(Esta é a bersão feita à máquina, pra toda a gente ler)
CARTA
Frente de Libertação
Caramela
Esconderijo projetado
à malhada do aceiro do
Ti Toino Desinxaugado
Comando Central para a
Liberdade da Cultura e da Economia Caramela (C.C.L.C.E.C.)
Exmo. Parsidente da
Sede Palmelona, Álbaro Balseiro Amaro
Atão éi assim: ...e
isto só par começar: bocemeçê sabe quem samos?
A gente samos da Frente
de Libertação Caramela (FLC), e estamos aqui pra dizer “bamos lá
Álbaro, faz-te um caramelo brabio (da família dos Balseiros) e afinfa-lhe cum
força”. Com a FLC bocemecê tá à buntade... mas nã tá à bontadinha! Isto porque
a FLC é a organização selbaige que ajunta toda a cozedura cultural e
temperamental da identidade caramela, e é considerada pelo pobo como a
organização mais séria e soberana do território e isto sempre à luz do azeite da Marateca como auto-gestão emancipada, ou seja, a gente só manda na gente, e só a gente éi que
sabe. A câmara palmelona nã éi nada ao pé da gente. Só pra saber.
Tamos a escraber esta
carta aqui nesta máquina intiga cumprada no Marcado da Capital Caramela com as teclas
incalhadas e ingaveladas por todas as cumbersas ao mesmo tempo... uns zurram... outros grunhem... outros dão punhadas e esgravatam com os chispes no chão de
terra batida da cozinha, onde ontem fizemos um balho pra o assintar e....
- Posso falar?...(diz um ali)
- Posso falar?... (grita outro aqui)
– MAS EU POSSO FALAR?...(grita outra com
salpicos de cuspo)
– PORRA, E EU POSSO FALAR?... (gritam todos de infiada com o
dedo im pei aquaise engalfinhados, até parecemos uma matilha de escalabardos a
estraçalhar um pinto badio).
Opois do Xico Beiçudo
ter lebado com a máquina de escreber pas bentas, toda a gente concordou com a
cumbersa e atão é assim:
Im primeiros, a FLC
abriu um ministério totalmente dedicado à libertação
da economia caramela. A gente, a partir de agora, bamos tamém libertar a
nação das garras suinas da Europa. Samos em prol da economia caramela em toda a
sua balentia, e nã tamos pra brincadeiras. Portanto, ou a câmara está ca gente
ou nã tá. Ou tá, ou nã tá, hã? Isto quer dzer que nã pode estar e nã-estar
simultaneamente ao mesmo tempo em paralelo, apesar do Toino das Ideias Parbas
tar aqui a dzer que sim, que sim, que pode ser que isso ei a teoria da
permanência múltipla infinita, ó do nã-sei-quei das quantas. Tamos im crer que
estando bocemecê rodeado pela sabedoria da reformadaige jovem (ainda sem bechôco),
venham muitos bitaites e saia daí boa ingrícola gobernatiba. No entanto,
abisamos que temos uma vasta experiência em montar claraboias losalíticas, todas
im telha de losalite transparente em qualquer teto (até nos esconderijos a 500
metros de fundura), pra que, deitados nas claraboias, como a lagarta da coube,
póssamos olserbar de cima todos os acontecimentos de índole manhosa. Tamém
temos canzoada de raça traçadora-de-restos que descobre qualquer coirato
suspeito a aboar a um quilómetro de altura. Por isso tamos atentos a toda a movimentação.
Qualquer ganido pode despoletar o pior: bocemecê é logo descaramelizado e
deportado pra França onde bai ter de ir tocar concertina e cantar a Linda de
Suza debaixo da Torre Eiffel (a FLC já tem um espaço concessionado para o
efeito, ao lado da barraca da postalaige e a carrinha do Albino dos Ácaros já
tem gasoile pó caminho).
Isto quer dzer que nã
tamos aqui pra andar ao Deus-dará. Bocemecê tem de manter a forçaria e o foco
no bem-estar caramelo dê por onde der... os chineses podem dormir dentro de púcaros
de arroz e os palmelões podem rebolar pu barranco abaixo que isso não intaressa
nada. Temos de passar já à independência económica antes que o mundo se bire
totalmente contra a gente, e os caramelos deixem de cobrir e de procriar.
