26.9.12

Catalunha a caminho da Liberdade- Mais uma vez a FLC a inspirar outros movimentos de independência e autodeterminação


O presidente do Governo regional catalão, conhecido por Artur do Mas (já vão perceber a razão), afirmou ontem que "outros não sabem, mas nós sabemos que chegou a hora" da Catalunha exercer o "direito à autodeterminação" mas agora de uma vez por todas. Isto foi feito num discurso de 90 minutos, onde foram constantemente feitas referências à gente, ou seja à FLC, demonstrando por vezes um conhecimento da nossa cultura quase surpreendente. Claro que a gente esteve lá, através de dois agentes da FLC disfarçados de posters do Messi, um im cada esquina, de frente pó estaminé de onde o home falava, ouvisto por mais gente do que aquela que quatro domingos de Marcado dos anos 80 poderiam ajuntar.

Disse atão o Artur (entre outras coisas parbas que a nós não nos intaressa par nada): "Chegou a hora. Mas não é preciso procurar inimigos exteriores, só temos que nos fixar na nossa força interior. Apoia-nos uma história milenária, mas agora é o futuro. Apoia-nos ser uma das democracias mais antigas da Europa, mas apoia-nos também a FLC", declarou orgulhoso e aquaise em bicos de pés. "Chegou a hora da Catalunha exercer o direito à autodeterminação. De maneira democrática e confiante mas pacífica e simultaneamente bravia como a FLC", disse, falando na gente mais uma vez.

O Artur do Mas insistiu que a Catalunha quer "os mesmos instrumentos que outras nações têm para desenvolver a sua própria identidade coletiva" e deu como exemplo a seguir "a Caramelândia que tem fortes símbolos de união coletiva como a mine, as motorizadas, a foguetaige, o meio bidon, a nabalhita de bolso, os debates-garreia mas também o Café Satélite com os seus famosos túbaros” (o Artur não sabe que este estabelecimento já fechou). Odepois disse ainda: "Mas a Catalunha é um país de diálogo e de pacto. Podemos ser amigos de todos, mas não a troco de deixar de ser catalães. Os Caramelos também são amigos de todos, menos dos Palmelões e mas olhem para eles, são cada bez mais balentes e rijos. Os espanhóis tão pra nós como os Palmelões pra eles mas nim sei quais sarão os piores!”. O responsável catalão, literalmente engalanado do sistema vocal, quando fazia referências à gente, disse ainda: "mas neste processo de libertação colectiva haverá difamações e muitas dificuldades", sublinhando que "precisaríamos de muitos centros da revolução como eles, lá na Caramelândia têm. Falamos da parede da Caixa Agrícola, dos bancos da paraige do autocarro ou da porta da Estação, para que todos estivessem prontos a conspirar maquiavelicamente, mas também de 10 ou 20 barbearias como as do Alvarinho e do Piu para que todas as informações e contra-informações circulassem livremente de boca em boca, até que ao sereno sabor audiovisual das tesouradas e dos posters de caramelas brabias im trajes menores nas oficinas (apenas disponível aos olhos dos clientes na barbearia do Piu) surgisse a verdade última- o desejo de autodeterminação". Disse ainda que "mas o castelhano é património da Catalunha", tal como a língua caramela é património da Caramelândia, mas que a eles (da Catalunha), quando comparados com a gente (nós), ainda lhes falta um património gestual como o nosso, dando o exemplo da punhada seca nas costas em sinal de amizade, aplicada literalmente em quem tinha mais à mão, neste caso o vice presidente que se encontrava a seu lado e que por pouco não se rebaldiou palanque abaixo. E disse ainda (antes de se calar):"mas encarar um processo de autodeterminação requer que o presidente tenha uma liderança especial, mas que mesmo por isso, já convidámos o Celestino Bombista, presidente da C.C.C.L.F.R.(Confederação dos Círios Caramelos e Lançadores de Fogo Rijo) para "mostrar à gente como é quéi!" (tentando dizer esta expressão em caramelo (com leve sotaque catalão), com a qual finalizou o seu discurso, levando o público presente à euforia).



