27.2.08

Grande entrevista

A FLC volta ao formato da grande entrevista, desta vez com Júlio Desinçaimado, o ultimo faz-tudo caramelo

O sol começava a abandonar a bela planicíe caramela. Lá á frente, as luzes do “Anda cá mais eu”, o mais famoso café da Fonte da Vaca, já estavam acesas e brilhavam no óleo do asfalto, sinal de despiques recentes. Era aqui que tínhamos encontro marcado com Ti Júlio Desinçaimado, o último representante dos dignos faz-tudo caramelos, uma espécie de homes já em extinção.
Falar de Júlio Disinçaimado é falar de alguém que não se lembra de nada mais do que sempre ter sido como foi. Este é um homem que nunca comprou nada na vida: “só duas ó três bezes na Raforma Agraira no Pinhal Nobo, quando a nha bomba de rega cunstruída cum molas de roupa de madera e alfinetes de prega se abariou”. Já teve estabelecimento aberto na capital, na antiga rua das peixarias, e chegavam clientes de todo o vasto território caramelo, “aquilo era um ber se te abias, traziam tudo pa arranjar: ratoeras pás arganáças, desintupidores de retretes abariadas, flóberes desingatelhadas, cagatórios à antiga portuguesa, daqueles que um home se tinha de pôr de cócoras, ê sei lá, home, os caramelos têm de tudo párranjar”. A profissão aprendeu-a com o seu avô, Balbino Orelhudo, mais conhecido como o Desinçaimado, o famoso inventor do desorbalhador (produto que tira o orbalho das batatas com um mecanismo colocado num barril de madeira). Júlio, fala do seu avô com orgulho, como um mestre que lhe ensinou a difícil arte de tudo fazer. Nim o mê abô nim o mê pai, cumprabam nada, fui habituado a inbentar tudo e a saber arranjar tudo, “par mim éi tão fácil arrinjar um guarda-chuba daqueles do marcado, como desmuntar o motor da nha Sachs, todo desatarachado ódepois de um despique brabio, daqueles im que eu participaba aquando era um gaiato aparbalhado. Par mim tem tudo a mesmo segredo, o home quando monta as coisas, qualquer coisa, usa as mesmas regras. Par mim ei o mesmo: fazer uma sopa de batatas caramelas ó muntar uma antena feita de canos de flóber no telhado para apanhar a rádio antena caramela”.
Do café “Anda Cá Mais Eu” até à sua casa é saudado por todos com respeito e a maior parte deles ainda lhe pede para arranjar coisas, mesmo ali à pressa. A ti Balentina da Pata Larga, traz um desodorizante que “dixou de dar chero, beja lá ó Ti Desinçaimado, o que pode fazer!”, o gaiato do Manel da Pança, traz um tira-olhos-às-rãs que foi o próprio Desinçaimado que inventou, mas que de tanto uso já não funciona. O Julinho do Intulho, bem pedir-lhe uma “máquena que faça desaparecer o intulho”.É com dificuldade que conseguimos percorrer o curto caminho até casa do nosso faz-tudo, que nos conta que “bolta e meia tenho de andar à bardoada ali fora, porque eles pinsam que eu tenho de lhes fazer tudo, se dou uma galheta num gaiato, ódepois bem o pai e às bezes dá bardoada da rija, mas nã mimporto, par mi atei ei bom, porque praciso de me mexer e umas cabeçadas pus quexos dos outros fazim-me bem, desinçaimam-me”. Mas o que nos trouxe aqui, foi “uma espeice de último desejo!”. Júlio Desinçaimado, quer construir o primeiro avião totalmente de fabrico caramelo. No seu quintal, já se pode ver o projecto a tomar forma: “a chaparia, tou a montar com os meios bidons que fui recolhendo, os bancos bou fazê-los com grades de mines derretidas e tenho na mania que isto bai boar pelos céus da caramelândia ca belocidade da pardalaige a fugirim desóstinados depois da foguetaige da festa da Atalaia!”.
Mas sobre isto, falaremos na próxima entrevista a Júlio Desinçaimado, o ultimo faz-tudo caramelo, uma espécie de homes brabios em extinção, que interessa preservar.

19.2.08

Episoide 1297 de Cuiratos cum Açorda

Mais um episoide importante da nobela totalmente falada em caramelo e produzida a partir das nossas intenas pra todo o territóiro.

