27.8.11

Notícias breves da Caramelândia

Agosto ei o mês em que os caramelos vão a banhos, o mês da ocupação libre e selbaige de selhas, alguidares, tanques de roupa, tanques da água, valas, charcos e todo o tipo de basilhame que cumporte liquido augativo e que tenha tamanho suficiente para que um home, se não se puder apragar todo lá par dentro, pelo menos possa descalçar as peúgas e infiar os chispes de molho.

Mesmo assim a máquina caramela da FLC não pára e, oleada a mines, melancia e tinto da região, bai olserbando o que de melhor acuntece na nosso territóiro.

Bejam lá atão:

Novo espaço gastronómico na Caramelândia

Ei já amanhã a inauguração do novo restaurante “Intulha-te atei Arrebintares”, situado no Lau, em frente da Loja da Ti Balbina dos Pitromaxs. Este restaurante, com assinatura de design caramelo contemporâneo, pretende satisfazer o gosto de requinte dos caramelos mais exigentes ao mesmo tempo que faz a fusão entre uma cozinha tradicional caramela e o que de mais moderno possa haber. Assim, o restaurante foi instalado num antigo local de criação de porcos e as mesas são mesmo dentro das pocilgas, com palha no chão para que, quim quiser, possa comer deitado. Outra nobidade sao os talheres, onde facas e garfos foram trocados por colheres de pedreiro e utensílios parecidos. De realçar que alguns dos antigos porcos que habitavam este local, se recusaram a sair e por isso ainda se encontram lá e circulam alegremente pelo meio dos clientes, criando uma simpática e familiar atmosfera. Este novo espaço da gastronomia caramela apresenta também nobidades para almoços e jantares de grupos, onde há a possibilidade de comerem todos da mesma gamela. Como diz o dono deste estabelecimento, “aqui pagam 7 euritos e comem atei arrebintar, atéi a pele da barriga nã poder esticar mais e das duas uma, ou rabentam como os balões dos gaiatos no Marcado, ou se não, ei porque ainda há espaço para mais uma colherada de intulho de coiratos!”.

Outro aspecto importante, ei que estará sempre á porta uma ambulância dos bumberos, pronta a lebar vítimas de arrebentamento por alarvidade comensal.

Alguns dos magníficos pratos que aqui se podem experimentar:

– intulho de coiratos com côida de pão duro;

– panelada de grão com cabeça de vaca;

– Chispalhada à moda do Albino Abrutalhad;

– Arroz de feijão com orelha de porco caramelo-mirandez (servido dentro de um carro de mão);

- Intarmiada com pão cum manteiga dos dois lados;

Concentração de canzoada de raça coelhera

(dia 9 de Setembro, 16h00)

Como se sabe a raça coelhera é a única raça canina estritamente caramela e tem como imagens de marca viver dentro de um bidon, estar atado a uma árvore e traçar as sobras dentro de tachos e panelas velhas. Outro sinal de marca, á o orgulho do seu dono-home caramelo que quando com ele vem á cidade caramela, usa um cordel como trela. Este cão caramelo também tem a característica de se ingalfinhar facilmente à barduada com outros canitos (que por sua vez também estão presos com trelas de corda que os ligam a donos brabios), o que cria bonitos efeitos de homes e canzoada tudo inliado nos cordéis e da rojo uns por cima dos outros.

No entanto, as concentrações espontâneas desta nobre espécie e todo o folclore a elas associado, terminou quando acabou a vacina gratuita da Câmara Municipal de Palmela, no antigo Matadouro Municipal. Por isso, esta primeira concentração pretende fazer com que não se perca esse hábito dos homes trazerem o seu canito a passear uma bez por ano à Capital Caramela, Pinhal Nobo, e todos possam ber a brabeza desta bicheza malina, que ei a canzoada de raça coelhera.

Associado a este evento está também a criação da Orquesta Sinfónica de Canzoada do Mi-dia, onde se espera reunir cerca de duzentos canitos brabios a uibarem à sirene do meio dia! A concentração vai ser no Largo José Maria dos Santos, no próximo fim de semana e é organizada pelo G.A.C.R.C.C. (Grupo dos Amigos da Canzoada de Raça Coelhera Caramela).

Bem e participa! Traz o teu canito!

(Bai haber almoçarada pós donos para que depois haja restos pa dar a canzoada).