A FLC sabe que neste momento já está um diplomata catalão a caminho da sede secreta da FLC com três objectivos-propostas bastante claros:

1- enviar 100 catalães para o centro de treinos do MPPPNGPEPONG (Movimento Pacífico Prá Punhada Na Galfarraige Política E Pôr Ordem No Galinheiro);

2- abrir uma Embaixada da Catalunha na Caramelândia (propõem o Lau ou a Palhota);

3- aprender ca gente (com o MPPPNGPEPONG) como é que se põem vários políticos num cacho, pindurados numa árvore de cabeça pra baixo a bislumbrarem um touro ao longe em marcha contínua (pelos bistos) na sua direcção.


Anda ca gente
bem mais nós
éi por qui
sempre im frente!


(antigo provérbio da Lagoa da Palha)

21.9.12


AGENDA CULTURAL CARAMELA

Outubro 2010

Dia 2
21h

Festival do pão com manteiga dos dois lados

Quintal da mercearia da Ti Marta Assasina (Valdera)

Absolutamente a não perder! Festival totalmente dedicado a uma grande tradição do povo caramelo. Se gostas de pão cum manteiga bem mais a gente barrar dos dois lados. Para os mais dados a coisas tipo açucaraige haverá uma secção especial totalmente dedicada ao pão com tulicreme barrado dos dois lados.


Alguns destaques da programação:

Baile abrilhantado com o acordeonista Belarmino Pançudo (neto do Ti Toino Panças);
Concurso-despique- „Quem desafia o Ti Toino Alambique, mais conhecido pelo Traça-Coidas?” (este evento consiste simplesmente em assintar-se ao lado deste home famoso e ir traçando coidas de pão alentejano com dois meses tiradas ao acaso de um alguidar. O primeiro a arrebintar as gengibas perde).

A sacaria ao longo dos anos
Exposição itenerante

Sede do Rancho Folclórico da Palhota (durante todo o mês)

Esta colecção pertencente a um coleccionador particular, leva-nos a uma viagem histórica im roda dos sacos de plástico da Caramelândia. Destaque para os valiosíssimos ex-libris da colecção, os clássicos da Cunprativa e dos Retornados, mas também para alguns sacos de plástico que já deram serventia no Marcado e na Reforma Agrária.


Ciclo de Cinema Caramelo- cinema de autor
Ciclo dedicado ao cinema experimental Caramelo de intervenção social
Largo José Maria dos Santos (Pinhal Novo)

Durante todo o mês, sempre às sextas às 21h


Filme em destaque

As sacas da Sapec a olharem o mundo” (1983; cor; 190 minutos)

Película da autoria de Custódio Exilado, homem que marcou a cultura agro-sindicalista caramela no início da década de 70. Antigo distribuidor de sacas de farinha da Sapec, foi também durante varios anos, homem-lanterna nas famosas sessões de cinema da SFUA.
Na sua biografia não autorizada- Editora F.C.J.F.P.N- (Fotocopias Clandestinas da Junta de Freguesia de Pinhal Novo) pode ler-se que terá sido este o factor determinante para a sua apaixonada e meteórica incursão pelo cinema de autor caramelo. O filme é composto na sua quase totalidade por planos individuais de sacas brancas da Sapec, colocadas aleatoriamente em diversos locais da capital caramela. Há por exemplo uma saca que é colocada na gare da estação no dia em que a Rainha de Inglaterra apanhou o comboio em Pinhal Novo ou ainda outra que faz uma viagem a cavalo de um macho na estrada dos Espanhois. Outra ainda, que no topo de um deposito das Adegas João Pires, serve de pretexto para o realizador nos dar uma das primeiras imagens panorâmicas do nosso cinema. No jornal Linha do Sul, secção de cinema e artes em geral, edição de Agosto de 1983, o redactor  escreve quase em êxtase visual:As sacas da Sapec a olharem o mundo é uma obra profético-poética de índole estético–estático, espécie de pintura a trincha e rolo que sobe a um escadote qualquer para aceder ás paisagens da nossa memória. Olhamos para as sacas e somos obrigados a olhar para o mundo da capital caramela. Custódio Exilado, conseguiu captar toda uma poética dos planos fixos que deixam ver ao longe o que não se vê ao perto. Critica feroz ao conservadorismo e à estagnação social da altura, que ao contrario do que parece não é nenhum manifesto a favor das paisagens idílicas da caramelandia. Uma observação mais cuidada, mostra-nos que afinal as múltiplas sacas são afinal uma só, a saca final, libertaria e solar que decide ver o mundo e que nos quer apenas mostrar que parados, imóveis, estamos nós, ao invés dela que circula livremente pelos espaços ocasionais que a sua vontade (materializada na vontade do Custódio) determina. Depois deste filme, falar de cinema experimental caramelo é sem dúvida, falar de sacas da Sapec, elevadas nesta película a objectos anti-contemplativos e a verdadeiros manifestos portadores da revolta social". 


