16.10.13

CARTA AO PARSIDENTE ÁLBARO BALSEIRO

(Esta é a bersão feita à máquina, pra toda a gente ler)

CARTA


Frente de Libertação Caramela
Esconderijo projetado à malhada do aceiro do 
Ti Toino Desinxaugado

Comando Central para a Liberdade da Cultura e da Economia Caramela (C.C.L.C.E.C.)

Exmo. Parsidente da Sede Palmelona, Álbaro Balseiro Amaro

Atão éi assim: ...e isto só par começar: bocemeçê sabe quem samos?
A gente samos da Frente de Libertação Caramela (FLC), e estamos aqui pra dizer “bamos lá Álbaro, faz-te um caramelo brabio (da família dos Balseiros) e afinfa-lhe cum força”. Com a FLC bocemecê tá à buntade... mas nã tá à bontadinha! Isto porque a FLC é a organização selbaige que ajunta toda a cozedura cultural e temperamental da identidade caramela, e é considerada pelo pobo como a organização mais séria e soberana do território e isto sempre à luz do azeite da Marateca como auto-gestão emancipada, ou seja, a gente só manda na gente, e só a gente éi que sabe. A câmara palmelona nã éi nada ao pé da gente. Só pra saber.

Tamos a escraber esta carta aqui nesta máquina intiga cumprada no Marcado da Capital Caramela com as teclas incalhadas e ingaveladas por todas as cumbersas ao mesmo tempo... uns zurram... outros grunhem... outros dão punhadas e esgravatam com os chispes no chão de terra batida da cozinha, onde ontem fizemos um balho pra o assintar e....
    -  Posso falar?...(diz um ali)  
                     -  Posso falar?... (grita outro aqui) 
       – MAS EU POSSO FALAR?...(grita outra com salpicos de cuspo) 
      – PORRA, E EU POSSO FALAR?... (gritam todos de infiada com o dedo im pei aquaise engalfinhados, até parecemos uma matilha de escalabardos a estraçalhar um pinto badio).
Opois do Xico Beiçudo ter lebado com a máquina de escreber pas bentas, toda a gente concordou com a cumbersa e atão é assim:
Im primeiros, a FLC abriu um ministério totalmente dedicado à libertação da economia caramela. A gente, a partir de agora, bamos tamém libertar a nação das garras suinas da Europa. Samos em prol da economia caramela em toda a sua balentia, e nã tamos pra brincadeiras. Portanto, ou a câmara está ca gente ou nã tá. Ou tá, ou nã tá, hã? Isto quer dzer que nã pode estar e nã-estar simultaneamente ao mesmo tempo em paralelo, apesar do Toino das Ideias Parbas tar aqui a dzer que sim, que sim, que pode ser que isso ei a teoria da permanência múltipla infinita, ó do nã-sei-quei das quantas. Tamos im crer que estando bocemecê rodeado pela sabedoria da reformadaige jovem (ainda sem bechôco), venham muitos bitaites e saia daí boa ingrícola gobernatiba. No entanto, abisamos que temos uma vasta experiência em montar claraboias losalíticas, todas im telha de losalite transparente em qualquer teto (até nos esconderijos a 500 metros de fundura), pra que, deitados nas claraboias, como a lagarta da coube, póssamos olserbar de cima todos os acontecimentos de índole manhosa. Tamém temos canzoada de raça traçadora-de-restos que descobre qualquer coirato suspeito a aboar a um quilómetro de altura. Por isso tamos atentos a toda a movimentação. Qualquer ganido pode despoletar o pior: bocemecê é logo descaramelizado e deportado pra França onde bai ter de ir tocar concertina e cantar a Linda de Suza debaixo da Torre Eiffel (a FLC já tem um espaço concessionado para o efeito, ao lado da barraca da postalaige e a carrinha do Albino dos Ácaros já tem gasoile pó caminho).
Isto quer dzer que nã tamos aqui pra andar ao Deus-dará. Bocemecê tem de manter a forçaria e o foco no bem-estar caramelo dê por onde der... os chineses podem dormir dentro de púcaros de arroz e os palmelões podem rebolar pu barranco abaixo que isso não intaressa nada. Temos de passar já à independência económica antes que o mundo se bire totalmente contra a gente, e os caramelos deixem de cobrir e de procriar.
Assim, por exemples, o IMI, a partir de agora só deve ser pago em géneros locais. Só pra começar (e já fizemos as contas pelos dedos ímpares das mãos abulsas da malta da Atalaia), o IMI do monte da Ti Vulcânica dos Gemidos dá o seguinte balor:
-       Um braçado de lenha fina cum geada;
-       Uma carrada de estrume prensado a seco.
-       Meia alcofa de cebolo graúdo.
-       Um talego de povides de melão da Palhota.
-     Um frasco de Tofina cheio de formiga d’asa (pra armar ós pássaros).
Para as taxas municipais de publicidade bamos mais longe. Temos, por exemples, o toldo do café “Buer até Bolsar” que, segundo as nossas contas, pode pagar por ano:
-       Um camião de vasilhame em tara perdida;
-       Um quilo de moedas de 1 cêntimo já em forma de anilhas.
-       Cinco fardos de jornais do Pinhal Novo, totalmente lidos.
E muito mais podíamos dzer, mas ficamos por estes dois exemplos.

