23.12.11

MAIS UM EPISOIDE DE COIRATOS CUM AÇORDA

a nobela da tarde totalmente garriada em caramelo moderno

Episoido especial de Natal

Início de Inverno na Caramelândia, as folhas das árvores ainda caem em alguns locais, o sol a meio-gás bronzeia suavemente o lombo dos porcos caramelo-mirandeses que vagueiam nos campos em busca de traçantes que ingordem e façam os seus donos orgulhosos na hora da matança.

Albino Chispalhudo ta im casa. Olha cuntemplativo para a árvore de Natal que a sua mulher acabou de decorar com algodão e rabuçados de mentol. Lembra-se do seu tempo de gaiato, quando esperaba pelo Pai Natal e ia apanhar pinheiros selbaiges no campo. Dócil como um barrasco capado, senta-se no sofá enquanto a sua mulher lhe massaija os chispes com criolina e augardente noba. Ligam a telebisão. Bai começar mais um episóido dos Coiratos com Açorda, a sua nobela preferida (neste episóido o realizador inspirou-se na bonecaige Russa que biu a ciganaige a bender no marcado e decidiu pôr o Chispalhudo a ber a sua própria nobela, um dentro da outra, um abanço notável na ficção caramela).

Na telebisão aparece um grande plano do interior do Café Lua Cheia Aparbalhada, bendo-se uma árvore de Natal ao fundo com as luzinhas a piscar e o balcão todo decorado com fitinhas brilhantes. Dois homes entram, encostam o bracito ao balcão e pedem duas medias de forma iducada “bá lá ber atão o do costume, já cá debia era de estar!”. (Chispalhudo reconhece-os: “olha, são o Toinito da Sibéria e o Custódio da Siderurgia Nacional!”). Depois do primeiro gole procuram um tema de conversa, ao mesmo tempo que afastam as moscas que andam de bolta dos tremoços cum sal (a câmera segue-as dando imagens bertiginosas). A meio da quarta golada, um diz que o mundo ei grande como uma melancia do Manel Leitero e o outro responde com um sintético “tás parbo”. (O Chispalhudo ri-se mais a mulher, que aproveita para lhe agarrar os pés e cortar as unhas).

Calam-se durante cinco minutos, na bela observação abistada da neta da Ti Juila Alinhavada, que bem lá ao longe e daqui a nada bai passar im frente ao café. Depois da pariga passar, o outro diz que o verão este ano foi no outono, como se as porcas parissem patos e o outro responde novamente “tás parbo”. Opois, um diz que as laranjas da Cunpratiba ei que eram boas, o outro gosta mais das dos Retornados, que o Lau ei mais intigo que a Palhota, o outro responde que os morteros do Cirios da Atalaia boam mais alto que os foguetões dos amaricanos e o outro diz que os amaricanos se ca biessem só gostabam do Cafei Amerca (café América) e o outro diz que eles já andem por aí, só nã bê quim ei parbo. (O Chispalhudo inerba-se, concorda com o verão, mas diz que as laranjas melhores são as do InterMache e a mulher diz que os foguetões ei que aboam mais alto que os morteros. Começam os dois também a garrear, ele a espernear e ela de gazua eim punho a ber ser lhe corta as unhas dos chispes).

„Dizem que agora bai muita malta par fora, pó estrangeiro. "Pá donde? Pa Palmela?; não parbo, memo pa fora, muito par lá da Caramelândia.; Só espero que o nosso parsidente, o Lagarto também nã comece a dizer que a gente tem de emigrar. O outro: pois ei, o mundo ei grande. O outro: Nã ei tão grande como a Lua ou como o Sol. Sim, mas ei redondo. Ei. E pode-se dar a bolta. Pode-se, concorda o outro. E pa dar a bolta bai-se por li (aponta lá par fora, na direcção donde beio a a neta da Ti Juila Alinhavada). Não, pa dar a bolta bai-se por lá (aponta na direcção da casa do Toino Labagante). Não, por li. Não, por lá. Ei por qui! Ei por lá! Na ei! Ei! Na ei! Ei! Na ei! Ei! Por qui!!! Por lá!!! Tás parbo!!! Olha que alebazias, ai lebas lebas!!!" (entra uma música de ferrinhos e som de trela de cão a bater em chapas, a qual cria grande tensão). "Bai uma aposta? Ah ateimas?!!! Sim, ateimo, queres apostar?!! Bamos apostar! Mas primero bamos buer mais uma. Pitroila, bá lá ber mai duas meidas, pá gente buer e adepois se a gente desaparecer diz que um dia boltamos e bai pondo a mesa porque quim ganhar paga a almoçarada e as grades de mines que os homes quiserem buer. E podes dzer quei bar aberto atei a gente regressar." A Pitroila olha descunfiada para eles, ao mesmo tempo que serve a buída e pargunta: atão mas bão adonde?. Respondem os dois ao mesmo tempo: “Bamos dar a bolta ao Mundo, mas na bamos um mais o outro. Um bai por qui, outro bai por li. E bamos a ber quim tem razão!!!!”.

