6.12.05

Receitas de natal

Cada receita, uma região caramela

Arroz de toicinho e murcela com grão
(receita de Anacleto Violência, Arraiados)

Para 6 pessoas:

3 kilos de toicinho (que pingue gordura)- 3 cebolas grandes inteiras- 2 colheres de pedreiro bem cheias de banha de porco (de preferência caramelo-mirândez)- 100 g de sal- 2 kilos de chóriços de sangue ou murcela de Arraiados- 3 kilos de salsichas- 2 kilos de lombo de porco- 3 kilos de coiratos- 500 g de torresmos- 2 kilos de arroz-3 kilos de grão.

Tempo de preparação:
3 horas

Derretem-se numa chapa velha os 3 kilos de toicinho e em estando bem derretidos, tiram-se os torresmos e juntam-se duas vezes de água o volume do arroz, com a cebola, a banha, o sal, deixando ferver tudo num recipiente que possa ir ó lume sim agarrar produto ó fundo.
Ó depois espera-se que tudo coza. Quando a auga intornar pa fora da basilha, quer dizer que tá tudo aquase bom de cuzedura e procura-se uma gamela que esteja mais à mão, em condições de receber comida e bota-se tudo lá par dentro rapidamente pa não arrefecer. Se nesta transferência cair alguma coisa pó chão, nã faz mal porque a canzoada tá lá mesmo pa isso.
Intratanto, coloca-se os chóriços de sangue, as salsichas, o lombo de porco e a coirataige, num bidon, que teja habituado a ir ó lume, e deixa-se tudo assar, só com uma pinga de azeite casero.
Pode cozer os 3 kilos de grão à parte, com a panela directamente no lume da chaminé e esperar que este esteja mole de traçar.
Só falta atão, ajuntar tudo num baselhame minimamente aprasentáble (pelo menos por fora, por dentro ainda ei comó outro, com a comida nim se nota) e ó depois ei só estraçanhar.
Este prato debe ser serbido de modo a que todos comam de dentro da mesma gamela.

Receita tradicional caramela enviada por Anacleto Violência, de Arraiados

10 comments:

Anonymous said...

É BOM COMER BEM. A SAUDE ESTA NA ALIMENTAÇÂO.

Anonymous said...

alentejoMIGAS À ALENTEJANA
INGREDIENTES:

500 g de entrecosto
250 g de lombo ou de costelas de porco (sem osso)
150 g de toucinho salgado
800 g de pão de trigo caseiro (duro)
3 dentes de alho
3 colheres de sopa de massa de pimentão
sal


PREPARAÇÃO:

Corta-se o entrecosto e a carne em pedaços regulares e barram-se bem com os alhos pisados e a massa de pimentão. Deixa-se ficar assim de um dia para o outro.
Corta-se o toucinho em bocadinhos. Numa tigela de fogo (tigela de barro vidrado muito estreita na base e larga em cima) levam-se a fritar as carnes e o toucinho, juntando um pinguinho de água (para não deixar queimar). Retiram-se as carnes à medida que forem alourando.
A gordura (pingo) resultante da fritura das carnes é passada por um passador.
Tem-se o pão cortado em fatias. Deita-se o pão na tigela, rega-se com um pouco de água a ferver e bate-se imediatamente com uma colher de pau, esmagando-o. Tempera-se com o pingo necessário, batendo as migas. Estas devem ficar bem temperadas mas não encharcadas de gordura.
Sacode-se a tigela, sobre o lume, enrolando as migas numa omeleta grossa.
A esta operação dá-se o nome de enrolar as migas.
Quando as migas estiverem envolvidas numa crosta dourada e fina, colocam-se na travessa, untam-se com pingo e enfeitam-se com as carnes.

Anonymous said...

