29.12.07

MINE: O PODER DA CONVICÇÃO CARAMELA

(cuntinuação da cuntinuação da cutinuação do consultóiro do dia-a-dia)



Como távamos a dzer, intigamente o binho era o centro do mundo caramelo, mas a grande mudança estaba pra chigar.

A maior rebolução do mundo caramelo está relacionada com a chigada da primera mine ao nosso territóiro: um berdadeiro marco histórico.
Segundo cartas intigas, sabe-se que a primera mine foi incuntrada numa curva, na Marateca, no Verão de 1953. Não se sabendo o que era aquilo, o objecto fez reunir toda a população local pra um debate-garreia:
- Isso é uma granada da PIDE. – disse um maluco fanhoso com a boca ó lado.
- Não é nada. Isto é uma mina dos Nazis. - disse um GNR a agitar um chicote.
- Mina?!!! Ah ah, isto é mas é uma MINE! – disse um gaiato parbo com um monco pindurado no nariz.
- É uma QUÊIM?? – précuraram todos numa só bóz.
- É uma MINE, óóhh!!!! – gritou o gaiato parbo que apanhou logo com uma cajadada pelas fuças caté o monco saltou pró pasto.
- Tu bai-te mazé já imbora daqui q’isto nã é pra gaiataige…
- Bamos abrir ela. – dsseram todos im balbúrdia.
- Xôôôô tudo daqui pra fora. - disse outro GNR a descer do cavalo - Bá lá bá lá, recolha obrigatóira e passem pra cá a mine. Bamos confiscar ela.
Entretanto a mine desapareceu na balbúrdia e tornou-se um objecto de culto, clandestino. Três dias depois, já em Águas de Moura, foi engenhosamente atada com um baraço e aberta com a força duma parelha de mulas. Com a elevada agitação, amais o pico do calor, a mine transformou-se em espuma e molhou as caras bronzeadas mais próximas.
- Afinal isto é um extintor! – disse um que estava a fumar um cigarrinho definitivo.

A agitação durou sete dias e sete noites e, quando se pensava que o assunto estava esquecido, foi encontrada uma grade cheia de mines à sombra duma carroça dum cigano. Era o fim do mundo! Um mês depois foi visto um camião cheio de grades a caminho da Atalaia e no Verão seguinte já o povo caramelo estava rindido ao infinito das mines.

"O mundo romântico das adegas - e das argolas de tinto, desenhadas pelos copos - começou a desaparecer e deu lugar ao mundo neo-gaseificado da mine." (Podia-se ler no, já extinto, jornal "O Acendalha")


Esta buida que faz arrotar, fez nascer novos hábitos na sociedade caramela. Começaram as constantes reuniões à volta do meio-bidom adonde, com a ajuda de muitas mines, se tenta tirar ideias de dentro das cabeças para desvendar o segredo do equilíbrio e do infinito. Perguntas como “O que é que está para lá da última mine?”;... “Haberá bida para além da mine? Haberá pinsamento?”;... “E quem tem uma mine tem tudo? E quem nã tem mine nã tem nada?” ;... “E sem mines adonde é que está assunto pra um home falar uma noite inteira, comé que éi?”;... “Sem mines pode existir alguém que consiga óbir um caramelo das cinco da tarde até às cinco da manhã? Hã?”;... “E os tramoços? Adonde é que estão os tramoços?".... Muito se tem dito, mas ninguém sabe.

O mino-centrismo (teoria científica em que o mundo gira à volta das mines), está hoije perfeitamente implantada na nossa sociedade tornando uma cultura única no mundo. A teoria defende que cada mine provoca o aquecimento da alma e ilumina a razão de todas as coisas. É a fonte de inspiração, a substância do progresso e, principalmente, o poder da convicção caramela.
Por todo o nosso territóiro está a maior concentração do mundo de estabelecimentos de minofilia onde o povo pode praticar o culto, trocar ideias e buer à rodada.

Portantos, se bocemecê buer mais de 50 mines e começar a bolçar, isso não quer dizer que chegou à última mine, porque não existe a última. Quando bolçar uma, bocemecê chigou ao momento da grande glória em que tudo o que disser é com tal cunvicção, que não há doutrina, nim doutor, nim Papa, nim cumbersa nhuma, capaz de lhe fazer frente, e isso é um momento importante que todos nós devemos ter pelo menos uma vez na vida.


Bom ano para toda a caramelândia.

Resposta de Armindo dos Soluços

23.12.07

CARAMELOPÉDIA

(Segunda continuação da resposta do consultóiro do dia-a-dia)
***

Ora como távamos a dzer, o mundo de intigamente era Valo-cêntrico mas, mais tarde, já no sec XX, tudo se modificou, não só deribado à linha do cumboio como tamém deribado ao binho. Zé Maria, um home local, defindeu que a razão da existência caramela estava ligada às argolas de tinto que os copos dixabam marcadas nas mensas e balcões de pedra. As argolas eram o ícone do cosmos, símbolo do alimento da alma, a materialização do conhecimento. As argolas eram, ao fim e ao cabo, a razão do ser. Esta visão radical alterou a bida social de toda a primeira metade do sec. XX., e o crescimento da vinha na Caramelândia, ao ponto de se tornar a maior vinha do mundo. Era intão o mundo Argolo-cêntrico. Dizia-se então por todas as coletbidades e tabernas, que as argolas tinham que ser infinitas se não o universo acabava e éramos todos chupados par dentro dum comprimido.

