12.8.11

CONSULTÓRIO DO DIA-A-DIA "A PUNHADA"

Se tiberes ãinças ou buntade de dar punhada no fumo do coirato, escrebe práqui que a FLC dá-te o azeite. Tamém podes fazer as tuas précuras que temos um rancho de caramelos especializados que te dão as respostas certas.

"Exmos. Srs da FLC, serve a presente para vos dar os parebéns pela vossa contribuição na afirmação da Cultura Caramela e para que me ajudem na resolução dum problema de integração nesta comunidade. Morei muitos anos em Cruz de Pau, mas agora sou habitante no Terrim há cerca de dois anos, e pretendo integrar-me plenamente na vossa cultura. No entanto, tenho reparado que a Cultura Caramela caracteriza-se por uma certa agressividade, já que é recorrente afirmar-se aqui o termo “punhada”, “uma mine pus cornos abaixo” entre outros, como actos perfeitamente naturais, típicos desta cultura, valorizados como uma virtude. Ora, a questão é que, na minha integração, eu não partilho desta prática e não quero apanhar “punhadas” nem “mines pus cornos”. O que devo fazer, para o evitar? Muito obrigado pela atenção,

atentamente,

Nuno Almeida de Espítito-Santo e Mello"


Ó meu repaz, só com uma cumbersa destas é que bocê arranca a gente das augas frescas dos regos da rega da melancia pra dar uma resposta a preceito.

Intão ei assim.

Im primeiros, se bocê quiser intrar im pleno na nossa cultura tem de lebar umas punhadas pas trombas. Nã há bolta dar. Isto é como um leitão branco no meio dum rebanho de bezerros pretos: Ou éi ou nã éi. Nã há méé nim meio mééé. Mas é parciso intender muita coisa, pra nã achar que samos um pobo biolento à parba.

O que bocemecê está habituado é a uma sociedade hiper-litigiosa em que acredita que tudo se resolve com um libro de reclamações, tribunais e recados em telemóveis. E o que bocemecê queria é que cada cidadão caramelo andasse com um libro de reclamações pindurado ao pescoço. Mas isto nã é a América, nem a Inglaterra, nem a Assembleia da República. Na América, se uma velha peidorreira, num elebador a cagulo de gente, largar uma flatulência de carácter sonoro (isto é, se ela deslargar um peido-morteiro), no primeiro andar, quando chega ao quadragésimo andar já tem um processo em tribunal e quando tudo isto se resolbe já a velha deu o peido-mestre. Se for num elebador da estação do Pinhal Nobo, os que lá tiberem dizem im coro pá velha “aliiiiimpa-te”, e quando chigarem à superfície já está tudo resolbido e cada um bai à sua bida. Isto é só pra bocemecê começar a intender. Na realidade, cada caramelo carrega em si um agente da autoridade, um advogado, um tribunal, um juiz e um sistema judicial caseiro. Assim, quando estão dois a garriar, podemos contar com mais de duzentos agentes da autoridade, advogados e juizes, dada a assistência sempre pronta a intrar em acção.

Na berdade, a punhada é mais antiga que as palabras. Vem na Bíblia Caramela: "primeiro Deus dotou o caramelo da técnica da punhada e só depois lhe deu o poder do discurso verbal." De resto nã fazia qualquer sentido um caramelo dizer “tás aqui tás a papá-las” sem ter desembolbido previamente as práticas da punhada! Dado este facto, na era do caramelopitecus, antes do uso da palabra, era a punhada que serbia para comunicar e resolber qualquer conflito social. Se a mulher queria que o home fosse apalhar balduregas pró jantar, dava-lhe uma punhada pu bucho, se ela quisesse um beijo carinhoso, dava-lhe uma punhada pus beiços... e assim sucessivamente. Porém, o advento da palabra substituiu estes códigos que se foram perdendo na históira, como o dinheiro se perde com o IVA a 23% prá luz. Ainda hoije é tecnicamente impossíbel andar à punhada e articular, ao mesmo tempo, um discurso erudito. Apesar de tudo, a punhada resistiu até aos nossos dias mantendo alguns códigos originais. Segundo a obra de referência “Garreias e Lambadões pas Trombas” a punhada é definida em vários tipos:

- a punhada recreatiba, que serbe para desembolber o físico e exteriorizar os impulsos brabios de forma controlada e pacífica, da qual nasceu o jogo do pau e a garreia em terra batida;

- a punhada jurídica, que serbe pra resolber conflitos sociais quando o debate-garreia já nã serbe pra nada. Pode ter hora marcada e tem um carácter legal entre a irmandade, por isso nã deve ser banalizada. Aqui usa-se o lema “uma punhada bale por mil palabras”.

- a punhada sociabilizativa, que serbe pra consolidar os laços caramelos por contacto físico. Nada de festinhas apandleiradas ou apalpadelas nas nalgas, falamos de punhada pu lombo, o palmadão na peitaça, o calduço no cachaço entre outros gestos brabios.

- e a punhada educatiba, que serbe pra pôr o gaiato parbo num gaiato esperto e nã acontecerem coisas como acontecem actualmente em Londres.

Atenção que uma sessão de punhada a perceito pode ter um bocadinho de tudo isto à mistura.

