30.6.10

PINHAL NOBO UM DORMITOIRO: A OUTRA FACE DA BERDADE

(2ª parte)


A FLC já percebeu que não é só a pardalaige que escolhe o Pinhal Nobo só pra dormir. Há muita gente por i que faz o mesmo e essa é a razão porque chamam ao Pinhal Nobo um “dormitóiro”.
No entanto, a FLC cravou-se a fundo nesta problemática, como quem crava a fundo o acelarador dum tractor só pra ber quanto é que ele dá em recta com o reboque cheio de borregos. E assim foi.
Todos sabem que a origem da Caramelândia está na binda de caramelos para este belo territóiro feito de parras e comboios. Mas eles bieram pra cá pra trabalhar e não pra dormir. Eles tornaram as terras brabias im terras férteis, (tão férteis que se um home se descuida a jogar um calhau pró chão nasce logo um hipermercado). Tais homes intigos escavaram charcos e dos charcos bieram logo as arrãs… e a partir dos charcos plantaram parreras e das parreras bieram logo os cachos e dos cachos bieram logo os cestos e dos cestos bieram logo barris e dos barris bieram logo as coletbidades e das coletbitbidades beio logo o copo de 3… e do copo de 3 bieram logo os construtores civis e dos construtores civis bieram logo os dormitóiros. Esta é a sequência de acontecimentos históricos que, dito assim, até parece o Maia a distribuir cartaria sem se desamontar da minarda. Tudo isto quer dizer que, se os homes e mulheres de intigamente biessem cá só pra dormir, a nossa cultura na era tão rica nem brabia nem sadia como é hoije. Aliás na era nada nim nada.
No intanto, toda a gente sabe (até a canzoada rafeira) que os maiores especialistas em fazer dormitóiros são os arquitectos e construtores civis, em compadrio com a galfarraige autárquica. E isto porquê? A gente explica. Psiquiatras credenciados pela FLC, fizeram testes com bonecas de borracha (de pneu de tractor) e concluíram com surpresa que o maior fetiche do construtor civil e do arquitecto, ao contrário do que se pensa, não é fazer sexo à canzana com os buracos dos tijolos, mas sim fazer um dormitóiro com casas encavalitadas umas nas outras, em forma de bairro. Na berdade muitos deles realizaram as suas fantasias no territóiro caramelo, empinando e amontoando o maior númaro de prédios de 3º andar pra que a galfarraige municipal diga com excitação “Está a crescer! Está a crescer!” Esta é a principal razão porque o Pinhal Nobo corre o risco de deixar de ser A Capital Caramela e passar a ser apenas a azia dum Dormitoiro.
Mas a caramelaige brabia nã embarca nesses grupos parbos.
Na berdade, num dormitóiro, cresce tudo menos a cultura caramela.
E é a nossa cultura que interessa.
Por isso, o porta boz da FLC, Arlindo Cagaitas, numa entrebista que nunca saiu no Jornal do Pinhal Novo (mais conhecido por “O Acendalha”), mas que pode bir a sair em qualquer cassete, disse sem papas na língua:
Esta ideia parba do dormitóiro está prá cultura da gente, como uma colharada de merda tá pra uma sopa de fijão…” arrotou e adiantou “…se Pinhal Nobo for mesmo um dormitóiro, hã, a cultura brabia fica em risco, e é mais um motibo prá FLC arrebitar orelha e ficar de alerta com as floberes de mola pronta pró disparo, hã! ” Cravou a nabalhita na mensa caté ficou a vibrar e rematou com o dedo im pei “E bocêzes sabem o que éi um dormitóiro? Hã? O que éi um dormitóiro??? Um dormitóiro é uma malhada… ou um curral, hã, adonde o gado bai dormir opois dum dia de pastaige.” Disse ele.

A FLC meteu mãos à obra como quem mete as mãos na xôcha duma baca pra ajudar a parir um bezerro, e concluiu o pior: a capital caramela tem bairros adonde as pessoas não se conhecem umas às outras porque bão lá só pra dormir. Há prédios em que ninguém se conhece! Parece mintira mas é berdade!
Assim, em reunião das altas patentes da FLC, à roda duma mesa de matrecos, declarou-se o seguinte:

