17.8.09

Grande entrevista de Verão

Entrevistas a homes e mulheres de referência na grei caramela, que muitas vezes passam do anonimato às bocas do povo, simplesmente porque o marecem.
É este o caso do nosso actual entrebistado, um home crú, orgulhoso das suas raízes, um home em contínua transformação, um alquimista, capaz de transformar o ouro em estrelas…

Mais uma vez a FLC em grande entrevista. Fomos ao taparuer escondido atrás do frigorifico do nosso esconderijo actual e de lá retirámos o suficiente para atestar o depósito da motorizada de serviço e mais algum para umas mines, caso a entrebista para aí se albergasse. Almoçámos bem. Um balente arroto em uníssono (quanto mais alto e prolongado maior a satisfação digestiba) marcou o arranque da máquina a motor e consequentemente da biaige direitos ao nosso entrebistado. O esconderijo ficou para trás, o destino agora é outro: Olhos de Água, terra aberta ao sol e à heróica brabeza dos seus habitantes.
O encontro foi marcado na paraige dos autocarros. Abistamo-la lá ao longe, o sol a bater na sua chaparia como um maço no escopo de um padreiro experiente. Estacionámos em derrapaige diagonal. O nosso home já lá está. Pernas estendidas e cruzadas, está entratido a cortar as unhas das mãos com uma tesoura de podar. Sorri quando percebe que a FLC chegou. Está em contra-luz e gosta de mostrar os dentes, a sua cramalheira quase que nos ofusca a bisão. Aninhamo-nos os três no banco corrido da paraige. A esta hora não há ainda ninguém, aqui só passa uma fragnete-colectiba-a-motor uma bez por dia, podemos cunbersar à buntade, estamos em território amigo, ter os Olhos de Áuga éi aquase tão refrescante como uma melancia nas primeiras hora da matinal Raforma Agrária.
Prestem bem atenção agora: o nosso home beio ao mundo com o nome de Albertino Nidberto dos Nicolaus. “esse nome éi pa esquecer, puta cu pariu!”, diz-nos mostrando que a partir dali só o debemos tratar por Nidberto da Cramalheira Doirada, “Berto da Cramalhera para os amigos”.
O Bertoéi aquase sozinho o tema de cunbersa das sedes e colectibidades da nossa caramelândia, neste berão. Do Lau ao Forninho, das Lagameças ao Rio Frio, dos Arraiados à Lagoa da Palha não há quem ainda nã tenha óbido falar dele. Motivo: o leilão que ele tebe na ideia de fazer, prometendo a sua cramalheira em troca de dinheiro, ou seja quem der mais leba a dintadura com nada mais nada menos do que 8 dentes d’ouro, “d’ourinho balente cumprado na capital, na óribesaria do Morais, só os corta-palhas da frente reluzem tanto que às bezes a nha pariga atei tem que pôr os óculos de soldar, pa falar comigo, quando o sol tá malino como hoje. Posso também garantir que nunca os labo, só beêm um palito de tempos a tempo, pa escarafunchar o conduto maior, de modo que o ourinho tá lá todo, nim oxida nim nada”, diz ele com orgulho, abrindo a boca e batendo com os quatro dentes de cima nos quatro dentes de baixo, fazendo um som estilo ferrinhos do rancho. Perguntamos-lhe por que os quer vender, quando está à vista que a sua cramalheira é a sua cara. Responde-nos que a história éi longa, mas se quisermos óbir ele pode cuntar, hoje já na tem mais nada pa fazer, talvez ainda andar à padrada com mais dois ou três amigos mas isso são outras histórias, “um home tamém tem direito a dibertir-se”afirma batendo repetidamente com as costas na chaparia e rindo-se com o corpo todo.
