30.6.08

FLC faz protocolo com a Aviação Civil

A FLC deslocou-se recentemente à sede da autoridade internacional da aviação civil e aeroportos, pra entrar em negociações de grande importâiça para as nossas bidas futuras. E tudo isto porque, de acordo com a nossa cultura, não é só o povo caramelo que tem que se acostumar ós abiões, mas são tamém os abiões que têm que se acostumar às nossas tradições. Se não for assim, não há airoporto pra ninguêim.
Dessa maneira, a FLC escolheu cinco sóices brabios da Columbófila do Pinhal Nobo como altos-comissários de assuntos do voo, dos ares, e do poiso em ramaige verde. São homes de cunfiança, já ganharam prémios e têim o seu pombal nas melhores condições de poiso. Lebam tamém uma matilha de cães atiçadiços (bacinados na rulote da junta), pra ber quem é que manda.
Portantos esta comitiba bai negociar, para já, dois pontos importantes (com direito ao dedo impinado, punhadas na mensa e a rosnadelas nerbosas).
Primeiros:
O emprego efectivo das Marchas Populares de toda a Nação Caramela como força especializada em estancionar os abiões na plataforma. As Marchas Populares, compostas por reformados em fardas coloridas, fazem as boas-vindas ao abião que os seguirá, em marcha popular cantada a preceito, até ao estancionamento. Para isso, os arcos da marcha deverão dizer “ANDA CÁ MAIS EU” (come here more me) pra os pilotos os seguirem.
Segundos:
O emprego efectivo de hospedeiras caramelas em todos os abiões que poisem, ou lebantem boo no nosso airoporto. Serão antigas caramelas aguadeiras das bindimas, treinadas prós abiões. Serão elas que levarão a nossa cultura a bordo do aparelho até às mais longínquas paraiges do mundo. Assim, em bez da pergunta parba “Chá, café ou laranjada?” têm de perguntar “Mine, Tinto ou pão com presunto?”. A ementa conta com a riqueza da gastronomia caramela, em refeições de empanturramento, desde a famosa sopa, passando pelo torresmo, até à travessa de caracóis, tudo com a garantia de qualidade da reforma agrária.

No intanto só estes dois pontos não sastesfazem a FLC, pelo que a luta bai continuar.
A cultura caramela é uma força que na tem fim.

26.6.08

Libertação às sextas

A FLC apanhou no meio das pastaiges um folheto do dia da libertação. É garantido que isto são de culturas paralelas que na têim a ber com a cultura caramela propriamente dita. No intanto, é bom que se diga que a FLC tem muito mais poder de libertação do que esta organização.
E porquê?
Porque tamém liberta lombrigas da canzoada só com trapos de azeite enrolados num pau e infiados pas guelas abaixo.
Isso ninguém sabia.
Mas sobre aquilo que a gente liberta e na liberta ainda há munto por dizer.
Aqui fica o folheto pra na haber dúbidas.

Só na sabemos é o que é "Maldição heriditária". Será que é quando um home acorda com a lingua seca? Ou quando fica cheio de cieiro, depois de lember as beiças quando vem pra casa a rir?

11.6.08

SOPA CARAMELA E MAIS

Aqui fica uma codáque duma sopa caramela do Rio Frio, a ver-se em segundo plano dois casacos marca Cascalheira, feitos pelos costureiros do Cajó e, ao fundo, a ver-se a pala da estação. Tudo isto pra aguçar o apetite aos bisitantes que só comem este material nas festas e que precisam de cá boltar mais bezes.

10.6.08

A TRADIÇÃO DA MIJINHA CLANDESTINA

A FLC em luta pela defesa da cultura caramela, quis mais uma bez recuperar os hábitos ancestrais do nosso povo no decurso das Festas do Pinhal Novo, especialmente os costumes da mijinha atrás das moitas, a mijinha contra as árbes e contra os postes.

