25.4.08

Para quando o 25 de Abril Caramelo?

É pois, cá tou eu, im directo im cima duma nesprera brabia algures entre a Fonte da Vaca e a Palhota, a dar as ultimas notícias da grei caramela.
Hoje é 25, dia 25. 25 de Abril, o mês da rebolução geral do pais. Pois eu andei o dia intero com as gentes dos Círios da Atalaia, num tractor com reboque , atulhado im murteraige e binho da liberdade. O povo acorria em amena conbersadura, mais procupados im buer umas mines ó uns balentes copos de binho da Irmelinda, do que im festejar a Revolução da Liberdade. Porquei?!! (parguntam bócês, aquase ingalfinhados uns nos outros à bardoada!). Calma, bou arresponder: Nã, se trata de desinformação nim nada, nim sequer de nã dar importância a este dia. Pelas minhas cunbersas (e hoije parcorri à parba– só bou dzer os sítios que me lembro- Baldera, Palhota, Lagoa da Palha, Lagameças, Arraiados, Cajados, Rio Frio, Fonte da Baça, Lau.
E bi que hoije o pobo caramelo anseia ainda pela liberdade. Muitos guardam bandeiras da FLC im casa, numa luta e resistência que só deixa de ser silenciosa quando o fogo rijo inbade os céus im gritos selbaiges de liberdade. Muitos foram os que, quando me biram im cima da fragnete tratorística a acinder o mortero, sabendo que pertenço clandestinamente à FLC, me disseram que aguardam a libertação total e completa de um povo que ainda não çalabrou o intulho da sua cultura.
Por isso, eu, Joaquim Batenera, im nome do pobo caramelo, dexo aqui a pargunta:

PAR QUANDO O NOSSO 25 DE ABRIL?
BIBA O POVO CARAMELO E A SUA LUTA PELA AUTODETERMINAÇÃO!

22.4.08

O Palito II

Desde a invenção do primeiro palito até aos dias de hoije, as suas transformações estiberam sempre associadas a grandes feitos da históira do home caramelo e do home coirão im giral. Por exemples, se não fosse o palito ainda tínhamos que comer caracóis com a casca ou intão tinhamos tirar eles com a unhaca do dedo maminho! Portantos, não há utensílio que o iguale o palito im tantas aplicações… Desde o pau de forfo, até ao palito a pilhas chinês, todos eles representam o artefacto mais versátil e indispensábel do mundo caramelo.

A única balhana que pode substituir um palito roído é mais outro palito” comentou Alcides Putrefacto *1. Este pinsador, natural do Apeadeiro da Jardia, distinguiu mais de 500 jogos populares de taberna, malabarismos e truques de manipulação em que se usa o palito. Um dos truques mais populares é quando o palito é engolido, percorre todo o aparelho digestivo e reaparece 38h depois atrás duma moita, dentro das fezes.

Muito se podia falar sobre o palito em si, já que influenciou quase todos os cantos da vida caramela até ao telemóvel de última geração que já traz tamém este precioso instrumento.

Hoije im dia, os estudos centram-se apenas nos últimos homes que têm sempre o palito infiado na boca, inquieto, ornamentando a cumbersa com baidosos movimentos entre o cuspo. Estes estudos comprovam que o movimento do palito revela as zonas mais brabias do pensamento caramelo nunca antes desvendadas. Esta dualidade entre o caramelo e o seu palito dançante chega a ser considerada como “o ponto de fronteira da realidade com a metafísica*2. Infelizmente, esta actibidade oral está tamém a desaparecer e é mais uma razão para a FLC estar preocupada.

Para que a memóira não desapareça e a nossa cultura seja libre e sadia, fomos intrebistar um dos últimos caramelos que usa o seu palito dançante no dia-a-dia. Uma entrebista a não perder brebemente. Até lá ainda temos outras coisas pra cumbersar de maior importâiça, é ou nã é Joaquim Bateneira?

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*1 Putrefacto, Alcides “Truques e manhas na Tasca do Ameixa” , Pinhal Novo, Reformados da CP Editores, 1987, p.1304

*2 Arrota, Sebastião “Estudos rurais do caramelo urbano”, Lagameças, Publicações Marcado do Lau, 2003, p.30

9.4.08

Gabinete de Pinsamentos Unibersitários

Logo após o Tratado de Bolonha, a FLC foi cumbidada bárias bezes pelos Conselhos Científicos de unibersidades espalhadas pelo mundo, pra apresentar informação importante no baldio oficial e assim ajudar todos os estudantes que se interessem por assuntos caramelos. Deribado à importâinça de tais combites, a FLC montou de imediato, na intiga sede do Pinhalnovense, um gabinete de trabalhos unibersitários.
A informação que se segue, serve pra ajudar o estudante do ensino superior (e comunidade im giral), que prefere sempre consultar os baldios da internet em bez de andarim feitos parbos a ler libros, aí perdidos por essas bibliotecas onde uma pessoa nã pode falar nem assobiar, nem comer pão com manteiga, nem arrotar, nem ber a nobela “Coiratos com Açorda”, nim nada.



