20.1.09

Biagens pela Caramelândia
Palhota. Escola Primária. Meio da manhã. O sol caramelo aquece as poças de auga fria, onde alguns porcos chapinham. Os gaiatos brincam e palreiam no pátio. É o intervalo do aprender, onde se aprende as coisas selbagens do ser. No alpendre, duas mulheres braçudas e orgulhosas, vestidas à moda Toino Brinca, observam o gado pequeno, duma ponta à outra do correr. Três pássaros no telhado a olhar para o longe. É grande a caramelândia, mesmo a voar. Na rua passa uma famel a todo o gás, debe ir direita à sede, o home bai buer a primeira mine da manhã. Enrejar a brabeza dá saúde e faz rejeza (diz a boca dos velhos na Palhota). Agora fora da escola. As bozes dos gaiatos mais baixas, rés-do-chão, casa típica caramela. As mulheres chamam o gado brabio, “benham pa dentro, a professora já introu!”. Boa voz para o rancho da Palhota, devem andar lá, amanhã há ensaio, não se esqueçam. O porco adormeceu na poça. Focinho de fora. Parece um crocodilo. Crocodilo-caramelo a grunhir de felicidade. Do outro lado da rua. Calma da manhã. Mercearia da Ti Zulmira dos Pitromaxs. Bende tudo. E mais alguma coisa. “É só dzer”, diz ela. Há diálogo. Há tempo. Há freguesas. Depois é o almoço. Talvez chispes ou dobrada. O home hoje debe de bir a casa. Há diálogo im boz alta, os sacos dos abios, repousam no chão:
-éi
-nã éi!
-éi!
-nã éi!
-o mê gaiato disse que éi!
-e tu acraditas no gaiato?!!
-atão o gaiato éi esperto!
- éi parbo!
-éi esperto!
-éi parbo!
-a terra éi radonda!
-tás parba?!!
-e anda à bolta do sol!
-comós carroseis?!
-sim!
-atão a terra éi um carrosel?!!!
-mais ó menos…
-e éi radonda como uma laranja?
-mais ó menos…
-atão, éi ó nã éi? Primero dizes que sim, ódepois já nã éi?!!
-tu éi que tás a dzer isso…
-eu?!!debes tár párba!
-párba és tu!
-és tu, amais as ideias parbas do tê gaiato!
-tá calada, bê lá mas éi!
-o quéi?
-tás parba, ó quéi?
-ai éis?
-quem?
-eu, secalhar, nã queres tu bêr!
-bái mas éi ber se ê tou no marcado do Pinhal Nobo, a cumprar çaroulas ós ciganos!
-bai mais éi tu ber se ê tou a cumprar rabuçados pá tosse na raforma agráira.
(…)
-éi radonda e anda à bolta do sol!
-e eu sou neta do Zei Maria dos Santos!
- bai mas éi chafurdar na lama amais os porcos
-olha, bai mas éi à merda!
-éi!
-na éi!
E por aí fora, nos aceros da língua em inxovalho crescente, mas sadio. Pelo menos intartãe, diz a Ti Zulmira dos Pitromaxs. Já há mais gente na mercearia. À bolta delas. Oubem cum atinção. Ao longe, o toque do mí-dia. O home já debe ter chegado a casa. Nim almoço, nim mulher. Bai haver punhada e garreia lá im casa.

-éi!
-nã éi!
(…)

10 comments:

Anonymous said...

Eu tibe nessa cumbersa. Eu aicho que éi.
Bela cumbersa essa.

Anonymous said...

Isso é uma conversa a Comuna, cheia de mentiras.... pobres Caramelos

Anonymous said...

eu acho que ei, a terra é redonda. Bela conversa, fiquei com vontade de ir á Palhota. Eu sou das Lagameças e sou bruto.

Anonymous said...

Devo dizer e afirmar sem qualquer medo de represálias que não considero os comunistas mentirosos, pois privo de perto com muitos que assim se afirmam e nunca deles ouvi mentiras, nem de ninguém que nos governa. Portanto quem atira bocas dessas como o sr. tibério deveria ter a coragem de explicitar melhor as suas ideias, não se escondendo atrás de identidades que nada acrescentam á comunidade que aqui vem, avidamente ler os novos posts.

Anonymous said...

Eheheheh! Ganda cunbersa!

