6.6.11

PUDINS DO PENSAMENTO

Uma crónica sob total responsabilidade do escritor João das Porras, sobre o existencialismo caramelo e outros distúrbios da realidade, só pra intelectuais de primeira apanha.

"

É Domingo de manhã, dia de eleições. Sinto-me de espírito aberto como um caramelo que comeu um quilo de amexas e qualquer lugar recôndito serbe pra exprimir as suas emoções. Sentado entre as barrecas das Festas do Pinhal Nobo, e as arbes do jardim, deparo-me com a aproximação duma sombra. O vulto sombrio acarreta um home de camisa azul-remédio-prás-formigas e mais umas botas de sola vitalícia, compradas na intiga drogaria do Costa, no Pinhal Nobo, nos anos 60. Uma manápula surda atrabessa-se entre a minha cabeça e os anúncios das Três Marias (dissimulados de notícias culturais, nas páginas do Jornal do Pinhal Nobo). E de quem éi esta manápula envolta de resíduos de cimento-cola? É do Virgolino Arrebita, natural do extremo oeste dos Batudes. É um home de poucas falas, e por isso, autor de grandes rasgos de sabedoria que entram no nosso discernimento como uma rajada de arrebitos pa testa adentro, espatados por um moto-arrebitador.

Aperto-lhe a mão (num bacalhau):

- Atão comé que ei? – pergunto.

- Oh!... Coiz! – responde ele, seguro de si.

Tudo tem o seu quê, mas a unibersalidade destas palabras "Oh!...Coiz!" respondidas, enche a cagulo o mais dilatado pinsamento caramelo. São palabras tão intensas que chegam a materializar os miolos dum cabeçudo em repouso. São enfim, a duplicidade entre o encantatório, e uma intiga guarda de passagem-de-níbel a limpar as mãos num guardanapo de papel.

É com esta resposta "Oh!... Coiz!", que Virgolino fica calcinado a olhar pra mim, com o sobrolho franzido que nem um javali preso por um chispe. No seu olhar, ele está plenamente convicto de que aponta o olho esquerdo pra um Eu sobressalente (desfasado a cinco minutos para lá de mim), e intranha o olho direito no infinito compactado, onde as abóboras ficam esmigalhadas de tal geito que nem servem pra dar aos porcos. É esse o seu olhar!

Perante tais palabras guarnecidas do ser, envolvo-me num arrebatamento interior caté fiquei agrafado a um nobo sentido do dia que dantes nunca tinha chigado ca minha própria cabeça… mintira, lembro-me por exemples do Orlando Frigorifico que graças ao seu comintário “nada é que nã éi nada”, sinti um burburinho tal, que hoije vejo os lençóis matinais como eucalitros sacudidos.

Procuro intão os sinais do meu íntimo. Sinto a metamorfose da existência como rinocerontes ainda dentro do ovo, perturbados, prontos a arrebintar a casca com uma cornada. É neste lavajo de pinsamentos, que as palabras “Oh!... Coiz!” me despertam o sintido do “Coiso”. Mas que Coiso, carago? Pergunto eu no cheiro da minha dúbida, enquanto Virgolino Arrebita prolonga o silêncio do seu olhar fixo por mais 15 longos minutos. Esta hora metafísica vai alimentando a minha procura ora embrutecida, ora corporalizada na semântica necrófila das páginas do Jornal, ora com uma lambidela na mortalha do sétimo cigarro.

Não aguento mais a dúbida. Tenho que me desendubidar.

Amonto-me a cabalo na nha minarda e desato em biaige à precura d”O Coiso”. Bou da Carregueira aos Cajados, do Poceirão à Palhota, bou de lés a lés calcorriando os mais secretos aceiros, debaixo do intulho, por detrás das retretes… e nada! Nã há “Coiso” em lado nhum! Ao final da tarde, quando o Sol se farta do dia e segue a Estrada dos Espanhóis, começando a escapulir-se lá pra trás do Pintiado, alebanta-se-me a ideia de que “O Coiso” pode estar incrustado im mim, como uma espécie rimel que se intranha nas olheiras das belhas quando saem da Cela às cinco da manhã.