Assintados, Toinito da Sibéria e Custódio da Siderurgia Nacional bebem as duas medias em silêncio, pinsando já na biajem. Odepois levantam-se pedem mais duas, pa lebarem no caminho e arrancam cada um pa seu lado. (Chispalhudo olha pá televisão quase siderado, ei um episodio de grande suspanse. A mulher bai fazer o jantar e cuntinuar a labuta das filhoses. Na mesa vê-se a sopa de intulho begetal em grande plano e duas fatias de pão cum manteiga dos dois lados (para criar habitos de boa comida aos espectadores da nobela). Da cozinha ainda diz “atão e tu nã apareceste neste episoido?!! Agora só te botam a ber os outros na tua nobela?!!”

E agora??? Será que o Toinito da Sibéria e o Custódio da Siderurgia Nacional bão mesmo dar a bolta ao mundo??? Ou bão mas ei ó cafei Capuchinho e ó depois ó Tascão e ó depois ó Cafe América? Ou só inbentaram isto porque na são parbos e bão-se mascarar de Pai Natal Caramelo (que este ano tá ainda em fase experimental) e na querem que ninguém descunfie que são eles???

Não percam os próximos episóidos desta nobela, que ei tão boa como a sopa caramela!!!

A FLC deseja a todos um balente Natal!!!

13.12.11

O Pai Natal Caramelo

Está escrito na Bíblia Caramela que Deus só infiou as mãos na massa pra fazer a espécie caramelosapiens, depois de ter criado o porco os pardais e a geada do Lau. Com uma massa especial, Deus criou então o Caramelo, esperando que este mamífero, dotado duma imbocadura extraordinária pró binho e mines bem como uma apetência voraz por toicinho e coiratos, biesse a dar ao mundo artefactos como o fogareiro, a nabalhita, o sarilho, a flober, a gamela e muitas outras coisas de interesse. E assim aconteceu imediatamente após 60 mil anos de gerações cada bez mais espertas e sequiosas. Mas o que Deus não esperaba (e isso está escrito) era que o Caramelo nunca se desse ao trabalho de inbentar um Pai Natal feito à sua imagem e fitio. Na berdade, na época de introduzir um Pai Natal no meio ambiente, o caramelo foi enganado pelas culturas aparbalhadas da américa e, claro está, adoptou (sem querer) o Pai Natal mais parbo que existe: a figura criada prá Coca-Cola (que é uma buida que serbe só pra arrotar e deixa um home bruto, tal e qual, como se nã tibesse buído nada!). Este Pai Natal de traje bermelho foi desenhado pelo cámone Haddon Sundblom em 1931.

No intanto a FLC nã aceita esta cultura inchertada no interior do nosso território e foi cumprir o que está nos testamentos Bíblia Caramela: versículo 123698: Não tenhas, pois, o teu Pai Natal por filho de cámónes parbos; porque dessa figura nascem meus cuidados e para o termo do meu desgosto terá o Caramelo de imbentar o seu.”

Dito isto, a FLC, pôs mãos à obra e foi pedir ao Nicolau Fictício, um horto floricultor capaz de criar obras de arte só com uma cavadela. A sua vasta obra faz uma fusão entre o barroco tardio e o conceptualismo atómico. Uma das obras mais emblemáticas é o relbado micro-orgânico do campo de futebol de Baldera que todos podem olserbar aos domingos.