Anonymous said...

ê cá acho que nã éi... ma tamém na bou dizer porquê
bou além fazer pioes co joper.

Anonymous said...

Mais um clássico chiinho de pontos final. Os pontos final parecim milho partido, mas a gente gosta. èi nã éi?

Anonymous said...

Estamos no tempo das matanças, e muita é a mortandade que vai por essas aldeias, com os cochinos em alto grunhidoiro nas manhãs gélidas. Uns matam por tradição, outros por manifesta necessidade, porém todos por apreciarem a boa carne dos porcos que medraram no chiqueiro.

MatançaCorre desde há uns anos forte e decidida campanha contra a mortandade do animal, sacrificado sobre uma banca, em acto atroz de absoluta impiedade. Clama-se que tal prática, ainda que ancestral, é atentatória à dignidade do animal. Parece-nos, contudo, que ainda ninguém clamou contra o consumo da carne de porco, nem os enchidos, nem os presuntos e os torresmos. Isso é que era bom! A carne é saborosíssima, e enche as medidas a qualquer apreciador da boa culinária, ainda que muito se fale em dieta e em comidas light, que em português escorreito seria melhor dizer limpa de fortes valores nutritivos.
Ora, perante tal contradição – o gosto da carne versus a protecção do animal que a fornece – encontrou-se um argumento de peso: a falta de higiene e de controlo sanitário. Nada há contra a morte do marrano, desde que aconteça em matadouro, sob o controlo das entidades fiscalizadoras, de forma a garantir-se a qualidade da «fazenda».
Ora, cabe-nos perguntar, que melhor garantia há para a qualidade da carne, do que ser o próprio consumidor a matar, limpar e desmanchar o seu marraninho, cevado na sua cortelha, a trato de bolotas, saramagos e retassos, sem que uma pitada de ração de compra lhe entrasse no bucho? É morto à frente de todos os que vêm para ajudar ou que passam na via pública e se assomam, sem receios de mostrar que o bicho quando vem para o banco traz boa saúde e é com absoluta limpeza e asseio que é tratado desde que a faca lhe entra no gasnete até ir para o chambaril, ser desmanchado e partido para as diversas peças do enchido que haverão de atestar o fumeiro. Que melhor garantia do que essa de ser o próprio consumidor a tratar do seu sustento?
Mas não, os senhores mandantes, ocultando estranhos interesses, vêm reclamar a pureza dos novos métodos do matadouro. O que na verdade se passa no açougue, só o sabe quem lá trabalha, entre as quatro paredes, longe das vistas públicas, aproveitando tudo o que há para aproveitar, ainda que centrifugado para salsichas e fiambres, comendo depois o consumidor uma pasta de carne gustativa, mas toda de igual sabor, independentemente do tipo de alimentação que o animal teve.
Deixem-se de hipocrisias. O que essas leis proibitivas e atentatórias aos costumes pretendem, é servir interesses comerciais instalados, que fazem pressão sobre quem decide, para que se ponha fim à matança do porco doméstica, para que mais salsichas cozidas venham para o mercado.
Ainda que os tempos sejam outros e que falte gente nas nossas aldeias, o porco deve continuar a ser morto nos currais e à beira das estradas, não apenas nas aldeias, mas também nas vilas e nas cidades, para que se demonstre que o povo quer estar bem servido, quer comer o que sabe ser de qualidade e estar sujeito a regras de limpeza e de salubridade que faltam nos estabelecimentos industrias. Esteja o povo fiel ao antigo adágio: faz a matança e enche a pança.
Viva a matança do marrano!

Paulo Leitão Batista

Ze Barrigas said...

A FLC, ANDA A LUTAR PELA LIBERTAÇÃO DA NOSSA CULTURA, POR ISSO APOIA ESTAS INICIATIBAS. MUITO BEM.

Anonymous said...

ê ca tou parba ca esparteza da ti coisa dos pitromax k inda hoije na se k raio d m**** e essa...
e né ca melher e esperta...cum certeza k andou na escola velha do alto estanquero, onde eu tb andi e aprendin tudinho o k se hoije...tudinho ate a fazer xixi xem mijarv as fitas do xtido...
ass. caramela du alto estanquero...akilo onde se passa quando se vai po forum ou pas festas da atalaia ver o arrematar da banderas!