Formação em Grafite inbertido

(dia 3 de Setembro, das 12h00 as 19h00)

Interessante formação para jobens caramelos (e canalha em geral) nesta nova técnica de grafite urbano e semi-rural. Consiste em se utilizar cal, trinchas e pincéis de escoba grossa, caiando com vigorosos movimentos, por cima dos gatafunhos-parbos dos grafites tradicionais. O resultado final são belas paredes brancas caiado-grafitadas por jobens artistas, nobos balores da caiação caramela. Se és um jobem com gosto pela pintura e pelo grafite-parbo, bem aprender esta nova técnica monocromática (só com uma cor, a da cal, ta bisto).

A cal e os pincéis são oferecidos na formação. A formação decorrerá nas paredes do túnel que passa debaixo da linha, perto da cunpratiba e do Clube Desportibo Pinhalnobense e é patrocinada pela Junta de Freguesia de Pinhal Novo.

Bem Caio-grafitar mais a gente!

12.8.11

CONSULTÓRIO DO DIA-A-DIA "A PUNHADA"

Se tiberes ãinças ou buntade de dar punhada no fumo do coirato, escrebe práqui que a FLC dá-te o azeite. Tamém podes fazer as tuas précuras que temos um rancho de caramelos especializados que te dão as respostas certas.

"Exmos. Srs da FLC, serve a presente para vos dar os parebéns pela vossa contribuição na afirmação da Cultura Caramela e para que me ajudem na resolução dum problema de integração nesta comunidade. Morei muitos anos em Cruz de Pau, mas agora sou habitante no Terrim há cerca de dois anos, e pretendo integrar-me plenamente na vossa cultura. No entanto, tenho reparado que a Cultura Caramela caracteriza-se por uma certa agressividade, já que é recorrente afirmar-se aqui o termo “punhada”, “uma mine pus cornos abaixo” entre outros, como actos perfeitamente naturais, típicos desta cultura, valorizados como uma virtude. Ora, a questão é que, na minha integração, eu não partilho desta prática e não quero apanhar “punhadas” nem “mines pus cornos”. O que devo fazer, para o evitar? Muito obrigado pela atenção,

atentamente,

Nuno Almeida de Espítito-Santo e Mello"


Ó meu repaz, só com uma cumbersa destas é que bocê arranca a gente das augas frescas dos regos da rega da melancia pra dar uma resposta a preceito.

Intão ei assim.

Im primeiros, se bocê quiser intrar im pleno na nossa cultura tem de lebar umas punhadas pas trombas. Nã há bolta dar. Isto é como um leitão branco no meio dum rebanho de bezerros pretos: Ou éi ou nã éi. Nã há méé nim meio mééé. Mas é parciso intender muita coisa, pra nã achar que samos um pobo biolento à parba.

O que bocemecê está habituado é a uma sociedade hiper-litigiosa em que acredita que tudo se resolve com um libro de reclamações, tribunais e recados em telemóveis. E o que bocemecê queria é que cada cidadão caramelo andasse com um libro de reclamações pindurado ao pescoço. Mas isto nã é a América, nem a Inglaterra, nem a Assembleia da República. Na América, se uma velha peidorreira, num elebador a cagulo de gente, largar uma flatulência de carácter sonoro (isto é, se ela deslargar um peido-morteiro), no primeiro andar, quando chega ao quadragésimo andar já tem um processo em tribunal e quando tudo isto se resolbe já a velha deu o peido-mestre. Se for num elebador da estação do Pinhal Nobo, os que lá tiberem dizem im coro pá velha “aliiiiimpa-te”, e quando chigarem à superfície já está tudo resolbido e cada um bai à sua bida. Isto é só pra bocemecê começar a intender. Na realidade, cada caramelo carrega em si um agente da autoridade, um advogado, um tribunal, um juiz e um sistema judicial caseiro. Assim, quando estão dois a garriar, podemos contar com mais de duzentos agentes da autoridade, advogados e juizes, dada a assistência sempre pronta a intrar em acção.

