30.5.11

AS LOJAS DA COMPRATIBA E A LOJA DO CIDADÃO

Como já toda a gente sabe, a FLC está de sintinela por esses telhados, capoeras e malhadas afora pra olserbar e defender a cultura caramela. A berdade é que nestes dias de Primabera (que ora faz granizo caté parece chumbo de caçadera na abertura da caça às rolas, ora faz salheirada, ora faz geada, ora faz torradas à sombra), tem habido mobimentações estranhas à nossa cultura que merecem uma atitude brabia, no sintido de repôr a berdade escondida. Assim, as milícias da FLC foram imbestigar. Nome da missão: “Pacote de Bolachas da Compratiba com oferta duma esferográfica”. Foi intão no dia 27 de Maio que homes e mulheres do 123º pelotão da FLC, testaram os seus intercomunicadores (feitos por um fio de sapateiro de 50 metros e uma lata de banha em cada ponta), opois infiaram as meias pa cabeça abaixo e, munidos de lupas feitas de garrafas de gasosa, e canzoada-chiradora-de-mistérios, sairam de suas tocas in direito às lojas da Compratiba e à Loja do Cidadão. E isto porquê? Porque queremos saber se há relação entre o fechar da Compratiba e o abrir da Loja do Cidadão! É que, pra um caramelo, nã há coincidências, há apenas pão com manteiga! Ou seja: ou éi, ou nã ei! E se fecha a Compratiba, o que é que o caramelo come? Será que o home brabio mudou a sua dieta alimentar e passou a comer só açorda de bilhetes de identidade, pulvilhada de recibos da água e passaportes escalfados? E o cidadão é o queim? É aquilo que come e bebe, ou éi uma declaração do IRS? Bem, bamos lá a ber!

Quando chigámos à Compratiba im frente à intiga sede do Pinhalnobence, já estaba a loja fechada e nem pacotes de bolachas, nim esferográficas nim nada. Espantadiços, os inspectores da FLC disseram:

- Tóóóó!! Limpinho como tá, Isto parece mazé a CERAPA!

- Nã, a CERAPA já nim tem telhado, nim nada!! Isto parece mazé a fábrica de frigoríficos HR!

- Mas isto aqui nã dá pra jogar à bola! Isto parece mazé, o Centro Comercial dos Mochos!!!

- Os Mochos?!! Isto parece mazé o recinto do Marcado do Pinhal Nobo numa 6ª feira santa.

- Qual quê! Isto parece mazé a compratiba!

Dito isto, fizeram uma corrida de minardas a derrapar pas curbas e cruzamentos im direito à loja da Compratiba junto aos Bombeiros. Estancionaram os seus beículos no campo do Pinhalnobence e intraram pa Cumpratiba adentro:

- Diga lá à gente, o que é que o fechamento da Compratiba tem a ber com a abertura da Loja do Cidadão? - précurou um agente da FLC.

- Bem eu aicho que que nã tem nada a ber! - respondeu a mulher do talho inquanto cortaba em finas fatias as últimas salsichas, reaprobeitadas da outra loja já fechada.

- Ai nã aicha! E o que é que esta gente bai fazer quando esta loja fechar? Nã bai prós computadores da Loja do Cidadão?

- Não. Ninguem bai pra lá.

- Intão bão prá donde?

- Bamos todas bender a mobília na feira-da-ladra, aos Domingos, im frente ao Costa-Bar.

- Ahh intão é isso!


Foi intão que os agentes da FLC começaram a fazer a misteriosa correlação entre o fechamento da Comprativa e o seu principal ribal: a feira-da-ladra dominical do Pinhal Nobo.

- Atão diga lá mais uma coisa, aqui à gente. Nã aicha que andar aqui a bender pacotes de bolachas com a oferta duma esferográfica, foi uma forma de perder clientela já que a malta toda está agora a dar uso às esferográficas pra preencher papelada na Loja do Cidadão?

- Pode ser, mas a ideia original foi uma promoção para a alfabetização caramela. Graças a essas esferográficas é que ainda se fazem sessões solenes de Poesia Popular Caramela, promobidas pela Junta do Pinhal Nobo - respondeu uma outra funcionária, enquanto arrastava pu chão o último basilhame de grades de mines pra um canto da loja.