“Um dormitoiro é uma cultura eremita e aparbalhada importada da cabeça dos construtores cibis, da arquitectaige, da mitraige bancária e da galfarraige autárquica, portanto não é caramela. A nossa cultura está intranhada na partilha do trabalho e das coletbidades, na partilha das desgraças e das alegrias, da punhada e da budera coletiba… e não na bontade parba de dormir, e opois fugir daqui pra fora, pra andar prá frente e pra trás no Fórum Montijo e partir o migalheiro pra gastar tudo sozinho em maningâncias parbas. Por exemples: qualquer caramelo empresta o seu barrasco pra se amontar nas porcas das redondezas, e quando há uma matança de porco tá toda a gente a ajudar (um agarra pu focinho, outro pas pernas, outro pu rabo e outro dá a nabalhada), e opois bai toda a gente comer, buer, balhar e opois há punhada e opois a comer tudo junto outra bez… e quem precisar de fazer cofraige eu empresto tábuas. Tudo isto é bem diferente daquele estado acabrunhado, eremita e escondido tal qual um mocho, da cultura de dormitóiro. Por outro lado, um dormitóiro é o baldio ideal pra atrair pragas e vagabundaige de toda a espécie, caté a GNR fica desolserbada com tanta bicheza badia, sem pai nim mãe, que nã interessa nem pra adubar o escalracho da Bala da Salgueirinha. Portantos, o Conselho Giral da FLC decidiu:”
1-Todo o morador que faça do Pinhal Nobo um dormitóiro debe abandonar este costume e mostrar-se cum balentia à nossa cultura, traçando uma coiratada num meio-bidom coletibo, buer mines à rodada, cantar e cumbersar à desgarrada e experimentar uma sessão de punhada amistosa, pra mostrar às autoridades o seu balor.
2- Todo o morador que faça do Pinhal Nobo um dormitóiro e não queira aprobeitar os benefícios da cultura caramela, debe abandonar o nosso territóiro e escolher os arrabaldes da Tailândia e outras favelas, porque isso nã interessa a ninguém e só atrai bicheza parba e galfarraige incendiária.
3- Pra pôr fim aos dormitóiros no Pinhal Nobo, toda a gente deve atirar os colchões pa janela afora, como forma de protesto.
4- Se estas medidas nã forem tomadas com urgêinça a Capital da Cultura Caramela será debolbida às praças do Rio Frio.

Café “A Alzira Trazanda a Azedum”, 26 de Junho de 2010


Comandante do Conselho Giral da FLC
Tó Nauseabundo

Face a isso, só pra acabar, apresentamos um padaço de notícia publicada no jornal Toalha de Pedreiro:
“… muitos caramelos já atiraram os seus colchões pa janela afora como forma de protesto afirmando que Pinhal Nobo não é um dormitóiro, mas sim um acordatóiro. À medida que a população caramela jogaba violentamente os colchões prá rua, Albino dos Ácaros não tinha mãos a medir na recolha de tantos colchões amontoados aqui e ali e além. Esta manifestação brabia foi acarinhada por todos e quem nã biu é porque nã é de cá… ou anda a dormir.”

24.6.10

PINHAL NOBO É DORMITÓIRO?

O correio na tem parado na FLC. A cartaria que tem entrado no quartel-general da FLC é tanta que já temos porcos que engordam só à base de proteínas de envelope rasgado. No intanto todas mensagens são lidas em megafone prás tropas da FLC desaparbalharem e ficarem de alerta com o que se passa na alma do nosso pobo e tomarem uma atitude-garreia. Dessas leituras desemparbalhatibas há uma palavrinha esquisita que se repete bezes sem conta e que tem dado muita dor de cabeça à gente. Ei a palabra “dormitório”. Pra intenderem melhor o que estamos práqui a dzer, leiam lá alguns padaços de cartas (é só pra ler, não pra comer, hã!):
“… moro em Alverca e preciso mudar de habitação, por isso escrevo à FLC para me informar se o Pinhal Novo é um bom dormitório e se…”
outra:
“… sabendo que o Pinhal Novo é um bom dormitório, qual o melhor bairro para morar já que…”
outra:
“… quero dar os parabéns à sirene dos bombeiros, porque, como o Pinhal Novo é um dormitório as pessoas sabem que é meio dia sem terem que se levantar…”
outra:
“… Pinhal Novo é o maior dormitório do conselho e por isso…”
outra:
“… as festas do Pinhal Novo deviam calar-se às 21:00h porque estamos num dormitório e…”
outra:
“… tenho andado sempre com sono, será que me picou a mosca tsé-tsé ou é por morar no dormitório do Pinhal Novo…”



Perante isto, Zé Manel Putrefacto (capitão do turno 17:00h – 21:00h das milícias armadas da FLC) disse:
“Mas o qué que bem a ser isto afinal!!! Hã?!!! Pinhal Nobo um dormitóiro?!!!
Que raio que porra bem a ser esta, um dormitóiro?! Isto é algum curral ó quê?! Qualquer dia dizem quisto é um purgatóiro ou um… um… um… um cagatoiro, não! Bem, bem, bamos lá a ber isto!”

