19.4.11

Coiratos cum Açorda - "Aquela Balente Noite"

Em estilo comemoratibo dos seis anos de ocupadura deste baldio pela FLC, resolbemos presentear a população caramela com um grandioso momento da telenobela Coiratos com Açorda, passado no nobo complexo turístico da Herdade do Rio Frio. Será o episoide 6.258.361 desta emblemática obra de ficção que faz históira da nossa históira.

Neste episoide temos o maior cenário de sempre, totalmente feito de cortiça e pausinhos (4 toneladas de pauzinhos do algodão-doce, meticulosamente coleccionados e catalogados pela Associação de Festas Populares do Pinhal Nobo). Para que o cenário tibesse a credibilidade dum centro hípico a preceito, a produção tebe d'ir buscar cabalos de alta patente, residentes nas pastaiges da Lagoa da Palha. No intanto, dada a insuficiência destes animais, tibemos de trazer alguns burros do Poceirão, e mulas desactibadas dos ciganos, pra inriquecer este ambiente de requinte rural.


E agora bamos já ber o próximo episoide, passado no nobo empreendimento do Rio Frio.


Bamos pôr a cassete e...


É Domingo numa tarde solarenga de Maio. As erbas do montado do Rio Frio oubem-se a crescer e a meter imbeja às pernadas dos sobreiros. Este som é misturado com o ronco de grandes jipes, limousines e helicópteros a chigarem ao Hotel Bolota D'Oiro no Rio Frio. Entretanto, na humilde casinha de Chispalhudo, na bila de Pinhal Nobo, o rádio a pilhas passa pela última bez a música parba do Axel do Festibal da Canção, pra abrilhantar a sessão de punhada do final do jogo das meias finais do INATEL, entre Baldera e Corroios, sabendo-se já que Baldera ganhou por um a zero ao seu adbersário.

- Oh Benâniça, e se quando acabar a punhada, tu deslargasses a bassoira e a gente fosse passar a noite ó hotel do Rio Frio? - Pergunta Chispalhudo à sua mulher, Venâniça da Berruga.

- Tás parbo ó quê?!! - responde ela a ameaçar com o pau da bassoira – A tua reforma nim chega pra passares pra lá da Salgueirinha.

- Isso é o que tu pensas. A gente combida a bizinhança pra ir tamém e, entre todos, dá até pra ir pró quarto parsidencial! Hã?!!

- Tóóóó!!!! - resmunga ela espantadiça, num plano de pormenor caté se bê em detalhe os três pintelhos alojados na berruga a trocarem sinergias.

- Pois é! Tenh cá na ideia: lebamos o Toin das Mines amais a sua amiga que ele achou na Cela; lebamos o Leonel o Ordenhador que pode lebar um jerrican de leite de cabra prá gaiataige buer noite fora, a Jaquina dos Baldes amais a cunhada que traz o Zé Manel Ratoêra pra ir ós pássaros; lebamos o... o... olha por exemples o Celestino Bombista que traz a malta toda dos círios da Carregueira com patardos à mistura. Podemos tamém combidar o Julinho do Intulho que vem ca família do Albino dos Pitromaxes e a Juliana das Águas Turvas... Ah! Tamém nã podemos esquecer da família da Zulmira Patuda amais aquela malta do Ti Casimiro Zebaido da Ti Zebaida Putrefacta, da Palhota, que conhece aquela gente toda lá do rancho. Combidamos tamém o Jquim Espalmadiço...

- …. O Espalmadiço?!!! - Inquire Venâniça.

- Sim aquele que anda a conduzir cilindros pra espalmar o alcatrão!

- E achas bem que o home apareça lá no Rio Frio im cima dum cilindro, ao pé daquela gente fina.

- Qual é o problema?!! Hã? Cada um bai como quer. Uns bão a péi, outros a cabalo nas minardas como a família dos Carborildos que eu até me tinha esquecido deles, outros de tractor e o Espalmadiço bai de cilindro...

- Hummm!!... - resmunga Benâniça quase combencida.

- O que é que achas? Podemos tamém combidar o Albino dos Ácaros pra lebar uns binte ou trinta colchões, porque o quarto parsidencial pode nã ter camas pra esta gente toda! Hã? O que é que achas? Bamos?

- Atão eu bou-me bestir e pintar, que eu nã quero aparecer lá assim, de combinação.


A partir deste momento, Chispalhudo amonta-se na sua pudalera e bai rapidamente fazer a combocatóira a toda agente que já tinha falado, amais uns quantos que se ia alembrando pelo caminho. Todos os combidados concordaram com a ideia e prapararam-se prá balente noite caramela no Holel Bolota D'Oiro em Rio Frio. Todos prepararam um abio a perceito, desde um semi-reboque carregado de meio-bodons, ao pitroil, coiratos e papo-secos, até ós patardos, ratoeras e floberes, canzoada, colchões e acordeões.

