28.4.10

BELO DOCUMENTÁIRO DO ASSOBIO CARAMELO (2ª parte)

Estamos de bolta pró segundo episoido do documentário da TV Caramela, um pugrama de grande rigor e realismo, totalmente feito no nosso territóiro. Atão esbugalhem lá bem o olho que isto bai começar:

IMAIGE DO COMEÇO:
Grupo Instrumental de Maquinistas Apitadores da CP os “Apitó Cumboio” a tocarem apitos aos incontrões uns com outros, caté parecem que tão a fazer uma corrida de cumboios nas intigas linhas e agulhas da Estação do Pinhal Nobo.


O ASSOBIO
2º episoido


BOZ DE CATARRO:
Apesar da ebolução da linguaige, a berdade é que o assobio nunca saiu das nossas beiças, tendo resistido até hoije. Uma das razões do assobio não ter desaparecido é deribado ao poder de alcance. Um belo assobio chega muito mais lõige do que um grito, por muito que uma garganta tibesse sido treinada com bagaço.
IMAIGE:
Uma vinha mais comprida que sei-lá-o-quê, caté home nim sabe adonde acabam as parrêras e começa o céu. Nã se bê ninguém. Mas sabe-se que estão por todo o lado mulheres agachadas no trabalho da apanha da uba.
Grande plano dum caramelo a infiar pa boca quatro dedos incardidos (do trabalho) e a espatar um balente assobio caté faz ricochete pus cachos: “ fhiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuuuuuuiiiiiiiiiiihiiiiuiiiihuiii.”
Na binha bê-se uma bela caramela a lebantar o toutiço (com um lenço) e assomar-se por cima das parreras im drêto ao assobio. Ela diz: “Olha, o meu home tá-me a chamar. O que sará que ele quer!!!”

BOZ DE CATARRO
E era assim que o casal conseguia comunicar-se a longas distâncias tal como no meio dum inxame de gente. O chamamento da gaiataige, pra deslargarem a brincadeira e birem almoçar, tinha o mesmo método: um balente assobio pró ar e eles binham logo a correr ao fim duma hora. No Marcado do Pinhal Nobo, no início do século binte, entre o mugir e o zurrar da bicheza, era frequente obirem-se assobios de chamamento e reunião de família que entretanto se tinha dispersado entre o gado e a ciganaige.
Mas o maior inimigo do assobio foi o mito caramelo que se agarrou às mulheres que assobiam. Palabras de ordem como “Mulher que assobia, ou capa porcos ou atraiçoa o home” ou até mesmo “Mulher que assobia, ou é cabra ou é badia”, baniram quase por completo o assobio das beiças das nossas caramelas.
IMAIGE (em câmara clandestina):
Uma mulher sozinha na lide da casa a assobiar: “friiiiiiui friiiii uifrifruiiiiu friuifruiuifriiiiiufruiufri frii friiii…” ela está junto a um alguidar, a descascar batatas e não se dá conta que o seu assobio, feito um passarinho, enche o espaço de extraordinário encanto e lebeza. Tal raridade assobiativa, associada às longas tiras encaracoladas de pele de batata a sair da nabalhita par dentro do alguidar, representa o milagre da felicidade caramela só comparábel à aparição das sereias-de-charco, quando um home bebe cinco grades de mines sem arrotar…
De repente oubem-se bozes ao lõinge… o assobio é logo interrompido.
As bozes desaparecem… e o assobio recontinua logo com o mesmo incanto.


BOZ DE CATARRO:
Com este raríssimo momento, é possíbel perceber o quanto o mito da mulher assobiatiba tem pribado o pobo caramelo desta magia feminina. Imbestigadores de bários sectores da ciência, como os caramelólogos e assobiólogos, têm-se dedruçado dobre esta problemática como quem se debruça par dentro dum poço pra tirar um balde d’áuga com um cordel curto. Fizeram-se muitas experiências.
IMAIGE:
Quinze boluntárias da FLC a intrarem par dentro dum assobiatório (tipo tunel) onde ficam a assobiar belos cânticos sem parar. Nove meses depois de assobiaduras contínuas elas saem um pouco desgadelhadas e com belas bigodaças, mas cum forçaria pra enfrentar de nobo o dia-a-dia.
BOZ DE CATARRO:
É de balor dizer aqui que, passados nobe meses, não se detectou nas mulheres qualquer metamorfose de índole caprina, nem bovina e nem pariram bastardos. Os imbestigadores garantem a pés juntos que não há qualquer relação de causa/efeito entre uma caramela que assobia e a sua bontade parba de badiar ou de capar porcos. Como já temos o mito estraçalhado, agora as caramelas podem assobiar à buntade sim medos nim bergonhas e dar a toda a gente o poder do seu incanto. Adianta-se aqui que já foram montados bários assobiatórios-escola (tipo retretes do Marcado do Pinhal Nobo) pelo território caramelo (num consórcio entre a FLC e o Clube de Assobiofilia da Benda do Alcaide), pra recuperar o assobio perdido e reabilitar as caramelas a assobiar como umas deusas.
Há a dzer que há ainda munto por dzer, mas isso na é pra dzer agora. O que temos pa dzer é pa dzer no próximo episoide. Até lá espetem boas assobiadelas por esses ares.
IMAIGE DE ABALADA:
Grupo Coral e Instrumental de Pinheteiros (tocadores de pinha do Baldera) os “Bate à Pinha” num concerto caté parece que estão a olserbar inglesas a banharem-se na praia do Meco.

2 comments:

Anonymous said...

o pobo caramelo espera pela terceira parte deste documemtario!

Caramelo que aqui vem said...

Parou?!?!!!!!