24.3.08

Grande entrevista a Júlio Desinçaimado – 2ª parte

A FLC tem tentado marcar encontro com Júlio Desinçaimado para concluir a entrevista iniciada anteriormente mas tem sido bastante difícil estabelecer contacto com este faz-tudo, um génio da engenharia caramela.
Após muita insistência lá conseguimos encontrar o home. Tem estado incontactável, “até parece que tá aparbalhado, só bê o abião à frente, onte até o bi comer coiratos crus, à dintada, só para nã se dar ó trabalho de os assar e parder tempo, o home tá mais parbo cuma porca antes de parir!”, disse à FLC Hilária Alusiva, uma espécie de mulher-ajudante-cozinhera-a-dias do Júlio, já bastante enervada. Para falar a verdade, o nosso entrevistado apenas nos dirigiu quatro palavras: “tá aquaise, senão arrinco-os”, parecendo em estado de quase transe laboralóinventivo. Alguns dos seus amigos mais chegados- Albino do Entulho, Celestino Bombista, Ti Laurentina Espezinhada, estão preocupados com este home, que parece apostar tudo na construção do primero abião de fabrico caramelo. Dizem que as únicas coisas que ele tem repetido nos últimos tempos são frases como:”bou inbintar o primero abião boador da caramelândia” ou “bócês bão ber, bou lebar a gaiataige a boar como os passarinhos a berem o marcado e a antiga chaboca lá de cima, quaise dó pei das nubes!”, sempre com um brilho desmedido nos olhos, que alguns já chegam a apelidar de loucura imparbalhada. No entanto, (e só por sermos da FLC) Júlio deixou-nos entrar na sua oficina, e o movimento é constante: a toda a hora chegam pessoas de todos os cantos do território caramelo, a oferecerem motores de Sachs e Fameis, meios bidons antigos, coelheras desabitadas, e todo o tipo de peças que Júlio aproveita para derreter e soldar, dando forma à sua máquina voadora. Entre uma das pausas que o nosso faz tudo fez, aproveitámos para ficar a saber mais algumas coisas sobre a sua vida. Por exemplo:o seu interesse por aviões ficou-lhe de uma visita à capital da caramelândia, Pinhal Novo, “quando era gaiato, o mê abo lebou-me à capital, fiquei parbo, habia muitas casas e um marcado grande, mas o que mais gostei de ber, foi um abião no parque da gaiataige, parecia um bicho aboador, mas sem penas e mais pesado que três bicicletas a motor juntas”. Desde esse dia, sempre carregou o sonho de criar e construir “um bicho-máquina aboador!”. Em adulto, chegou a fazer de tudo, vendeu “frascos de pitróile pá azia, inbentei o passe social caramelo pás pessoas obterem descontos na Raforma Agráira e atei chegei a ser limpador e cortador de unhas e chispes (pa homes e porcos) à intrada do marcado”. Depois do 25 de Abril, “fui muralista (parece-me que agora dizim assim?!) e pintei nos muros brancos a gatafunhaige dos partidos. Na trabalhaba pa ninguém, quem caria os meus serbiços, pagaba e ódepois ê pintaba à nha manera, mas nessa altura era alcólico e dichei de pintar muros para começar a fazer o mê próprio binho, e olhe que nã ficou nada mal! Ó depois tibe de inbentar o Disimbuedor, que era uma máquina que tiraba a buntade de buer ós homes”. Enquanto conversamos com ele, começamos a verificar que se torna impaciente, pois satisfeita a fome (três médias, uma bifana e um alguidar com alface e cebola com toicinho, que Hilária lhe havia preparado), o seu cérebro inventivo começa de novo a trabalhar e as mãos só lhe pedem para voltarem de novo ao trabalho do avião. Antes de sair do café (fomos lá buer uma mine-"faz bem à digestã0!"), ainda teve tempo para nos dizer (quase a gritar) que gosta muito de cães e que se a câmara “nã bolta a pôr a bacina ótra bez im dia, sem um home ter de ir a Palmela, bou ter de inbentar uma bacina pá raiba dos cães e dos homes, que são o bicho má parbo quê conheço.” Com esta frase, acabou a conversa e a FLC não se viu no direito de incomodar mais Júlio Desinçaimado, o último grande Faz-Tudo da caramelândia, desejando que o seu avião cruze rapidamente os nosso espaço aéreo, do Lau a Valdera, de Arraiados às Lagameças, da Palhota aos Arraiados.

18.3.08

Correspondêinça brabia

Cartas à babuige

a sair do alguidar


Este é um espaço que dá a bóz ao pobo caramelo que manda à gente correspundêinça parba de interesse giral.

As palabras que se seguem são da inteira responsabilidade dos intervenientes.


"
Im primeiros, é com muito gosto que escrebo esta carta às autoridades da FLC a partir daqui da sede do clube da Palhota, e digo já aqui em bóz alta que a nha bida mudou completamente desde que bocêzes ocuparam esse baldio nos computadores de cada um. No intanto há quem diga que a FLC nã existe e que é só mintiredo e na sei quê. Mas o que eles dizem cá no clube, nã se escrebe, porque quem diz isso ou é parbo ou come palha do Lau.