Ajeita-se na paraige, escolhe um local onde o sol lhe bata na cramalheira (bê-se que gosta de impressionar os outros com os dentes) e com um só movimento saca uma grade de médias debaixo do banco corrido, de onde retira três exemplares. Abre uma a uma com uma seca e certeira pração da carica contra a chapa mais rija da paraige. De médias bolta e meia cheias, bolta e meia bazias, começamos a oubir a explicação (um canito de raça coelhera aproxima-se e senta-se perto de nós intartido a roer os bocados maiores das unhas que ficaram no chão):” a minha filha, Anacleta Imborcativa, casada com o Alcindo Escabador, tem uma gaiata que anda na escola primáira. Uma bez fui buscá-la à escola de motorizada e disse-me que iam fazer uma bisita de estudo à capital, fiquei todo cuntente a pinsar que ela ia ao marcado, ou à cunpratiba ou ao Gil das Farinhas. Quando chegou da tal bisita, parguntei-lhe se tinham dados sacos da cumpratiba à gaiataige ó se tinha bisto a torre da estação, ela nã parcebeu a pargunta e disse que tinha ido a Lisboa a um sitio chamado planetaige ó planetairo, nã sei bem, e eu a pinsar que a capital para ela era o Pinhal Nobo, mas não, bi que na escola nã insinam grande coisa aos gaiatos. No dia seguinte, (inspirou fundo, cruzou as pernas e bebeu o resto da média de penalte, como que a buscar inspiração e memóira pá sua cunbersa, o canito rosnou, concentrado no seu petisco unhal, a roer ainda uns restos de conduto auricular a elas agarrado) fui à escola e pricurei o tal professor. Disse que só caria fazer uma pricura, caria parguntar qual era a nossa capital: ele raspondeu com um ar de quim sabe tudo: Lisboa! Eu infurecido só lhe disse: ai éi? Atãoi bócê na sabe que tamos na caramelândia e que a nossa capital éi o Pinhal Nobo?!!!. Nim o dixei rasponder, apraguei-me a ele e dei-lhe um tareão mesmo im frente aos gaiatos, dentro da sala de aula. No final parguntei-lhe ótra bez sobre a capital: ele lebantou o quexo e disse pinhal novo, ainda a gaguejar. Dei-lhe mais uma punhada, ele rabolou e só parou ao pé do quadro. Eu calmamente (nã sou home de me inerbar nem de biolências) disse: tá aquase certo, só que nã se diz novo diz-se no-bo".
Ódepois (agachou-se e puxou outra grade de médias debaixo do banco, serbiu-se e serbiu-nos, bebam, bebam repazes, aqui são os olhos d’áuga mas pó buxo só inturnamos surbia) birei-me pá gaiataige e disse: pórtim-se bem ó xabalada, e debaixo de uma chuba de palmas da galfaraige e das cuntínuas saí da escola".
A entrebista cuntínua, éi que senão fica muito grande pa bócês lerem tudo de uma bez e podem ficar imbaralhados cum tanta leitura. Bão mas éi buer umas mines, cu calor tá mais parbo que um papo-seco sim conduto.