É dia de casamento, Vanessa da Tatuaige no Rego e o Zei das Casmarras bão ajuntar-se um mais o outro. Este casamento é a maior produção de sempre da telebisão caramela e nada ficou ao acaso. A quantidade de figurantes foi tal que a FLC teve que ir buscar sete carradas de caramelos à Marateca e outras tantas à Jardia.

O dia escolhido é um dia de chuvada, para se parecer com o dilúbio, em que o Pinhal Nobo fica totalmente alagado com as águas da Vala da Salgueirinha e que toda a gente se prepara pra fazer a Arca de Noé Caramela (um assunto a tratar num próximo episóido).

Tá tudo preparado para o grande ebento no adro da Igreja da capital. As arrãs que vêm de dentro do buraco fundo da estação já chegam às bordas do Jardim José Mª dos Santos. Os caramelos, bronzeados até meio da testa, apresentam-se de fato com colete, sapatos de berloques enterrados em água até aos tornozelos, mas sabe-se (dos episoidos anteriores) que foram engraxados com graxa Búfalo (por ser uma graxa brabia resistente às águas alagadiças), e o cabelo pintiado com um risquinho ao lado amais a patilha até à bochecha.

As reparigas, de grandes caracóis e popas, usam longos bestidos decotados pra mostrar a peitaça cheia de colares e cruzes. Têm a cara toda pintada com cores vivas, inspiradas nos carrosséis da Feira de Maio. Trazim saltos altos brabios, cumprados no Marcado do Pinhal Nobo, pra não descolarem a sola quando infiados debaixo d’água. Na mala de entulho, lebam um lenço bordado prá ranheira, um desodorizante, um rolo de papel higiénico, pensos, e um par de chinelos pra quando os sapatos nobos tiberem a morder nos pés.

Venãiça, disfarçou a verruga com pó de arroz mas não esconde que está nerbosa ao lado de Chispalhudo que nã pára de cumbersar sobre o estado actual das finanças locais e dos alagamentos da Bala da Salgueirinha.

O transístor-megafone da igreja, é ligado e começa a marcha nupcial. Chispalhudo leva a neta pelo braço, pra junto do Zei das Casmarras que a espera no altar.

Entretanto,
no Poceirão, à porta do café Eu mais tu, Zeferino dos Chumaços intigo namorado de Vanessa, mete um Euro na máquina de ovos sortidos e… sai-lhe um gancho pró cabelo.
Entretanto,
nas Lagameças, a canzoada gane com a água pelo pêto, por os donos terem ido ao casamento e não os terem levado.

De volta à igreja:

- …juntos par sempre, quer na soalheira quer na giada, quer na inundação?pargunta o pároco.
- Sim. – responde Zei.
O pároco continua:
- E tu, Vanessa da Tatuaige no Rego, aceitas biber com o Zei das Casmarras quer na soalheira quer na giada, quer no dilúbio, quer no sossego quer no pandemóino, quer no arroto e na budeira, e tás preparada pra bersuntar ele de óilo quando ele tiber o bucho birado e presentear ele cum fatias d’ovo quando ele tiber esfomeado às 4 da manhã?
- O quêim??!!

Todos os cumbidados ficam desostinados com uma pargunta tão cumprida e aparbalhada. Até o espectador normal ficou cheio de gasearia com tanta palabra e suspence caramelo, por isso…


Não percas o próximo episoide, se não tamém ficas banhada no dilúvio das águas da Vala da Salgueirinha, e ficas cheia de gases.

5.2.08

FLC saúda o Carnaval dos Amigos de Baco

O Ministério do Turismo Caramelo esteve reunido toda a noite com alguns dos altos representantes clandestinos da FLC, em local secreto da capital caramela, Pinhal Novo. Assunto: O desfile de Carnaval. Desta reunião resultou a seguinte opinião colectiva (apenas dois votos contra que com duas punhadas se tornaram abstenções mais pacíficas): Apoio incondicional ao desfile, condicionado às recomendações de livre exibição dos populares que mostrem o desejo de se manifestarem de forma carnavalesca-caramela, quer através da utilização de indumentária folclórica da nossa região, quer através da utilização de objectos e artefactos que mostrem aos forasteiro visitante a alma e a brabeza do homos caramelus, que “nim no caranabal dexa de ser selbaijamente o quei!”.
Impenhemo-nos todos im dignificar o carnabal, não o imparbalhando com misturas que nada têm a ber com o bardadero carnabal dos caramelos!.

