19.3.12

pequenos contos caramelos contemporâneos

O Parbo-esperto e os outros

    Era uma bez um home do qual os outros homes diziam que era um home parbo. Chegabam ao pé dele e diziam:” tás parbo!”, depois iam-se imbora, cada qual na sua bida. Na terra dos homes e do home e dos outros que diziam que aquele era um home parbo, isto era idea comum entre todos, facto assumido, como os cabelos no peito dum home rijo, a cera nos obidos que sai obrigada antes de mais um domingo de Marcado ou o ferro de ingomar nas chispes posteriores de uma mulher, que resmunga, mas alisa a roupa do seu home. Certo dia o home que os outros homes diziam que era parbo quis deixar de ser considerado parbo, mas os outros homes logo disseram que ele se taba a armar im parbo com a ideia de se armar im não parbo e que isso era ideia de um home memo parbo. O home que diziam que era parbo, decidiu assim dixar de se armar im parbo e comprou uma saca de batata noba e uma Sumol de laranja. Levou a saca para a porta do caféi e começou a descascar as batatas e a atirar as cascas para qualquer lado, enquanto daba umas goladas na Sumol. Bieram os homes e disseram que ele se taba a armar im parbo, que ninguem descascaba batatas e buia Sumol de laranja ao mesmo tempo. No outro dia, continuou a descascar as batatas e agora deitaba as cascas no lixo, e deixou de buer a Sumol de laranja, mas os homes bieram, olharam e disseram uns para os outros, tá armado im parbo, qualquer dia ainda leba umas punhadas pu lombo. No outro dia, não descascou batatas, sentou-se simplesmente no banco corrido a buer umas mines sozinho. Os homes bieram e disseram (sem parar para olhar), tá armado im parbo. No outro dia, sentou-se no banco, sozinho, a buer médias, duas de cada vez. Os homes bieram, olharam e disseram, tás armado im parbo. No outro dia, sentou-se e não fez nada. Bieram os homes e disseram, debes de tar armado im parbo. No outro dia, ficou de pe, bieram os homes e disseram, debes tár parbo, os bancos são para um home assintar a peida. No outro dia assintou-se. Os homes bieram....(ja sabemos o que disseram). O home ficou assim assintado, um dia, uma noite, dois dias, sete dias, dois meses, passaram motorizadas e estacões do ano, houve punhada e garreias de rojo im frente do café, desfizeram-se casamentos e hoube bailes e nabalhadas e o home continuou assim, sentado de mine na mão, a olhar o horizonte brabio, como quem olha sem ber o que pensa que olha. Os homes disseram, armou-se im parbo a ber se agente tamem. Foram ter com ele e disseram todos ao mesmo tempo:”tas armado im parbo, o quei?!!!”. O home do qual todos os homes diziam que se armaba im parbo, não respondeu. Os outros disseram nobamente de forma mais raibosa:”tás armado im parbooo ou tens os coiratos do oubir incerados im demasia??!!!” e foram ter cum ele, a dizerem agora bens mais agente, agarrando-o e lançando-o para a grabilha im frente ao cafei. „E agora, deixas de ter armares im parbo ou bais de Automotora pa Bendas Nobas?”, disseram. O home do qual diziam armar-se im parbo, nada respondeu, assintado horizontalmente na grabilha ocasional., imparbalhado como um espelho dos outros homes (daqueles espelhos rectangulares sim moldura, ja com os cantos escuros, que se pindurabam por cima do laba-chispes). Os outros olharam, encolheram os ombros e odepois intraram no cafei. Apoiaram o cotobelo e pediram uma rodada de mines. Bueram brutamente e disseram: „tába armado im parbo, tem na mania quéi esperto”. E os outros acenaram que sim, ao mesmo tempo que buiam.

    Depois algum dos homes que diziam que o outro home era parbo, aproveitando uma pausa silencial disse: "quim pede a

    abaladiça? Se um home na bebe fica parbo!". E os outros homes disseram que ele
    nã ficaba parbo... E o outro home sorriu descansado. E os outros homes continuaram, "nã ficas parbo porque
    és!!!!" E todos passaram a achar aquele home um home parbo e depois cada um foi para a sua bida, mas apenas depois da ultima
    abaladiça.