FOGUETES DE AMARANTE
É bom para quando se tem namourada nova.
INGREDIENTES:

250 g de açúcar
125 g de amêndoas
2 ovos inteiros mais 7 gemas
folhas de hóstia
250 g de açúcar para a calda

PREPARAÇÃO:

Leva-se o açúcar ao lume com um pouco de água (1 dl) e deixa-se ferver até fazer ponto de espadana. Juntam-se as amêndoas peladas e raladas e deixa-se cozer até espessar. Retira-se do calor e, depois de frio, adicionam-se os ovos. Mexe-se muito bem e leva-se o doce novamente a lume brando, mexendo, só para cozer os ovos.
Cortam-se as folhas de hóstia em quadrados com 5,5 cm. Com um paninho molhado em água fria humedecem-se um a um os quadrados de hóstia. À medida que se vão humedecendo, vão-se recheando com o preparado anterior bem frio e enrolado em forma de charuto. Levam-se ao forno, devendo os topos ficar virados para o lado do calor (fornos a gás).
Depois de frios, passam-se por uma calda de açucar em ponto de pérola e deixam-se secar.

Anonymous said...

FOGUETES DE AMARANTE
É bom para quando se tem namourada nova.
INGREDIENTES:

250 g de açúcar
125 g de amêndoas
2 ovos inteiros mais 7 gemas
folhas de hóstia
250 g de açúcar para a calda

PREPARAÇÃO:

Leva-se o açúcar ao lume com um pouco de água (1 dl) e deixa-se ferver até fazer ponto de espadana. Juntam-se as amêndoas peladas e raladas e deixa-se cozer até espessar. Retira-se do calor e, depois de frio, adicionam-se os ovos. Mexe-se muito bem e leva-se o doce novamente a lume brando, mexendo, só para cozer os ovos.
Cortam-se as folhas de hóstia em quadrados com 5,5 cm. Com um paninho molhado em água fria humedecem-se um a um os quadrados de hóstia. À medida que se vão humedecendo, vão-se recheando com o preparado anterior bem frio e enrolado em forma de charuto. Levam-se ao forno, devendo os topos ficar virados para o lado do calor (fornos a gás).
Depois de frios, passam-se por uma calda de açucar em ponto de pérola e deixam-se secar.

Anonymous said...

Pinhas, estevas, acendalhas, tojos secos no lume da velha lareira ardem com vigor.
Lá fora, o frio gela corações, relva e tectos, na lareira crepita o lenho que dá calor.

Emparedado pelos refractários tijolos, ardem roliços toros de cedro e pinho em amarelada chama que aviva os miolos e lança aroma dum campo de rosmaninho...

A quente chama de toro em toro baila enquanto o ponteiro, devagarinho, vai andando o tempo do Inverno marcando na sua batalha antevendo a Primavera que vai chegando.

Os troncos têm círculos de vividos anos donde escorre a resina dos tempos idos
Invernos vividos pêlos nossos anjinhos já para Outros Mundos partidos , grandes Caramelos...

Anonymous said...