Hoije a FLC bai tratar de uma das mais notáveis invenções da história do Caramelo: O Palito.
O Palito I

A invenção do palito remonta à pré-históira, mais propriamente à Idade do Coirato, estando relacionada com os hábitos alimentares da espécie caramela. Esta invenção tecnológica revelou-se altamente revolucionária, não só porque desenvolveu uma minuciosa técnica do manuseamento do palito entre a dentadura e as engibes, mas principalmentes porque facilitava ao caramelo recuperar valiosos bocados de coirato infiados nos dentes, permitindo com isso que a criatura pudesse fazer quase uma segunda refeição. Por tal facto o caramelosapiens, tornou-se desde cedo um home balente e sadio em comparação com outras espécies parbas que não usavam este precioso instrumento.
Contudo, mesmo já na Idade do Chispe, fazer um artefacto de tal complexidade não era uma tarefa fácil, portantos, quem tivesse um palito, jamais o tirava da boca: usava-o ao canto da boca quer nos momentos mais íntimos do acasalamento caramelo, quer durante o sono (não fosse alguém pela calada da noite apoderar-se do palito alheio pra escarafunchar na sua própria cramalheira).

É neste período histórico que nasce o materialismo arcaico,”que consistia em dar toda a importâinça social ao caramelo brabio que ostentasse um palito na boca como sinal exterior de riqueza1. Tal comportamento revelou-se fundamental para a formação da civilização caramela que superou todos os bendabais e chigou aos nossos dias.

Ao longo da históira, muitas dúbidas houve sobre o uso deste utensílio, mas a importante descoberta do esqueleto duma caramela, no Lau (datado do princípio da Idade da Intarmiada), veio a revelar muita coisa nova. O crânio dessa caramela apertava ainda, na sua sorridente dentadura, um belo dum palito que, segundo testes laboratoriais, tinha resíduos de intarmiada de javali. Em primeiros, este facto desmente a ideia de que o palito estava reservado só aos homes, e prova que, nas cerimónias fúnebres, o Caramelo-defunto levava o seu palitinho na boca como artefacto importante a ter no mundo do além.

Atão até ao próximo capítulo e nã percas tu o teu palito.

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1 Parbas, Toin das Ideias “Psicanálise da cultura oral caramela”, Arraiados, Curral dos Leitores, 1976, p.462

1.4.08

O Apocalipse do Meio-bidom

A Sociedade Caramela de Meio-Bidonlogia (SCM-B) anda preocupada com as novas utilizações dos meios-bidons. Pode-se ler num dos títulos da revista técnica “O Fórfo”: confirma-se o apocalipse meio-bidonístico na malha urbana, e prevê-se, a curto prazo, a extinção deste utensílio até nos baldios da Fonte da Vaca.


É sabido por todos que o uso do meio-bidom assador em via pública (a espalhar fragrância de coirato, intarmiada e sardinha), tem sido ao longo dos tempos um ponto de confluência e de conbibência na nossa sociedade, assim como um símbolo de toda cultura caramela. No intanto, como se sabe, esta prática é proibida pelas forças palmelonas que, por sua bez, lembem as botas aos tiranos sanitários europeus que só comem ervas. A FLC e a SCM-B não lembim as botas a ninguém, e por isso consideram esta proibição um atentado aos nossos costumes, sendo que a única maneira de conservar esta cultura seria uma recolha de todos os meio-bidons abandonados para o Museu do Meio-Bidom e do Fogareiro-de-Marquise. Este museu já estaba a ser montado num pavilhão abandonado do Parque do Vale do Alecrim e teria a dupla função de reactivar em labaredas todo o parque meio-bidonístico e, ao mesmo tempo, receber “Os Bardoada” pra poderim fazer barulho à sua buntade em qualquer dia e em qualquer hora, enquanto roerem um coirato à escolha.

No intanto a imaginação caramela trouxe grandes nobidades. A SCM-B tem vindo a berificar que este balioso utensílio não foi dado ao abandono mas sim espontaneamente reutilizado. Estamos a falar dos meio-bidons-cinzeiros-comunitários. A transformação é simples, derrama-se areia das obras pra cima dos restos de carvão e já está: é só esperar que os caramelos fumadores se aproximem e esfumassem à roda do meio-bidom, tal como o faziam dantes com géneros alimentícios. Há um crescendo desta reutilização deixando perplexos todos os meio-bidonólogos que não sabem o que fazer com este sinal dos tempos. Por um lado parece bom, por outro pode ser perigoso pois esta nova cultura de fumar em comunidade à roda dum fogareiro, pode suscitar uma nova proibição palmelona, e isso seria o apocalipse!


A FLC tamém não sabe o que fazer, por isso está a ficar irritadiça com esta prática de proibição compulsiva de todos os costumes caramelos. Já nã se pode matar um porco, já nã se pode comer um coirato na brasa à porta do café, já nã se pode fumar na coletbidade, já nã se pode pescar pardelhas com floberes, já nã se pode andar à bardoada na compratiba e até os ciganos caramelos já nã podem bender pensos na estação, mas o que é isto afinal?!! Hã? A FLC está a preparar uma rebolução que as milícias armadas saem todas do nosso quartel como avespas desostinadas.


Enquanto a gente prepara a rebolução para a libertação da nossa cultura, a FLC está ainda com as últimas medidas de diplomacia rural com as mais altas instâncias de Bruxelas, para repor todo o parque meio-bidonístico, em labaredas na via pública, com as suas funções originais. Estamos a fazer um ultimato (com uma punhada na mensa) para a homologação do meio-bidom (cheio de ferruige), como mobiliário urbano oficial de toda a Caramelândia. Se isso acontecer a nossa bida retomará o seu curso normal com o aroma do coirato e outros petiscos de fazerim crescer mines na boca.

Uma bela pintura numa barreca de coirato

junto às largadas das Festas Populares do Pinhal Novo.

Lutamos para que continue!!