Estudos da FLC têm rebelado que os níbeis de imbecilização da sociedade moderna nos últimos anos têm sido preocupantes. Pra evitar esta tendência no nosso territóiro, o restrito grupo dos Cabreiros Templários (conselheiros cativos à FLC) reuniu-se clandestinamente à bolta duma malhada de cabras pra traçar um curso intensivo, emitido por cordel atado a uma rede de latas bazias.
Cada habitação irá ter uma lata, com um buraquinho no fundo de onde sai um cordel esticado que, por sua bez, bai ligar a um painel de latas instalado nos estúdios da escola. É então o Curso Propedêutico Tele-Lata Para A Cultura Caramela (C.P.T.L.P.A.C.C.).
Infiem os bossos obidos par dentro das latas e bamos lá intão obir e aprinder.
Mini-Apresentação:
ORQUESTRA DA SFUA (em dias de budeira colectiva):
Tom tororom, frlôm fôm fôm…
Tum tururum, frlum fum fummmm.
PATARDO DOS CÍRIOS DA CARREGUEIRA PRA DESIMPOEIRAR AS LATAS:
“PUM”
“A BASSOIRA ”
PROFESORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):
O mundo doméstico caramelo está repleto de objectos importantes que poupam o home e a mulher de ter que esgrabatar cas unhacas pra fazer as coisas, por isso, hoije bamos falar da bassoira.
Dum modo giral a bassoira serbe para inxotar o lixo para a porta do bizinho que por sua bez inxota o lixo para a porta de outro formando assim uma comunidade. Trata-se portanto de uma das mais intigas formas de sociabilização, mesmo antes do caramelo apanhar ubas pra comer e buer. Nos tempos intigos, a bassoira era constituída por um tufo de tojos secos atados por um baraço.
SOM DA ARAIGE A UIVAR PUS RAMOS DUM EUCALITRO AMAIS A BOZ DUMA CARAMELA A BRADAR...
Áudio-encenação:
- Óh Jacinto, deslarga lá a inxada e bai fazer a mim uma bassoira que eu preciso de barrer os cortinados.
- Já bou. Deixa isso im paz e bai mazé fazer a sopa que eu tou cuma esgana capaz de comer um barrasco pus cornos.
PROFESSORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):
Assim se percebe que a bassoira se tornou desde cedo um objecto de fabrico caseiro, tipicamente feminino com múltiplas funcionalidades e pouco apreciado pelos homes.
A bassoira sem pau era baixa e tinha o poder de dobrar a caramela para o acto da barredura dando todo o relevo ao traseiro a dar-a-dar, coisa que agradava ao seu amado. Mas quando a mulher barria a eira à frente doutros homes, o seu querido home já não achava graça nhuma e essa posição podia até dar punhada giral. Foi intão que se inbentou o pau de bassoira prá mulher ficar direita e os outros deixarem de se limber com os olhos.
Com o pau, a mulher ganhou outra elegância e poder de manobra. As mais belas coreografias domésticas estão associadas à caramela quando barre a terra, a grabilha e as caricas, que a sua família trouxe agarrada às botas par drento do lar. Ber ela a barrer e a assobiar entre os raios de sol, é um dos momentos que qualquer home caramelo gosta de guardar na memóira pra toda a bida.
A bassoira, além de barrer, tebe sempre muitas outras utilidades, como sacudir os tapetes e as fronhas das almofadas, tirar as teias que as aranhas caramelas gostam de fazer aos cantos da casa, ou até mesmo para abanar o fogareiro. Mas dada a inbenção do pau, multiplicaram-se as utilidades, tornando-se assim um dos artefactos mais importantes da bida doméstica.
SOM DO CHAFURDAR NUM ALGUIDAR COM 50 LITROS DE CAL ACOMPANHADO POR UM DIÁLOGO DE GALOS POR ESSE CAMPOS AFORA...
Áudio-encenação:
- Ó Natércio, bai lá pôr a bomba d’áuga trabalhar pra meter aqui áuga no balde pra eu mexer aqui a cal com o pau da bassoira.
- E tu já tens trincha pra caiar o muro?
- Atão na bês que tenho aqui a bassoira. Bou caiar com ela… e deixa-te de cumbersas e bai já ligar a bomba.
PROFESSORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):
O pau da bassoira serbe portantos para mexer a cal, desintupir a retrete, bem como educar o gaiato parbo a ser o home de amanhã. Neste caso, um gaiato que tenha na mania, tem logo prometida uma pazada de bassoira pu lombo caté impa.
SOM DUM BANDO DE GAIATAIGE A JOGAR À PADRADA E A ESTILHAÇAR O VIDRO DUMA JANELA. OPOIS SILÊNCIO… …
ABRUPTAMENTE OUBE-SE O ESTRONDO SECO DUM PAU DE BASSOIRA A ACERTAR NO LOMBO DUM GAIATO DESACAUTELADO E A FAZER DELE UM HOME ÀS DIREITAS...
