A TRADIÇÃO CARAMELA E OS BARDOADA

Agora bamos falar dos hábitos caramelos e o porquê dos Bardoada.
Como se sabe, uma das tradições mais antigas dos caramelos é fazer barulho, mas não é barulho à parba.

Em meados do sec. XIX os caramelos enxotavam as pragas de gafanhotos e outros insectos em direcção ao Instituto de Malariologia em Águas de Moura onde estavam médicos, caramelos importantes, e investigadores de todo o mundo à espera. Quando a bixeza chegava espantada pelo barulho, todos apanhavam e investigavam - o que prova a importância do povo caramelo na ciência e na malária mundial.
Esta campanha de enxotamento baseava-se no barulho, usando inicialmente pequenas gamelas batendo com uma colher. Posteriormente, já no século XX, com o aumento do paludismo e do tamanho dos insectos, começaram a usar latas da cal de 25 litros batendo com um bordão (era então a “bardoada”) e só mais tarde já na década de 50 é que foram usados bidons de 250 litros batendo com barrotes (normalmente travessas retiradas da linha dos comboios). O barulho era ensurdecedor e não só servia para enxotar a praga como para chamar a vizinhança e acudir aos aflitos.
Esta prática, única no mundo, desapareceu na década de 60, deixando apenas uma variante verdadeiramente inédita: o enxotamento do escaravelho da batata. Nesta actividade, feita em total silêncio durante as noites, bastava bater com os paus na terra, «era a campanha do enxote da bixeza rastêra» - comenta a Ti MariVarizes - «que começaba em Março no batatal da Fonte da Baca Carreguêra, semprindiente a bater na terra, semprindiente, semprindiente, e só acababa lá prós baldios d Águas de Moura, im Agosto». Quando disse “baldios” a nossa caramela referia-se obviamente ao Instituto de Malariologia já desactivado. Esta prática, sem paralelo no resto do mundo, acabou também por desaparecer com o advento em praga de faméis e zundápes de escape livre, (sem falar nos motores de sulfatar), que substituíram por completo os insectos na nossa região.

No entanto em 1998 a tradição renasceu. Substituindo as latas de cal por bombos berdadeiros, os Bardoada (nome que reclama as origens caramelas a propósito do bordão), trouxeram a velha actividade para as ruas e para os palcos.
Este grupo procura inspiração ensaiando entre as sacas de batata, os caixotes da fruta e as hortaliças da Cooperativa, tal como antigamente se fazia, mas ao ar livre.

E como é que é?
Os textos antigos mandam que todos têm que aprender a bater ao mesmo tempo segundo certas e determinadas regras, mas nem sempre é assim, pois às vezes têm que bater doutra maneira… mas não é à parba: há que seguir certas e determinadas regras. Os textos mandam também que andem todos de passo certo, mas há sempre um, virado ao contrário num passo qualquer, que diz «Oi… Hêé… e Hêêóó… » e é assim que este grupo tanto nos delicia os ouvidos só com o seu acorde de sol maior. Por isso

caramelo,

não percas no próximo Sábado o aniversário dos Bardoada nos Bombeiros.