Foi com toda a determinação que a FLC exigiu à Comissão de Festas que não colocasse nenhuma retrete nas festas, e que a Junta de Freguesia fechasse permanentemente as retretes à frente da estação, no interesse de toda a gente recuperar os velhos hábitos da mijinha clandestina que remontam à pré-história. Após horas de negociações, ainda conseguiram colocar uma retrete de plástico escondida atrás do palco e manter abertas as retretes da estação até à meia-noite. Mesmo assim os agentes da FLC consideraram um sucesso, já que, depois da meia-noite, foi possíbel constatar que o pobo caramelo rejeita o conforto e o requinte das retretes de plástico, e prefere a velha tradição da mijinha clandestina. Portantos, foi com grande satisfação olserbar as caramelas agachadas por todo o lado: atrás das relotes das farturas, atrás das moitas, dos carros, dos carrosséis, e até camufladas com balões, todas elas a pregar uma mijinha proporcionando belas poças doiradas. É de notar que algumas delas exerciam este ritual com tal à-vontade que, enquanto pregavam a mjinha, lembiam a brancura duma bola de algodão-doce.

Quanto aos caramelos foram olsebadas as variantes mais comuns desta cultura, como o repuxo desenhado contra a parede, a demarcação territorial no tronco das árves, a mjinha festiva contra os arraiais e, numa versão moderna, contra os pneus dos carros mal estancionados. Tudo feito a preceito, sem largar o copo de emprial, nem o cigarrinho na beiça.

Foi assim, em jeito de balanço, que a FLC considerou a mijinha clandestina a segunda mais velha tradição celebrada nas nossas festas (a mais velha de todas é a budeira, porque, pra haver mijinha, é preciso buer primeiro). Para o ano a luta continua e esperamos que não haja qualquer retrete aberta para que as Festas Populares do Pinhal Novo sejam totalmente brabias.

8.6.08

AVISO AOS BARDOADA

Os piquetes especiais da FLC, provedores da cultura caramela, foram violentamente retirados do seu habitat natural pra inspeccionarem de urgêiça o espectáculo dos Bardoada no Sábado à noite.
Esta missão relâmpago deveu-se a uma denúncia que dizia que os Bardoada estavam birar as costas à cultura caramela e a ceder ao roque-em-role importado da Inglaterra e resto da Europa. Se assim fosse isso seria uma desgraça.
Os nossos inspectores estiberam sempre bai-nã-bai, pra acabarem com aquilo, amandando pró palco granadas de estilhaço de rabuçado. Mas foram aguentando, aguentando, sempre preparados: se aparecesse algum cámone feito parbo a cantar roque-em-role e a fumar cigarrinhos pra rir, estava logo guerra aberta cate criava bicho. Mas não… o mais que aconteceu foi o surgimento da Pocaontas, que fez as delícias dos mais novos, e alimentou os sonhos dos reformados que biberam aquela dança do véu com muita intensidade.
Nesta vestoria, até os tambores e os cabeçudos foram meticulosamente inspecionados. No relatório oficial da FLC, ficou explícito que quem andaba dentro dos cabeçudos: era o Toni Carrera e a Mónica Sintra (embora muitos digam que isso é mentira porque não foram ber o espectáculo e na querem dar parte fraca). Mediante tal espanto cabeçudo, os nossos agentes só tiveram de dar os parabéns aos Bardoada, não só por terem feito 10 anos, mas por terim dado o melhor espectáculo feito por caramelos desde os bailes na SFUA com o agrupamento musical Terno de Oiros.
Mas já estão abisados: se meterem um cámone a cantar roque-em-role, tá logo a guerra armada, que a cultura caramela na é pra brincar.

5.6.08

CONSULTÓIRO DO DIA A DIA - AS FESTAS CARAMELAS

Pargunta
Exmos Srs, da Frente de Libertação Caramela, vivi 30 anos na Amadora, mas agora sou um morador aqui na Caramelândia, mais propriamente no Terrim. Desde logo tenho acompanhado este V/ espaço de divulgação que me tem ajudado muito a integrar-me na cultura caramela. No entanto, num artigo publicado por V/ Exas. falou-se em “beber mines à rodada”, coisa que me intriga bastante, pois eu não sei do que se trata. Gostava que me dissessem o que é isso de beber à rodada, já que as festas do Pinhal Novo vão começar e tenho medo de fazer alguma coisa mal. Muito obrigado.
Resposta

