23.12.05

ASCENÇÃO E QUEDA DO PINHEIRO CARAMELO

CAPÍTULO II

Neto do velho Alcatroado, o fundador do arrancamento do pinheiro de Natal, o senhor Aristides, mais conhecido por Tide dos Telhados, fala-nos sobre este ofício que foi o arrancamento do pinheiro por esticão e o corte à machadada. Este homem, nascido e criado na Lagoa da Palha, explorou todos os matagais e charnecas da nação caramela à procura do pinheiro manso para vender no marcado e reforma agrária. No entanto não foi o arranque e venda do pinheiro que lhe deu fama e fortuna mas sim o musgo presépiano. Por isso a FLC preparou uma entrevista com este caramelo.

Quando a equipa da FLC chegou à sua enorme vivenda, (a vivenda “O meu sonho”), Tide dos Telhados e a sua canzoada mostraram-se desconfiados com a nossa presença. No entanto não foi preciso muito para o homem se mostrar hospitaleiro e os cães deitarem-se de barriga pra cima e perna aberta, para a FLC lhes coçar a barriga. Após uma curta espera para o homem se calçar e vestir a preceito, concedeu-nos esta entrevista no meio de comes e bebes à volta dum meio-bidom em labaredas. O vinho era um Caçoete.

FLC – Então diga lá prá gente como é que era esse negócio de vender pinheiros?
Tide – Oh! Era arrancar a pinheirage pra binder à porta do marcado. Ia com a nha mini-ima a cagular de árves.
FLC – Isso era no Natal. E no resto do ano, não fazia mais nada?
Tide – Noutras alturas ia ós ninhos. Apanhava toda a bxeza que incuntrasse pra binder. O óriço e o pintassilgo bindiam-se bem, ainda ma mi lembro…
FLC – De volta aos pinheiros. Quais eram os que mais se vendiam?
Tide - Ê chegaba a arrincar pinheiros de três metros de altura… Esses mais ramalhudos é cus fregueses gostabam mais, e pra tapar aquilo tudo cum algodão tinha uma comissão nos lucros das farmácias: quanto maior era a árve mais algodão se bindia, mai ganhaba.
FLC - Mas um dia o negócio deixou de dar?
Tide - Sim… Tá quéto olha que tu pápazias!... (disse ele pró cão que estava a lamber o toicinho e estava quase a papar uma lambada no focinho) – Quando a pinheirage começou a desaparecer, bindia só as pernadas, ópois tinha c’arrancar árves de fruto das redondezas, e por fim bindia tojos do Rio Frio.
FLC - Humm Rio Frio!!! Rio Frio!!! Você chegou a arrancar sobreiros no Rio Frio?
Tide – Nã snhor! Isso fazim eles agora durante a noite com escavedeiras, só para os enterrar e ninguém saber. Deve ser pró zaburro.
FLC – Ahh sim!! E depois dos tojos, o qué que começou a vender?
Tide - Comecei a binder musgo.
FLC – Musgo? Muito bem!!!
Tide - Pois, musgo prós presépios… Tázaqui táza a mamárlias! (disse ele prá cadela quase a mamá-las pelas trombas).
FLC - E aonde é que apanhava o musgo?
Tide - Apanhaba-o por aí, por esses telhados, pocilgas, muros, beirais… Ópois bindia-o de portim porta prós presépios, dentro duma canastra.
FLC - E ódespois?
Tide – Ópois passei a binder dentro de taparueres já com a bonecaige com a palha e um librinho de instruções pra muntar o presépio a preceito.
FLC – E ódespois?
Tide – Ópois deixei de andar pelos telhados, isto foi sempre aumentanto e muntei uma empresa de musgos, palhas e presépios.
FLC – Consta-se que você tem um processo em tribunal por monopolizar o mercado caramelo dos musgos, eliminando todas as empresas que queiram desenvolver tipos de presépios diferentes, com musgos diferentes, o que é que tem a dizer sobre isto?
Tide – Comam lá mazé este queijo de cabra amais o tinto e acabou a cumbersa… (manda um naco de linguiça prá canzoada abocanhar e pergunta) - Atão bocemecês libertam os caramelos, heim?? Que raio de coisa é essa???...
FLC – Ahh Isso é uma longa história!!... A libertação caramela é ….

E assim continuámos a conversa durante mais duas horas.

3 comments:

Anonymous said...

Boa noite ó pandleraige!
Pa mim ei uma mine.
Atão eu sei quim ei este home, ainda ma lebro do abô dele a arrincar panheros à machada, o home daba três machadas balente e darrubaba o bicho pinhero.
Muita balente a entarbista, o home ainda é rijo e ameaça a canitaige de bardoada, assim mesmo ei que ei.
Um abraço pó mê amigo Zei Ratoera, e um conbite pás mines, aqui na colectibidade.
Um feliz natal pa todos, e com o meio bidon acesso a assar coiratige.

Anonymous said...

Viva aí ó Maltezaria...

Tou dveras emocionado cum esta entravista a este grande arresistente da nação caramela.
O home é um ganda lutador e parcebe de pingas e patiscos, como se vê logo pela marenda ofertada aos entrebistadores.
Um abraiço á Nação, pois eu bou mas é buer umas mines.

BOM NATAL A TODOS OS CARAMELOS E FAMILIARES...

Anonymous said...

Bela entrebista a um home que continua a ser um grande caramelo.
Um balente Natal, ca arrebentem todos com saúde é quê desejo!