Decido então falar com a Nossa Senhora da Atalaia e ponho-me a caminho.

Chigado ao santuário da Atalaia, rebela-se uma notória atmosfera para o reencontro de falsas criaturas (parsidentes da república, comentadores desportibos, porcos, gorilas, etc) que carrego na minha fragmentação. Os miolos transubstanciam-se num monólogo-garreia até que, na precisão dum gesto espontâneo, acho uma bola de cotão no alto do rego, onde o lombo acaba e começam as nalgas. Tal pegada do destino, leva-me à pergunta: terei eu achado “O Coiso”? Não! É apenas um sinal sobrenatural de que “O Coiso” existe e está prestes a mostrar-se!

Chego ao Pinhal Nobo já noitinha. Sonambolesco, assento-me no Costa-Bar sintindo o efeito voluptuoso duma mine a escorrer-me pas guelas abaixo. À terceira mine os meus olhos incontram a luz da telebisão. É uma luz que traz o negativo de si própria! Ela traz-me “O Coiso” pra dentro do meu nervo óptico e dá-me o renascer da certeza sob a experiência de milhares de Tarzan’s dilacerados desde que nasci... Não, não é um reality-show de gordos, ou um pugrama que testemunha a angústia duma bola de cotão, a germinar no alto do rego dum polícia de moca na mão! É algo de muito mais místico… é todo o resultado das eleições das terras Lusas… de uma ponta à outra!

O Coisoé a derradeira aventura da metafísica, o exercício excepcional da realidade adiada bida afora, o lugar das múmias.

Obrigado Virgolino Arrebita, a tua resposta alumiou o dia!

Encontrado "O Coiso", lá fora na abenida, só a passaraige escondida nas arbes bai escagaçando os tejadilhos das biaturas caramelas, dando abanço ao paraíso.


"

18 comments:

Anonymous said...

Texto para ler e arrotar de satisfação! Biba a FLC!!!!

Neto da Belha que gosta da escultura com sachos e enchadas que fica no jardin said...

O que significa as coisa???!!!

Toino das Mines said...

Boa tarde pandleraige!
Pa mim uma mine que este calor parece parbo e um home tem de buer mines de impanturrar.
Falam de coisas intelectuais? Aqui o Toino tambem se considera intelectual e também poderia escreber. Mas sou analfabeto, pelo menos acho que sou, mas sei ler os rótulos das garrafas de mines e destinguir uma mine das outras. Tou agora a escreber, e depois bou ber o motor de rega que incrabou, debe de ser do calor e depois bou buer mais duas grades, pa ber se o calor se desinmerda. E depois bou andar de motorizada e bou buer mais mines, mais duas ou tres grades pelo bucho do Toino. Bou agora. Se birem o Zei Ratoera digam-lhe que bou buer uma grade e que pago uma a ele.
Bou agora, o motor de rega arrincou a trabalhar.

leonel, o ordenhador said...

O Homes... bou buer umas mines nas festas da nossa capital. E tenho uma barreca onde tou a bender uns queijinhos das minhas obêlhas. Inquanto ninguém me compra nada, bou pinsando... e buendo mines.

Agora é uma sopa caramela e um vibo da cascalheira.
Ó pois bou ber os bailadeiros da carroça ou lá o que é aquele tambolho.
É um bom assunto pa pinsar... será uma carroça ou um satélite da NASA (Ninho de Abelhas Sem Asas)?

Zé das Hortaliças said...

Taba a ber que não ia as festas é que me doi a caveça de tanto varrulho! Biva a FLC! tavam parvos ó quê?!!!

