16.5.05

O cantinho da Cultura


Espaço anteriormente baldio ocupado agora pela cultura caramela.
Todas as semanas uma entrevista com uma figura de destaque da cultura caramela.

Entrevista com Ti Balbina Acocorada, poetisa popular e agricultora pró feminista, moradora na Palhota.

Ti Balbina Acocorada, reside na Palhota há cerca de 97 anos. De pensamento lúcido ostenta com orgulho uma Kodak onde está a recitar poesia no marcado de Pinhal Novo, em 1954. Passa os dias entre o seu terreno e a casa, perdida nos seus pensamentos „brabios”, como gosta de os designar –„De pensamento brabio em pensamento brabio bou tendo ideias para os meus bersos”, diz, enquanto folheia o seu album de retratos.
Nos seus versos relata o dia a dia da nossa nação caramela, as suas gentes e as suas opiniões sobre o mundo que a rodeia. Para ela o mundo, acaba na estrada que divide agora a Palhota ao meio, não lhe interessando o que está para lá da Vala (Salgueirinha).
Conta que antigamente, ia com frequência à capital (Pinhal Novo), mas que agora já raramente– „Ê cá já na bou. Quase já ninguém mintende. Na outra bez, fui lá á pricura de uma coisa, á loja do Toine Brinca, e depois pa boltar tibe muito trabalho. Tibe de bir a cabalo num carro de praça, os homes do táx iam andando à bardoada um cu outro, pa berem quem é que me lebaba e eu a aturar aquilo. Na, a mim na ma apanham lá, é muita confusão. O Pinhal
Nobo, tá muito desinbólbido, até o marcado, que intigamente era só ciganada, agora tem lá homes de toda a raça. Na, ê cá na bou.”
Ti Balbina, é contra a tecnologia. Para ela, luz só a do Pitrómax: „atão assim na se bê tão bem?!, é cá preciso essas coisas da electricidade?, o mê pitromax é qué bom!”.
Ultima resistente da cultura caramela, recusa-se a comer em pratos, ostentando a sua gamela, onde come continuadamente há mais de 80 anos, afirmando „e dantes comia tudo da mesma gamela, os homes dum lado, as mulheres do outro”.
Apesar de tudo isto, é na sua maneira de interpretar o feminismo que ficou conhecida além fronteiras do mundo caramelo. Para ela a mulher caramela, deve obedecer ao homem caramelo, mas deve obedecer de forma violenta. Como ela nos disse „o home é que manda, fui iducada assim. A mulher deve obedecer, mas deve garriar, ir à luta com o home e se for preciso, andar à cabeçada. Nunca ma abaixei em frente dum home, sempre levantei a crina, como ó galo”. Caracterizada por aquilo a que Pierre Vandongo, conhecido antropólogo francês designou de feminismo semi-selvagem, influenciou muitas mulheres do seu tempo.
Na sua poesia, nota-se a intíma ligação da mulher com a terra. Sempre defendeu que para ela a cidade não existe, só o campo, „atão sê cá nunca bi nenhuma, pa mim na existe. Na, na benham cá com isso de ber na telebisão, quê nem sei o qué isso”.
Tem uma rua na Palhota com o seu nome, a recta onde os despiques acontecem. Talvez porque a unica tecnologia que aceite sejam as motorizadas a motor. Desde nova que tem uma Famel, que volta e meia é artilhada, pois é amante da velocidade.
É esta personalidade ambígua, que deixamos a escrever as suas poesias rurais.
Ti Balbina acocorada, 97 anos, um símbolo da nossa cultura caramela que vale a pena conhecer.

2 comments:

Anonymous said...

cunfesso que me parto a rir cum este baldio.

Anonymous said...

Por cá estou eu outra vez a minha Teresa foi trabalhar, e empregada lá na escola do (?) não posso dizer, se não vou cair e depois todos os que leiam isto na cabonete vão saber quem eu sou.
E para poder ser mas livre como diz o partido ao qual eu pertenço tem que se manter o anonimato e que agora a outras formas de fascismo mesmo por dentro lá do meu partido
E que se sabem que sou eu vão me tirar o tacho, e os camaradas depois não vão querer jogar a sebeca com migo, e dizerem me que isto da cabonete também se pode arranjar namoradas, mas isso não deve ser aqui, e que eu já estou com a minha Teresa a um quarto de século e gostava de provar outras ratinhas com grandes marmelos como aquela lá no Costa, se a por ai alguma Maria Madalena que me deixe uma mensagem e que vá ter ao Costa todas as manhas pelas 8h e 30minutos e quando eu vou lá comer uma sandes de coiratos com um bom copo de vinho cheio, depois tenho que ir abastar os caros em energia G (?), mas as segundas o meu turno só e a tarde… e só lá trabalho a meio tempo, devido a minha idade de 50 anos, e a preguiça devo confessar e que eles dava me trabalho a tempo inteiro 12h por dia, mas 4 pela calada, então guardei as 4 pela calada e fui pedir um tacho a Junta assim que a Cambra dão me como eles dizem o mínimo garantido para ter tempo de fazer propaganda com os outros velhotes na jogatana lá na cede do partido….
Bom tenho que ir beber o meu cheio lá no Costa e ir ver se alguma com grandes marmelos já leu isto… deixa me já todo roxo e não e do vinho só agora e que vai ir um...
O meu nique, Valente Caramelo