Segundo Workshop de mezinhas caramelas
Baldio em frente ao Café “A Mine Artilhada”
Dias 6 e 7 de Outubro


Após o sucesso da primeira edição, ai está o segundo Workshop de mezinhas caramelas com a Ti Avelina Química, antiga empregada de limpeza do Matos da Farmácia, que ficou conhecida por misturar de forma quase intuitiva os conhecimentos ancestrais caramelos com o que de mais moderno havia na Farmácia do Matos. São famosas as suas misturas de Benuron 500 mg com chá de estrume de porco da Palhota para combater a azia depois de grandes empanturramentos com Bolo Rei nos bailes da SFUA na década  de 50. Actualmente, a Ti Avelina (que acabou de completar 109 anos) colabora voluntariamente com o MPPPNGPEPONG (Movimento Pacífico Prá Punhada Na Galfarraige Política E Pôr Ordem No Galinheiro). Nesta organização tem completa liberdade para pesquisas experimentais na área das mezinhas e farmacologia popular, com o objectivo de criar a mezinha da punhada-bruta-final. O principal objectivo deste workshop ei também o de recrutar voluntarios-probadores para as receitas que a Ti Avelina vai freneticamente criando. De acordo com Giraldes Desatarracha (home com brevet profissional de provador e dador de punhadas) „bai ser uma formacao balente. A Ti Abelina mexe na tachaaria, serbe-nos o almoço e os produtos que ela par  inbenta. E bem também uma fragnete carregada de politicos-martires pá gente ir fazendo as experimentações das punhadas,entre umas goladas nas mines e nos churrilhos que ela nos bai dando”.


Entrada livre

Nota: como na primeira edição, os participantes têm de levar um vasilhame de plástico ou inox pa misturar os produtos. Lebem tamém uma espátula, um saco de plástico cheio de penas de pato mudo ou de galo da Índia, 10 formigas de asa e um naperon que tenha nódoas de gordura (tragam o naperon da televisao ou o do frigorifico).


11.9.12

O cabalo o home e a mine


Foi com distinção, galhardia, força e coraige que um caramelo, fundador do Lembidelas-tugas (Tugaleaks), a mais o apoio da FLC, se dirigiu ao posto da GNR pra espatar uma queixa-cuspo. “Quero espatar aqui uma protesto-crime-lambidela porque estou a ser aldrabado por um cabrão dum político, e nã consigo ver-me libre dele, e isto tem c’acabar” foram as palabras do home im frente ao guiché lá dentro da bibenda dos GNRs.
A queixa o seguiu caminho via carro-patrulha, a ganir estrada fora, im direcção à Estação de Tratamento de Resíduos Urbanos, nos baldios de Lisboa, atrás do Tribunal Constitucional. “Toda a gente debia fazer o mesmo até intupir o esgoto do tribunal” disse o Juil Amarrota, vice-comandante das milícias da FLC, ao Jornal da Região.
Independentemente dos efeitos da queixa-cuspo, toda a população apoiou a iniciatiba e comemorou com mines. Alguns autóctones lebaram a comemoração muito a sério que até regaram a horta com mines, outros ofereceram mines à bicheza, mesmo ao balcão do café, porque a fauna caramela tamém merece os nossos festejos. Neste ebento que se alastrou de lés a lés, a FLC tratou de gravar um desses festejos através da nossa máquina de filmar oficial. Apresentamos agora o filme curta-metraige de um momento típico desta celebração. O filme segue já a seguir. Segue imediatamente. Agora. Já.



