Nobo libro de Toino das Ideias Parbas tá quase pronto
Não é uma notícia qualquer! Não é um home qualquer! Não são pinsamentos qualqueres! Não debe de ser um libro qualquer! No intanto, éi para qualquer um ler, pelo menos esta éi a opinião do seu autor.
Apresentamos aqui, de forma inédita, um excerto do 3º capítulo do novo livro do mais conceituado filósofo caramelo da actualidade:
3 homes à cunbersa na parte de fora de uma colectibidade im qualquer lado da caramelândia . Um banco corrido, duas motorizadas estacionadas, várias mines vazias, a tarde aquase noite.
- biram aquilo onte?
-bimos.
-óbiram?
-óbimos.
-o queira?
-nã sei.
-ê cá tamém na sei.
-atão mas nã biram?
-bimos
-Atão mas na óbiram?
-óbimos.
- e atão o queira?
- na sabemos.
-na sabem?!! Atão mas se biram e óbiram!
- sim, bimos é óbimos.
- ahhh, atão sabim!
- sabemos o quêi?
- que biram e óbiram.
- sim, sabemos.
- atão o quéira?
- na sei
-na sei.
- Tal tá a merda! Atão tão parbos? Dizem que sim e ódepois não?
-Tu éi quês parbo, sabemos que bimos e óbimos mas nã sabemos o que bimos e óbimos.
-ahhh, óbiram sem ber e biram sem óbir!
-mais ó menos isso, mas nim uma coisa, nim outra.
- atão mas éi possibél óbir sim ber e ber sim óbir, tudo ó mesmo tempo?
-nã sei
-nã sei.
-Mau, tal tá a porra da merda, hãin? Dizem que sim, sim dzer que não e que não, sim dzer que sim?!!
- Atão tar parado nã éi o mesmo que tár andar e tár andar nã éi o mesmo que tár parado?
- O quêi?!!!! (os otros dois em coro, ajuntados agora o que perguntava e um dos que dizia nã sei, agora juntos fazendo parguntas ao outro dos que primeiro respondia nã sei, agora sozinho e alvo das perguntas desintrambelhadas dos outros dois).
- sim, atão na dizem ca Terra anda á roda e ca gente anda sempre nela tipo carrossel?
-?!!!!!!!!??!!!!
(os otros dois em silêncio emparbalhado, a olhar para o outro já desconfiados e quase prontos para garrearem com as mãos fechadas, respondem)
- ái éi? atão se fosse assim, lá era praciso haber a feira de Maio e pôr os gaiatos nos carrósseis? E nim era praciso buer mines de litro pa ficarmos tontos, se essa ideia parba da terra andar à roda fosse de bardade.
- Tou a dzer, aprindi na escola.
-Tás parbo.
-não tou
-tás
-Nã tou
-tás!!!
-não tou, bócês éi que tão, nim sabem nadinha, nim metade do quê sei, nim merda nenhuma!
- queres andar à punhada ca gente, pã ber se a terra anda á roda ó seis tu que andas a rabolar pú chão?
-se quiserem, podim começar, bamos ber quim rabola ou quim arroja pú chão, comós sacos de batata noba!
(…)
Puderam atão ler um pequeno excerto do nobo libro do Toino das Ideias Parbas, mais precisamente do 3º capítulo, intitulado a Problemática da Ilusão dos Sentidos, onde o autor introduz a temática através de simples conversas quotidianas, aparentemente banais, mas segundo ele, “rapletas de conduto filosófico de lamber os beiços e chorar por mais”.
De realçar que o título do livro será (se entretanto o Toino não mudar de ideias) O Pensamento Filosófico dos Caramelos nos Diálogos Populares do Quotidiano do Dia a Dia Actual.
A FLC sabe que esta obra foi realizada só com base em “diálogos, cunbersas e debates-garreias” que o Toino durante dois anos, foi escutando por toda a caramelândia, a maior parte deles em Colectibidades, Sedes de Ranchos Folclóricos, Cafés e à porta de lojas e mercearias e que depois lhe serviram de base de estudo, colocando em prática pela primeira vez uma teoria há muito defendida por si: a de que todos os homes têm um filósofo inibido dentro de si e que muitas vezes esse filósofo só sai cá para fora a toque de mines e conbibio intra-caramelo tarde-noite (a)fora (teve uma bolsa do Ministério Caramelo da Cultura que lhe subsidiou as muitas rodadas que teve de pagar durante os dois anos de investigação).
Através dos diversos diálogos oubidos na Carreguera, Palhota, Fonte da Vaca, Forninho e por aí adiante, o nosso filósofo exercita-se com rara mestria e delicia-nos com vastas divagações sobre temas que lhe são caros desde sempre: o realismo campestró-colectibo- anti-latifundiário; os príncipios do pinsamento caramelo neo-contemporâneo, a dialéctica selvagem da punhada-recreativa, o homo meio-bidonistico, o pós-existêncialismo agro-pecuário, entre outros temas apaixonantes e de grande interesse para o público caramelo, mostrando um pensamento cada vez mais luminoso e intelectuo-encantatório.
Com os simples diálogos populares (que são sempre a introdução dos capítulos) o Toino quer provar que todos temos conversas filosóficas e que elas estão por toda a parte e que o homo-caramelus, mantém as mesmas dúvidas existenciais que os seus ancestrais antepassados.
Por ultimo, este novo livro também apresenta a sua nova área de estudo, complexa e simples ao mesmo tempo (um tema apaixonante, segundo Florindo Introspectibo, o autor do prefácio do livro), O Carrossel da Terra bersus os Carrósseis da feira de Maio, o qual versa sobre a teoria geocêntrica (éi a Terra c'anda!) e a teoria heliocêntrica (éi o Sol c'anda!), sobre “a ilusão dos sentidos-parbos” e a recusa natural de um pobo em não aceitar aquilo que não bê, um tema que o Toino das Ideias Parvas tinha há muito recalcado dentro de si, pois foi esta temática a razão dos primeiros tareões com cinto que o seu pai lhe deu, quando se apercebeu que o seu filho em vez de se dedicar às lides agrárias e ver se o motor de rega tába a trabalhar em condições, “só tinha ideias parbas e ficaba aquase inbalsamado, durante horas a olhar pó céu de noite, a ber se sintia a terra andar à roda”.
Um livro que a FLC recomenda totalmente (talvez o melhor livro já aqui apresentado até hoje), disponível a partir de Outubro no Marcado do Pinhal Nobo, nas sedes dos Ranchos Folclóricos, Juntas de Freguesias e nos circuitos clandestinos da cultura caramela.
A não perder, para ler e reler!