Por exemples, uma bêz cá no clube, disseram a mim que se tapasse com o dedo (com muita força), a saída do cano da flober e se disparasse, o chumbinho nã saia do cano. Ficaba lá drento, tão a ber? Eu dizia “nã , m’íntalem. Isso na pode ser”, eles teimavam “olha que sim” e eu “olha que não”, e eles “olha que sim” e eu “mau! olha que não”, e eles “olha que sim” e eu “é pá, olha que não”. Antes dos enxertar uma punhada pas bentas, fizemos logo uma aposta: “uma grade de mines já aqui e nã se fala mai nisso”.
Ópois fiz a experiência cá no clube. Disparei a flober e fiquei sem a cabeça do dedo até hoije. A malta fartou-se de rir, mas eu ganhei uma grade de mines e mai nada. Por isso cá no clube eles nim sempre têm razão, só têm na maniazinha.


Bem! Estou aqui a escraber esta carta porque já bi muita coisa na bida e sei quem é, e quem nã é da FLC. Portanto cá no clube nã benham cá a mim cum cumbersas parbas a dzer que a FLC nã existe. Eu digo que existe porque eu já bi actibistas da FLC em missões de libertação. E posso probar já aqui!
Por exemples, no outro dia incuntrei dois homes de fato-treino azul a comprar uma lata de tinta florescente na Drogaria Alegria. Via-se logo que estes homes estavam a comprar tinta pra marcar o territóiro do aeroporto. E isso só a FLC pode fazer.


Noutro dia, ali dentro dum café na Venda do Alcaide, descobri uns quatro homes de boina a fazer o quê?! A desenhar num guardanapo, com muita catigoria, o projecto pró nobo marcado municipal do Pinhal Novo. E isso, só os homes da FLC sabem fazer.


Mas há mais…
aí há uns tempos, dei com uma mulher de lambreta com um avental às riscas, parada no cruzamento do Rio Frio, à cumbersa com outra que tava de bcictele e com um avental às pintas. E o que é que eu bi? Hã? Bi uma a passar uma tesoira de podar à outra! Assim: “toma lá”. Eu bi muito bem cum estes olhos ca terra há-de comer, e não há dúbida que estavam em plena missão para cortar às farripas a escritura que diz que o Rio Frio é propriedade do José Eduardo dos Santos, o presidente de Angola. Ora está-se a ber que só a FLC é que pode lutar para que o Rio Frio não seja uma colónia angolana, nem colónia de porra nenhuma. Ou Rio Frio é uma região da Caramelândia ou eu arrebento já com isto tudo.

Eu sei que bocemecês têm que estar na clandestinidade e nã precisam de responder a esta carta porque eu tenho a certeza que eram mesmo da FLC, assim como tenho a certeza que foi a FLC que disse o segredo à Ti Ermelinda, de como é que se faz o melhor binho do mundo.

Sim mais cumbersa de momento

Lutécio do Dedo Descabeçado

11.3.08

Internet chega finalmente a algumas das zonas mais recônditas da caramelândia

Finalmente a Internet chegou à Lagoa da Palha e à Palhota. Os postos de acesso público vão ficar instalados nas respectivas sedes destes locais. O Rancho Folclórico “Os Rurais” e a União Desportiva da Palhota até já amandaram umas rajadas de fogetaije rija para o ar, só para assinalar o acontecimento. A Junta de Freguesia da capital caramela, Pinhal Novo, foi responsável por esta iniciativa e o seu principal representante já afirmou pretender estender o projecto a outras localidades. A FLC sabe que Lau, Arraiados e Vale da Vila, já planeiam uma grande manifestação, prometendo trazer “tractores, canzoada e bicheza atei à capital, atei à porta da Junta”, se não instalarem também nestes locais postos públicos de acesso gratuito à Internet.
Toda esta pressão para ter acesso à Internet deve-se a um só factor (no entanto desmentido oficialmente pela Junta de Pinhal Novo): o grande desejo, legítimo, dos povos caramelos poderem ter com maior frequência notícias da FLC. E todos sabem que a melhor forma é através do acesso à nossa página. De referir que no primeiro dia de funcionamento deste equipamento na sede da União Desportiva da Palhota, verificaram-se vários desenvolvimentos de sessões de punhada, “só pa ber quim tiraba as primeras senhas pá máquina da Internet e também pá malta sintrater, pa passar o tempo”, referiu Jorge S., presidente desta organização, para concluir de seguida com um sorriso “só por isto, bejam bócês o sucesso parbo destas máquinas modernas!”. Na Lagoa da Palha, o sitio mais visitado é o site da FLC, sendo necessário esperar uma média de três horas para ter vez para visitar a nossa página. Adelina Braçuda, uma anciã de 91 anos entrevistada enquanto esperava na fila, diz que nã sabe “nim ler nim escreber, mas tou a guardar o lugar pó mê neto, que foi ó bar abastecer-se de mines, porque a espera bai ser longa e secalhar ainda bai dar bardoada.”.
Por tudo isto a FLC saúda os novos visitantes e promete elevar bem alto a luta pela autodeterminação do povo caramelo!