10.11.09

Carta inbiada lá para os lados daquele castelo que se bê além ao longe


Frente de Libertação Caramela
Esconderijo projectado à malhada do aceiro do Ti Toino Desinxaugado
Comando Central para a Liberdade da Cultura Caramela (CCLCC)



Exma Prasidenta da Sede Palmelona, Ana Taresa Bicente

Bocemecê dá licença? Atão como é que éi?
Samos a gente da Frente de Libertação Caramela (FLC), os homes e mulheres que lutam pela soberania e auto determinação da Cultura Caramela. Samos balentemente conhecidos pelas incursões clandestinas im prol do pobo caramelo impunhando apenas, um naperon branco, uma saca de ração pá bicheza e um rolo de fita cola do marcado mensal, coisa que muita gente nunca foi capaz de fazer, nim nada.
A gente tá a escraber esta carta… e só pa bocemecê ber o nibel, escrebe um de cada bez: ora escrebo eu ora ecrebe ele, ora escrebe o Albino dos Ácaros, ora escrebe ela, odepois escrebemos todos juntos, engalfinhados uns nos outros porque temos muito pra dizer e só temos esta máquina de escreber pra trinta braços e 20 mãos (malta da fugetaige, tá-se a ber!). Tudo isto pra dizer a bocemecê que a gente tá a escreber esta carta à luz do pitroil e o que a seguir bamos determinar éi dito im boz alta por todos ao mesmo tempo, tal é a cuncórdia aqui da grei caramela.
Atão éi assim:
Im primeiros, através dos nossos radares de alguidar da Cunpratiba, tamos a olserbar de perto a sua recontinuação na chefia do edil camarário. Abisamos já que o monte palmelão tá rodeado até-mais-não das milícias mais brabias (recrutadas cum balentia dentro da Vala da Salgueirinha), sempre prontas a abançar ao mínimo sinal de teor anti-caramelo.

Im segundos, a FLC, sem se pôr na ponta dos chispes, é a que ajunta maior cagulo de qualidades ruralo-metropolitanas, e cunsidera-se soberana dos destinos do Pobo Caramelo, que se debe manter selbaige e libre como o vento da Socel. No intanto respeita a Sede dos Paços do Concelho, assim como a bocemecê, e estamos prontos a negociar de forma desinçaimada.

Im seguida temos a abisar que essa maniazinha de bocemecê dizer que o nosso binho é de Palmela nã tem trambelho nhum, toda a gente sabe (até a gaiateige parba que anda à formiga d’asa pa armar ós pássaros) que o binho é 100% caramelo. Não há que inganar. Além disso a Cidade do Binho nã é nim im Palmela nim im porra nhuma, éi im Fernando Pó e mais nada.

Ó despois, tal como a gente se ajuntámos agora à bolta da máquina de escreber, bocêzes tamém debem ter o costume de se ajuntar uns amais os outros. No intanto sabemos que neste momento têm amais bocês um home nobo que dá pelo nome de Albaro (que éi só o intigo parsidente da Capital Caramela! – Pinhal Nobo). Tratim bem desse home, deixem o home buer mines e traçar coirato à buntade, mesmo quando está im trabalho. A ber se ele nã se esquece das suas ancestrais raízes caramelas. Bamos estar a olserbar de geada a geada, disfarçados de gaveta aparbalhada (daquelas que nã querim fechar nim ó pontapé), pra berificar se o home é bem tratado.

Mais ainda, se o actual parsidente da Capital Caramela (digitalizado im cirimóina no dia 28 pelas 21:30), der a bocê, de bez im quando, uma punhada pas costas, não lebe isso a mal pois mais não é do que uma expressão brabia de elevada afectibidade caramela. Mais, se o home im causa, com os olhos arregalados a brilhar, abrir uma nabalhita à su frente, não chame a Guarda, porque isso mais não éi do que um acto expontâneo-gastronómico e cuncerteza se olhar bem à su bolta, bai incontrar pelo menos uma maçã riscadinha pronta a ser desnabalhada. Isto são só alguns abisos para um saudável cunbibio autárquico. Se tiber dúbidas im relação ao fitio do parsidente do Pinhal Novo, não hesite im cuntactar a gente, por código morse im pitromax (minsaige nocturna) ou pombo-correio (minsaige diurna), ca gente desundubida bocemecê.

Muitas coisas a FLC tem pa dzer, assim como só por exemplos, que a Torre da Estação da capital poderá ser ocupada a todo o momento por pelotões mais brabios, com o fim transformatibo de fazer dela um posto de lançamento de foguetaige rija dos Círios da Carregueira. Já agora, sim carer ser aborrecidos como a canzoada a ganir im frente à rulote da bacina municipal, era de balor óbir da sua boca que todo o caramelo ou caramela, mesmo a morar num arranha céus, tem direito a um padaço de terra e um carrinho de mão.

Balentemente atentos à sua pessoa,
Sim mais nada daqui prá í,
Cuntentes por este cuntacto chegar às suas mãos,
A gente bê-se por alturas da Feira de Maio.

Quintal desactivado do Café Satélite, sob a primeira geada do Outono de 2009,
Embaixador do Vale dos Barris e resto de Palmela,
Albano da Motosserra


Nota: Esta carta foi realmente inbiada, por correio normal, por alturas da cerimóina de digitalização do cargo im questão e só depois (que é agora) é que a tamos a botar para consulta e conhecimento do pobo caramelo.

A FLC, às bossas ordens.