21.11.07

Cartas à Babuige caté cria bicho

Este espaço é a bóz ao pobo caramelo que manda prá gente correspundêinça brabia de interesse giral e parbo-reimbidicatibo.

Carta:
"
Escrebo esta carta porque eu ando a frinzir as bentas cum bocêzes, é que eu sou reformado da CP, fui rebisor (há pessoas que dizem "tu és mazé um retrobisor”, mas não é, é “REBISOR”, hã? RE-BI-SOR), e quando apanhaba o passageiro na retrete da carruaige, só de olhar cara a cara, bia logo se tinha bilhete ó não. É que tenho feito umas cumbersas cá na sede do Rancho, aqui na Lagoa da Palha, sobre a Frente de Libertação Caramela, quem são bocêzes e isso. Toda a gente diz que sabe quem bocemecês são, e q’lá assim e q’lá assado, cozido e frito, mas nã tou cumbincido. Nadinha, nadinha. O que eu quero dizer é que às bezes um home tá aí ler as bossas cumbersas, a ler, a ler … e eu até tenh diabetes e sou reformado da CP, fui REBISOR e sabia logo a malta que fugia prá retrete da carruaige e conheço toda a gente… e parece-me que bocemecês nã estão a falar a séiro. Eu cá aicho que estão na brincadeira e isso não é de home. Há quem diga que é tudo berídico, outros dizem nã sei quê e que são fulano e silcrano, isto e aquilo. Eu aicho que andam a brincar cá cagente! Por exemples, uma bez li que o aeroporto nã pode ser feito no Rio Frio deribado à fuguetaige rija, mas isso bê-se logo que estão a imbentar. Alguma bez?!!! Eu aicho que é por causa da maltezaria que anda aí armada de floberes ó pardal e que os abiões podiam lebar uma carga de chumbo pas asas. Isso é a pura da berdade, e isso bocês na sabim. E eu aicho que a TAP é um aeroporto importante e bocêzes nã debem andar praí a falar mal da cultura da fuguetaige rija… até porque às bezes dá-me uma pontada aqui nos rins caté parece que lebei uma cornada. Além disso eu aicho que debem fazer estudos mais séiros sobre a cultura caramela a nível do Rancho Fóclórico da Lagoa da Palha e não só dos grilos e bicicletas e isso, que tamém é importante, mas o Rancho é munto mais importante.
Sim mais cumbersa de momento,

Manel Giraldes, conhecido por Manel Retrobisor "

17.11.07

O ENTULHO DO LEITOR
Espaço anteriormente baldio onde o leitor caramelo pode atirar coirataige ó ar sem que por isso o açaimem

A FLC inaugura aqui este espaço paronde bócês podem mandar as bossas opiniões mais parbas ó não. A FLC reserva-se o direito de nunca responder, pois este é um espaço de desabafo, crítica e largada de ideias pa quem as quiser óbir. Os estimados leitores que tenham dúvidas dignas de resposta serão encaminhados para outro espaço nobre da FLC: o correio do leitor.

Carta nº1
Olá. Bibo na capital caramela há alguns anos, desde que me imparbalhei com a ideia de mudar de uma casinha tipicamente bravia na Palhota para um apartamento no 1ºandar na Salgueirinha. Tenho saudades das coelheras e de assapar na minha Zundap pelos aceros afora, quando era mais gaiato. Já tintei pôr coelheras na janela, mas tibe problemas com os vizinhos, tibe de andar à bardoada duas ó três bezes e ó depois, dixei-me disso, já na tenho idade. Mas o propósito desta escritura ei o de propor à nossa Junta de freguesia que dexe de limpar o lago do jardim. Passei lá no outro dia e taba feliz por ber que aquilo taba quase a tornar-se um charco, aquase parecia a chaboca. Disse logo ós meus gaiatos, para irem ter com a abó à Palhota e para irim com ela ó charco (fica mesmo por detrás da minha antiga casa) e para trazerem sapaige e rãs com fartrura. Os rapazes boltaram com uma sacada de rãs e quando íamos deitá-los no lago, tabam os homes da câmara a limpar aquilo, já nem auga tinha. Fiquei deberas inerbado com aquilo. Acho que na têm trambelho nenhum essas limpezas, aquilo limpo parece um tanque de labar a roupa, cheio de tubos de motor de rega. Proponho ó senhor presidente da nossa Junta de Freguesia que dexe de mandar os seus homes limpar o lago, e bai ber que nasce ali um belo charco berde, cheinho de becheza que encherá o pobo caramelo de orgulho. Afinal, pargunto eu (que nim sou nada), o que representa mais a cultura caramela, um tanque com auga dentro que nim pa labar roupa serbe, ó um belo charco, cheio de sapaige e rãmzaria a coachar pela noite caramela afora, mesmo no centro da capital?