A partir de intão, os detectibes amontaram-se nas suas minardas e foram rapidamente até à Loja do Cidadão. Quando intraram, escurraçaram logo bários cidadões e cidadonas que estabam lá escrevinhar nos papeis pra emigrar pró Zimbabué.

Desostinado, o chefe do pelotão, Toin Serpentino, disse im boz alta pra toda a gente obir:

- Na Caramelãndia ninguém emigra, hã! Quem é caramelo nunca abandona a sua terra!

- Desculpe, mas pra tratar do BI, os senhores têm de tirar as meias da cabeça. - disse uma funcionária assustada.

- A gente samos clandestinos, samos da FLC e nã precisamos dessas balhanas de cartões nim porra nhuma. - vociferou a sub-inspectora das milícias, Dona Rosalinda das Caganitas.

Dito isto, todos os funcionários lebantaram-se e meteram-se im sintido. Opois a canzoada começou a chirar e a rosnar de perto (pus entrefolhos e tudo) todos os funcionários pra berificar se algum deles pertencia à Compratiba. Feita a bestoria (este vocábulo caramelo vem da palabra “Visto” e não da palabra “Besta”), e como nenhum cão deu uma mordidela (apenas alguns solavancos eróticos agarrados às pernas das mulheres, guarnecidos com lembidelas clandestinas), confirmou-se que ninguém nunca pertencera à Compratiba.

- Agora diga lá à gente: bocemecês bendem aqui pacotes de bolachas?

- Não senhor. - respondeu amedrontada uma técnica de Bilhetes de Identidade a granel.

- Hummmm!! E na oferta duma esferográfica, pró cidadão preencher os impressos, bocemecês oferecem uma sandes de coirato? Hã?

- Não senhor.

- Nim oferecem uma bifana?

- Não senhor.

- Porra. Bocê só sabe dzer “Não”? E bocês nã oferecem nada, nã bendem nada, nã produzem nada?

- Não senhor.

- Atão isto serbe pró queim? Humm?

- Serve para o cidadão pagar os seus impostos, para emigrar, pedir o cadastro, pagar multas...

Com esta cumbersa a canzoada começou logo a ganir com as orelhas agachadas, caté parecia um canto gregoriano quando os monges chamam pla traboada.

- Porra!... E bocemecês já reperaram se os cidadões e cidadonas preenchem essa papelada com as sagradas canetas da Compratiba? Daquelas canetas que binham agarradas, com fita cola, aos pacotes de bolachas?

- Nós dispomos aqui das nossas próprias canetas. - respondeu uma técnica de impressões digitais, enquanto afeiçoava as cuecas porcausa dos cães terem andado lá com o focinho.

- Balhana é o que ei! BEM... como samos pela cultura caramela, a gente agora bai selar esta loja pra reabri-la mais tarde com produtos hortícolas. Até lá, esta Loja do Cidadão bai ficar fechada e armadilhada com morteiros dos Círios da Carregueira, e quem intrar sem a nossa autorização sujeita-se a lebar com um patardo pus tímpanos que nunca mais oube a pardalaige a acasalar nas arbes da abenida.

- E nós, para onde vamos?

- Bocês fiquem descansados. A Compratiba bai fazer uma promoção especial. A partir de agora, bocês bão prás lojas da Compratiba e bão infiar os Bilhetes de Identidade nos pacotes de batatas fritas; bão infiar as declarações do IRS nas sacas de carvão; bão colar os recibos da água às acendalhas;... e bão colar as multas às bassoiras... pra serem logo barridas pró caixote do lixo.



Com esta promoção, a Compratiba fica mais forte do que nunca e nã há Gerónimos Martinzes nim Belmiros de Azebedos, nim alemães, nim franceses, nim chineses que lhe façam frente.

Mais uma missão de sucesso da FLC em prol da cultura caramela.

16.5.11

III Concurso de Música Moderna Caramela

21 de Maio, 16h00


Sede do Racho Folclórico da Lagoa da Palha

(Ebento com o alto patrocínio da FLC e do Ministério Caramelo da Cultura)


Grandioso concurso que tem como objectivo, promover e apoiar novas tendências musicais na região caramela.

Todas as bandas e conjuntos musicais participantes usam música de fusão caramela, valorizando-se bastante a ligação entre o tradicional e o moderno.

Este ano teremos a maior participação de sempre, com 15 bandas/ conjuntos musicais.