O primeiro a chigar à porta do hotel foi o Espalmadiço, que estacionou o seu cilindro junto às grandes limousines, Rolls Roices, e carros de corrida descapotábeis. O último a chigar foi o Celestino Bombista amais oito Dinas de caixa aberta a cagulo de lançadores de foguetaige que trataram logo de marcar a sua chigada com uma salva de morteirada, caté parecia a chigada de Napoleão à Russia.

Ao som da morteirada, Chispalhudo dirige-se à recepção. Atrás dele segue o Albino dos Ácaros acarretando bários colchões, e logo de seguida o resto do elenco com o abio de sacos da compratiba, caixotes da fruta entre outros haberes.

- A gente quer o quarto parsidencial. - pede Chispalhudo.

- Lamento, mas a suite presidencial já está ocupada. - responde a recepcionista.

- Ocupado?!!! Com queim? Ca parsidente da câmara?!! Ei?

- Não lhe posso responder.

- E o que é ca parsidenta da câmara beio práqui chirar? Beio badiar? Beio cabalgar, foi?!! Hã?!! - resmunga o Leonel o Ordenhador com um jerrican de leite de cabra numa mão e uma mine na outra.

- Se ela nã sai já daqui, a gente desata à morteirada caté os bois arrotam a puvides estragadas! - ameaça Celestino Bombista com um cigarrinho nas beiças, pronto a atiçar o rastilho dum morteiro.

- E se nã tem o quarto parsidencial, que malhadas têm bocemecês prá gente? - pergunta a Zebaida Putrefacta com um alguidar cheio de erbas prós coelhos que apanhou pu caminho.

- Temos o quarto 116, o quarto 47, o quarto...

- Xôô, péraí, peraí. Que balhana de quartos são esses? Bocemecê pensa o queim? - interrompe Chispalhudo dando uma punhada no balcão.

- Bamos ximbora, bamos mazé pró rancho da Lagoa da Palha que tem um salão prá gente todos, e é muito melhor que estas balhanas feitas prá galfarraige municipal. - propõe Juliana das Águas Turvas com um cucharro na mão e uma bilha d'áuga à cabeça.

- Péraí. - responde Chispalhudo – Deixem-me fazer aqui uma precura especial à recepcionista. Diga lá aqui à gente: bocêzes alugam tacos de golfe?

- Não, infelizmente nós não dispomos de campo de golfe.

- Não têm campo de golfe?!!! NÃ TÊM CAMPO DE GOLFE?!!! - respondem todos im coro.

- Não, não temos.

- INTÃO ISTO É PRA GENTE PINDÉRICA. - respondem todos im algazarra.

- Bamos ximbora quisto nã tem ambiente. Bamos mazé pró rancho da Lagoa da Palha e fazer uma balente noite caramela. - grita Venãiça da Berruga, com palabras de ordem.

- BAMOS XIMBORA MAZÉ. - gritam todos a garriar, à mistura com patardos polifónicos e modinhas de acordeão.


E lá foram eles todos...


Nã percas os próximos episoides desta grande obra de ficção, se não, ficas de fora deste marabilhoso elenco, nã és combidado, e ficas embezogado a olhar prás paredes que nem uma mula desactibada.

13.4.11

Está lançada a polémica!



(Uma polémica tipo quando um home, im cima duma Dina de caixa aberta, com o cigarrito já ó canto da boca, acabou de lançar a foguetaige e ela bai no ar, suspensa e bertical, e cá im baixo todos olham de boca aberta e coiratos desincerados a espera de óbir o patardo embrutecer sonoramente).

Então ei assim: o grupo de Intelectuais Anónimos Caramelos (I.C.A.), enbiou-nos uma carta via pombo correio-rápido sobre, segundo eles, um assunto que começa a gerar alguns debates-garreias no seu seio e que tal como a foguetaige quando já bai lá no ar, bai ter de arrebintar.
Com esta carta, querem eles, que a gente perceba que este assunto não ei só deles, mas que também o pobo não intelectual deberia começar a pinsar nisto, im bez de pinsarem só na chabe do totoloto e no aumento do preço da ração pá bicheza.