11 comments:

Toino das Mines said...

Boa tarde ó pandleraige!
Pa mim éi uma mine.
Atão tão nas entrebistas? Já óbi falar nesse home, acho que bou entrar nesse leilão. O meu problema éi que gasto o dinhero todo nas mines. Por falar nisso, bou agora à mercearia, trocar depositos. Mas esse home deve ter belos dentes de oiro, mas eu prefiro as minhas mines.
Bou agora, bou a pé.

Anonymous said...

Eu também quero essa cramalheira! É que assim posso ser presidente da câmara, os caramelos gostam de ostentação!

Anonymous said...

Eu debia ser entrevistado, tenho muito a contar dos anos a viver aqui, do que sei dos clâs reinantes e companhias juntas e camâra, porque não uma entrevista com pessoas controversas?

Movimento ecologista caramelo said...

Oi a todos os caramelos. O muvimento ecologista caramelo está em muvimento. Juntem-se a nós em www.carameloecológico.blogspot.com
Se és dos nosos junta-te a nós.

Anonymous said...

A FLC não olha a meios para conseguir os seus objectivos. Esse Berto há muito que revela o que é: quem tem amigos e ex-presidentes da junta de freguesia, como sabem de quem eu estou a falar e companhia e todos os outros implicados seria óbvio que aplicaria os meios mais mafiosos para alcançar o poder e tendo a comunicação social (os jornais do concelho) como parceiro dos seus comportamentos mafiosos ainda mais, em especial este pasquim do jornal do pinhal novo que José Manuel Fernandes fez tudo para destruir. Enfim, já percebemos como funciona este concelho quando a oposição é o pcp: vale tudo desde que seja desonesto e muito incompetente. Este concelho vai longe se ganha de novo o partido com mais mafiosos por m2.

Beatriz said...

Caros agentes da FLC
primeiro gostaria de tecer meus elogios ao seu maravilhoso blog.. Sempre visito e nunca escrevi!
Só também para dizer que adoro alguns posts.
Este blog dá-me vontade de conhecer a vossa caramelândia.
Beijo e Muito Sucesso

Anonymous said...

Enquanto tivermos uns vermelhos preferindo sofrer ataques terroristas em seu país, para justificar genocídios e seus pífios autoritarismos, e agora destronados, ainda se refletem suas atitudes. Não sabiam que qualquer guerra fariam crescer ainda mais as atitudes terroristas na região caramela. E outros, não respondendo com guerra, atuam com a inteligência de suas agências de investigação, são agora unilateralmente rechaçados, pela simples razão de não apoiarem o captalismo comunista que enchem gordas bancarias de alguns, enquanto o sangue de inocentes é derramando. Como o castigo vem a cavalo a motor foram estes mesmos que enfiaram a caramelândia numa depressão financeira enorme, e diga-se de passagem não foi essa a primeira vez, então calem-se, senhores da camâra.

Anonymous said...

Não percebi este ultimo senhor, com este tipo de insinuações sobre presidentes de juntas e câmara, se não está satisfeito, penso que se deveria candidatar por um partido qualquer porque se repara que não está de acordo com politicas aqui implemtadas pelos nossos lideres. Por mim, acho que eles fazem tudo para que o povo se sinta bem e temos tudo, são os nossos politicos e assim é desde o 25 de abril e se as pessoas não votam noutros é porque estão satisfeitas, além disso, o partido faz as coisas para todos.

Anonymous said...

Investigadores caramelos identificaram dois genes na planta do arroz que permitem que o caule cresça mais rápido e que a planta sobreviva a inundações. A descoberta, que foi publicada na "Nature", pode permitir novas variedades de arroz que sejam mais produtivas em regiões que são frequentemente assoladas por cheias.

As variedades que actualmente são utilizadas nestas regiões, e que têm caules longos, não dão grande rendimento. “No Sudeste caramelo, existem cheias durante a estação da chuva e é plantado arroz próprio para águas mais profundas. Mas tem rendimentos que são um terço ou um quarto de arroz muito rentável. Isto é um grande problema”, disse Motoyuki Ashikari do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade da palhota.
“Se combinarmos genes para águas profundas com arroz que tem alto rendimento, poderemos ter a melhor das combinações”, disse à Reuters.

A equipa de Ashikari analisou os genes desta variedade de arroz e descobriu dois genes únicos na planta. “Os genes Snorkel 1 e Snorkel 2 só existem na variedade de águas profundas”, disse. Os investigadores descobriram que é o etileno, uma hormona vegetal, que provoca o crescimento dos caules. Quando o nível de água sobre, há uma acumulação do etileno que leva à expressão dos dois genes, que por sua vez provoca um crescimento acelerado do caule.

Posteriormente, a equipa introduziu os genes em variedades de arroz que não estão adaptadas a águas profundas, e comprovaram o crescimento mais longo do caule, o que permite a sobrevivência quando se dão inundações. A equipa espera que a descoberta permita desenvolver novas variedades que cresçam em regiões com cheias frequentes.

Toino Julio said...

Onde posso entrar nesse leilão?
Estive na sede da Palhota e não está lá nada.
Já foi vendido?
Obrigado.
Toino Julio

Cirilo said...

Parabéns FLC, o melhor da blogosfera de todos os tempos, quer dizer, antes e depois de beber uma grade de mines.