13.1.13

ENTREBISTA À PARSIDENTA DE PALMELA


Já habia por i uns burburinhos que a FLC tinha sido desatibada pelas forças reacionárias da Troika, mas isso é totalmente mintira. A berdade é que a Frente de Libertação Caramela está a reunir todos os esforços na construção duma rede de túneis para que seja possível o contacto com o resto do mundo, sem ter de passar pela Europa e sem ter de pagar os impostos para saciar o sistema digestivo dos bancos. Por isso, alguns caramelos já estão a fazer intercâmbios de reforma-agrárias com Marrocos, Nova Zelândia e Malásia.
Mas a nossa saída dos túneis para bir aqui a este baldio debe-se a uma outra razão muito, muito especial.
Atão foi assim: no ramal do túnel que dá acesso a Burundi chegou-nos uma mensaige urgente, via rato-correio, que obrigou as fações diplomáticas de alto calibre a uma missão expecial de esclarecimento ao pobo caramelo. Trata-se pois então da entrevista à Presidenta Teresa Palmelona (PTP) que se bai reformar compulsivamente, sem termos de esperar que ela seja ligada às máquinas quando tiber 98 anos.
            A entrevista tebe de ser feita num território neutro entre Palmela e a Caramelândia. Por isso o lugar escolhido foi no cruzamento da Bolta da Pedra, dentro duma Toyota Dina, atrabessada no meio da estrada e camuflada com ramaiges de pinheiro brabo e canas da Bala da Salgueirinha.
Segue a entrevista.
FLC – Boa Tarde. Como é sabido, qualquer caramelo sabe distinguir muito bem a linha que sapara a nalga esquerda da nalga direita. Como explica o rego que separa uma cidadona autarca que se reforma com 47 anos e os outros que, com a mesma idade, só se podem reformar quando tiverem 598 anos?
PTP – Estamos a falar da linha legal que legitima a diferença entre uma coisa e outra. Como é sabido, a minha situação não é igual à sua, ou à de um simples caramelo que trabalha uma vida inteira a plantar torresmos. Cada caso é um caso, sabendo que ambos estão no âmbito da legalidade e dos direitos fundamentais da constituição.
FLC – Mas, dada a diferença entre o seu caso e o caramelo comum, podemos admitir que o rego legislativo bai dar a um buraco obscuro normalmente repudiado pelos mais distintos valores morais. Não acha que está a chafurdar dentro desse buraco imoral?
TPT – Não. Nenhum buraco está ser violado. Todos os buracos – e passo o excesso de metaforização – podem ser devidamente ultrapassados à luz do direito e dos fundamentos jurídicos. A questão moral é subjetiva. Á luz da moral, o mesmo buraco, para uns, pode ser objeto de fruição e glória e, para outros, pode ser a mais repugnante simbolização do indivíduo...
FLC – E dessas duas, qual é a que gosta mais?
TPT – Como disse, a moral não é o ponto central da questão.
FLC – Hummm. Diga lá intão à gente: não acha que a reforma só deberia ser lançada quando um caramelo se tornasse incontinente compulsibo, comprovando nas finanças a compra de fraldas Lindor.
TPT – Claro que não. Se assim fosse, haveria logo uns espertalhões que, com 47 anos e de plena saúde, compravam pacotes de fraldas só para obterem a reforma... e se calhar ainda iam vender as fraldas novas para a porta da Sela. Seria uma situação muito injusta, especialmente para aqueles que continuavam a trabalhar honestamente o resto da vida até estarem ligados a um ventilador.
FLC – Mas, esses tais espertalhões não estavam a fazer mais do que superar um buraco legislativo despudoradamente?
TPT –  Sim. Mas era muito injusto.
FLC – Portantos, no seu intendimento de justiça social, bocemecê safou-se à grande que nem uma rainha do petróleo?
TPT – Ah ah! Gosto da comparação...
FCL – Mas não foi por acaso, porque os árabes têm aquelas torres a chupar petróleo, e por cá, temos a política a chupar os rendimentos dos caramelos. Mas bocemecê safou-se nã se safou, hã?
TPT – Pode-se dizer que sim, cada um usufrui dos melhores recursos locais.
FLC – Um dos nossos colaboradores mais olserbador disse “vivaça e roliça como ela é, dava uma bela moça prás vindimas de Baldera”, o que tem a dzer sobre isto?
TPT – Poderia dar, mas isso não pagava os 1859 euros que vou ganhar sem fazer nada.
FLC – E esse “sem fazer nada” quer dzer o queim? Quer dzer que bai fazer companhia à reformadaige com palestras nas paraiges de autocarro, ou bai jogar às cartas nos jardins da caramelândia, nos próximos 40 anos?
TPT – Seria uma atividade interessante, sem dúvida, mas o que estou a pensar é em ocupar uma outra função público-privada com um ordenado cumulativo àquele que aufiro como reformada.
FLC – Sendo a sua reforma o bolo em cima da cereja que exalta o princípios ideológicos de igualdade social satalinista, há por aí uns rumores que, no dia em que bocemecê ganhar a reforma, o seu partido bai celebrar o ebento com uma Festa do Abante extraordinária, tocando a música “Avante Camarada” durante cinco dias consecutivos sem parar. É berdade?
TPT – Não me importava, mas acho um bocadinho exagerado.
FLC – Exagerado pelo excesso de metaforização da letra da música quando diz “e o Sol brilhará para todos nós”?
TPT – Não. Porque eu não quero ser canonizada. Já fico satisfeita se o jornal do Pinhal Novo dedicar uma edição inteira à minha pessoa.

Quando a entrevista terminou, as forças especiais de intervenção do MPPPNGPEPONG estabam desalmariadas à bolta da carrinha pra dar um insaio de punhada na parsidenta. No entanto (e estranhamente) a mulher estaba totalmente de acordo com a ideia! Mas a FLC nã foi na cumbersa e acalmou os ânimos pois se a criatura lebasse um camarço de punhada ia logo a correr a pedir um subsídio de invalidez, que duplicava o balor da reforma e tinha de ser transportada de Rolls Royce pra onde lhe apetecesse, nos próximos 50 anos.