Áudio-encenação:
- Toma lá que é pra aprinderes. – diz a mulher caramela na sua missão educadora.
PROFESSORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):
Não sendo um objecto que dure para sempre (como por exemples um pneu), a bassoira tem o seu ciclo de bida bem definido no nosso dia-a-dia. Quando é noba, serbe pa barrer as impurezas da casa, mas à medida que bai embelhecendo, a bassoira passa a fazer serbiço no quintal e, vai, vai… até acabar na pocilga. Mesmo quando a bassoira está resumida ao pau, ela já nã barre nada, mas ainda assim tem nome de “bassoira” e serbe pra fazer com que o bacro aprenda a portar-se com catigoria, como um banqueiro dentro dum Jaguar im direito à pousada do Castelo de Palmela.
BARULHO DUM BACRO A BARRASCAR NA GAMELA E A COMER BOLOTA À GANÂNCIA; ESTOIRO DO PAU A INCARNIÇAR O LOMBO DO BICHO, SEGUIDO DUM GRUNHIDO DE EXCLAMAÇÃO:
Áudio-encenação:
- Grroinc!
- Toma lá que é pra na seres lambão e te acautelares. - diz o dono.
- Grônc. – resposta do bacro.
PROFESSORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):
Nos dias de hoije a bassoira ganhou muitas formas e tamanhos, chegando mesmo a ganhar o fitio dum toalhete de papel agarrado a um cabo. Ainda que apresente um cabo cumprido, este é pouco resistente e facilmente se desmancha quando atinge o lombo dum porco ou dum gaiato parbo (razão pela qual a gaiataige e os homes de hoije têm dificuldade em intender os ensinamentos que uma bassoira intiga podia proporcionar).
O artefacto sim trambelho nhum que o mundo moderno impurra (prá gente jogar fora a bassoira), é o aspirador. Este objecto eléctrico, que faz mais barulho que o comboio dos bolksbaiges, requer, no entanto, o dobro do trabalho para usar. Além disso, o aspirador tem a capacidade de chupar dos dois lados: de um lado chupa as pequenas impurezas por uma mangueira e, do outro, chupa a electricidade com 23% de imposto. Apesar de ter o poder de chupar continuamente sem se fartar, não consegue chupar uma carica, uma pedra de grabilha ou até uma caganita de coelho que ficou colada ao cimento. O pior de tudo é que retira toda a beleza coreográfica e os belos cantos de assobio que uma caramela refinou ao longo dos séculos. Portantos, barrer é uma coisa, chupar é outra e não benham cá com misturas parbas. A bassoira intiga é que éi.
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E agora responde às seguintes parguntas:
1- De que objecto tibemos a falar?
2- Indica três utilidades importantes que tem o pau da bassoira.
3- O que é que chupa sem se fartar?
4- Porque é que o banqueiro bai de Jaguar e não bai de Zundap?
5- Porque é que o IVA da electricidade é 23%?
6- Desembolbe uma redacção, a partir da tua cabeça, sobre as semelhanças entre um aspirador e um banqueiro. Nã te esqueças de usar o pau da bassoira.
Bom trabalho.
5 comments:
Boa tarde pandleraige!
Pa mim uma mine que tou ca sede.
As vassouras varrem bem e os caramelos gostam de ver as caramelas a varrer dobradas. Eu bebo mines e bejo-as a barrer e bou logo buer mais grades e depois bou ber o motor de rega e depois rasgar pano de motorizada. As perguntas que os homes fazem devem de ser para intelectuais, mas bou buer mais umas grades e responder. Bou agora buer. Biram o Zei Ratoera? Se o birem digam-lhe pa bir buer mais eu. Bou agora.
onde anda o Zei Ratoera... isso é que é uma voa pergunta..... o resto como diz o Toino das Mines debe ser para intelectuais... eu prefiro ir buer umas mines com ele... isso é que faz a caveça rodear e assim se ter as voas respostas....
Uma ideia para todos os caramelos comerem era plantar hortaliça naquele descampado cheio de palmeiras.
Hortas para todos os que querem trabalhar... assim tinha-mos bons legumes para fazer a nossa sopa caramela… era bom aproveitar aquele terreno que esta ali as moscas…
o Zei Ratoera, deve ter imigrado para o estrangeiro, é que com estes parvos que gastam mais de que a malta produz não a futuro... deveríamos o cá deixar sozinhos e que se desenrascassem para pagar essas estradas e que as comam...
Parece que há por aí uma Caramelos descontentes, uma liga dissimilada de multidão jovem que enfim está resolvida a lutar pelo que é seu, Caramelos que partilham entre si o desagrado e a vontade de dizer abunda. Caramelos que para mal de muitos, os que gostam de tudo catalogar, não se está a deixar entrincheirar, não pertence a sindicância, jotas, nem tão pouco colectividades, são apenas Caramelos, em que cada um responde por si capaz e que tem a ousadia de querer ter uma voz impulsionada no futuro da Caramelandia.
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