A gente conhece aquela galfarraige que faz as leis, aumenta os impostos e outras coisas que tais, e teima em abolir por completo o contacto físico como forma de convivência social e como código regulador das relações entre as pessoas. No intanto a FLC sabe que os comparsas dessa maltezaria (que se esconde atrás das palabras) aprendeu a fazer despedimentos colectivos por telemóvel. Foi a esta elegância por distanciação que chigámos. A punhada exige a presença física, o cara a cara, a coraige, a balentia e a convicção nas ideias e nos actos. O mundo caramelo não está montado em cima dum sistema subjectivo feito de recados e truques de retórica. Para um caramelo, muitas palabras juntas nã fazem lei, fazem um home parbo! Por isso entendemos a punhada como uma assinatura, um princípio legitimador de balores sociais adonde nã há dúbidas: ou ei ou nã ei! Assim, na nossa cultura quando a mitraige assalta uma capoeira de galinhas e é apanhada, leba logo um tratamento pá tosse que fica ca boca cheia de de penuige até perder o entusiasmo de boltar. Se fossem a tribunal, ficaba a promessa de boltarem ainda com mais alegria e arrecadarem tamém as gamelas, o milho, os poleiros e as capoeiras.

Portantos, em todas as modalidades, quando falamos de punhada, não falamos de agressibidade ou estupidez, mas sim de um símbolo da berdade social com as suas regras e limites. A punhada parba, oriunda da agressibidade gratuita e estupidez não pertence aos caramelos mas a alguns primatas mal amanhados que precisavam mesmo era dum balente ensaio, que só parava quando aprendessem a recitar palabras bonitas que nem o Mário Biegas, como ele diz aqui:



Portanto, se bocemecê quiser integrar-se na cultura caramela, seja balente, porte-se bem e lembre-se que as regras do contacto físico têm um caminho próprio e natural, como as águas do bidé a correrem pu ralo entupido. Rapidamente bai cumpriinder que quanto mais punhadas recreatibas levar dos seus companheiros, mais pode retribuir e mais integrado está. Um dia, bai perceber que já nem se sente bem quando nada acontece, e... quando nada acontece começa a ficar parbo dos cornos e a sentir-se abandonado que nem um cão badio com febre da carraça. Segundo os ingleses, isso dá bontade de assaltar lojas, incendiar as casas dos bizinhos e partir o que ainda parece inteiro.

Boas férias e se tiberem na praia saúdem-se com uma garreia na areia, se tiberem na Caramelândia, garreiem no charco ou no tanque que assim se fazem bons caramelos.


6 comments:

Toino das Mines said...

Boa tarde pandleraige!
Pa mim uma mine!
falam de punhada?
Aqui o Toino sempre andou na punhada desde gaiato e cuncordo que um home caramelo debe de garriar ou fica mais parbo que um mine sim deposito.
Bou buer uma grade agora e depois diparar na minha famel e depois bou buer mais 5 grades e depois disparar pelos aceros fora e depois buer mais 5 grades de depois bou ber as coubes.

Manel said...

O povo caramelo é um povo passífico. Acredito que muita da agressividade aqui expressa nos posts não é mais do que uma metáfora dum "modus vivendi" do que se passa realmente. A proclamada "FLC" raramente vai tão longe na especificidade de um tema. Aqui tiveram quase bem, especialmente porque levaram claramente a uma tomada de posição (tem os seus quês). Enfim, vale a reflexão acima de tudo. Bem hajam.

Anonymous said...

As ferias dos caramelos devem de ser agora...ningume escreve nem diz nada, nem os daqui nem os da colectividade..depois dizem que isto e aquilo, que escrevem, dizem, falam..mas para comentarem nada...depois dizem que os cumunas mandam nisto...mas participar nada..isto e aquilo...parecem uns morcegos...

Anonymous said...

este sr anonimo que escreve que isto e aquilo deve pensar que os caramelos pensam que ele se julga muito importante. Os caramelos trabalham e muito e juntos constroen a terra do povo e do povo fala quem a ele defende e nada mais porque se pensa que se julga na superioridade a todos mais vale pensar que nunca foi caramelo e assim evita uma punhada nas trombas.

Anonymous said...

Ó lugar de falar de punhada falem mas é das vergonhas da terra,
não é que os arquitectos paisagistas de Palmela, nos taparam o nosso monumento a nossa cultura
Caramela as Borduadas com um candeeiro, já nos ched
gava o que está as avessas do 25 de Abril, deveriam tirar uma foto e publicar no vosso bloco aqui na Inter-planeta independente senhores e senhoras da frente de libertação Caramela. Isso é que era uma Nova sobre a Caramelandia.

Anonymous said...

Ó lugar de falar de punhada falem mas é das vergonhas da terra,
não é que os arquitectos paisagistas de Palmela, nos taparam o nosso monumento a nossa cultura
Caramela as Borduadas com um candeeiro, já nos ched
gava o que está as avessas do 25 de Abril, deveriam tirar uma foto e publicar no vosso bloco aqui na Inter-planeta independente senhores e senhoras da frente de libertação Caramela. Isso é que era uma Nova sobre a Caramelandia.