Ó meu repaz, ainda bem que bocemecê anda a ler a nossa literatura, pois só com a FLC é que é possível total integração nos costumes do pobo caramelo. Pois amandou uma questão de grande interesse e im boa altura por modo das festas, porque tempo de festa é tempo de rodada caté um home fica bruto.
Atão arrebite lá as orelhas.
É durante as festas que a rodada adquire grande importâinça, falamos de rodada de mines, rodada de emprial, rodada de sopa caramela e até rodada de fartura caté as tripas ficam aborrecidas por dentro. Fique sabendo que a rodada é dos costumes mais eficazes pra estabelecer o contacto social, fortalecendo as relações. O fortalecimento é tal que chega a ser saudado com fortes punhadas, terminando ópois em calorosos abraços. Esta prática da rodada possui códigos de conduta muito específicos e isso tem muito que se lha diga. Mas, como já se disse mil bezes, é na rodada de mines que bocemecê pode encontrar toda a beleza da cultura caramela.
Fique sabendo que, para que aconteça uma rodada, tem de existir pelo menos dois caramelos à cumbersa… mas a rodada só com dois na tem graça nenhuma, pelo que um terceiro é sempre bem bindo, e ó despois um quarto e por i fora até tornar a rodada monumental de 40 mines de cada vez, caté o taberneiro apanha medo e tem que ir chamar a GNR pra acabar com aquilo.
Na rodada de farturas a canzoada também participa, festejando cada momento com rabo a abanar e lembendo os bigodes, mal sabem os bichos que, horas depois, vem a cólica rafeira, caté ganem por esses aceiros afora.

Bem! Se bocemecê, que é um desconhecido, quer entrar numa rodada, siga intão os nossos cunselhos:

Rodada na coletbidade

1) Certifique-se de que existem mais de dois caramelos a buer mines à rodada;
2) Compre uma só pra si e aproxime-se lentamente, com a sua mine na mão, para perto da rodada;
3) Nesse momento os caramelos começam a falar mais alto pra que bocemecê esteja tamém a óbir e, apesar de paracer que estão à cumbersa uns com os outros, na realidade não estão! Eles já só estão a falar pra bocemecê que é desconhecido.
4) Nestas condições não resista muito tempo em silêncio, tem de participar, ou intão o que é que está a fazer feito parbo ali só a obir, a obir, a obir? Hã?
Bem!
5) Tome parte da cumbersa sem tomar parte de ninguém. Se não tiber opinião… tem que ter opinião.
6) Ópois de dar a opinião, imborque a mine toda pu gargalo com grandes goladas e dê baixa à garrafa batendo com ela no balcão (pra que todos bejam que é tamém um home balente, e não um enfezado que beio da Amadora a buer chá pa palhinha).
7) Aguarde uns segundos e… zumba: a próxima rodada já está na baila, e bocemecê ganha uma mine que nem sabe donde ela beio.
8) Olserbe o evoluir do buer. Assim que as mines ficarem meio bazias é bocemecê que agora bai pedir uma rodada à sua conta. A partir deste momento entrou num ponto de não retorno, faça contas à bida, esqueça logo o jantar e o dia seguinte. As rodadas dão boltas e boltas e só acabam quando um home começa a bolçar.


Rodada nas festas


1) Dirija-se ao Pátio Caramelo por bolta da meia noite;
2) Estenda a mão durante alguns segundos;
3) Sinta impurrarem-lhe uma emprial prá mão que nem bocemecê sabe donde ela beio;
4) Imborque a emprial como um home sadio que na tá cá cum mariquices.
5) Peça 10 emperiais e agarre nelas em dois cachos de cinco, infiando os dedos pelos copos adentro, e distribua indiscriminadamente por quem vai encontrando.
6) Repita estes passos tantas bezes quanto possíbel, até chegar a GNR.

Obs. Pode acontecer que a quantidade de empriais que chegam à mão dum home é maior que a capacidade de imborcamento, o que provoca uma acumulação. É comum um home estar a imborcar uma emprial com uma mão, e ter em linha de espera um cacho de cinco empriais na outra. Se isso acontecer saia do Pátio Caramelo, dê umas voltinhas à igreja, e vá abatendo o carregamento entre pinsamentos. Ópois bolte de nobo ao Pátio Caramelo e entre de nobo na rodada ainda com mais balintia.

Resposta de Alfredo Sacá Carica, reconhecido pela obra “A importãinça do copo de plástico na budeira contemporânea”.