A questão ei a seguinte:
-debe a famosa Rotunda dos Pinheirinhos (um dos ícones da capital Caramela) mudar de nome?
-então porquei?!!!,, perguntamos a gente e bocês também (mas em plaibeque, infiados na nossa boz-leitura).
O problema, par'eles (os intelectuais) é que „os Pinheirinhos estão a crescer e quando crescem deixam de ser pequenos e se deixam de ser pequenos, deixam de ser Pinheirinhos e passam a ser Pinheiros e parece que mais ninguém bê isto, nim pensa nisto, nim se preocupa com isto, só a gente”, disse Quintino dos Libros (também conhecido por Quintino dos Uisques), um dos fundadores deste grupo. De facto vários serões do I.C.A (todas as quartas-feiras das 21h00 ás 24h00) tem sido alimentados por esta questão, que começa a criar divisões dentro do próprio grupo.
A FLC sabe que estes intelectuais gostam por vezes de balentes discussões e que se preocupam com temáticas de grande peso cultural para a vida caramela im jaral.
Por exemplo, uma das ultimas grandes discussões foi sobre quais seriam os melhores sacos de plástico da Caramelandia, os da Cumpratiba ou os dos Retornados. Apesar de alguns membros terem saido do grupo em protesto, foi possível chegar a uma conclusão-parba que agradou a quase todos, com a conclusão que nim um nim outro, que o melhores são as caixas de fruta e de legumes da Reforma Agrária (mesmo assim depois disto houve quem dissesse que os melhores eram os sacos de serapilheira branca da Sapec, tentando iniciar uma nova discussão). Mas neste caso, já la vão varias sessões de debates-garreias e nada, tudo se mantém na mesma, com inflexiveis de um lado e do outro, existindo ate já duas facções opostas: os Conserbadores (defendem a continuação da designação Rotunda dos Pinheirinhos) e os Banguardistas (querem mudar o nome para Rotunda dos Pinheiros), que continuam, sessão após sessão, a ameaçar-se mutuamente com os cachimbos, entre mais uma baforada no respectibo e uma dissertação argumentativa, com alguns bai bardamerda-bai mas ei tu, à mistura.
Desta forma, esta carta é também um pedido de ajuda, para que a gente-FLC intervenha e ponha fim a esta discussão, pois “o pior que pode acuntecer ei o caldeamento do nosso grupo im dois, com o acréscimo da gente se dibidir im dois grupos, já na poderemos ser anónimos porque todos se conhecem uns aos outros e assim perde a graça”, referiu novamente o Quintino dos Uisques. A FLC, após reunião com o conselho de sábios caramelos no Café "Paga e Bai-Timbora" (Fonte da Vaca) e varias grades de mines mais lebes do que quando estabam cheias, decidiu que bai interbir, porque o melhor será este assunto ser rapidamente resolvido inquanto ainda só faz parte dos debates dos intelectuais caramelos anónimos. Assim, bamos inbiar o Toino das Ideias Parbas, o home mais respeitado do pensamento caramelo contemporâneo, a uma das sessões deste grupo, pa ber se ele põe ordem nos homes dos pinsamentos.
“Porque" (diz o Toino), "se este assunto passa pá rua, pó marcado, pró pob-grei im jaral, e sabendo como por natureza somos dados a debates-garreias, isto na fica por aqui, quim sabe lebaba a gente atei a uma guerra-cibil-uns-dum-lado-outros-do-outro, e o ca gente quer ei os caramelos unidos im torno da sua luta pela libertação cultural e identitária, quei pa ber se a gente cunsegue ser libres como os carroceis da Feira de Maio, quando andam á roda, caquilo atei parece o planeta Terra im bolta do Sol, que brilha mais que 1000 mei-bidons im brasa e acho que de um ponto de bista agro-contemporâneo debe de...”(fomos ximbora e dixámos o Toino a divagar sozinho, insimesmado nos seus pinsamentos existencialisto-rurais). Ele bai dar conta do recado.


Se ei pinhero
ó pinheirinho
O que m'intaressa
Ei o binho!

(antigo proverbio do Lau)

4.4.11

CENSOS NAPERONOLÓGICOS (dos Naperons)


De 5 de Abril a 30 de Maio em toda a Caramelandia


A FLC em colaboração com o IDDTC (Instituto do Design e Decoração Tradicional Caramela) bai promover pela primeira vez os censos naperonológicos.

Estes censos consistirão na imediata bisita-bistoria a todas as casas da caramelândia de alguns técnicos estritamente preparados para o efeito, que com a ajuda de canzoada altamente treinada no farejo de naperons, irão amigavelmente rebistar as casas e fazer a contagem (com os dedos das mãos) de quantos naperons existem nos domicílios. No final, será feito um levantamento-pricura de quantos naperons existem actualmente e em que divisões da casa estes mais proliferam (Cozinha, sala, marquise, quartos, quintal, garaige, arrecadação, baldio-neste caso ditado fora) e atei ficaremos a saber que tipos de nódoas são mais frequentes nestes adereços.

