11.10.07

TRATADO RADIOFÓNICO DA ALCUNHA CARAMELA I

Bamos óbir um documentáiro radiofónico produzido pela Rádio Antena Caramela, sobre o porquê, e o nã sei quê, das alcunhas na nossa cultura.
Agora agora bamos infiar a bobine no grabador e…


Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
FSSHHhhh PUMMMmmmm.....

O Marabilhoso Mundo
das Alcunhas Caramelas
primeiro episoido

(música de fundo duma flaita de beiços)


Narrador – Não se sabe ao certo quem inbentou a primeira alcunha, mas sabe-se que as alcunhas são tão intigas quanto a própria punhada. As alcunhas são códigos de sociabilização de grande importãiça na cultura caramela. São de tal importãiça que até há quem diga que só é berdadeiramente caramelo quem for dono duma alcunha a preceito.
(som de alguém a bater à porta … toc toc toc…)
Voz
- Quem éi?
- É o Arsénio Manuel Vasconcelos da Silva, benho cá fazer uma bzita.
- Tu és mazé é um merdas e tens na maniazinha. Chispa-te mazé já daqui pra fora.


Narrador –É assim que pode acontecer! Se o bizitante dissesse que era o Séninho dos Porcos, tinha entrado logo e já tavam os dois a buer umas mines. (som de concertina) As alcunhas sempre foram tidas como com uma força benigna, entusiástica, extraordinária, selbaige, alienígena, que se aplica a um ente querido, fortalecendo-lhe o ego e dando-lhe um ar mais sadio e balente, capaz de bencer os impossíveis do dia-a-dia…
(som duma mine a abrir-se)
Voz
- Atão ó Toin dos Cotos?!! Agarra ali naquela dúiza de mines a granel, e bora mais eu à do Giraldes da Cirrose, buer elas.
(barulho das mines a granel pu chão)

Narrador- É espantosamente motivador. As alcunhas são sempre aceites de comum acordo entre os seus portadores e aqueles que chamam, mesmo sabendo que quem chama está sempre mais de acordo do que o dono da alcunha…
(som de vozes na coletbidade)
Voz mais alta
- Ó Zé Castiçal na Testa, sabes quim éi qeu bi ontim cu Toin Pázudo na retrete da estação?
- Hã?Não!!!
- Ó Castiçal, pá, bi tua Zulmira!
-!!!

(rizada giral e som de concertina)

Narrador – Por isso, quem está sob o risco de apanhar com uma alcunha, acautela-se. Há como que uma caça de gato e rato. Uns andam a olserbar os outros pu canto do olho. As pessoas que preservam ainda o nome de batizo mantêm um ar reserbado, quase sempre calado, evitam grandes grupos, lebam uma bida restrita e tentam mostrar uma bidinha exemplar… mas isso é impossível de aguentar no habitat natural caramelo…
(som duma mosca a aboar dentro da coletbidade… zzzzzzzzzz…)
Voz baixinha de pensamento:
-…Puta da mosca nã me larga as bentas!!!.
Voz grossa a gritar lá ao longe:
- A partir d’agora és o Manel da Mosca nas Bentas.
(galhofa giral e som de castanholas)

Narrador - Ninguém escapa! E é assim, com este encanto, que são aplicadas as mais belas alcunhas. Mas não bastam ser marabilhosas, elas têm que ter a propriedade de se intranharem como a gosma se intranha no fundo das goelas. Por isso, uma alcunha sem graça pode despegar-se do Ser. E é preciso tar sempre munto atento aos progressos da penetração da alcunha ao longo dos tempos… (som de ferrinhos) Senhores óbintes nã percam o próximo episoido pra saber tudo sobre a alcunha caramela.


Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
Tum tum tum Larái lá li lai
FSSHHhhh PUMMMmmm

Tiberam a Óbir….
O Marabilhoso Mundo
das Alcunhas Caramelas

(música de fundo duma flaita de beiços a desaparecer)
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2 comments:

Zé do Cão said...

Meu caro Zé barrigas. Ainda tenho as lagrimas nos olhos de tanto rir ca minha mariocas. Acho questa é o maximo.Merecias uma medalha.
Olha alembrei-me agora de conbidar-te a ler o blog cá do rapaz do "Zé do Cão"
Adorava conhecer-te, porque isto de humor não é para todos. Eu sou um aprendiz, mas só conto casos berdadeiros.

Anonymous said...

Está espectacular!
Parece um tratado sociológico sobre um fenómeno que na realidade faz parte da vida dos caramelos.
Muito bom!!!!
Vou dizer a mais colegas meus da escola para visitarem este blog que de facto deveria ser mais conhecido de todos.