Este concurso será também pela primeira vez, transmitido em directo pela Radio Antena Caramela.

A competição será renhida, mas haverá sempre um vencedor- a cultura musical caramela!


Bandas participantes

Balha Ca Carroça (Pinhal Novo)

Cagatório Publico (Vale da Vila)

Brutidade Aparbalhada (Laga meças)

Nabalha Aberta (Palhota)

Bicheza Ruim (Venda do Alcaide)

Inquisicao Palmelona (Valdera)

Punhada pu Lombo (Lau)

Gupo Novo Punk Caramelo (Lagoa da Palha)

Inbalsamados do Grau (Poceirão)

Tens na Mania-Mas Perdezia (Fonte da Vaca)

Lavoura Agricolomusical (Pentiado)

Ratazanas Espezinhadas (Lagameças)

Grupo de Cantares Modernistas de Arraiados (Arraiados)

Espinhaço de Cão (Carreguera)

Excluídos da Ingrícola (grupo nómada, sem localidade)

Armados im Parbos (Pinhal Novo)

Estrume e Intulho (Rio Frio)

Espectáculo de encerramento

Como nas edições anteriores, haverá no final um grandioso baile de fusão com o Racho Folclórico da Lagoa da Palha e o grupo vencedor, o qual terá como prémio a edição de um CD e Cassete, com o apoio da Junta de Freguesia da Lagoa da Palha.

Este grupo terá ainda direito a vários concertos promocionais em todos os Centros Culturais, Sedes de Ranchos Folclóricos e ainda um concerto clandestino nas Festas Populares de Pinhal Novo com a participação especial do vocalista dos Ervas Daninhas, principal grupo do movimento Punk Caramelo contemporâneo

Este evento tem (como sempre) o apoio do Presidente da Junta de Freguesia da Lagoa da Palha, do Presidente do Racho Folclórico da Lagoa da Palha, da Junta de Freguesia da Lagoa da Palha e do Rancho Folclórico da Lagoa da Palha.

Entrada livre

Bem desinparbalhar os tês Óbidos!

2.5.11

SEXO CARAMELO (parte 2)

Mais uma bez, é com grande cuidado e rigor que a FLC apresenta aqui o segundo episoido do documentário premiado pela BBC (Bamos Ber Caramelos), que retrata um dos mais delicados assuntos da nossa bida: o sexo caramelo.

Bamos infiar a cassete e...


TRATADO TELEBISIBO DO SEXO CARAMELO II

Narrador:

Terminada a época da esfregadura balhadeira ao som da concertina com consequências notábeis no aumento da população, deu-se início à época da recriação erótica moderna. Isto quer dzer que a partir do séc. XX o pobo caramelo descobriu que o sexo nã serbe só prá cobrir e procriar de gaiataige parba, mas serbe tamém pra entretenimento. Foi nesta altura que se acinderam as luzes do pitroil e o acto esfregatibo passou a ser feito às claras e de forma mais brabia, lembrando os primórdios do caramelopitecus. Desta maneira, o home amais a mulher começaram a descobrir buracos, dedos e línguas, que antes nunca se tinha pensado que existiam. Esta noba exploração dos genitais e de todas as miudezas do corpo, proporcionou um salto qualitatibo no relacionamento do casal moderno que antes estaba calcinado na calada da noite. Por sua bez, tudo isto deu azo à descoberta de outros estímulos para além daqueles já experimentados ao longo da história, falamos por exemples do enfiar o dedo em tudo quanto é buraco, as apalpadelas e lembidelas corporais, as posições e contorções, as palabras de ordem arremessadas da mais fértil imaginação selbaige, e especialmente a palmadinha nas nalgas. Mas... atenção! Esta coisa das palmadinhas tem que se lhe diga. Há que saber, com a experiência, que essas palmadinhas no acto recreatibo têm conta peso e medida. Histórias contam-se por esses arrabaldes, de palmadões mal dados no acto amoroso em que a caramela aparece no dia seguinte toda desolserbada. Conta-se, por exemples, que um dia destes, às 2 da manhã, em Bal da Bila, o Marcelino Sextavado (mecânico de motosseras) deu um palmadão na sua caramela de tal geito que a mulher desmaiou e a bizinhança tebe que lebar ela, na carrinha de caixa aberta, pró hospital (mas no caminho fez um desbio pàs Festas da Atalaia pra ir à rulote do Bezana pra comer umas bifanas e buer umas mines). Embora a mulher tibesse chigado ao hospital já acordada e recuperada com uma bifana no bucho, a berdade é que o home tebe de acabar a noite de castigo, trancado na retrete, a praticar trabalhos manuais. Portanto, palmadinhas SIM, palmadões destrambelhados NÃO!