Mas a maior modificação do pinsamento filosófico-caramelo ainda estaba pra bir.
Mas, como temos tempo, isso fica ainda para o próximo serão.
Até lá intão.

19.12.07

Resposta completa ao consultório anterior

Como prometido, resolbemos responder agora por cumpleto à pergunta anterior do consultóiro do dia-a-dia.

Ora intão bocemecê bolça, hã?! Bolça com uma determinada mine e quer saber adonde é que tá a última mine!!! Pois é!... Não há última. Isso tem a ver com o nosso próprio infinito.

Fique sabendo que o infinito normal, aquele que hoije se fala por i nessas escolas, é propaganda neo-aparbalhada e é uma espécie de infinito diferente do infinito caramelo clássico.
Oiça lá intão:
Intigamente o pinsamento do infinito estaba ligado à Vala da Salgueirinha, não só porque continha todos os elementos do universo, como porque ninguém sabia adonde ela começava nim adonde ela acabava. Por isso pinsaba-se que a vala era redonda. Nessa época, o mundo caramelo era Valo-centrico ou seja, a Vala da Salgueirinha era o centro do universo.
Já no século XIX, (muito depois de Galileu), o Juquim da Rolha (um grande filósofo) pôs uma rolha à deriva, para calcular o comprimento da vala. Como nunca mais viu a rolha, provou que afinal ela não era assim tão redonda quanto isso, e disse “aposto já aqui um jarro de tinto im como a vala é totalmente comprida”.
Totalmente cumprida?!!!!disseram os outros pinsadores na sede do Rio Frio - Cumprida totalmente?!!!! Tu tás parbo ó quê? Nã existe nada tão cumprido totalmente assim!”
- E digo mais - disse Juquim da Rolha - a Estrada dos Espanhóis ainda é muito mais totalmente comprida, do có ca Vala da Salgueirinha.
- Proba isso já.
- disse o grande pensador Zé Maria, im cima dum cavalo.
Juquim da Rolha apanhou medo à coisa e, para provar que a Estrada dos Espanhóis era mais infinita que a Vala da Salgueirinha, não usou uma rolha. Fez outra coisa: espatou um gato no meio da Estrada dos Espanhóis, com o fucinho im direcção a Espanha, e infiou-lhe malagueta pelo cu adentro, só pra ver até onde ele ia parar. O gato fugiu estrada acima e nunca mais foi incuntrado. Até hoije.
Como um gato aparbalhado foge mais que uma rolha de cortiça, chegou-se facilmente à conclusão que, na realidade, a Estrada dos Espanhóis tem mais comprimento que a Vala da Salgueirinha. Mas não deixava de ser redonda!!

Por isso a aposta do jarro de tinto nunca deu im aperto de mão. O Juquim da Rolha chegou mesmo a levar punhada pelo toutiço, e foi obrigado a retirar o que disse sob pena de ser atirado pra dentro dum meio-bidom im brasa só pra lhe queimarem as nalgas.
Desde então o fim da Vala da Salgueirinha tornou-se um tabu. Aliás, o fim da Vala da Salgueirinha é hoje um mito, cujo segredo está remetido aos pergaminhos secretos da câmara palmelona e seus comparsas. Mesmo hoije, o caramelo comum não sabe nada acerca do seu fim!

Mais tarde, já no sec XX, o mundo caramelo mudificou-se, mas essa cumbersa fica para o próximo serão.
Até lá intão.

15.12.07

Consultóiro do Zei das Mines

Se tiberes ãinças ou buntade de dar punhada no fumo do coirato, escrebe práqui que a FLC dá-te o azeite. Tamém podes fazer as tuas précuras que temos um rancho de caramelos especializados que te darão as respostas certas.

"
Estou a escreber neste papel porque ando, de há uns tempos pra cá, com um problema:
Intão é assim:
eu começo a buer mines assim logo de manhã. Ópois bebo tamém à tarde. Ópois, à noitinha, continuo a buer mines, a buer a buer, a buer, a buer até praí… sei lá! … Praí mais de 50 mines! Ópois, numa certa e determinada mine, aconte-me uma coisa parba:....
Começo a bolçar!
Só aí é que descubro:
óláááá! esta é a última mine do dia!
E é sempre a última que me faz mal!… Primeiro dou um arroto e desconfio “mau!!”, e logo de seguida começo a bolçar as mines todas que tinha buído anteriormente.
Tão a cumprieender?
Em primeiros comecei achar que punham pitroil na última mine pra eu me dar aquele xelique na barriga e ir-me imbora pra casa, pró pé da nha Ercília. Mas ópois disseram a mim:
Pitróil? !!!! Tás parbo ó quê? ...
Às bezes, lá na sede do rancho, já o chão está cheio de serradura e salpicado de água pra começarem a barrer, eu digo:
“Dá lá ai uma mine enquanto barres o chão, sem mais cumbersa”.
Ópois começa-me a dar aquilo:
começa a dar-me quelas boltas à língua, aqueles calores no bucho, uns górmitos… e vá:
uma gomitadela pró chão ca gente até ficamos todos parbos a olhar (praí mais de cinco minutos a ber o górmito!).
O que eu queria saber era se era possíbel saber qual é a última mine antes de chegar à última propriamente dita, pra isto deixar de me acontecer.
"