4.2.08

Desfile de carnaval

Deribado às pressões do Ministério de Turismo Caramelo e às diligências da FLC o desfile foi quase totalmente caramelo. As imaiges que se seguem mostram como é que se faz um berdadeiro carnabal.





Aconselhados pela organização do Lisboa-Dakar, a FLC e as forças de Baco, mudaram o trajecto do rali carnavalesco, mesmo assim não se safou do terrorismo caramelo com balões de água.





Im bez do home dos balões, este ano apareceu (a desbrabar terreno) o carro da GNR e, a escoltar ele, uma matrafona com uma mine nas mãos.





O estandarte im setim do Grupo Carnavalesco "Amigos de Baco" . Parece demasiado limpo, umas nódoas de tinto dabam credibilidade à instituição.



Houve uma grande influência da Reforma Agrária, com os produtos hortícolas. Nesta carrinha de caixa aberta, faz uma autêntica alegoria à coelhaige.

Aqui, a FLC tinha proposto uma alusão ao escaravelho da batata, mas acabou por ser à joaninha. Tá bem! Vá lá.

O tractor agrícola como principal protagonista da festa. A alusão pura às nossas origes.



A apicultura e o mel sobre uma Toiota Dina de caixa aberta, dois icones caramelos.



O único som berdadeiramente caramelo. A FLC bem tenta libertar toda a caramelândia da brasileiraige, mas há quem insista em incher os óbidos cum samba. Batuques da Bardoada e dos ranchos é que éi.




Um tractor com ciganaige. Aqui podemos ber um cigano a binder CDs à maltesaria olserbadora do rali. Um elemento da FLC comprou um CD a eles e confirmou que é uma cópia genuina e não essa balhana de coisas originais.


A ciganaige, a tenda, a Toiota Dina de caixa aberta e a dança.




A segunda carrinha da ciganaige a binder trapos, e a GNR a tentar dar conta da ocorrêiça. Olserbim a pistola pronta a disparar prá nalga do guarda...
GNR a correr atrás da ciganaige: uma rábula muito comum no imaginário caramelo.

Uma alusão á pecuaira, às largadas e à toirada, tudo junto. A caramelaige nunca esquece o que é importante.



ASAI e os seus efeitos devastadores no mundo caramelo.


Ora aqui está um bom exemplo dos recursos naturais. Um autêntico farol, único no mundo, com materiais biodegradábeis.

Bamos andando e bamos comendo. Um exemplo multifunções e uma prova de que o caramelo nunca está parado. Para ele o mundo está sempre a abançar.Um engarrafamento de bcicletes a motor alegóricas.

Uma FórTransit de caixa aberta com o "Futuro dos Portugueses". O que bale é que a Caramelândia está em vias de autodeterminação (graças à FLC), e espera-se um futuro grandioso, com pudaleiras e com FórTransites mas chiinho de coirato, pão e mines.

A fase das motarizadas de grande catigoria.


Uma alegoria minimalista, um marco na cultura caramelo-carnavalesca.

Um momento para dar água ó carrito que o fumo não era fictício, era mesmo o motor a gripar. Estas máquinas estão preparadas para esgrabatar por esses aceiros afora e engasgam-se quando andam muito devagar.

Cá vai ele com toda uma série de artefactos encontrados na berma da estrada entre Bal da Bila e Pinhal Nobo.


Como o caramelo guarda a sua caramela só pra si (não é como a brasileiraige que poim as mulheres a fumar à frente de toda a gente), prefere comprar um par de nalgas ós chineses e metê-los ele próprio, pra dar um certo brilho feminino ao rali carnabalesco.


Mais uma bez uma alusão ao comboio caramelo. A evolução da engenharia de uns anos para os outros é avassaladora. Este comboio da 5ª geração, está tão sofisticado que foram precisas duas códaques pra mostrar tal complexidade.

Esta é a segunda parte do comboio tecnológico, com uma cama de rede. Os brasucas não apanham disto assim, tão genuíno, com esta qualidade.

Um panorama das carecas locais.


Uma das sedes ambulantes da FLC, a distribuir cultura em forma de farturas.


Um panorama de todos os agentes da FLC disfarçados de populaça, a ber a cabalaige de encerramento do rali Avenida da Liberdade-Parque José Mª dos Santos.

Um Carnabal único no mundo, porque se torna cada bez mais berdadeiro e sem influêinças dos abiões que só trazim CDs parbos do Brasil.

Para o ano, o caramelo bai fazer o carnabal só com erbas prós coelhos, pra mostrar ó mundo como é que éi.