2.9.11

ABC da Bassoira

Estudos da FLC têm rebelado que os níbeis de imbecilização da sociedade moderna nos últimos anos têm sido preocupantes. Pra evitar esta tendência no nosso territóiro, o restrito grupo dos Cabreiros Templários (conselheiros cativos à FLC) reuniu-se clandestinamente à bolta duma malhada de cabras pra traçar um curso intensivo, emitido por cordel atado a uma rede de latas bazias.

Cada habitação irá ter uma lata, com um buraquinho no fundo de onde sai um cordel esticado que, por sua bez, bai ligar a um painel de latas instalado nos estúdios da escola. É então o Curso Propedêutico Tele-Lata Para A Cultura Caramela (C.P.T.L.P.A.C.C.).

Infiem os bossos obidos par dentro das latas e bamos lá intão obir e aprinder.

Mini-Apresentação:

ORQUESTRA DA SFUA (em dias de budeira colectiva):

Tom tororom, frlôm fôm fôm…

Tum tururum, frlum fum fummmm.

PATARDO DOS CÍRIOS DA CARREGUEIRA PRA DESIMPOEIRAR AS LATAS:

“PUM”

“A BASSOIRA ”

PROFESORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):

O mundo doméstico caramelo está repleto de objectos importantes que poupam o home e a mulher de ter que esgrabatar cas unhacas pra fazer as coisas, por isso, hoije bamos falar da bassoira.

Dum modo giral a bassoira serbe para inxotar o lixo para a porta do bizinho que por sua bez inxota o lixo para a porta de outro formando assim uma comunidade. Trata-se portanto de uma das mais intigas formas de sociabilização, mesmo antes do caramelo apanhar ubas pra comer e buer. Nos tempos intigos, a bassoira era constituída por um tufo de tojos secos atados por um baraço.

SOM DA ARAIGE A UIVAR PUS RAMOS DUM EUCALITRO AMAIS A BOZ DUMA CARAMELA A BRADAR...

Áudio-encenação:

- Óh Jacinto, deslarga lá a inxada e bai fazer a mim uma bassoira que eu preciso de barrer os cortinados.

- Já bou. Deixa isso im paz e bai mazé fazer a sopa que eu tou cuma esgana capaz de comer um barrasco pus cornos.

PROFESSORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):

Assim se percebe que a bassoira se tornou desde cedo um objecto de fabrico caseiro, tipicamente feminino com múltiplas funcionalidades e pouco apreciado pelos homes.

A bassoira sem pau era baixa e tinha o poder de dobrar a caramela para o acto da barredura dando todo o relevo ao traseiro a dar-a-dar, coisa que agradava ao seu amado. Mas quando a mulher barria a eira à frente doutros homes, o seu querido home já não achava graça nhuma e essa posição podia até dar punhada giral. Foi intão que se inbentou o pau de bassoira prá mulher ficar direita e os outros deixarem de se limber com os olhos.

Com o pau, a mulher ganhou outra elegância e poder de manobra. As mais belas coreografias domésticas estão associadas à caramela quando barre a terra, a grabilha e as caricas, que a sua família trouxe agarrada às botas par drento do lar. Ber ela a barrer e a assobiar entre os raios de sol, é um dos momentos que qualquer home caramelo gosta de guardar na memóira pra toda a bida.

A bassoira, além de barrer, tebe sempre muitas outras utilidades, como sacudir os tapetes e as fronhas das almofadas, tirar as teias que as aranhas caramelas gostam de fazer aos cantos da casa, ou até mesmo para abanar o fogareiro. Mas dada a inbenção do pau, multiplicaram-se as utilidades, tornando-se assim um dos artefactos mais importantes da bida doméstica.

SOM DO CHAFURDAR NUM ALGUIDAR COM 50 LITROS DE CAL ACOMPANHADO POR UM DIÁLOGO DE GALOS POR ESSE CAMPOS AFORA...

Áudio-encenação:

- Ó Natércio, bai lá pôr a bomba d’áuga trabalhar pra meter aqui áuga no balde pra eu mexer aqui a cal com o pau da bassoira.

- E tu já tens trincha pra caiar o muro?

- Atão na bês que tenho aqui a bassoira. Bou caiar com ela… e deixa-te de cumbersas e bai já ligar a bomba.

PROFESSORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):

O pau da bassoira serbe portantos para mexer a cal, desintupir a retrete, bem como educar o gaiato parbo a ser o home de amanhã. Neste caso, um gaiato que tenha na mania, tem logo prometida uma pazada de bassoira pu lombo caté impa.

SOM DUM BANDO DE GAIATAIGE A JOGAR À PADRADA E A ESTILHAÇAR O VIDRO DUMA JANELA. OPOIS SILÊNCIO… …

ABRUPTAMENTE OUBE-SE O ESTRONDO SECO DUM PAU DE BASSOIRA A ACERTAR NO LOMBO DUM GAIATO DESACAUTELADO E A FAZER DELE UM HOME ÀS DIREITAS...

Áudio-encenação:

- Toma lá que é pra aprinderes. – diz a mulher caramela na sua missão educadora.

PROFESSORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):

Não sendo um objecto que dure para sempre (como por exemples um pneu), a bassoira tem o seu ciclo de bida bem definido no nosso dia-a-dia. Quando é noba, serbe pa barrer as impurezas da casa, mas à medida que bai embelhecendo, a bassoira passa a fazer serbiço no quintal e, vai, vai… até acabar na pocilga. Mesmo quando a bassoira está resumida ao pau, ela já nã barre nada, mas ainda assim tem nome de “bassoira” e serbe pra fazer com que o bacro aprenda a portar-se com catigoria, como um banqueiro dentro dum Jaguar im direito à pousada do Castelo de Palmela.

BARULHO DUM BACRO A BARRASCAR NA GAMELA E A COMER BOLOTA À GANÂNCIA; ESTOIRO DO PAU A INCARNIÇAR O LOMBO DO BICHO, SEGUIDO DUM GRUNHIDO DE EXCLAMAÇÃO:

Áudio-encenação:

- Grroinc!

- Toma lá que é pra na seres lambão e te acautelares. - diz o dono.

- Grônc. – resposta do bacro.

PROFESSORA (Ti Gertrudes da Touca-Larga):

Nos dias de hoije a bassoira ganhou muitas formas e tamanhos, chegando mesmo a ganhar o fitio dum toalhete de papel agarrado a um cabo. Ainda que apresente um cabo cumprido, este é pouco resistente e facilmente se desmancha quando atinge o lombo dum porco ou dum gaiato parbo (razão pela qual a gaiataige e os homes de hoije têm dificuldade em intender os ensinamentos que uma bassoira intiga podia proporcionar).

O artefacto sim trambelho nhum que o mundo moderno impurra (prá gente jogar fora a bassoira), é o aspirador. Este objecto eléctrico, que faz mais barulho que o comboio dos bolksbaiges, requer, no entanto, o dobro do trabalho para usar. Além disso, o aspirador tem a capacidade de chupar dos dois lados: de um lado chupa as pequenas impurezas por uma mangueira e, do outro, chupa a electricidade com 23% de imposto. Apesar de ter o poder de chupar continuamente sem se fartar, não consegue chupar uma carica, uma pedra de grabilha ou até uma caganita de coelho que ficou colada ao cimento. O pior de tudo é que retira toda a beleza coreográfica e os belos cantos de assobio que uma caramela refinou ao longo dos séculos. Portantos, barrer é uma coisa, chupar é outra e não benham cá com misturas parbas. A bassoira intiga é que éi.

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E agora responde às seguintes parguntas:

1- De que objecto tibemos a falar?

2- Indica três utilidades importantes que tem o pau da bassoira.

3- O que é que chupa sem se fartar?

4- Porque é que o banqueiro bai de Jaguar e não bai de Zundap?

5- Porque é que o IVA da electricidade é 23%?

6- Desembolbe uma redacção, a partir da tua cabeça, sobre as semelhanças entre um aspirador e um banqueiro. Nã te esqueças de usar o pau da bassoira.

Bom trabalho.

5 comments:

Toino das Mines said...

Boa tarde pandleraige!
Pa mim uma mine que tou ca sede.
As vassouras varrem bem e os caramelos gostam de ver as caramelas a varrer dobradas. Eu bebo mines e bejo-as a barrer e bou logo buer mais grades e depois bou ber o motor de rega e depois rasgar pano de motorizada. As perguntas que os homes fazem devem de ser para intelectuais, mas bou buer mais umas grades e responder. Bou agora buer. Biram o Zei Ratoera? Se o birem digam-lhe pa bir buer mais eu. Bou agora.

Mario da Salguerinha said...

onde anda o Zei Ratoera... isso é que é uma voa pergunta..... o resto como diz o Toino das Mines debe ser para intelectuais... eu prefiro ir buer umas mines com ele... isso é que faz a caveça rodear e assim se ter as voas respostas....

antonio gonçalves said...

Uma ideia para todos os caramelos comerem era plantar hortaliça naquele descampado cheio de palmeiras.
Hortas para todos os que querem trabalhar... assim tinha-mos bons legumes para fazer a nossa sopa caramela… era bom aproveitar aquele terreno que esta ali as moscas…

Nitrato do Campo said...

o Zei Ratoera, deve ter imigrado para o estrangeiro, é que com estes parvos que gastam mais de que a malta produz não a futuro... deveríamos o cá deixar sozinhos e que se desenrascassem para pagar essas estradas e que as comam...

Anonymous said...

Parece que há por aí uma Caramelos descontentes, uma liga dissimilada de multidão jovem que enfim está resolvida a lutar pelo que é seu, Caramelos que partilham entre si o desagrado e a vontade de dizer abunda. Caramelos que para mal de muitos, os que gostam de tudo catalogar, não se está a deixar entrincheirar, não pertence a sindicância, jotas, nem tão pouco colectividades, são apenas Caramelos, em que cada um responde por si capaz e que tem a ousadia de querer ter uma voz impulsionada no futuro da Caramelandia.