Autor da carta: Aquilino Numismático, 81 anos, residente em Pinhal Novo.

14.11.07

TRATADO RADIOFÓNICO DA ALCUNHA CARAMELA III

Bamos óbir o último episóido do documentáiro radiofónico sobre o porquê e o nã sei quê/ nã sei que mais, das alcunhas na nossa ancestral cultura.
Agora bamos infiar a bobine no grabador e…
Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
FSSHHhhhhh PUMMmmm
O Marabilhoso Mundo
das Alcunhas Caramelas
tarceiro episoido
(som duma gaita de foles muito nerbosa a bir pra cá, caté mete medo)

Narrador – No episoido passado (já tá coalhado de tanto tempo que passou), a gente disse que as alcunhas nã são espatadas assim à parba e que têm regras e que mais na sei quê e tal e tal. E afinal que regras são essas, afinal? Hã? É isso que bamos já aprinder. Por exemples uma das regras é a olserbância duma característica física de índole caramela. Isto quer dzer que temos que andar de olhos bem abertos a olserbar de alto a baixo o aspecto brabio do candidato que bai receber uma bela alcunha…
(som dum motor de rega)
Voz
- A Atoina das Patilhas já não regaba o aceiro há mais de 2 meses.
-Hã??
- A terra dela até já parecia as beiças do Sebastião Ressequido.
- Atão não?!! Agora, ópois da rega, até parece o Ti Enxaguado.

(som de gargalhadas, ferrinhos e concertina à desgarrada com o zurrar dum burro)

Narrador – Outra regra é, por exemples, a olserbância dum fitio brabio do candidato (ou candidata). Isto requer uma fina olserbação durante alguns minutos. Uma atenção às atitudes do ser, pra tirar a ele um retrato psicológico, que ópois vai ser resumido numa alcunha completa…
(som de canzoada a rosnar)
Voz sorrateira à janela
– Pssst pssst, Jaquina. Ó Jaquina Exacerbada, sabes da última?
- O que éi?
- A Isilda Vadia anda metida com o Manel Caganças!!
- Ahhh!!! Se a Aurélia Linguaruda sabe, isto bai logo parar ós obidos do Juil Espraveirado.

(som do coro do Rancho Folclórico das Lagameças, sem ferrinhos… mas com flaita)

Narrador – Adiente… É tamém munto normal espatar uma alcunha que ilustre bem a profissão ou qualquer actibidade tipicamente caramela, desde que o candidato a desempenhe cum balintia…
(som de grabilha a cair im cima duma garaige de zinco)
Voz
- Lá tá o Jaquim Leiteiro, outra bez a espantar a passaraige lá do telhado.
- Poizé, o Mairo do Estrume já o abisou pra nã fazer isso…
- O Estrume?!!! Adonde é que ele foi?
- O Estrume foi à do Xico dos Burquins, a ver se ele impresta uma ficha tripla.

(silêncio!!!)