Resposta:
Oh meu repaz, bocemecê tocou num dos pontos mais sinsíbeis da filosofia caramela. Muito cuspo tem a gente gastado a cumbersar sobre o mito da última mine. Isto já o Toino das Ideias Parbas dizia: “há um infinito em cada salpico de mine”. Ora isto quer dizer que dentro de cada garrafa, o infinito é muito maior porque é feito de triliões e triliões de salpicos, mais que as estrelas que há no céu. Mas esta inquietação da última mine prende-se a teorias do infinito caramelo muito intigas. Mas como isto é uma cumbersa comprida esperem só um bocadinho cagente responde tudo o que bocemecê precisa de saber.

8.12.07

A importãiça dos editoriais

CARTA:
"
Sou das Areias Gordas adonde toda a gente me conhece por Zé Escabadeira porque sou um home brabio com uma forçaria capaz de lebantar um bolksbaige de pantanas e jogar ele pra uma estrumeira.
O que eu quero dzer é que leio sempre as belas históiras dos editoriais do Jornal do Pinhal Nobo, por mostrarem uma grande bisão jornalística. Mas dixei de tar cumpletamente sastesfeito. Eu sei que esses editoriais são contos de grande importãiça pra todos nós, mas se fossim reportaiges sobre a nha tia Roberta Farinácea, a contar o dia a dia da galinhaige no espojeiro, enquanto cose o buraco dumas peúgas, atão isso é que era de balor. Mas não!...

Ópois falaram-me que a FLC tamém faz editoriais de grande qualidade e fiquei todo cuntente, por isso fui logo prá vindima pra ganhar uns tostões e comprar um computador. Já disse a toda a gente, e bou dzer aqui, que fiz um migalheiro e cumprei o computador só pra bir ler as notícias da FLC.
Mas agora ando arreliado. Uma pessoa bem aqui quase todos os dias e NADA!
É que bocêzes, como grandes defensores da nossa cultura, nã amandam cá pra fora mais notícias, históiras, lendas, editoriais e mais editoriais e… cunsiderações sobre a nossa nação.
Quero ber mais trabalho.
Ou bocêzes labutam e acordam prá bida e jogam-se a preceito e ó afinco à nossa cultura, na apanha de acuntecimentos e isso…, ou eu arrebento já aqui com as letras do teclado à punhada que isto fica logo com as tripas de fora. E nã tou a brincar hã?! Bem! …
É que isto nã tá fácil. Se isto continuar assim, exijo já aqui uma indemnização ou qualquer dia arrebento com isto tudo a pontapé caté o computador bai a aboar prá testa dum GNR.

Eu já tou farto de dzer e digo aqui cum orgulho que a cultura caramela está cada bez mai forte e quero portantos agradecer aos chefes da FLC por fazerim de mim um homem mai libre nesta nação que é da gente todos. Mas bejam lá mazé se espetam mais editoriais pra gente ler todos cuntentes,
Sim mai cumbersa de momento, e até logo.

Zé Escabadeira. "

O espaço "Cartas a cagulo a sair do alguidar" é a bóz ao pobo caramelo que manda prá gente correspundêinça brabia de interesse giral e parbo-reimbidicatibo.

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Direito de resposta

A propósito da carta tirada de dentro do nosso alguidar, de onde se podia ler que os elementos da FLC debem ser “mai trabalhadores” e que “debem amandar mai notícias cá pra fora”, o Conselho Geral da FLC declara:
“ A FLC é uma organização rebolucionária, única no mundo totalmente equipada com floberes, 5 rolos de fita adesiva e 100 metros de arame pró que der e bier. Estando ainda remetida à clandestinidade, a FLC luta pela a libertação da cultura caramela e é constituída por um grande número de militantes, activistas e colaboradores, (sem falar da canzoada especializada em encontrar coirato), contando com todas as comunidades caramelófonas espalhadas pelo mundo. Toda a sua força brabia vem de dentro de cada um, portantos, não recebe qualquer apoio nim da América, nim da Rússia, nim dos construtores civis, nim de porra nenhuma. Por isso, para além de cumprirem as missões de libertação, têm tamém a sua profissão im prol do progresso, e é por isso que não espatamos aqui muito mais editoriais.”