29.9.14

FEIRA MEDIEVAL CARAMELA


Toda a terra deberia ter uma feira medieval, sem dúbida. Mas a FLC tem uma bontade mais profunda porque considera que todos os condomínios, todas as marquises, quintais e currais deberiam ter tamém a sua feira medieval. Pelo menos uma bez por mês. E isto porque bibemos numa época especial sob o lema progredir regredindo/ regredir progredindo. É por estas e por outras que a FLC não fica atrás do seu tempo e tem vindo a fazer uma feira mensal de índole medieval pós moderna num dos pontos mais atratibos da caramelândia: o grande terreiro da Salgueirinha (junto à Cumpratiba das Farinhas). Esta feira brabia é inteira e genuinamente medieval excepto as retretes nas primeiras horas do dia. Todos os materiais utilizados têm um caráter pós-clássico mas de casta plebéia como o esferovite, espuma de poliuretano, polipropileno, polietileno, o gás butano, e até o latex. Os feirantes medievais (ciganos, ucranianos, marroquinos e alguns índios) vêm trajados de terylene gótico pra benderem todo o tipo de balhanas, muitas delas montadas cuidadosamente por gaiatos chineses.
Para dar um certo ar histórico aos pequenos e médios intelectuais amantes desta era, a FLC tem um pugrama repleto de cultura medieval carregada de mensaiges subliminares, como por exemplo um jardim zoológico com animais que existiam na idade média (porcos, galinhas, cabras, etc.), e tamém bendedeiras com pregões pra comprar peugas a 1 Euro, tal como se passou a fazer já muito depois do ano 1238. É certo que esta feira medieval pós moderna tem proporcionado uma certa alegria a todos os caramelos pois tem decorrido sempre com o seu ar castiço a cada segundo domingo do mês. Curiosamente, no mesmo local decorre em simultâneo, o Marcado do Pinhal Nobo!
Portanto a FLC adverte,
se és caramelo

deslarga o castelo


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se queres uma abentura medieval,

vem mazé ao Marcado da Capital.

5.9.14

E se fosses tu? Hã?!

PUDINS DE PENSAMENTO

Uma crónica sobre o existencialismo caramelo e outros distúrbios da realidade,

com a assinatura da Associação Académica 

"Os Sefosseus"



O dircurso oral caramelo tem um mecanismo testado e aperfeiçoado desde os tempos que as caramelas mijabam dim pei, por debaixo das sete saias (um home só sabia disso quando bia nelas um olhar cândido e infinito, e ao mesmo tempo um lago a crescer debaixo dos chispes). Uma cumbersa caramela está está sempre cheia de fertilizantes linguísticos e cresce até se tornar intelectualmente inacessível para um palmelão... ou lá o quer que seja. Quando a faladura se torna performativa, a linguaige é ornamentada por uma bela sessão de punhada a geitos de ilustrar as posições de cada um e desencardir todos participantes. Mas isto já toda a gente sabe. O que se quer aqui rebelar é um dos pontos mais importantes e misteriosos do discurso caramelo que pouca gente conhece, mas aplica no seu dia-a-dia.
Atão é assim: toda a cumbersa caramela, a dado momento, dá uma cambalhota e um coice imaginário. É o momento que inquieta e atrai, um ponto que desperta o caramelo para uma metafísica popular capaz de espumar todas as cabeças a mesma seiva mental.
E esse momento determina-se quando alguém, em alta voz, começa a frase assim: “Se fosse eu...
Falamos pois, do ponto “Sefosseu”.

Trata-se do momento cumbersatibo onde o orador pode dzer o que lhe bai nos neurónios caramelos em todo o seu explendor sem efeitos intelectuais retroativos. É o momento da arte e dos instintos, o lugar em que a comunicação adquire o estatuto de liberdade e poesia.

Estudiosos da FLC já conseguiram distinguir seis tipos de Sefosseus, os quais apresentamos exemplos tirados de bários cafés e tremoçarias da nação.

O Sefosseu heróico-destemido:
Se fosse eu, escalava logo ali par cima dum eucalitro, opois saltava par cima cornos do boi, ia amontado nele até à do Toin Barbante pra buscar um baraço, opois prendia o bicho à automotora da meia noite e um quarto. Queria ber se ele me marraba. Era o marrabas! Quando ele pensaba em abançar, já os cornos estabam no Poceirão!”

O Sefosseu abstrato-incógnito:
Se fosse eu, eles habiam de ber como é que era! Nim sei o que fazia, era o que era!”

O Sefosseu bélico-apocalíptico:
Se fosse eu arrebintava com aquilo tudo... e quem ficasse ai ai ai, ainda lebaba com uma marretada pas trombas caté os olhos iam parar ao Samouco. Só ficabam os escarabelhos pra arrumar o esterco.

O Sefosseu onírico-delirante:
Se fosse eu, com 150 milhões... só pra começar artilhaba a minha minarda com asas de prata e duas turbinas em labaredas, pra caçar pardais, a fazer toques de embriage em pleno voo ca minha flober.

O Sefosseu escárnio-blasfemizante:
Se fosse eu, dizia a ele pra comer merda de galinha à colherada mais a puta cu pariu!”

e por fim o Sefosseu mixordio-aparbalhado:
Se fosse eu entrava lá par dentro com uma limosine im chamas e começaba a escarafunchar com a minha nabalhita até eles terem que fugir par cima dum poste de alta tensão... opois, com um baraço pinduraba eles de cornos pra baixo caté...!”

Naturalmente nem todos os cidadãos podem usufruir desta dádiva comunicatiba. Falamos por exemples do parsidente Amaro, que, a meio dum discurso nã pode dzer Se fosse eu atirava os pedragulhos do castelo pu barranco abaixo e alcatroava o morro todo pra fazer uma pista de obstáculos prás pcicletes.” Ele nã pode, mas qualquer caramelo pode!
Ou, noutro exemplo, o padre a meio da missa não pode dzer Se fosse eu, lá no céu, era só cobrir, cobrir, cobrir e buer o binho sagrado do Cajó com parsunto até ao arrebatamento total. Ele nã pode, mas qualquer caramelo pode!

Estudos rebelam que sem o ponto Sefosseu, a comunicação caramela tende a extinguir-se no silêncio (a obir-se apenas os porcos a darem notícia lá ao longe ou, ebentualmente, o grunhido dum telejornal). Por isso conclui-se que qualquer cumbersa tem por finalidade chigar o mais rápido possíbel ao ponto Sefosseu para desencadear um deleite mental à desgarrada.
O momento discursivo Sefosseu é a forma de dizer a berdade uns aos outros, o exercício do autoconhecimento, a expressão do pinsamento selbaige. Quem faz cumbersa no momento Sefosseu, é, afinal, ele próprio em toda a sua natureza brabia.