*

Ela aparecera subitamente, como que saída da bruma da manhã. A savana acordava ainda, de mansinho, espreguiçando-se sob o sol abrasador de Dezembro.
A estação quente estava no auge e o ar queimava a pele de tão aquecido. E eu pintava. Pintava, como tinha feito em todos os dias da minha vida. Pintava, porque para mim isso era tão natural como viver, como o simples facto de existir.
Só a sombra esguia que se ergueu poucos metros adiante na estrada poeirenta me fez levantar os olhos. Avançando, decidida, agitava as ancas a cada passada, num movimento gracioso e ritmado. Fiquei uns momentos a observá-la à distância, o pincel esquecido na mão direita. Quando ela se quedou, finalmente, frente a um sulco profundo na terra, notei o balde que trazia à cabeça, inexplicavelmente equilibrado sobre um pano grosso e escarlate. O curso donde outrora as águas tinham transbordado, fustigadas por grossas bátegas que haviam caído durante a estação das chuvas, estava agora seco, reduzido a um risco traçado na imensidão vermelha que era o solo africano.
África era um continente de contrastes e o único que me fascinava. Eu era seu filho. Amava o ar estagnado e fervilhante das noites. Amava as trovoadas, tão avassaladoras como breves. Amava o cheiro intenso da selva que se estendia por toda a parte. E amava aquele povo no meio do qual eu nascera, cheio de vozes, ritmo e cor.
Aproximei-me, vagaroso. Finalmente, estava tão perto que poderia tocar-lhe.
- Olá.
A figura feminina estremeceu ao som da minha voz. Quando se voltou, os seus olhos encontraram os meus de imediato, para nunca mais se soltarem.
Foi nesse dia que eu a amei pela primeira vez. Com um simples cruzar de olhares, algo se alterou dentro de mim para sempre. O tom de mel que me fitava confundia-se com o da sua pele, tão diferente da minha. E era uma cor indefinida, escura e suave. Na minha mão de pintor nada passara de semelhante.
Ela nunca chegou a responder ao meu cumprimento, lançado um pouco ao acaso. Limitou-se a sorrir e a desaparecer pela mesma estrada, tão misteriosamente como aparecera.

*
Ela chegou algum tempo depois, mesmo antes do pôr-do-sol, tal como prometera. Trazia um vestido de algodão azul, justo na cintura, e entrançara o cabelo até que este não fosse mais que uma amálgama de tranças minúsculas.
Sentou-se em silêncio, contemplando a planície que se estendia para lá da colina. Só quando o sol tocou a linha do horizonte ela falou:
- O meu pai não sabe que aqui estou.
"Se soubesse não estarias aqui." - pensei.
- O que fazes? Quero dizer, na vida...
Pensei um pouco. O que fazia? Depois de completar o liceu, tinha desistido de ir para a Universidade. Os meus pais insistiam que fosse para a Europa e me formasse em algo importante: engenharia, medicina, direito... algo que os pudesse fazer orgulhar de mim e que, acima de tudo, pudesse abastecer os cofres familiares. É claro que a pintura estava fora de questão. Apesar disso, respondi:
- Pinto.
Ela olhou-me de forma indecifrável e continuou com o interrogatório:
- E pintas o quê?
- Ó, um pouco de tudo. Paisagens, pessoas, animais... e quando me aborreço faço uns quantos borrões no papel e chamo-lhes "obra de arte".
Ela riu-se. E, meu Deus, que riso! Era um riso puro, cristalino, capaz de atravessar dum lado ao outro uma muralha. A maior parte dos risos que eu conhecia enquadravam-se em duas categorias: cínicos e idiotas. Aquele riso certamente estaria numa categoria própria, dos risos impossíveis de definir.
- Agora - adiantei-me - é a minha vez. Já sabes o que eu faço. E tu, o que fazes?
- Eu trabalho em casa. A minha mãe está empregada em casa de uma família branca. É lá cozinheira. Eu faço a lida da casa... tu sabes, lavar, cozinhar, esfregar... Sabes, o meu sonho é sair daqui um dia e viajar. Conhecer o mundo.
A vida tem destas coisas estranhas. Eu, desejoso de ficar naquela terra, via-me forçado a fazer o possível e o impossível para convencer os meus pais de que uma Universidade na Europa não era para mim. E ela, ansiosa por sair dali, talvez nunca conhecesse outro mundo senão aquele.
- Eu nasci cá. - disse-lhe. - Mas já fui a muitos sítios. O meu pai é diplomata e costuma viajar imenso. Levava-me sempre com ele.
Os olhos dela abriram-se muito, como os de uma criança espantada.
- Conta-me.
- O quê?
- Onde foste, como são esses sítios...
E porque não? Humedeci os lábios e cheguei-me perto dela. À nossa frente, o pôr-do-sol chegava ao fim. Do alto da colina, os nossos olhos abarcavam a savana, que se espraiava na planície aos nossos pés. Nas copas das árvores, o sol poisava os últimos raios dourados, dando a impressão de que as folhas se haviam transformado em ouro. Por muitos países que visitasse, nada igualava o esplendor do entardecer africano. E foi, muito de mansinho, quase involuntariamente, que coloquei o meu braço à volta da sua cintura. Ela não se mexeu. Depois, baixando a voz até ao tom mais suave e grave que consegui encontrar, comecei a minha narrativa:
- A primeira vez que viajei com o meu pai...