Narrador - É tamém comum haber alcunhas indicadoras duma atitude específica, dum acuntecimento im particular… enfim, uma maniazinha que o dono dessa alcunha teve um certo dia, ou costuma ter de hora im hora… (som dum sininho de catequese). Nestes casos temos por exemples as alcunhas Tirapicos, Traça-Coirato; Isaltino Desataracha ou Ti Galganas do Jerrican. Tudo isto é muito normal. Até mesmo as alcunhas excepcionalmente compridas chegam a ser usadas no chamamento diário das pessoas, como por exemples a Ti Irvina do Penso-Largo-Mal-tá-na-Cinta - uma senhora conhecida, ali da Sul Ponte…
(som de canzoada a lember leite duma tigela de alumínio)
Voz feminina sensual
– Ohh meu Manel Acendalhas, anda cá mais eu pra cima da carpete da sala.
- Ohhh Disidéria Maravilha, tiraste-me as palabras da nha bocarra…
(som de canzoada a ganir)


Narrador- Em última análise, a vantagem de possuir uma alcunha é transformá-la numa imagem de marca:
(som dum motor-de-arranque dum Marcedes)
Voz ao Uolki-Tólki
– Tá??? Crrrrrrr… Rapi-Tira???
- Sim tou a óbir.
- Ccrrrrrrrshhhrrr Vai fscar a Ana Teresa, ali à Fonte da Baca crrrrrssshhhrrrrr… leba ela a Palmela que ela tá cum pressa.
- O quêim??
- Rapi-tira?!!! Crrrrssssshhh Passo à escuta.
- Sim, mas é a última bez que a chamas de Ana Teresa, ou intão…

Narrador – … ou então, se a Ana Teresa não tiver uma alcunha caramela a preceito, não há táxi pra ninguém, e tem de pagar portaige pra entrar na caramelândia.
(som dum autocarro da câmara com falta de pitroil)

Este foi o tratado radiofónico das alcunhas caramelas.

Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
FSSHHhhhhh PUMMmmm
Tiberam a Óbir….
O Marabilhoso Mundo
das Alcunhas Caramelas
(música de fundo com o som de ratoeiras a disparar)

7.11.07

Cartas à Babuige

Deribado à inchente de cartas caté põim a cagulo o nosso alguidar de currespondêiça, bamos espatar aqui neste espaço o que elas querim dizer. A FLC aicha ca bóz do pobo caramelo debe tar sempre à frente das outras bozes e ruídos. A responsabilidade é dos donos das coisas que dizem.


Sou do Pintiado e escrebo esta carta porque ante-ontim fui à Junta de Freguesia da Capital Caramela pra me inscreber pró grande incontro de bersos e poetas e galhofeiros, na sede do Rancho Folclórico do Pinhal Novo. E o que é que me aconteceu? Hã? As reparigas da Junta dsseram a mim: bocemecê na pode intrar porque é do Pintiado, bá lá prá sua terra dzer os seus bersos. E eu : O quêim? Mas o Pintiado nã pertence à Caramelândia nim a Palmela (ó lá o que é isso)? E elas nada. Bem… fui-me imbora pra casa aborrecido e escrabi esta carta à FLC. Gostaba que publicassem os meus bersos pra toda a gente saber cu Pintiado é tamêim terra de caramelos, de nabalhitas, fuguetaige e bersos.
Munto agradecido.



Nabalhita, meu bem

Foi num sorteio do marcado
Num númaro escolhido ó calha
Saia-me sempre um rabuçado
dessa bez foi a nabalha.

Fiquei logo afeiçoado,
À nha bela nabalhita,
Bá lá ber respeitinho aqui,
Comigo já ninguém grita.

Oh nabalhita afiada
és aquilo q’eu quiser,
quer aberta quer fechada
Metes medo à GNR.

Metes a GNR desostinada
E na faço mal a ninguém,
Só mato os porcos à facada
Pra eles os comerem tamém.

A nha nabalhita é uma beleza
Amolada no poial do portão
Faz cirurgias à bxeza,
Tira as casmarras do cão.

Raspa as raspas da frigideira,
Descasca a maçã riscadinha,
Desmonta uma zundape inteira,
Oh nha rica nabalhinha.

Corto um bolo de fatia im fatia
num truque que só eu é que sei
Dizem até q’eu tenh na mania
Cum a nabalhita q’eu ganhei.

Corta-me o calo dum pé,
Berzunta a manteiga no pão,
Benham ber como é que é
Como é q’eu rebento um balão.