O mesmo cuidado se deverá ter nas mordidelas pois esta prática pode dar maus resultados. No entusiasmo erótico-desalmariado, a mordedura ganha proporções tais que se chega a comer um padaço do parceiro como quem come uma intarmiada num papo-seco. No mês passado aconteceu um caso desses em que a Ti Mijardina, do Poceirão, comeu um bocado da orelha do seu home, o Ti Valdegóis dos Abanicos, cujos efeitos já se sabe: a alcunha foi mudada pra Ti Van Gógue da Mijardina! Portanto é preciso ter muita cautela! Diz-se por i à vara-larga que, uma bez feita a digestão dum padaço de caramelo, a caramela (tal como os tubarões), nã quer outra coisa, fazendo tudo por tudo para que o home faça parte da sua dieta alimentar. Quando isto acontece, o caramelo, antes do acto sexual, tem de se bersuntar todo com criolona, para a sua parceira não o comer! Pode ser mito, mas, pelo sim pelo não, há que ter cuidado.


Face ao fenómeno de tudo ser feito às claras, muita coisa mudou na iconografia caramela. Assim, os calendários de cozinha que antes tinham santinhas e paisages do apeadeiro da Lagoa da Palha, passaram a ter nobos temas como personaiges femininas mamalhudas, em trajes de retrete, nos mais dibersos contextos, como por exemples: a dar leitinho a uma ninhada de gatos; a rebolar nas erbas rodeadas de coelhos brancos; amontadas nas minardas com um chicote, etc. Mas o culto da olsebação às claras não ficou só pelos calendários. Postais, rebistas de croché, autocolantes, cartões de Natal, latas de banha, e até as cartas de jogar à sueca ganharam nobas linguaiges. Nos baralhos de cartas, salienta-se a raínha de paus amontada num barrote de êcalitro descascado, dando grande alento aos homes brabios pró jogo de taberna, prática que ainda hoije resiste no círculo dos reformados, quando jogam entusiasticamente nas mesas do jardim do Pinhal Nobo, junto à paraige dos autocarros (os baralhos de cartas, com estes códigos afrodisíacos, foram gentilmente cedidos pelo intigo parsidente da junta, prá reformadaige nã perder a força!)


Face aos conteúdos telebisibos, à secção de anúncios do Correio da Manhã, ao empréstimo de barrascos pra cobrir as porcas, às noites de Strip tease na Cela, às calças pinduradas pu meio das nalgas, e às sessões de gemidos pu telefone, podiamos pinsar que o caramelo pós-moderno se tornou um ser despudorado sem perto-nim-longe. Mas isso é mintira. Uma das situações em que o caramelo reserva o maior pudor é na total incapacidade de aceitar ber duas moscas (a mosca amais o mosco) a praticarem sexo, agarradinhas e a nadar no caldo, como se a sopa fosse só pra elas.

Imaige:

Um prato de sopa e o som do zumbido de moscas a chafurdar, misturado com som dum caramelo a sorver uma sopa...

- Mas q... isto dá-me uma raiba caté...

Som duma balente punhada na sopa, até se dar um clarão!

Narrador:

Como pudemos constatar, esta situação lebou o caramelo a dar uma punhada compulsiba no prato da sopa que escagaçaou a cozinha toda com padaços de baldorega cozida a escorrer pas paredes e caras a baixo, como se houbesse um arrebentamento duma granada dentro dum panelão de sopa.


Muito mais se podia falar sobre a história e a ebolução sexual caramela, como o hábito do home praticar sexo com um cigarrinho nos beiços, o fetiche de ter uma noite romântica no parque de estacionamento do Marcado do Pinhal Nobo (na Salgueirinha), ou até mesmo os mais intranhados desejos de chirar cuecas nos estendais por auto-recriação. Tudo isso poderia ser desimbolbido como quem desimbolbe uma apalpadela pas coxas acima. Poderia! Mas ficamos por qui, se não ainda temos que se berzuntar com criolina.