Anonymous said...

Chegados a este ponto, é inevitável a vaga de humildade que nos submerge. O ego humano encolhe-se perante a imensa e infinita sabedoria da Terra, e surge a consciência da verdadeira pequenez que nos habita. Não há uma molécula de humanidade sequer que não seja, afinal, algo que sempre foi. É neste antiga novidade que se perpetua a vida, em todas as suas formas, para lá de todos os cataclismos, desafios e convulsões. Há que respeitar tamanho poder.

Anonymous said...

Como caramelo adorei a receita de Arroz de toicinho e murcela com grão. Vai constar de certeza da minha mesa de Natal. Só agradecia era que me informassem quais os melhores locais para adquirir os ingredientes.

Anonymous said...

Comunicado do Sindicato dos Caramelos:

Vem o Sindicato informar os conterrÂneos, que o prato tradicional "sopa da horta do vizinho", foi incorporado no livro "doces e arrozes doces" da Ti Maria Baubina Fontes, Carregueira, edição caseira.
Este prato, consta do seguinte:
Coloca-se 1 panela com 1 litro de água a ferver, ás 03h da manhã. pegar num kilo de carna suculenta de pato da capoeira, colocar num saco de plástico da comprativa e de seguida, pegue na lanterna a pitról, saia de casa, salte o muro e entre na horta do vizinho. Lá poderá encontrar um rico sortido de hortaliça. Quando o cão do home começar a ladrar, lançar o kilo de carne suculenta de pato, para junto do mesmo. Este entretem-se a comer a deliciosa carne e até se esquece de gurdar as coubes.
Acender a lanterna e escolher a melhor couve galega que lá houver. Depois, 3 cenouras, 1 abóbora, 2 ceboulas, 5 rábanos, coentros, alhos e 1 maçaroca de milho fino. pegar no carro de mão, encher o carrinho com os deliciosos legumes. Abra silenciosamente o portão, e saia imediatamente do local. Cuidado com as CÃmaras vigilantes da horta do vizinho. Se for caso disso, leve também uma lata de spray, para pintar a camara e não ser visto.
Assim que chegar a casa, lave todos os ingredientes, coloque 0,0005cl de azete da comprativa na fervura, e adicione delicadamente todos os legumes, depois de retraçados com a machadinha malvada. Deixe ferver. adicione 1 colher de chá com sal fino das salinas do samouco.
Depois de cozido, apague o lume e deixe arrefecer até ao meio dia.
Quando a GêÉNEÈRRE, chegar ao local, sirva os senhores com a bela sopa e 1 garrafão de tinto do TI Manel dos Pipos (venda do alcaide).
Pró Sindicato são 10 dozes de Arroz de toicinho e murcela com grão e 1 grade de mines!

Pl'o Sindicato
Ismael Costa

Anonymous said...

Bom dia ó pandleraige
Pa mim ei uma mine.
Atão qual ei o prato do dia hoje aqui na colectibidade?
Ei o arroz de murcela com grão?
Atão bote lá uma dose par mim, quê por bolta do mi-dia passo cá.
Pode por tamim uma gradezita de mines, quei pa tárem fresquinhas, que su petisco tiber balente, sou home pás ditar todas pó bucho.
Atão má logo, passo cá pa bater essa arrozada rija com grão.
Ó Zei Ratoera, nã queres bir almoçar aqui à colectibidade?