E agora aqui bai mais um cunselho com catigoria: pra manter boas relações municipais com o parsidente Lagarto nã bale a pena andar com maninguices espertas a falar francês pra ele, porque uma bez o chefe da CP disse a ele “Ó Manel traz-me lá um Croissant”, e ele trouxe uma garrafão de tinto da Cascalheira; e quando o chefe da CP disse “Ó Manel vamos aí a uma Boite beber Champagne” o Lagarto espatou o chefe na taberna do Ameixa e impanturraram-se os dois com uma gamela de torresmos do Lau. É por estas e por outras que às bezes há descarrilamentos.

Prontos, a prosa já bai longa e nã caremos ser aborrecidos como aqueles chibos com gosma que lebam noite-e-dia a relinchar ós obidos dum home.

Atão éi assim: se de repente lhe assomar um clarão pus obidos adentro, isso samos a gente a dar um abiso (do tipo pirotécnico), a dzer que estamos com dúbidas sobre certas e determinadas iniciatibas municipais. Mas se for bocemecê a ter dúbidas não hesite im cuntactar a gente via foguetaige rija (usar o código secreto da morteiraige da Fonte da Baca). Tamos sempre preparados pra dar palpites im forma de bons conselhos, traduzidos opois em patardos ca tei a canzoada palmelona foge a ganir pra Azeitão.

Balentemente atentos à sua pessoa, e com respeito à cumbersa estamos por hora totalmente cumbersados e intendidos das dúbidas da gente e bocemecê.
Sim mais nada daqui prá i,
Cuntentes por este cuntacto chegar às suas mãos,
A gente encontra-se por i.


Noite da primeira bentania do Outono de 2013,

O Embaixador Caramelo da Serra do Louro e resto de Palmela,
Hinaiço do Rego Louro


M.I.N.E. (Mais Intulho Na Escrita): se quer ser um representante caramelo e nas sessões solenes tiber de cortar fitas e usar grabata, acostume-se ao seguinte procedimento: arregace as mangas até ficar com a peitaça de fora à home brabio e, com toda a balentia, estraçalha a fita com uma motosserra. Isso sim é que é de balor...  um home ó ei ó nã ei. 


Da esquerda prá dreita: Ti Augusta Lamparina, Ti Gestrudes Caganitas, Ti Perpétua das Varetas. Estão todas três na apanha de baldurega pra pagar o IMI da malhada do Ti Simplício Sextavado (ele é que tirou esta codáque).




2 comments:

KIm PrIsu said...
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Subscrito Clandestino said...

Pinhal novo, 11 maio (Jornal da Caramelandia) – Os separatistas da região Caramela anunciaram hoje que 89 por cento dos habitantes da Caramelandia que transmitiram no subscrito clandestino são a favor da independência com Palmela e que 10 por cento manifestaram-se contra.
“Este pode ser o resultado final” disse Raúl das Desditas, o líder da incumbência eleitoral criada pelos separatistas para o referendo, aos jornalistas após o encerramento dos ajuntamentos de opinião.
O referendo pró-independência é considerado “farsa” pelo Partido do Barbeiro e dizem que os resultados não são reconhecidos pelo Poder de Palmela.
Até ao momento não foi divulgado qualquer dado sobre resultados do referendo no Costa Bar onde os ajuntamentos de parecer Caramelo Exaltado cerraram um pouco mais tarde.