5.9.12

PUDINS DO PENSAMENTO “O Toiro, O Home e a Marrada Erudita”


Uma crónica sob total responsabilidade da escritora Joaquina dos Borregos, sobre o existencialismo caramelo e outros distúrbios da realidade, só pra pequenos e médios intelectuais

Ti Jaquina dos Borregos
Todo o bicho gosta de fazer as suas atibidades quotidianas, o rato gosta de roer, a galinha gosta de esgrabatar e o mosquito gosta de chupar. Tendo o toiro um par de cornos da parte da mãe e da parte do pai, isso quer dizer que o bicho tá feito pra marrar. Ele está sempre de sintinela, pronto pra espatar os cornos naquilo que tiber a geito, como por exemples outro bicho parecido com ele, ou atéi uma sombrinha de praia a rebolar ao bento, com o emblema do Pingo Doce, como eu bi um dia destes ali no montado do Rio Frio.
Ora se o home brabio usasse o mesmo sistema, (de dar uma marrada em tudo o que o azucrina) já teria um belo par de cornos com umas hastes de veado capaz de fazer um candeeiro que o alumiava pra andar de Zundápe mesmo de olhos fechados. Mas não tem! Pelo menos no sentido sólido, porque há por aí homes com um par de cornos românticos que mais parecem os troncos dum sobreiro carregado de pêssegos. Mas isso agora nã interessa.
O que interessa é que estamos a falar de dois seres diferentes, um com uma cornadura, dura que nim cornos, e outro com a testa lisa como um painel solar. Por sua bez um está encantado com o instinto brabio que a natureza lhe deu, e o outro possui a filosofia caramelo-analítica (ou lá o que éi). E bai daí, acontece a toirada em que um abança contra o outro feitos parbos a ber quem ganha, se é o toiro na sua marradura se ei o toureiro na sua manigância. Ora, às bezes ganha um e outras bezes ganha outro. E tudo isto pra queim? Para ber quim ei que manda neste país, se são os toiros se são os homes balentes. E tudo isto pra queim? Ora aqui é que está a precura que ninguem tinha pinsado, porque o home precisa de saber quem é que manda, se é o toiro que tem cornos a baler, se é o home com tomates pra infrentar o bicho desostinado. E então como é que ei? Isto é pra ber quem tem tomates a baler, éi? Hã?!!
Um dia falaram-me sobre metáforas. Metáforas práqui, metáforas práli. Será, isto das toiradas, uma metáfora? É que se não for, fiquem sabendo que o toiro tem mais de meio quilo de túbaros do que o home (nã é preciso ir à balança da Cooperatiba das Farinhas pra pesar... porque bê-se logo quer dum, quer doutro!), portantos, se é pra ber quem tem tomates, o bicho, antes de intrar em ação, já taba a ganhar. Ou intão os toureiros teriam que inchertar túbaros de rinoceronte e abançar com um carrinho de mão para apoio (não fossem os túbaros a arrojar pu chão)! Mas se o bicho abança com todo o intusiasmo, é porque entende a metáfora “tenho tomates” que é o mesmo que “eu sou balente”. E é por isso que o home brabio e o toiro se dedicam a esta atibidade erudita, à desgarrada. No intanto é um desperdício isto ficar só por aqui, entre o home e o toiro, a dzerem sempre a mesma quadra romântica ao longo dos séculos:
anda cá que eu nã te aleijo,
ou eu bou-me a ti com inspiração,
encontrámos os dois o desejo
de ber quem têm razão”.
Os toiros já debem estar fartos de dizer a mesma rima, na ponta dos cornos, bezes sem conta. É o que eu aicho. É por isso que as touradas deberiam ser mais dibersificadas prós bichos abrilhantarem as suas capacidades corno-literárias. Assim, o home deixava entrar o toiro na arena (palco de declamação marrativa), pra olserbar ele a marrar inspiradamente ora nos taipais dum trator de fruta espanhola, ora numa prateleira de plásticos chinezes, ora num camião cheio de paletes de leite polaco, ora num monte de sapatos italianos, ora numa telebisão a dar o telejornal, ora um cacho de políticos, pendurados por uma grua... era a fruição tauromáquica total, ber o toiro a fazer aquilo que o home não tem tomates pra fazer!
É só isto que tenho pra dzer.