11.8.08

Supermercados à rabanhada



Consultóiro do dia-a-dia

Atão como é que ei, ó FLC? Tudo rijo? Escrebo esta carta porque tenho andado desostinado cá com uma data de coisas na cabeça. Atão é assim: tudo começou nas festas do Pinhal Nobo, quando eu comi mais de cinquenta sardinhas ali no jardim. Ópois fui bailar pró ringue, mas como eu nã aguentaba com o buxo cheio e com a azia, vim pra casa aqui na Cascalheira. Ao fim duns dias, quando me passou a azia e dixei de arrotar a sardinha pinsei cá pra mim “Ó Gilberto, tu tens que boltar a comer se não morres de fraqueza. Bai mazé fazer ali um abio de morfes à mercearia.” E fui. Só que quando saí de casa já nã havia a mercearia e o que estava ali à roda era um rebanho de supermercados. Até fiquei perdido. Era o Modelo, o Aldi, o Lidl, e sei lá mais o quê, caté fiquei parbo. E intão disse cá pra mim “Eh pá, ganda bzaina ó Gilberto, tu nã tas na Cascalheira tu fostes mazé parar à América!” Agora hoije pergunto a bocêzes da FLC, afinal tou na Cascalheira ou não? E adonde é que eu bou fazer o avio?

Ó meu repaz, a resposta nã foi fácil pois os agentes da FLC tiberam que andar às voltas com canzoada pra saber se aquilo era zona caramela ou se era território internacional.
Pois intão fique sabendo.
É berdade que as nossas terras têm características únicas no mundo, mas agora ainda mais porque se descobriu que são muito férteis para a plantação de supermercados. Cientistas da FLC já fizeram a experiência entre o semear uma couve e semear um supermercado, e não há dúbidas: ao fim dum mês, ainda a couve não tem talo, já o supermercado mostra o seu esplendor com um edifício iluminado, e belas folhas de panfletos nas caixas dos correios. Portantos, é uma novidade esta força das nossas terras que, pensávamos a gente, só serviam pra plantar vinha, e produtos hortícolas em giral. A comunidade científica internacional tem vindo à caramelândia para estudar esta extraordinária fertilidade nos terrenos para a plantação de supermercados e hipermercados, tendo chegado à conclusão que é bem provável que, se a FLC não atacar Palmela, daqui a um ano, haja uma seara de supermercados da Carregueira até ao Poceirão.
Esta forte plantação de supermercados, implicou uma rápida adaptação ao comércio local caramelo. Tem-se já notado que o ramo comercial mais especializado para esta realidade é a loja vazia. Qualquer rua do Pinhal Novo tem pelo menos uma loja que se rendeu a esta actividade comercial da exploração do vazio à porta fechada. Fontes seguras da FLC dizem que “este ramo do comércio tem grandes tendências em prosperar e tornar toda a caramelândia um berdadeiro centro comercial de lojas bazias.”
Esta nova vertente do comércio local está a preocupar as altas patentes da FLC porque consideram que este tipo de comércio não se enquadra na tradição caramela. No entanto, se a cultura da loja vazia prosperar ao ponto de ser uma atracção turística (atraindo gentio de todo o mundo), para ver ruas inteiras com belas montras tapadas com papeis de jornal, então a FLC reconsidera esta actibidade uma especialidade local e dá-lhe o título de “Comércio Tradicional Caramelo à Loja Fechada”, com dois níbeis que qualidade: a loja limpa e a loja com restos.
Antes que isso aconteça, em prol da libertação dos nossos costumes e produtos, a FLC está a construir um chaimite de sulfatar pra fazer um ataque surpresa aos supermercados e espantá-los de uma bez por todas do nosso territóiro, antes que eles acabem com a gente.
Portanto, Gilberto, a zona dos supermercados na Cascalheira é territóiro parbo internacional que na interessa ao caramelo brabio. Bá à procura duma mercearia tradicional (ainda aberta), coma produtos locais e deixe-se de pandleirices de supermercados.
Resposta de Sulfurino Azedo.

7 comments:

Anonymous said...

Apoiado.
temos de comprar nos caramelos.

Gui - Godo said...

Mai nada!

Enquanto fazia a minha pausa de almoco, das 12 as 16, tava a pensar como resolver isso! Malta unida, jamais sera vencida, no proximo mercado, cumprar umas roupas pretas, nada de aldrabices de pintar com alcatrao, montados nas sachs, cim matricula, porque eles andem ai armados pra multar um home, e entao protestarmos contra os supermercados,embriage a fundo e acelerar ate ficar com o zunzido nos oubidos!Paragem obrigatoria no Costa pra mantimentos e refrescos alcoolizados! saudades qe tenhe de ir a caminho do Rio Frio, pra barraige, e logo ali a saida levar com o cheiro da ciganage ali toda acampada! Agora ta la o Inter-Marche, a unica vantaige e de por pitrol na menarda! A Favor da Reforma Agraria !

Nada de abracos que isso e pra malta paneleira!

Ta a merda hein!

Anonymous said...

Oh ! Oh ! Oh ! Que raio de precura !...atão nã se vê logo que aqueles supermercados não são nossos, nim caramelos, nim portugueses, dentro do Aldi a indicação dos ecopontos e outras informações inté estão escritas im estrangeiro, vê se logo qu'aquilo sã postus de abastecimento pós turistas-pé-descalço que passam pur qui... aquilo nã interessa a ninguém, home !

Zé do Cão said...

Tá tudo a mudar, porra. Cum este tempo nim sei onde bamos a parar.
Agora até o blog do carteiro de Palmela, prá gente ler, tem que tar inscrito. Xiça, tar inscrito só pra ler?
Até parece o goberno, bamos ter uma meerda nas chapas das matriculas dos automóbes, queles sabem logo a nossa bida toda.
Ó sr. carteiro, abra lá a carta e deixe a gente ber o que lá 'screbe.

Um abraço ao Tóni da menines e ós outros todos.

Zé do Cão said...

eu tenho uma fotografia tão bonita dum carro das festas das vindimas, lá do 'strangeiro e queria mandar pra bocês, mas não sei como.
Se me derem um mail e mando


Um abraço

Ze Barrigas said...

atão pode ser assim, a caixote do correio é:
zebarrigas@gmail.com

cumprimentos e
uma punhada amistosa no lombo.

Zagaloite said...

A gente temos e que obrigar estes marcenarios a comprar a bela da maca raida, os marmelos cheios da penuge e os cachos da uva carregada da po dos aceiros caramelos! Querem binder, bendam o que e nosso e da regiao agora ca prudutos bindos na sei da aonde.