Nicolau Fictício respondeu ao nosso pedido, imbentando o Pai Natal Caramelo que a partir de agora, deberá ser adoptado pelo nosso povo. Eis intão como ele se afigura:

  • - Em bez de barba de penuige branca, usa um bigode e umas patilhas caté mete imbeja aos silvados do Poceirão;
  • - Em bez dum pijama encarnado, usa um traje domingueiro do rancho do Pinhal Nobo e um chapéu de aba larga (tipo vocalista do rancho da Lagoa da Palha);
  • - Em bez de andar a aboar com renas, anda a pei com um carrinho de mão cheio de oferendas.
  • - Em bez de entrar pa chaminé, toca uma flaita (com a modinha dos amola tesoiras) prá família abrir a porta. Se nã abrir a porta, o Pai Natal abre um roço na parede, com a ajuda duma picareta.
  • - Em bez de oferecer balhanas de plástico da China, oferece sacas de ração prá bicheza, ovos caseiros e fatias de pão com manteiga (barrada dos dois lados).

Muitos mais predicados tem este personaige sazonal que que é o Pai Natal Caramelo. Este ano entra ainda numa fase experimental, mas para 2012 a FLC está certa que bai ser muito bem acolhido, pois é sabido que para o ano, por esta altura, qualquer gaiato bai dar mais balor a uma fatia de pão com manteiga do que a um polícia de plástico, a pilhas, feito na China.

"Foram os nossos tetra-bisabós

que se puseram a imbentar

usos, costumes e forrobodós

prá gente hoije disfrutar."

(Quadra popular da Benda do Alcaide)

6.12.11

Formas de independência total 1


A FLC está agora mais concentrada do que nunca em levar a Caramelandia a obter a independência total e incondicional.
Com esse objectivo em mente, reunimos as hostes principais e debatemos (em torno de uma valente almoçarada) o que ei afinal necessário fazer para que isso finalmente aconteça. E durante a sagrada sesta-digestiba e em posição refletibhorizontal chegamos á conclusão que entre outras coisas (que a seu tempo também as explicaremos) ei necessário que sejamos independentes economicamente. E se olharem bem (com olhos de ber ao perto e ao longe como os da coruja sobrevoadora dos nocturnos céus caramelos) atei que já o samos. Temos comida cum fartura (frutas, vegetais, porcos, pão e cumpanhia) e buida do melhor que há (água e binho de cagulo, só nos faltando produzir mines, mas isso ei outra conbersa, para depois). Atão se temos isto tudo na temos outra coisa. E essa coisa tem a ber com fraguenetes de caixa aberta, bicicletas a motor, motorizadas e veículos tractoristas. Porque se a gente bebe mines, água e binho, estas maquinas bebem pitroile e ás bezes atei têm mais sede do que o Toino das Mines em dias de Marcado pela hora do calor. Ora e como bocezes sabem, a gente na produz pitroile (já produzimos, hoube assim uma espécie de corrida ao pitroile caramelo. Se querem saber mais sobre isto leiam a Grande Entrevista de 5.9.06) e se assim ei das duas uma: ou andamos a cabalo num burro (ou a cabalo num cabalo ou a cabalo im nos próprios) ou se queremos andar a cabalo im maquinas buedoras de pitroile bamos tar sempre dependente de recursos exteriores aos da nossa planície colectiba. Por isso, para alem do regresso das carroças ser também uma solução, não se mostra por bezes prática para necessidades do dia-a-dia, se por exemplo um home so quiser ir buer uma mine ao cafei do lado (uma só pa começar, ei claro) ou se tiber de ir apanhar o cabalo de ferro por exemplos na Benda do Alcaide (ou lebabamos o macho mais a gente a cabalo no cabalo de ferro ou fica ao sol e á chuva a distrubuir coice e patada atei a gente chigar). Por outro lado, para os caramelos da capital ei difícil por um macho ou égua, mesmo se o bicho na tiber bertigens, dentro da marquise num terceiro andar.

Continua ou o resto a gente dá-bos a ler depois.