Zé do gato said...

finalmente de bolta. Tába a ber queste ano não habia foguetage.
Bamos potar inbeja aos palmelões, caté sa danam todos.
In frente camaradas
bamos fazer medo a crise vailhando

amarada da Barbearia said...

há...isso sim nos os Caramelos somos os mais fortes, bravios, não temos medo a crise, vejam o que o nosso clube do barbeiro faz para nos entreter nas festas da nossa grande capital até gasta muitos € para fazer voar uma avioneta nos céus da nação Caramela, e fazer barulho até as 2 da manha para espantar o imperialismo...o nosso grande irmão Estaline é que deve mesmo estar contente, porque impedimos os trabalhadores de dormir assim há menos produção para pagar aqueles gatunos do FMI isto é que é ir ao combate camaradas... a noite a sardinhada para agradecer este povo que nem mete queixa por nos fazermos a revolução pelo barulho e assim não pagar aqueles ladroes que nos levam o nosso dinheiro todo e assim não poder comprar tachos para os nossos filho que tem de ir la fora trabalhar para terem uma vida melhor......Camarada da Barbearia

Anonymous said...

O camarada da barbiaria tem razao. Este povo, que deve ser tolerante apoia as manifestacoes dos trabalhadores e aqueles que nos governam. Os avioes mostram que temos imperialismo e que os nossos lideres do castelo se mantem governantes nas cores dos tachos e que dao ao povo as sardinhas e vinho e assim ficamos contentes e todos vao cortar o cabelo sem reclamar nada porque gostamos de quem manda. Assim, o Staline tambem deve gostar deste povo que acredita no comunismo como forma sustentavel de imperialismo capitalista e o vinho local aumenta as vendas e todos bebem e comem e os caramelos domesticam-se.

zé das coves said...

Tamos aqui pra creticar tudo.

Intão na querem lá ber... o mais importante na festança da Caramelandia é a Sopa. Claro a Sopa Caramela. Intão como é possibel ca sopa acabe todas as tardinhas lá pás 9 horas, é medida do FMI probabelmente. Um caramelo que bai à festança quer sopa pelo menos inté às 2da manha para poder ter forças para ir travalhar para o outro dia. Prexemplo, na barraca da casa do pobo, onte, disseram-me que tinham fêto 10 panelas, mas será quesacabou a auga no depoisito ?

Haja sopa porra!

Manuel Monte cá da casa said...

até quim fim que me dizem que o abião é cá dos nossos ... porra.
Tanto tempo a dar nobidades, uma pessoa já a pinsar em armar aí uma imbazao dos do castalo de palmela, pra ber se incutrabam as forças actibistas do pobo caramelo.
Só por isso bebi 5 grades nas festas varulhentas do pobo caramelo... porra já nã abia sardinhas.

Anonymous said...

Os caramelos não são parvos e devem saber que um aeroporto não virá para cá se continuarem os protestos de um povo que não sabe que quem os governa dignifica as populações que os elegeram, portanto devemos apoiar os seus actos e não continuar a protestar contra tudo o que vem lá dos lados de palmela. E agora até temos uma carroça de bailarinos foi o presidente das festas que achou que o povo merece, e o aeroporto deve de ser para este sitio se desenvolver e por isso eu estou sempre de acordo com o nosso presidente das festas Caramelas. O povo caramelo orienta se sempre mas quem se orienta mais são os que nos governam mas nós devemos sempre fazer o que eles nos mandam. e escutar o antigo presidente da banda da barbearia tocar umas guitarradas e não fazer o som dos que passam antes e que também gostam de tocar guitarras e que ninguém pode ouvir porque o técnico de som estas se a rir.... e ao comando do barbeiro é que o filho de ele é que é a estrela das nossas festas Caramelas.... Sou caramelo e apoio a nossa cultura e leio sempre o jornal de cá para saber o que eles dizem mas nada de jeito vale melhor ler a banda desenhada do Tintim pelo menos faz se a volta ao mundo.

Intelectual assumidamente de esquerda moderada said...