Dormitoiro!!!
Perante tão estranha nomenclatura dada à capital caramela, a FLC ficou desolsebada sem resposta e passou à acção com uma noba missão imbestigatiba. O nome de código desta missão foi: “Imbestigar a fundo, como quem esgrabata a fundo um buraco pra incontrar intulho paleolítico, se Pinhal Nobo é ou não é um dormitóiro.”
Passados três meses de imbestigação a fundo, dia e noite sem parar, a FLC chegou a uma conclusão e espatou logo um edital, no tronco das árves, a esclarecer de urgência a população caramela e resto do mundo:

“Afinal, Pinhal Nobo é um bom dormitóiro porque a pardalaige gosta de dormir nas arbes da abenida. Durante o dia anda a aboar na apanha da minhoca, da mosca baregeira e da formiga d’asa por esses baldios, e à noite bolta pra se amalhar nas arbes do Pinhal Nobo e dormir e tamém escagaçar o toutiço de quem passa. Pode-se dzer que o Pinhal Nobo é um lugar seguro e tranquilo prá passaraige dormir. Pinhal Nobo é um bom dormitóiro (menos nas festas). Fim.”

Quando a FLC publicou este edital recebeu logo padradas-mensaige (pedras da calçada embrulhadas em papel com dizeres escritos), como forma urgente de repor a outra face da berdade. E é essa face da berdade que a FLC bai aqui espatar na próxima cumbersa.
Até lá nã durmam, fiquem de olho bem aberto que isto na é um dormitoiro

19.6.10

O ASSOBIO (ÚLTIMO EPISOIDO)

Depois das festas é hora de boltarmos ao documentairo telebisibo sobre a ebolução e a razão do assobio nas nossas bidas. Intão pouco barulho pra olserbar.

IMAIGE DO COMEÇO:

Grupo Coral de Sorvedoras de Rajás da Palhota as “Toca a Limber” num coro incantador (como as ondas do mar) que qualquer home começa logo a suar.


O ASSOBIO
Último episoido



BOZ DE CATARRO:

Bem! Como toda a gente sabe, o assobio está muito ligado à moral e bons costumes e essas balhanas todas. Isto quer dzer que um home não pode assobiar quando quer, nim adonde quer (razão pra dar punhada). É parciso reunirem-se certas e determinadas condições. Em certos casos, assobiar é tão mau que pode ser pior que um pontapé nos túbaros caté um home tem que se ajoelhar pra apanhar fôlego.
IMAIGE:
Um padre, na sua paróquia, a assobiar um belo faduncho “friiiiiiiiuiiuiuii fruiiuriu fuiririuuuiiii” enquanto espeta as hóstias nas línguas da beataige.
OUTRA IMAIGE:
Um guarda da GNR a assobiar que nem um pintassilgo em época de acasalamento “friuiiuioiuiiioiii friii friii foooiu” enquanto toma nota da ocorrência dum aleijado a estrabuchar no meio do alcatrão.
BOZ DE CATARRO:
Estas estranhas imaiges, rebelam o lado mais negro do assobio, ainda que ninguém saiba explicar porquê. Caramelólogos e assobiólogos foram a fundo nas imbestigações como quem bai ao fundo duma gamela a ber se incontra lá raspas de pudim, e chegaram à conclusão que a melodia que sai da beiça do dono (que é, nim mais nim menos a pessoa que assopra) pode ser cunsiderada como se viesse dum ser do além. Não falamos, tá claro, dum ser como um porco, um gambuzino, ou um ET parbo com um dedo a luzir e a andar de bicicleta, falamos sim de um outro eu que está agarrado à pessoa que assobia. Assim, quem assobia nunca está sozinho. Por isso, ainda hoije é possíbel ber um caramelo na sua labuta, a incher o seu espaço de trabalho com uma modinha assobiatiba pra lhe fazer companhia… como se lá estibesse outra pessoa. Portantos, o assobio serbe para a pessoa (que está sozinha) se acompanhar a si própria, sem ter que chamar os reformados que nã têm nada que fazer e que gostam de ber os outros a trabalhar e mandar bitaites.
Mas não pensim que a extinção do assobio na cultura caramela se debe apenas à imbenção de nobos costumes, à moral e às maniazinhas. Este dom humano de poder produzir melodias na ponta da beiça tem lutado tamém com as nobas tecnologias. Bamos ber um exemplo:
IMAIGE:
Um calceteiro intartido com o martelo a dar pancadinhas numa pedra e a assobiar que nem um perdido. Chega um agente da FLC disfarçado de pedra de lancil, com uma telefonia a pilhas a dar uma bela modinha do Rancho Folclórico da Lagoa da Palha. Olserba-se que o assobio do calceteiro fica intermitente: ora pára ora recontinua, conforme a telefonia é ligada ou desligada.
BOZ DE CATARRO:
Como se pôde olserbar, a telefonia fez parar o assobio do calceteiro instintivamente. É por isso que intigamente, antes da imbenção da rádio, todo o carpinteiro, criador de porcos, barbeiro, leiteiro, alfaiate, parsidente da junta de freguesia, amola-tisoiras, rebisor da CP, carvoeiro, chefe da estação, ou até GNR inchia as ruas e espaços de trabalho com o seu assobio. Hoije isso está em bias de extinção.
Resta ainda dizer que o assobio reserba propriedades misteriosas que a ciência ainda não conseguiu melhorar e substituir. Falamos principalmente da comunicação entre o caramelo e os animais (como cães, cabras, pássaros, porcos, etc.), bem como a comunicação entre o caramelo e os jogadores de futebol da equipa adversária. Outro grande mistério é o assobio ter propriedades diuréticas e é por isso que todo o caramelo brabio assobia uma melodia pró ar enquanto espeta a sua mijinha. Por fim, como já foi aqui falado nas Cumbersas na Coletbidade, está probado que assobio melhora o fio da nabalha, razão pela qual todo o caramelo quando afia a sua nabalhita espeta uma cantiga assobiatiba para cima da afiadura e assim a nabalhita fica tão afiada caté um home pode fazer a barba sem sabão.
Muito ficou por dizer, especialmente sobre o tipo de assobios e assopros. Mas isso fica pra um outro pograma qualquer. Até lá, a FLC aconselha a todo o caramelo e caramela a recuperar o seu assobio perdido (amordaçado pelas manias parbas, bindas das ditaduras ocultas e outras propagandas), como forma de libertação da nossa cultura.


Assobiem adonde quiserem e quando quiserem.
O assobio é nosso, é caramelo, e ninguém o tira.



IMAIGE DE ABALADA (em câmara oculta):
Concerto de assobiadores caramelos que se ajuntaram casualmente na retrete do marcado do Pinhal Nobo (num Domingo de marcado). Todos assobiam pró ar belas melodias enquanto pregam a sua mijinha, num concerto que mete imbeja à orquestra da SFUA.

10.6.10

Já começaram as Festas Caramelas!

As Festas já começaram e têm sido balentes. A FLC, como sempre, está atenta a todas as movimentações festivas, bigiando e olserbando, fazendo pricuras e acunselhando, estando omnipresente aqui e ali, ou seja, im todo o lado.
Só pa abisar, olhim agora: este ano temos bários elementos brabios inseridos clandestinamente no meio do pobo-festivo, cuja função é unicamente a de medir os índices de caramelidade das Festas Populares. Estes elementos (treinados intensivamente durante meses nos nossos baldios clandestinos) foram distribuídos por todo o território festivo, uns disfarçados de feirantes, outros de vendedores de algodão doce, outros de assadores de intarmiada, outros de bisitantes estrangeiros, outros de azulejos da estação intiga e outros ainda de buedores de mines a cagulo (tipo Toino das Mines). Todos estarão equipados com uma maquinaria especial, que foi inbentada e desinbólbida a partir de belhas máquinas de sulfatar e que paronde quer que apontim a sua agulheta im forma de funil, indicam logo cum elevada precisão, se a actibidade éi ó não caramela. Ódepois, esse registo éi logo inbiado pó nosso quartel general (via pombo correio disfarçado de balão daqueles-que-se-escapam-das-mãos-dos-gaiatos-parbos) e inserido dentro de um jerrican inbertido.
No final das Festas, a FLC reunirá as altas instâncias, olserbando os dados recolhidos "e se for praciso interbiremos, para repor os índices de caramelidade mais altos do que a torre da estação", disse Albano Dissidente, responsável pelo D.O.M (Departamento das Olserbações e Medições Festibas).

Bái à Festa atão!
Bái tu mais o tê cão!
(excerto de um poema da Ti Balbina Acocorada)