Oh nabalhita, oh meu bem
Tu és a melhor a cortar
Cortas-me os dedos tamém
Mas isso só s’eu deixar.

Oh nabalhita minha donzela,
Abres mines na coletbidade
És fusível, gazua e sovela,
És toda a minha baidade.


Sou Caramelo brabio e balente,
Mato o pato o frango e a galinha,
Mas na sou home nim sou gente,
Sem a minha nabalhinha.

"

Autor:
Toin Catrefada

1.11.07

Notícias da Caramelândia

F.L.C. promove acções de formação na área da construção civil

É já neste mês que irão começar as primeiras acções de formação para trabalhadores da construção civil que residem e trabalhem na caramelândia. Esta acção de formação pretende colmatar uma crescente falta de caramelidade nos operários desta área, que começa a ser preocupante, numa área tradicional para a manifestação da espontaneidade selbagem homo-caramela.

A formação será dividida 5 em módulos:

1. A mine éi sagrada e o saudosismo salutar da Granada (Sagres Média)
2. Punhada nas horas de descanso
3. Piropos para as caramelas balentes que passem lá im baxo.
4. O acindimento do meio bidon com material de sobra e o respeito pelo meio bidom como utensílio indispensável em qualquer obra caramela
5. Artilhanço de menardas e biciletas a motor para despique im frente ó preido que se cunstrói. (módulo bónus para os melhores alunos)

1º Festival da Canção Caramela é na Lagoa do Calvo

Já foi anunciado oficialmente- O 1º Festival da Canção Caramela será na Lagoa do Calvo que ficou em primeiro lugar na votação inter-caramela. Em segundo lugar ficou o Forninho, apenas um ponto à frente da Palhota, que era à partida a grande favorita para organizar esta prestigiante gala. A votação teve lugar num baldio dos Arraiados (uma almoçarada-votação) e é de assinalar o encerramento da mesma com uma sessão de punhada, que foi do agrado de todos os presentes. Para esta Gala, os concorrentes só poderão apresentar uma cantiga, a qual terá de ser obrigatoriamente cantada em caramelo puro, a solo ou em grupo de no máximo 4 elementos. Também não serão permitidos instrumentos electrificados, privilegiando-se os instrumentos musicais de fabrico caramelo.

Ti Balbina Acocorada prepara-se para lançar mais um libro

A nossa anciã poetisa, uma das maiores vozes libertárias do movimento feminista Caramelo prepara-se para lançar mais um livro de poesia.
Pedimos a Toino das Ideias Parbas (que mais uma vez vai ser o autor do prefácio do novo livro de Acocorada) para nos dar algumas palavras sobre o que já leu:
“Do cunjunto de folhas desligadas e rabescadas pela grafia aquase-rupestre da Ti Balbina, bislumbra-se a planicíe caramela pejada de mãos unhudas que esgrabatam a terra de manhã ao pôr do sol. Bejo aqui nobamente a referência a temas que binham já no seu anterior libro “Chispes de Luz”, como a mulher operáira, mãe da terra e das unhas cumpridas que tantam esgrabatam a batata orbalhada como escarafuncham a órelha. Por seu turno e bez, a órelha da mulher ei uma referência à coirataige do porco, algo que desde gaiato ê bejo na poesia da Ti Balbina e quê acho que paréla ei sagrado. E mais nã digo. Bejam bócês o libro. Tá muita balente!”

Aqui está um excerto do nobo libro da Ti Balbina Acocorada:

Bicheza e Brabeza

Garriei muito à parba
Andei de motorizada
Nunca me dixei aparbalhar
Nim comi comida da canzoada

Onte o sol taba malino
Assintei-me amais o Albino
Nunca bús cuntei
Mas já namorei cum campino

Nã pensem que me calo
Nã tenho medo da brabeza
Se for praciso ando ó estalo
No mê tempo era só becheza

Habia rataria e barataige
E do mais alguma miudaige
Mas comíamos coiratada
E ó depois habia bardoada

O mulherio era brabio
Dabam bofatada e pontapei
Eu tambim era assim
Que bus diga o mê Zei