23.8.09

Grande entrebista de verão (parte II)
Ora atão bamos cuntinuar a entrebista ao Nidberto da Cramalheira!
"(...) Podem botar também na nossa cunbersa que os homes do Ministério Caramelo da Educação debiam de pricurar professores mais caramelos do que alguns que por aí bejo, que insinassem ao gado míudo o que éi ser caramelo, o quéi a nossa cultura. Bejam que atéi eu que só tenho a 2ª classe sei qual éi a nossa capital, nã sadmite isso a um home-professor, que eu atéi os raspeito muito”.
Dito isto (já íamos na quinta grade de médias), o Nidberto da Cramalheira foi direito ao assunto, prestem bem atenção agora, que ele bai falar mesmo rápido:”atão a nha neta beio de lá de Lisboa a dzer que biu as estrelas dentro de uma casa que lá o céu éi lindo como nunca tinha bisto eu parguntei-lhe se taba parba se foi lá de dia de dia nã há estrelas ela disse que não dentro da tal casa taba de noite eu disse tás parba e dei-lhe uma balente galheta nos quexos ela atei andou pú chão ficou a chorar e foi dizer à mãe a mãe dela (nha filha, Anacleta Imborcatiba) disse ó marido (ao Alcindo Escabador) e ele beio parguntar o quéi-que se passou eu disse que a gaiata tá parba ele disse-me párbo tá bócê ainda nos ingalfanhámos à punhada na rua os dois a rabolar por cima do intulho pós porcos bofatada e pontapéi a coisa acalmou ele foi à bida dele e eu á minha e eu ódepois atéi tibe pena da gaiata (aqui parou pa puxar ar e surbia pa dentro do corpo-vasilhame e arrincou outra bez o relato). Pus-me a pinsar fui à colectibidade pinsei a tarde toda e disse: atão ela aicha que lá as estrelas eí que são bonitas pois bai ber as nossas mais dó-pé tão perto que atei a bão incandiar e bai ber que as estrelas no céu da caramelândia éi que são as más lindas do mundo. Já tenho um plano (aqui abançámos pá sexta grade, esta taba na parte de trás da paraige, debaixo de umas silvas) falei com o Babuíno Aluado (inventor caramelo, também já entrevistado pela FLC), ele bai-me ajudar na ideia e agora só éi praciso dinheiro. Por isso tibe a ideia de leiloar a minha cramalheira de ouro puro que tantos inbejam e que bale uma furtuna. Fico sim dentes, mas com dinheiro para inbestir. Olhos de Áuga há de ter o primeiro olserbador da estrelaria de toda a caramelândia, e a nha neta bai ser a dona-gerente-utilizadora do estáminé, bai ser a nha herança par ela” (os olhos brilham pela primeira vez mais do que os dentes, as médias imborcam-se como caracóis com pão cum manteiga).
A conbersa bai longa. No horizonte da paraige, o sol caramelo começa a dar as últimas labaredas. Por aqui diz-se que são os raios do horizonte abaladiço. Normalmente é o pretexto para a(s) última(s) abaladiça(s) dos homes da terra, reunidos em pequenos grupos na Colectibidade e às vezes à porta da mercearia da Ti Juila Espezinhada. Também o Nelo nos diz:”bamos atão à abaladiça?” e saca de mais uma grade de médias (já bão 8 a dibidir por três homes). Antes de arrancar para mais uma parte da história, limpa a garganta e as vias nazais, fazendo sair da boca uma bela lasca de cor esverdeada e formato ligeiramente arredondado, a qual o canito sempre atento nem deixou cair no chão. Olhou orgulhoso pó canito e disse: “atão bou contar o resto, já éi de noite, mas tá agradábel, gosto de conbersar ao ralento selbaige da nha terra.
Atão oiçam agora, éi ingraçado! Erámos gaiatos (os olhos brilham novamente), róbava-mos açúcre na mercearia da Ti Juila Espezinhada...
(cuntinua).

1 comment:

Zé do Cão said...

A lasca esverdeada!.. ahahah...


só falta esta...ahahah...
Pra hoje, nim tenho palabreada.