Assim, por exemples, o
IMI, a partir de agora só deve ser pago em géneros locais. Só pra começar (e já
fizemos as contas pelos dedos ímpares das mãos abulsas da malta da Atalaia), o
IMI do monte da Ti Vulcânica dos Gemidos dá o seguinte balor:
-
Um braçado de lenha fina cum geada;
-
Uma carrada de estrume prensado a seco.
-
Meia alcofa de cebolo graúdo.
-
Um talego de povides de melão da Palhota.
- Um frasco de Tofina cheio de formiga d’asa (pra armar ós pássaros).
Para as taxas
municipais de publicidade bamos mais longe. Temos, por exemples, o toldo do
café “Buer até Bolsar” que, segundo as nossas contas, pode pagar por ano:
-
Um camião de vasilhame em tara perdida;
-
Um quilo de moedas de 1 cêntimo já em forma de anilhas.
-
Cinco fardos de jornais do Pinhal Novo, totalmente lidos.
E muito mais podíamos
dzer, mas ficamos por estes dois exemplos.
E agora aqui bai mais
um cunselho com catigoria: pra manter boas relações municipais com o parsidente
Lagarto nã bale a pena andar com maninguices espertas a falar francês pra ele,
porque uma bez o chefe da CP disse a ele “Ó Manel traz-me lá um Croissant”, e
ele trouxe uma garrafão de tinto da Cascalheira; e quando o chefe da CP disse
“Ó Manel vamos aí a uma Boite beber Champagne” o Lagarto espatou o chefe na
taberna do Ameixa e impanturraram-se os dois com uma gamela de torresmos do Lau.
É por estas e por outras que às bezes há descarrilamentos.
Prontos, a prosa já
bai longa e nã caremos ser aborrecidos como aqueles chibos com gosma que lebam noite-e-dia
a relinchar ós obidos dum home.
Atão éi assim: se de
repente lhe assomar um clarão pus obidos adentro, isso samos a gente a dar um
abiso (do tipo pirotécnico), a dzer que estamos com dúbidas sobre certas e
determinadas iniciatibas municipais. Mas se for bocemecê a ter dúbidas não
hesite im cuntactar a gente via foguetaige rija (usar o código secreto da
morteiraige da Fonte da Baca). Tamos sempre preparados pra dar palpites im
forma de bons conselhos, traduzidos opois em patardos ca tei a canzoada
palmelona foge a ganir pra Azeitão.
Balentemente atentos à
sua pessoa, e com respeito à cumbersa estamos por hora totalmente cumbersados e
intendidos das dúbidas da gente e bocemecê.
Sim mais nada daqui
prá i,
Cuntentes por este
cuntacto chegar às suas mãos,
A gente encontra-se
por i.
Noite da primeira bentania
do Outono de 2013,
O Embaixador Caramelo da
Serra do Louro e resto de Palmela,
Hinaiço do Rego Louro
M.I.N.E. (Mais Intulho Na Escrita): se quer ser um representante caramelo e nas
sessões solenes tiber de cortar fitas e usar grabata, acostume-se ao seguinte
procedimento: arregace as mangas até ficar com a peitaça de fora à home brabio
e, com toda a balentia, estraçalha a fita com uma motosserra. Isso sim é que é
de balor... um home ó ei ó nã ei.
Da esquerda prá dreita: Ti Augusta Lamparina, Ti Gestrudes Caganitas, Ti Perpétua das Varetas. Estão todas três na apanha de baldurega pra pagar o IMI da malhada do Ti Simplício Sextavado (ele é que tirou esta codáque).
2 comments:
Pinhal novo, 11 maio (Jornal da Caramelandia) – Os separatistas da região Caramela anunciaram hoje que 89 por cento dos habitantes da Caramelandia que transmitiram no subscrito clandestino são a favor da independência com Palmela e que 10 por cento manifestaram-se contra.
“Este pode ser o resultado final” disse Raúl das Desditas, o líder da incumbência eleitoral criada pelos separatistas para o referendo, aos jornalistas após o encerramento dos ajuntamentos de opinião.
O referendo pró-independência é considerado “farsa” pelo Partido do Barbeiro e dizem que os resultados não são reconhecidos pelo Poder de Palmela.
Até ao momento não foi divulgado qualquer dado sobre resultados do referendo no Costa Bar onde os ajuntamentos de parecer Caramelo Exaltado cerraram um pouco mais tarde.
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