Os meus camaradas, dizem mal das festas, mas quem organiza as festas acho que devem de ser da camera, ou nao? Se falam que nao ha sopa, porque nao fazem tambem em casa um pouco desta sopa voces mesmos e trazem num taparuer??? Vejam se falam bem, porque assim nao se aprende nada aqui e os caramelos gostam da sua festa. Outro assunto, os da barbearia sao da terra e governam bem e por isso devem tambem ser bem falados, mas a sopa caramela isso, cada um deve fazer a sua e nao reclamar que nao ha.
Tenho dito.

António Cebola said...

querese dizer que as festas já la bão, á pois é já bai já lá bão. parece canda prái malta a apreguar que se debe dár os paravéns aos rapazes da organização das festas por terem feito tanto varulho assim mostra que estamos vivos. então porquê pergunto cá eu???? Ê cá pra mim aicho que as festas são boas mas falta lá muita coisa e tão longe de serem bem melhores, pois pá, temos que abisar os repazes da org. que têm que puxar pelas gentes cá da terra, em bez de quirerem trazer só malta que passa em todo o lado pela Lusitana e fora para os nossos caramelos imigrantes, a ganhar charcos de dinheiro e em tempo de crise o nosso dinheiro é por cá preciso, e temos para ai tantos músicos, metam a malta Caramela, mas não le fassão como aquela malta das Guitarras isso foi uma grande bergonha da parte da organização dos barbeiros,e quem tem balor são mesmo os da carroça que fazem bailar toda a malta e inchia de animação as festas para aí serem um berdadeiro cartão de bisita. Tamvém a parte das sopas caramelas aquilo tá mal, atão a sopa acaba ainda do fim, isso na tem azeiteira nenhuma, atão o berdfadeiro conbibio caramelo é o pic-nic a malta a comer, a rir, a serbir-se do mesmo meio-bidom, isso é que é os berdadeiros balores Caramelos....apostem mais nas gentes cá terra e de certeza que bamos ter sempre muita animação, pois temos gentes de muito valor.... mas digam aos dos caroseis de baixar o barulho, a gente que trabalha cedo para que esta nação não seja comprada pelos chinês.....

KIm PrIsu said...
This comment has been removed by the author.
A. M. da Costa said...

Estas festas por bezes debiam ser mais Caramelas, do pobo espontâneo de festejar, com meios bidoms e tudo, sem dirigentes das festas (ligados a um Bando) e da câmara, tudo mais Caramelos, o come lá fora na relba isso é muito sadio….E com músicos cá da casa isso é que era uma festa e não um centro comercial onde o rancho do varveiro deve meter ao volso rios de dinheiro e nos obriga a ouvir varulho até a mais que as nossas cabeças velhas possam ouvir, é que eu se para o ano continuam com essa varulheira meto uma queixa crime, até a meia noite chega, e que tirem esses carrosséis mesmo ao lado do meu prédio ….Eu cá gostei dos caramelos da carroça, homes e mulheres Caramelos de berdade…..

Anonymous said...

Eu também gostava de ver festas da nossa capital Caramela mais simples um grande convívio, mais para nos darmos a conhecer melhor entre vizinhos et porque não trazer uns amigos que gosta da nossa sopa caramela e do vinho da Cascalheira… do nosso Tomé….
Mas vejo que a por ai quem só fica contente com a multidão, devem ter medo de ficar sem vozes.

ex-comuna said...

Concordo com este ultimo comentario, porque as festas caramelas deveriam de ser muito simples, com gente a comer e a beber e a cair para o lado, cheios de tinto e assarem comida nos meios bidons e gente brabia com a sua navalhita a cortar queijo e assim gente verdadeira a tratar das suas hortas e a regar as couves. A multidao serve para votos e para os do barbeiro e companhia manterem o dominio deste local. Mas eu vou nas festas, o barulho parece pouco caramelo, mas quem vota tem o direito de protestar.

Mario da Salguerinha said...

mas isto são as festas do Pinhal Novo o Presidente Lagarto devia mas é promover umas novas festa que elas sejam mesmo Caramelas num grande convívio de gente que pensa ser caramelo... porque estas festas do Pinhal Novo, como alguém já disse por ai são um grande marcado com algumas distracções muito barulhentas....