Na berdade, a punhada é mais antiga que as palabras. Vem na Bíblia Caramela: "primeiro Deus dotou o caramelo da técnica da punhada e só depois lhe deu o poder do discurso verbal." De resto nã fazia qualquer sentido um caramelo dizer “tás aqui tás a papá-las” sem ter desembolbido previamente as práticas da punhada! Dado este facto, na era do caramelopitecus, antes do uso da palabra, era a punhada que serbia para comunicar e resolber qualquer conflito social. Se a mulher queria que o home fosse apalhar balduregas pró jantar, dava-lhe uma punhada pu bucho, se ela quisesse um beijo carinhoso, dava-lhe uma punhada pus beiços... e assim sucessivamente. Porém, o advento da palabra substituiu estes códigos que se foram perdendo na históira, como o dinheiro se perde com o IVA a 23% prá luz. Ainda hoije é tecnicamente impossíbel andar à punhada e articular, ao mesmo tempo, um discurso erudito. Apesar de tudo, a punhada resistiu até aos nossos dias mantendo alguns códigos originais. Segundo a obra de referência “Garreias e Lambadões pas Trombas” a punhada é definida em vários tipos:

- a punhada recreatiba, que serbe para desembolber o físico e exteriorizar os impulsos brabios de forma controlada e pacífica, da qual nasceu o jogo do pau e a garreia em terra batida;

- a punhada jurídica, que serbe pra resolber conflitos sociais quando o debate-garreia já nã serbe pra nada. Pode ter hora marcada e tem um carácter legal entre a irmandade, por isso nã deve ser banalizada. Aqui usa-se o lema “uma punhada bale por mil palabras”.

- a punhada sociabilizativa, que serbe pra consolidar os laços caramelos por contacto físico. Nada de festinhas apandleiradas ou apalpadelas nas nalgas, falamos de punhada pu lombo, o palmadão na peitaça, o calduço no cachaço entre outros gestos brabios.

- e a punhada educatiba, que serbe pra pôr o gaiato parbo num gaiato esperto e nã acontecerem coisas como acontecem actualmente em Londres.

Atenção que uma sessão de punhada a perceito pode ter um bocadinho de tudo isto à mistura.

A gente conhece aquela galfarraige que faz as leis, aumenta os impostos e outras coisas que tais, e teima em abolir por completo o contacto físico como forma de convivência social e como código regulador das relações entre as pessoas. No intanto a FLC sabe que os comparsas dessa maltezaria (que se esconde atrás das palabras) aprendeu a fazer despedimentos colectivos por telemóvel. Foi a esta elegância por distanciação que chigámos. A punhada exige a presença física, o cara a cara, a coraige, a balentia e a convicção nas ideias e nos actos. O mundo caramelo não está montado em cima dum sistema subjectivo feito de recados e truques de retórica. Para um caramelo, muitas palabras juntas nã fazem lei, fazem um home parbo! Por isso entendemos a punhada como uma assinatura, um princípio legitimador de balores sociais adonde nã há dúbidas: ou ei ou nã ei! Assim, na nossa cultura quando a mitraige assalta uma capoeira de galinhas e é apanhada, leba logo um tratamento pá tosse que fica ca boca cheia de de penuige até perder o entusiasmo de boltar. Se fossem a tribunal, ficaba a promessa de boltarem ainda com mais alegria e arrecadarem tamém as gamelas, o milho, os poleiros e as capoeiras.

Portantos, em todas as modalidades, quando falamos de punhada, não falamos de agressibidade ou estupidez, mas sim de um símbolo da berdade social com as suas regras e limites. A punhada parba, oriunda da agressibidade gratuita e estupidez não pertence aos caramelos mas a alguns primatas mal amanhados que precisavam mesmo era dum balente ensaio, que só parava quando aprendessem a recitar palabras bonitas que nem o Mário Biegas, como ele diz aqui:



Portanto, se bocemecê quiser integrar-se na cultura caramela, seja balente, porte-se bem e lembre-se que as regras do contacto físico têm um caminho próprio e natural, como as águas do bidé a correrem pu ralo entupido. Rapidamente bai cumpriinder que quanto mais punhadas recreatibas levar dos seus companheiros, mais pode retribuir e mais integrado está. Um dia, bai perceber que já nem se sente bem quando nada acontece, e... quando nada acontece começa a ficar parbo dos cornos e a sentir-se abandonado que nem um cão badio com febre da carraça. Segundo os ingleses, isso dá bontade de assaltar lojas, incendiar as casas dos bizinhos e partir o que ainda parece inteiro.

Boas férias e se tiberem na praia saúdem-se com uma garreia na areia, se tiberem na Caramelândia, garreiem no charco ou no tanque que assim se fazem bons caramelos.