24.12.13

PUDINS DE PENSAMENTO ... MENSAIGE-ABISO DE NATAL


Uma crónica sob total responsabilidade do escritor João das Porras, sobre o existencialismo caramelo e outros distúrbios da realidade.



É Natal?! Hã? 
Isto é NATAL??!!!
Esta é a precura que eu faço a toda a nação caramela. E isto porque através do meu pinsamento interior, eu aicho que o Natal só existe dentro nas nossas cabeças. Não há nada de substancial no mundo físico que diga “É NATAL”. 
É berdade! 
Podem procurar com um microscópio nas chaminés, nos chinelos e nas piugas, nas capoêras e nas estrumeiras, que não há lá nada que indique “ISTO É NATAL”. Por isso leva-me a crer que o Natal é como um A.V.C. (Aumento Volumoso dos Cornos) na testa dum home sério e casto. Porque na berdade os cornos dum home tamém não existem no mundo físico e só crescem pra dentro do pinsamento (só com um electroencefalograma é que é possíbel detetar electrões de marfim como possíveis quistos córneos na cabeça do hospedeiro. Mas ainda nã está probado!).
            Dada a semelhança entre o Natal e um A.V.C. fui olsebar respostas à do Alcides Candelabro, (assim conhecido porque a sua Maria vai-se recatar nos balneários do clube quando o Lagameças perde um jogo). Quando bati à porta, o Alcides apresentou-se com um enorme candelabro na cabeça, a ramificar-se pa testa acima, ostentando nas extremidades 14 velas acesas (sete pa cada lado). “Oh home, mas que porra é essa?” Perguntei eu com o espanto dum barrasco, quando percebe que a porca é um jacaré.
            Depois de duas grades de Sumois de laranja (o home só tinha sumol lá im casa) ficamos impanzinados e acabamos a cumbersa com um arroto cor-de-ferruige. Apesar de me sentir atordoado como se tivesse lebado um coice pus queixos, ganhei a resposta que precurava. Atão éi assim: quando as coisas só acontecem dentro da nossa cabeça, a gente faz tudo por tudo para que se venham cá pra fora. É intão uma forma de materializar as nossas convicções, sejam elas um par de cornos pa testa afora ou um Pai-Natal pindurado pa marquise adentro. E foi por isso tamém que percebi porque é que as árbes de Natal são berdadeiros candelabros acesos.
Mas não fiquei completamente sastesfeito com esta explicação. Será que há mesmo algo por i que diga mesmo, mesmo, mesmo que é Natal?
Fui intão aos laboratórios da FLC buscar um aparelho especial. O Natalómetro, que mede os índices de natalidade caramela, num raio de 3km. Logo que saí por esses aceiros, percebi que tinha o aparelho errado porque registava altos índices de nascimentos, desde ninhadas de ratos, pintos esgargalados, bezerros e eucalitros, minhocas, borboletas da batata, moscas-das-filhozes e muito mais... tudo nascia a uma belocidade estonteante. Mas isso não quer dzer “Natal”, quer dzer que as nossas terras são férteis e estão sempre a parir por todo o lado.
Fui então trocar o aparelho por outro, com uma forma misturada entre um carrinho de mão e um bolo-rei espalmado. Trouxe intão o Pai-Natalómetro que deteta e identifica provas físicas e irrefutábeis em como, com o mínimo de esforço, e por ser Natal, brota do mundo gigantescas prendas a alguém. Amontei ele no tejadilho da minha bolksbaige e com um auscultador nas orelhas fui de lés a lés em toda a Caramelândia, tentando obir os sinais naturais de “Natal”.
E... nada!
Quando já se confirmava o pior (que não há Natal pa ninguém), passo pelo posto da GNR do Pinhal Nobo e o aparelho disparou um sinal caté parecia uma traboada da Atalaia com a canzoada a ganir. “Olááá! Aqui há Natal que nem as caixas registadoras do Pingo Doce!” Disse eu sem dúbidas nhumas.
Constatei intão que para os lados da bibenda da GNR o Natal manifesta-se naturalmente no mundo físico. Mas porquê? Pergunto eu encorajando o intestino grosso do meu cérebro, já quaise a sair a resposta.
Porque desde que o nobo sargento introu pró comando da GNR do Pinhal Nobo transformou o caramelo no maior recurso natural da nação Lusitana. Para obter bons resultados basta esperar atrás duma moita, numa festa dos Bardoada ou noutro momento especial. Assim, o caramelo bai todo cuntente da bidinha a cantar  trolaré, trolarau bou daqui bou pró Lau... ” e...  zás-catrapumba, vem um tsunami de geninhos (GNR's) e é caçado, abafado e esmiuçado até às ciroilas. Qualquer anormalidade, como por exemples, na sua expressão natural, o caramelo dzer pra um geninho “Tás parbo ó comes merda de galinha?” e é-lhe extorquido o rendimento que tebe durante três meses a plantar morangos. Um verdadeiro banquete pá guarda, um Natal de grande catigoria.

Conclusão: Um ninho de geninhos escondidos atrás duma moita, numa noite de chuba e bentania, é a prova material de que o NATAL existe na natureza.

Portantos, a toda a irmandade caramela, fica o abiso: se querem dar prendinhas de mil euros assim à parba, basta dar uma voltinha de minarda por i à babuige de camisa arregaçada e peitaça de fora.
Se não quiserem, antes de sairem, o melhor é lerem a Constituição, e toda a legislatura como entretenimento para a consoada. Opois de conferirem que está tudo em conformidade, já podem sair e lebar a abozinha im sigurança à sua respetiba malhada, sem assobiar nem cantar, sem peidinhos, nem mijinhas atrás dos pinheiros... porque eles andem aí.

 Confirmado que o Natal existe, cuidado e... bom Natal a todos.




Foi assim que eu me senti quando bui uma grade de sumois!