grossa a gritar lá ao longe:
- A partir d’agora és o Manel da Mosca nas Bentas.
(galhofa giral e som de castanholas)

Narrador - Ninguém escapa! E é assim, com este encanto, que são aplicadas as mais belas alcunhas. Mas não bastam ser marabilhosas, elas têm que ter a propriedade de se intranharem como a gosma se intranha no fundo das goelas. Por isso, uma alcunha sem graça pode despegar-se do Ser. E é preciso tar sempre munto atento aos progressos da penetração da alcunha ao longo dos tempos… (som de ferrinhos) Senhores óbintes nã percam o próximo episoido pra saber tudo sobre a alcunha caramela.


Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
FSSHHhhh PUMMMmmm

Tiberam a Óbir….
O Marabilhoso Mundo
das Alcunhas Caramelas

(música de fundo duma flaita de beiços a desaparecer)
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7.10.07

Programa de alimentação escolar causa polémica
Famílias caramelas protestam no início do ano lectivo

Com o início do novo ano lectivo, a história repete-se. Mais uma vez, o programa alimentar das escolas da caramelândia não corresponde aos anseios das famílias caramelas. O protesto é antigo: ano após ano, tenta-se que as escolas da nossa zona adoptem um programa alimentar que esteja de acordo com as nossas raízes e cultura ancestral. Ora, segundo alguns pais caramelos não é isto o que acontece na maior parte (senão em todos) dos estabelecimentos de ensino cá do burgo. As principais A.P.C’s (Associações de Pais Caramelos) já protestaram e prometem não baixar os braços (e as mãos, calejadas atei mai não) enquanto as suas crianças não tiverem direito à verdadeira gastronomia caramela. Assim, como forma de protesto, foi já convocada uma almoçarada-debate-garreia na Palhota, no próximo fim de semana, oferecida pelo café “o Intulho a Cagulo”. Júlio Alcateia (mais conhecido por Julinho Pançudo) é o organizador chefe desta acção de revolta e na última reunião de pais não teve medo de dizer bem alto e aquase enerbado: “ó esses homes da educação fazim o ca gente quer, ó atão bão ter de lebar ca gente, e olhim ca gente nã ei boa de traçar, sisto dá pá barduada ei atei criar bicho, bócês agarrim-me quê saco da nabalha (nisto três ou quatro pais que estavam na reunião tiveram de segurar o Julinho e acalmá-lo com um penalti de Licor Beirão, gentilmente cedido pelo dono do Intulho a Cagulo). A FLC sabe que as Associações de Pais Caramelos, pretendem endurecer a luta e planeiam já outra almoçarada-garreia-protesto, desta vez em frente à Junta de Freguesia da Capital (Pinhal Novo). Laurentino Pitrólero (outro dos pais presentes) afirmou em tom confidencial:”…bai, bai ser im frente à Junta, ca téi ninguém entra, nim o prasidente nim nada (pausa para pensar e respirar para dentro). O mei bidom bai ficar a barrar a porta e quero ber quim ei que nos tira de lá!”, afirmou em tom de desafio com as mãos nas ancas (Laurentino foi forcado amador quando era gaiato). Por último, os pais caramelos afirmam estarem dispostos a ir até às últimas consequências da radicalidade protestante:”Se cuntinuarem a dar sopa minestrone ós gaiatos im bez da nossa sopa caramela, conbocamos uma mega almoçarada-protesto-garreia todos os segundos domingos de cada mês, mesmo im frente à intrada do marcado da capital. Nã entra ninguém, nim ciganaige, nim bicheza d’outra espéce!”, disse ainda Laurentino Pitrólero em tom cada vez mais inerbado e intolerante.
A FLC apoia a Associações de Pais Caramelos na luta pelo direito à alimentação como debe de ser da gaiataige caramela.
Im frente é quéi caminho!

3.10.07

MOBILIDADE CARAMELA - PARTE III

Deribado a estas grandes mudanças na forma como cada um se desloca dum lado pró outro, a FLC e todas as Juntas de Freguesia da nossa nação desimbolberam o Centro Estratégico de Mobilidade Caramela (C.E.M.C.) que bai rebolucionar o mundo do pitroil, das botas caneleiras cardadas, e dos sapatos com solas de borracha.

O C.E.M.C. conta já com a participação de bárias associações e grupos relacionadas com o caramelo im mobimento. O Centro fornece os estudos sobre os efeitos da Teoria da Relatividade nas diferentes regiões, e a complexa fórmula matemática (Fórmula Xana), de como se calcula a trajectória dum corpo caramelo no espaço. Além das associações mais conhecidas como a Associação Pudalo-Pasteleira e a Associação de Cavaleiros da Lagoa da Palha, temos tamém por exemples:

- Associação dos Transeuntes de Carrinho de Mão. Contando com mais de 900 sóices, tem como lema “ora agora bais tu no carrinho, ora agora bou eu” e está fundado no requinte rural. Qualquer caramelo caminha pelas ruas com um carrinho de mão e, quem quiser, pode sentar-se nele (requintadamente no conforto dos produtos hortícolas), e apanhar uma boleia marabilhosa. Depois, a meio do percurso, tem que trocar, se não há punhada pla certa. As Juntas de Freguesia do Pinhal Novo e Marateca, financiadas pelo Fundo das Comunidades Caramelófonas, vão distribuir cerca de 450 carrinhos de mão por todo o territóiro, com o Slogan “Um carrinho, um destino, dois caramelos”.

- Associação dos “Leva-me às Cavalitas” Compulsivos. Conta com várias centenas de voluntários, sem fins lucrativos. Os sóices têm como princípio atirarem-se prás costas de quem circula naturalmente na rua, ganhando não só um transporte panorâmico, como uma grande amizade. Esta associação cavaliteira reserva para os reformados e inválidos, a alternativa de irem ao colo em vez de irem às cavalitas, bastando para isso, apresentarem um cartão, antes de se atirarem para os braços dos transportadores.

- Sindicato de Choferes de Carrinhos de Rolamentos e de Cadeiras de Escritório com Rodízios (S.D.C.D.C.D.R.ED.C.D.E.C.R). Este sindicato exige a construção de rampas em labirinto, a fim de oferecer mais condições nas descidas. Para isso, sempre que num dado percurso haja dois pontos muito próximos, é exigido um trajecto com o maior número de rampas possível. É graças a este sindicato, que esta engenharia está bem patente em dibersos pontos na nossa nação e já faz parte dum roteiro de todos aqueles que querem desfrutar da magia da força da gravidade caramela.

- Associação Caramela de Cidadãos Suinomobilizados. Tem como sóices, praticamente todos aqueles que querem substituir as zundápes e fameis pelo prazer de condução dum porco caramelo-mirandêz de 400 quilos, obtendo as mesmas sensações tais como o acelarar em punho cerrado a arrancar poeira da lama, e peões caté põem um home desostinado. Esta associação começou logo com 3000 sóices e, desde 1977, já lhe perderam a conta. Ainda não está creditada no C.E.M.C. por não respeitar todos os requisitos de segurança e requinte.