Se quiserem saber mais pormenores prestem atenção agora: Cada técnico levara preso a um cordel um cão (de raça coelhera), dos que estiberam em formação durante três meses, em local secreto que na podemos rebelar. Alguns destes cães conseguem agora farejar um naperon a 10 Km de distancia e marcarão com uma balente mijarrada as paredes das casas que não tiberem lá dentro nenhum naperon.

Esta radical acção, deve-se a um alarmante decréscimo do bom costume do uso do naperon nas casas caramelas, o que pode provocar a muito curto prazo a total extinção desta pérola da ornamentação caseiro-tradicional. “E odepois já se sabe” (referiu Albanita Desingomada, directora do IDDTC), ...”comeca-se pela extinção dos naperons, odepois os coiratos, odepois as motorizadoas, odepois as mines com deposito, odepois o domingo de marcado, odepois os debates-garreias, odepois os pitromaxs, odepois os Círios, odepois a mola a prinder as calças quando se anda de bcicleta a pedal, odepois a galheta no gaiato, odepois as matines dançantes, odepois o costume da abaladiça, odepois o arroto-festibo,odepois os sacos da Cunpratiba, odepois a Reforma Agrária, odepois a punhada sadia nas costas, odepois o uso da nabalhita, odepois o pão cum manteiga dos dois lados, e odepois ia-se a ber e a cultura caramela já só era como no desfile das Festas Populares da Capital, uma coboiada (sim índios nim trambelho nhum) pós estrangeiros (homes de fora da Caramelandia) berem i pinsarem que a gente já só existe no Jardim Zoológico dos homes das civilizações parbas que desapareceram”.

Por isso foi também já criada uma comissão de estudo móvel (reúnem-se em cima de uma fragnete de caixa aberta e bão andando de terra im terra com um angulo de visao de 360 graus, menos aos sábados onde estarão na Reforma Agragria com uma banca tira-duvidas e venda de naperons directamente do produtor ao consumidor, incentivando o consumo dos mesmos e sem intermediários que inflacionem os preços). Esta comissão tem cerca de 10 elementos ao mais alto nível (entre eles os conceituados Zimbao Cornadura, o Celestino Bombista e a Ti Abilia Marinada- antiga costureira-naperoneira, especialista em Naperons- à-moda-do-Lau, muito em voga nos anos 50 do século passado) que vão cunbersar com as pessoas sobre a quase- extinção deste símbolo da decoração caramela, fazendo relatórios de opinião-ideias-pinsamentos.

Este grupo que reuniu uma bez (foram atei a Carreguera e ao Lau), tem pelo menos uma opinião popular apurada sobre as causas do crescente desnaperonamento (opiniões obidas no Café América e no Café “A Mine Inbalsamada”): „Ja nã há naperons?!! Isso debe mas ei de ser por causa da inbasão aparbalhada de parbos armados im parbos... (aqui alguém ao fundo do Café América diz com boz grossa: atão se já são parbos já nã precisabam de se armar im parbos!...Pausa. Faz-se silencio.Todos se viram para o local de onde veio esta voz. Ouve-se o vento la fora a assobiar no gargalo de algumas medias vazias abandonadas im cima dos bancos corridos e um cão a ladrar ao longe. Logo a seguir voa uma mine vazia im direcção certera ao home que tinha acabado de intrar na cunbersa sem ser cunbidado. Após esta acção pacificadora, a cunbersa pode cuntinuar) ...que trocam a bela da televisão intiga, por um plasma ou o que isso ei. Ora toda a gente sabe que essas televisões modernas sao mais magras que o cabalo de um cigano onde compro ciroulas no Marcado e na tem trambelho nhum para se colocar um belo naperon im cima", disse Julinho do Intulho, cliente habitual deste local. Foi também esta a opinião (mais ou menos) de Albino dos Pitromaxs, que no "Mine Inbalsamada", ao lado da sua mulher (cum bergonha de falar pós nossos micrifones de gravação), acabado de amandar po bucho uma balente aguardente-digestiba nos quexos, abanou a cabeça, e disse (logo a seguir a um balente ahhhhhhhh!) que sempre cunbibeu com naperons im cima das televisões: “nim desligo uma coisa da outra, nunca bi televisão sim naperon por cima.Isso ei o quei?!!!”

A FLC pede a todos os cidadãos caramelos que colaborem com estes censos e que dexim intar os tecnicos e a canzoada naproneira, fazendo destes censos um berdadeiro cunbibio-festa. Mostrem orgulhosamente os bossos naperons!!!

Uma casa sem Naperom

ei como um home

que na sabe

o quei bom

(antigo proverbio da Carreguera)